Acabamos rindo dela e Duda falou:
- Mamãe, talvez a senhora esteja pondo pressão demais no relacionamento deles, idealizando demais o lado romântico da história, como o papai já disse. Sinceramente, acho que seria melhor alguém mais racional conversar com ela.
- Quem? O seu pai?
- Claro que não, né, mamãe! - Rebateu, sorrindo: - Talvez eu seja a pessoa mais indicada para fazer isso. Afinal, o Felipe também tem um filho fora do casamento e temos conseguido administrar muito bem nossa relação à três.
- Você faria isso?
- E por que não?
[...]
Capítulo 25 - Toque de anjo
Meu dia estava sendo um inferno! Clientes chatos, estagiários ignorantes, jovens advogados despreparados e processos que só andavam para trás. Eu já estava com os nervos à flor da pele quando vi minha caipirinha preferida entrar pela porta principal do escritório, cabisbaixa, com olhos vermelhos e uma atitude de perdedora que nada combinava com a imponência que ela sempre passava no dia a dia:
- Oi, “Jessica Tatu”.
Ela sequer me encarou, apenas correu os olhos de soslaio e fez um meneio de cabeça, seguindo em direção a sua sala:
- Mas o que deu nessa menina, Tereza? - Perguntei.
- Não sei, doutora. Ela saiu hoje na hora do almoço toda animada com um moço bonito, de mãos dadas e abraçada a um buquê de rosas. Pelo jeito, o almoço não terminou bem. - Ela me respondeu.
- Depois, vou atrás dela. Por favor, envia a pasta virtual daquela empresa para mim, porque estou…
Não consegui terminar a frase e fui surpreendida por um abraço da Annemarye. Isso me assustou demais. Se antes eu achava que algo não estava bem, agora eu tinha certeza e deveria ser algo muito grave para ela ter me procurado da forma como fez:
- Tereza, envia a pasta para o George e pede para ele atender meu cliente na minha sala. Tenho uma questão da máxima urgência agora para resolver. - Falei.
Minha mineirinha estava largada, chorosa e precisei ampará-la até sua sala. Lá dentro, nos tranquei a sete chaves, baixei as cortinas, enfim, providenciei a máxima discrição e sigilo para nossa conversa:
- Fala comigo, Annemarye. O que está acontecendo? Alguém fez algo com você? Pelo amor de Deus, menina, fala comigo!
O chororô que havia começado baixinho, discreto, tomou proporções e me assustou. Ela tão controlada estava se desmanchando na minha frente e eu não sabia o que fazer. Fiz a única coisa que imaginei ser cabível no momento, me sentei a sua frente e a abracei, deixando que chorasse tudo o que quisesse no meu ombro. Deu certo e depois de um tempo, ela começou a se controlar:
- Desculpa. Desculpa. - Me dizia, enxugando seu rosto: - Eu não sabia mais o que fazer.
- O que aconteceu, Anne?
Ela acabou me contando uma história que daria uma boa carochinha. Ao final, quem acabou relaxando fui eu ao ver que seu problema não era tão problema assim. Claro que para ela, imersa na questão e sendo uma das protagonistas daquele teatro, o significado era outro, mas para mim, foi bastante fácil enxergar a solução:
- Casa com ele, “Jéssica”!
- O quê!?
- Caramba, Anne, se você gosta dele, casa com ele, porra!
- Você escutou o que eu falei? - Me encarou séria e brava, do jeitinho que eu gosto de vê-la: - Ele engravidou a ex, sua “Cleópatra desidratada”! Como vou ficar com ele, sabendo que tem um filho entre a gente!? No primeiro espirro do menino, ele me deixa sozinha e ainda dá umazinha com aquela desbotada da Márcia.
- Orra, meu! Se ele fizer isso, faz também. Chifre trocado não dói. - Brinquei, para irritá-la ainda mais.
- Ah, vá à merda, Liliandra! Porra! Não sei como eu pude pensar em desabafar com você sua… sua…
Antes que ela me xingasse, lhe dei o meu melhor abraço, apertando, intenso, verdadeiro e depois lhe beijei as faces:
- Escuta bem, cabeça dura, nunca tive uma filha, aliás, nunca tive até você chegar aqui. Gosto “dimais da conta di ocê”, menina. - Falei num mineirês exagerado e claramente sem jeito, olhando em seus olhos: - Falei só para te irritar mesmo, porque é assim que você pensa melhor. Te conheço bem, é no combate que você se sobressai.
Ela me encarou, curiosa, mas bastante atenta e continuei:
- Você é advogada e já vimos vários casos de interesseiras ou burras que engravidam achando que vão manter o homem num casamento, não vimos? - Ela assentiu com a cabeça e continuei: - E o que deu no final? Nada! Eles saíram e foram viver suas vidas com outras. O seu Mário, gostosão, errou? Errou!...
- É Marcos. - Ela me interrompeu.
- Que seja! A questão é que ele é homem, e homem é tudo burro mesmo. Eles só pensam com a cabeça de baixo e acham que mandam no mundo, mas nem se deram conta ainda que é a gente que domina tudo.
Um sorriso brotou em seu rosto e vi que estava no caminho certo:
- Então… Se ele disse que te ama e estou vendo que você também está perdidinho por ele, fiquem juntos e deem uma banana bem grande pra essa Maria…
- Márcia! - Ela me interrompeu novamente.
- Ô saco! Vai ficar me interrompendo? - Perguntei e ela sorriu: - Márcia, então. Se o filho é dele, ele assume, paga a pensão ou compartilha a guarda, e vida que segue.
- Ah, se fosse fácil assim, Liliandra…
- Mas é assim, sim! Você só não está enxergando porque está dentro do problema. Essa não é a orientação que nós damos para todos os clientes que vêm aqui com casos parecidos? Por que eu iria te orientar diferente, Annemarye!? Para te prejudicar? É claro que não, né, meu!
Ela ainda estava bastante abatida e vi que precisava ser mais mãe ainda. Logo eu que sempre fugi de relacionamentos, agora estava tendo que cuidar de uma “cria” que nem era minha, mas que eu adorava:
- Você tem algum cliente agora à tarde? - Perguntei.
Ela pegou seu celular e negou após olhar sua agenda:
- Ótimo! Vamos sair. - Falei: - Pega sua bolsa e vamos sair.
- Sair!? Que mané sair, Liliandra? Eu não quero sair! - Me rebateu de imediato.
- Ou você sai comigo A-GO-RA! - Frisei, lentamente a palavra: - Ou convoco uma reunião com o George e o Gregório e proponho novas férias para você colocar a cabeça no lugar. Escolhe!
- Ah, qual é!? - Respondeu, brava, me encarando como a leoa que eu conhecia bem.
- Decida A-GO-RA! - Insisti.
Bufando, ela se levantou, pegou sua bolsa e a abraçou, me encarando:
- Ótima decisão! - Falei e a peguei pelo braço: - Só vou pegar a minha.
Fomos até minha sala comigo praticamente tendo que arrastá-la a tiracolo. Peguei minha bolsa e, na sala de espera do escritório, avisei Tereza que estávamos saindo sem hora para voltar:
- Mas o doutor George não tinha uma reunião com você no final da tarde, doutora Annemarye? - Tereza me lembrou.
- Ah, é! Temos mesmo. Obrigada por me lembrar, Tereza. - Ela sorriu sarcasticamente para mim: - Infelizmente não vai dar, Lili…
- Não vai dar, o cacete! - A interrompi e me virei para a Tereza: - Fala pro George que ela saiu comigo e, se der tempo, ela volta hoje, senão eles conversam amanhã.
Ela emburrou novamente e saímos nós duas, eu puxando minha mulinha mineira quase empacada pelo braço. Praticamente a joguei no banco do passageiro e saímos em seguida:
- Porra, Liliandra! Onde você está me levando? - Ela perguntou, curiosa.
- Pra zona, sua retardada! - Brinquei: - Marquei pra gente dar atendimento lá à tarde toda até a buceta e o cu fazerem bico.
Acho que eu exagerei, porque ela me olhou assustada. Entretanto, o efeito foi ótimo, porque ela caiu numa gostosa gargalhada logo em seguida:
- O que é isso, sua louca!? - Perguntou, quando parou de rir: - Ara, sô! Você não pode estar no juízo perfeito, não. Para o carro que eu dirijo, vai!
- Relaxa, Anne. Vamos fazer um “programa de mulheres”, mas nada de sexo, não, tá? Se bem que tem uns meninos bem legais lá.
- Credo, Liliandra! Olha lá onde você está me levando, hein!?
- Relaxa, menina, nós só vamos passar a tarde num SPA para garotas.
O trânsito estava uma merda e o trajeto que eu faria em trinta minutos levou quase uma hora e meia. Ainda assim, vi que ela relaxou um pouco e estava até conversando animadamente. Chegamos ao endereço que eu conhecia bem e estacionei. Como já era cliente de longa data, abriram uma exceção para nos atender. A Annemarye ainda estava meio cabreira com o ambiente, mas não era para menos, afinal o local era altamente profissional, mas eu sabia que alguns e algumas das massagistas faziam um “por fora”.
Fomos conduzidas a um vestiário e orientadas a ficar somente de calcinha. A Anne me surpreendeu, ficando pelada sem pudor algum na minha frente, vestindo em seguida apenas aquele roupão macio:
- O quê? - Ela me perguntou por encará-la.
- Nada não, mas para uma caipira, pensei que fosse mais reservada.
- Ih… Sabe de nada, inocente! - Brincou comigo e deu uma gostosa risada.
Fomos então até a área das hidromassagens, onde naturalmente, ao tirar seu roupão, aquela mineira alta, esguia, gostosa pra caralho e com marcas quase invisíveis de um biquíni mínimo, chamou a atenção de todas as massagistas e de algumas clientes também. Ela entrou na sua hidro e se recostou confortavelmente, sendo acolhida por uma profissional que iniciou uma massagem em seus ombros.
Ficamos conversando e bebendo champanhe por um tempo, até que uma funcionária nos convidou a mudarmos de ambiente para usufruir de outras técnicas de massagens, agora corporais. Assim que entramos, o gemido alto de uma mulher fez a Annemarye me encarar com olhos arregalados:
- Alguns profissionais aqui fazem “freelancer”. - Falei e pisquei um olho para ela.
- Quero isso, não, Liliandra!
- Você só faz o que você quiser fazer. Se quiser só massagem, só isso será feito, entendeu?
Ela balançou a cabeça afirmativamente e fomos separadas, cada uma para uma sala diferente. A partir dali, ela estava por conta própria, mas sei que, fizesse o que fizesse, ela sairia satisfeita.
[...]
Desabafar com a Liliandra foi algo que surgiu de repente, mas que acabou tomando proporções que eu não imaginava. Fiquei muito surpresa por seu acolhimento e orientação, e ainda mais quando ela me arrastou do escritório até um SPA bastante exclusivo para meninas, moças e senhoras. Tudo era muito bonito, chique, discreto e ousado. Assim que coloquei meus pés lá, desconfiei que rolava mais que simples massagens. Fomos levadas a um vestiário e orientadas a tirar nossas roupas para ficarmos apenas com um roupão. Como eu não havia levado nenhuma troca, preferi ficar nua. Depois fomos acompanhadas até um espaço com várias hidromassagens. Cada uma ficou numa hidro e ainda acompanhada por uma massagista exclusiva:
- É uma pré massagem relaxante para os ombros e pescoço. - Me explicou a massagista: - Basta entrar e relaxar.
Segui sua orientação e ela me ajudou a retirar meu roupão. Vi que algumas senhoras e massagistas me encararam nesse momento:
- O que foi? - Perguntei pronta para uma briga.
Elas disfarçaram como puderem e eu entrei na hidro, me submergindo em uma água quentinha e perfumada. Fiquei curtindo a massagem e a água quentinha por um tempo e, depois, fomos convidadas a mudar de ambiente. Assim que entramos num corredor, ouvi um gemido rouco típico dos melhores filmes pornôs. Olhei para a Liliandra que me confessou, piscando um olho, que alguns profissionais extrapolavam em algumas técnicas mais invasivas. Naturalmente eu não estava lá para isso e deixei bem claro. Fomos separadas e eu conduzida a uma sala branca, com uma mesa de massagem, decorada com motivos zen e onde um som ambiente baixo e relaxante se destacava, além de um incenso suave e doce.
Minha atendente me ofereceu um champanhe e morangos, me perguntando em seguida se eu tinha preferência pelo sexo e pela cor do profissional que me atenderia:
- Moça, eu só quero relaxar. Então, me manda alguém que consiga fazer a mágica acontecer. - Pedi.
- Perfeitamente! Por favor, sente-se, fique à vontade que sua sessão se iniciará em breve. - Respondeu e saiu da sala, deixando-me só.
Sentei-me numa poltrona ficando com as pernas elevadas, tomando meu champanhe e ouvindo aquela música. Acho que cochilei, pois me assustei quando fui acordada por um moreno alto, forte, de mãos grandes, vestido somente com calça , camisa polo e sapatos, todos brancos:
- Boa tarde, senhora. Sou Carlos e serei seu massagista se me permitir.
- Senhorita, Carlos, sou Annemarye e por que eu não permitiria?
- Então, por favor. - Disse e estendeu sua mão para me ajudar a levantar: - Posso ajudá-la com o roupão?
Soltei o laço e deixei que o tirasse de mim, deitando-me sobre a mesa com a bunda para cima. Ele veio para o meu lado e a cobriu com uma toalhinha. Pouco depois posicionou meu pescoço e suavemente passou suas mãos por alguns músculos de meu pescoço, ombro e costas:
- Você está realmente bem tensa.
- Nem imagina, meu caro.
- Então, relaxa e deixa que eu cuido de você.
Foi então para um bancada e pegou uma espécie de cumbuca, misturando, ali mesmo, alguns óleos e essências aromáticos, aquecendo-os ligeiramente sobre uma chama, fazendo um marcante aroma invadir o ambiente. Depois retornou e derramou uma boa quantidade suavemente sobre minhas costas:
- Uhhhh. Ui! - Gemi.
- Quente?
- Aiiiii! Mais ou menos. - Resmunguei.
- Desculpa, mas a temperatura ajuda a soltar a musculatura.
- Tá. Tá bom.
Passou a me massagear os ombros e base dos pescoço suavemente e depois com um pouco mais de força:
- Ai! Caramba…
- Já vai melhorar. Você está mesmo muito tensa! Brigou com o namorado?
- É complicado…
- Sempre é.
Passou a me apertar ainda mais e logo comecei realmente a me sentir mais leve e acho que ele entendeu que já estava alcançando seus objetivos naquela parte de meu corpo. Seguiu descendo suas mãos pelas minhas costas, dando atenção a coluna, onde passou a fazer uma espécie de dança com os dedões, ziguezagueando entre minhas vértebras. Depois, passou a subir e descer as mãos, voltando aos meus ombros e pescoço, como se quisesse se certificar que eu já estava mais relaxada. Nesses movimentos, foi impossível não roçar de leve nas laterais de meus seios, mas seu toque estava tão bom que decidi não atrapalhá-lo. Logo, ele chegou a base da minha bunda, no limite do “reguinho”:
- Algumas clientes me permitem desnudá-las por completo e massagear suas nádegas. Você me permite?
[...]
A viagem que deveria ser rápida para São Paulo se arrastou devido a um acidente na rodovia, fazendo com que eu ficasse quase duas horas parado:
- Porra, Annemarye! Você vai ser minha, caralho. - Falei para mim mesmo: - Ah, se vai, nem que eu tenha que te convencer a força.
Não muito longe, vi um posto de gasolina e fui até ele pelo acostamento. Um policial rodoviário viu a minha manobra e me interceptou no posto, me dando uma bela multa. Quase o mandei à merda, mas se fizesse isso, além de não estar na minha razão, poderia ser preso por desacato. Acabei engolindo o sapo em silêncio.
Fui até a loja de conveniência e pedi um lance e um refrigerante. Enquanto estava lanchando, esperando que o trânsito começasse a fluir, recebi uma ligação do meu pai:
- Fala, seu Rubens.
- Erick, meu querido, estou precisando conversar com você.
- Sobre o que mesmo?
- A Annemarye.
- O Guto já andou falando com você, né?
- Já! Erick, até quando você vai insistir em defender aquela moça? Parece que já esqueceu tudo o que eu te ensinei, cara!?
- Pai, eu acho que estou gostando dela… - Respondi, no impulso.
- Gostando!? Qual é, Erick? E a Mariana, filha do Peixoto, nosso vizinho da fazenda no Mato Grosso, cara? Ela tá louquinha por você e o pai dela já te deu o aval…
- Pai, ela é uma criança! Tem dezesseis ou dezessete anos. Não tô a fim de adotar ninguém.
- Qual é, cara? Ali é dente de leite, novinha, coisa fina… - Ria na ligação agora: - Acho que não passou sequer uma rola naquelas carnes ainda.
- Pai, vamos falar a verdade, vamos? O senhor quer que eu case com a Mariana para me tornar herdeiro das fazendas do Peixoto. Tá na cara isso…
- Oras, se pudermos unir o útil ao agradável, por que não fazê-lo, não é!? - Riu novamente: - E daí você vai ter uma esposinha inocente e obediente, podendo ainda continuar saindo comigo e o Guto para nossas farrinhas. O que acha?
- Não sei se quero isso, pai.
- Porra, Erick! A menina é filha de um puta milionário, acho que mais rico que a gente, e você vai se enrabichar por uma mineira sem eira nem beira. Acorda, cara!
- Pai, gosto da Annemarye e vou atrás dela, aliás, já estou indo. - Fui taxativo e ele ficou em silêncio.
- Cara, nunca imaginei que você tivesse vocação pra corno. Puta decepção, viu!
- O Guto pode ter se enganado…
- Enganado!? - Me interrompeu e falou ironicamente para irromper numa dura, irada: - Ela saiu de mãos dadas, com um buquê de rosas nos braços e carinha de apaixonada, e você acha que ele está enganado!? Você é que está se enganando, seu idiota! Vê se acorda e dá valor no teu saco!
- Pô! Com quem você pensa que está falando? - Perguntei, me alterando e pronto para um embate.
- Estou falando com meu primogênito que amo demais e não quero ver se ferrar na vida! - Ele foi incisivo, me calando: - Só quero o teu bem, Erick. Você não vai ser feliz com a mineira.
- Pai, não vou discutir com o senhor. Vou conversar com a Anne e, dependendo com que ela me falar, a gente conversa depois.
- Se ela te der um pé na bunda…
- Ela não vai! - O interrompi: - Mas se fizer isso, a gente volta a conversar e bem sério.
- Vou esperar, então. Resolva!
Desligamos e, algum tempo depois, o trânsito voltou a fluir, mas extremamente lento. Fiquei ainda um tempo na loja de conveniência até me convencer de que precisava ir daquela forma, mesmo que fosse me arrastando até São Paulo para ter essa conversa definitiva:
- Não pisa na bola comigo, Annemarye. Não pisa, cara!
[...]
Aquela biscate da Renata já estava demorando demais para voltar e decidi ir atrás dela. Tentei abrir a porta da suíte e estava trancada:
- Renata, abre a porta. - Pedi e nada dela responder.
Dei duas batidas mais fortes na porta e só então ouvi o barulho da chave. Abri a porta e vi que ela estava indo em direção a cama, onde se deitou:
- Qual é, guria? Vamos almoçar. Sai desse bucho.
- Vai se ferrar, Guto! Você arrebentou meu cu, seu desgraçado. Não estou conseguindo andar direito de tanto que está doendo.
- Ah, para, vai! Você já aguentou jeba muito maior nesse rabo, Renata. - Ironizei, alisando sua coxa: - Eu mesmo já vi você aguentar três cavalos numa noite só.
- Mas eu já estava relaxada e lubrificada, caralho! Você me pegou de surpresa e ainda fez a seco. Porra! Tá doendo mesmo. - Disse e começou a choramingar: - Sacanagem isso. Nunca te neguei nada…
- Vem cá, vem, sua gostosa? Deixa eu te fazer um carinho. - Disse e fui abraçá-la, sendo rejeitado: - Vai regular!? Beleza, então. Arruma tuas coisas que vou te colocar num avião, só que te prepara, porque vou mandar uns filminhos bem legais para o corno do Paulo assistir antes de você chegar lá.
- Qual é, Guto!? Nunca te prejudiquei. Por que você quer ferrar com meu casamento? - Me perguntou com olhos chorosos.
- Tô me lixando pro teu “casamento”. - Ironizei: - O pai já disse que te monta um apartamento pra gente ter mais liberdade. Você é que tá cozinhando a gente…
- Eu vou resolver isso, só me dá um tempo. Eu já expliquei pro teu pai que topo ser exclusiva de vocês.
- Tô nem aí! Resolve. Pra um biscate, você tá regulando demais. Igual a você, eu arrumo de penca. Não fica se achando, não, que eu vou te foder direitinho com o corno, entendeu?
- Eu vou resolver. Já falei…
- Ta. Mudando de assunto, acho que você vai ter que arrumar outra desculpa para ficar mais uns dias aqui em São Paulo. O pai disse que talvez precise de você para se aproximar da caipira do Erick.
- Mas ele não tinha recusado ela para vocês?
- O cara já tá tomando chifre, Renata! Vi a caipira sair de mãos dadas com um cara do escritório hoje, carregando buquê de rosas e tudo.
- E querem que eu faça, o quê?
- O pai ainda não decidiu. Ele ia conversar com o Erick e depois ia nos passar as instruções, mas já me pediu para te deixar de jeito para uma aproximação.
- Entendi. - Ela respondeu, concordando: - Só que ela não vai ser fácil de convencer, não, cara. Ela tem jeito de ser bem geniosa.
- Qualquer coisa a gente dá umas gotinhas pra ela. Depois é só a gente filmar e as outras trepadas ficam garantidas, afinal, ela não vai querer que a gente suje o nomezinho dela na sociedade paulistana, não é? - Ironizou.
- Vocês são muito cafajestes, cara! Se eu não tivesse caído num filme de vocês…
- Ah, corta essa, Renata! - A interrompi: - Você pode ter caído na primeira, mas depois gozou muito e ainda tá ganhando muito bem pra liberar esse corpinho pra gente.
Ela abaixou o rosto para não me encarar porque sabia que aquilo era verdade. A gente podia até ter aprontado no início, mas depois ela passou a curtir e lucrar muito com nossas festinhas:
- Agora vai se arrumar e vamos sair. - Falei já me levantando para um ducha: - E melhora essa cara e essa bunda porque eu vou te foder hoje de novo. E vai ser no rabo, outra vez.
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO E OS FATOS MENCIONADOS SÃO TOTALMENTE FICTÍCIOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL É MERA COINCIDÊNCIA.
FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DO AUTOR, SOB AS PENAS DA LEI.