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Sentindo-se dona de seus atos e certa de que não ficaria à mercê das ordens e desejos do Renato, voltou à sala, atirou o celular sem a bateria no colo dele e disse com uma voz que, plena de autoridade e firmeza, fez com que ele prestasse realmente atenção a ela:
–(Elisa) Se você pensa que vai me manter aqui, sem nenhuma informação do que está acontecendo, está redondamente enganado.
Dizendo isso, olhou a sua volta e viu uma chave de veículo sobre a mesa da sala. Sem dizer uma única palavra, pegou a chave e verificou que o chaveiro trazia o número das placas do veículo. Sabendo que a chave era de um veículo Toyota, andou em direção a algumas VANS que estavam estacionadas e acionou o destravamento da porta, atenta à qual delas piscaria as luzes. Descobrindo de qual se tratava, entrou no veículo, deu a partida e manobrou para sair da casa.
Quando direcionava o carro para o acesso à saída viu que Renato estava ao lado da porta do carro, batendo desesperado no vidro. Ela abriu o suficiente para que ele ouvisse sua voz e disparou:
–(Elisa) Vai se foder Renato. Vai se foder ou então mande seus capangas atirarem em mim.
Dizendo isso, acelerou em direção à saída, onde um dos guardas que ali estavam ainda tentou se posicionar no caminho para evitar a sua saída. No momento exato, ele percebeu que Elisa não ia frear e saiu da frente. Ela ainda atropelou a cancela que existia para evitar a saída, virou à direita e saiu em alta velocidade, dirigindo com enorme dificuldade, pois seus pés mal alcançava os pedais da Hylux Cabine Dupla que ela estava dirigindo.
Continua ...
Capítulo 07 – Elisa vai à Luta
Ainda naquele mesmo dia, Sylvia estava deslumbrada com a atenção que seu parceiro lhe dedicava. Ela, que havia descido a serra prevendo que dividiria seu tempo naqueles próximos dias entre as praias do Guarujá e uma cama em algum hotel cinco estrela sendo deliciosamente fodida por aquele insaciável homem, olhava admirada para a paisagem que se descortinava aos seus olhos.
Da proa de um pequeno iate, ela olhava para uma praia deserta, cercada de morros por todos os lados e gozando da cobertura de uma vegetação exuberante, com árvores frondosas que dividia a areia em faixas providas de sombras aconchegantes e outras com o sol morno do final da tarde. Desejando aproveitar daquela maravilha da natureza, pediu:
–(Sylvia) Por que a gente não vai até àquela praia?
–(Jürgen) Nós vamos sim, querida! – Respondeu Jürgen para a alegria dela e depois continuou a informar: – Mas apenas amanhã. O dia já está acabando e não quero você sendo devorada pelos mosquitos.
Era razoável e Sylvia ficou ainda mais feliz ao sentir que aquele homem, além de lhe proporcionar tudo do bom e do melhor, ainda se preocupava com seu bem-estar em todos os sentidos. Então, levantou-se e foi até ele com um balanço no quadril que só tinha como objetivo excitar seu homem.
Sylvia era uma mulher que sabia como provocar um homem e Jürgen, apesar de ser pragmático e frio em seus negócios, tinha um grau de libido elevado e não teve dificuldades em demonstrar todo seu interesse naquela linda mulher, interesse esse que os levou correndo para a cama e transaram loucamente, até que a fome os obrigasse a procurar por alimento. Curiosa, Sylvia dirigiu toda a conversa para conhecer melhor o alemão que, ao notar que o interesse dela era apenas com relação aos seus desejos e fantasias sexuais, abaixou a guarda e deixou a conversa fluir livremente.
Ela nunca teve limites na busca do prazer sexual. Se definia como pansexual e já havia transado com homens, sozinhos ou com mais de um, alguns bissexuais onde ela se perdia no tesão de ver dois homens se proporcionando prazer, com mulheres, tendo outros homens juntos ou não e até mesmo com travestis. Sendo assim, ela não teve dificuldades em ir arrancando de Jürgen quais seriam suas fantasias e vontades.
Toda essa conversa descambou quando ambos perceberam que se sentiam muito à vontade em inovar para apimentar suas relações e o tesão que os dominou enquanto comentavam de verdadeiras orgias que tinham participado. O desejo os dominou e, sem se darem conta, correram para a cama e transaram loucamente por horas a fio.
Quando, já de madrugada, Jürgen confessou que adoraria participar de uma orgia em companhia de Sylvia, ela disse com um sorriso nos lábios:
–(Sylvia) Nossa. Seria maravilhoso. – E, ao notar um brilho libidinoso nos olhos de seu homem, provocou ainda mais: – Fico só imaginando transar com várias pessoas naquela praia deserta. Vou me sentir no paraíso.
Aquela afirmação encheu Jürgen de ideias, mas ele aguardou que Sylvia dormisse para, usando o sistema de rádio do iate, entrou em contato com seu secretário em São Paulo, emitindo várias ordens. Sylvia acordou no dia seguinte por volta das oito horas da manhã. Sonolenta, saiu do quarto do iate e se dirigiu para o convés, sendo surpreendida por um grupo de pessoas que, ao lhe ver, gritaram vivas e se aproximaram dela com taças de champanhe na mão, logo lhe oferecendo uma.
Em sua esplendorosa nudez, Sylvia foi saudada, acariciada e beijada pelas sete pessoas que compunham aquele grupo que era formado por quatro mulheres e três homens. Calculou mentalmente e ficou arrepiada ao antever o quanto prazer era possível conseguir estando entre as nove pessoas que ali estavam, ao que tudo indica, com essa finalidade.
Como Jürgen conseguiu, em pouco tempo e ainda durante a madrugada, reunir sete pessoas dispostas as sexo, ninguém saberia explicar, mesmo porque, nenhuma delas era profissional. Eram apenas pessoas liberais que gozavam das delícias do sexo sem restrições. Entre eles havia dois casais e os outros três, duas mulheres e um homem, foi o que mais surpreendeu Sylvia quando lhe contaram que formavam um trisal, vivendo juntos embaixo do mesmo teto e se curtindo muito.
Mesmo Sylvia, mulher ansiosa por sexo, o que veio a seguir era surpreendente. Não se passaram dois minutos e ela, em virtude de um balanço mais acentuado do iate ao ser atingido por uma onda, viu a champanhe que era despejada em sua taça se deslocar e cair em seus seios. Uma linda mulher negra, dona de um corpo que parecia ter sido esculpida em puro ébano e vestida com um estranho maiô, se inclinou e abocanhou seu seio, lambendo e chupando, dando a desculpa que aquela delícia de bebida não podia ser desperdiçada.
A vestimenta da mulher era algo que Sylvia jamais havia visto. Era um maiô de uma única peça e era formado apenas por tiras. Uma tira presa atrás do pescoço descia e cobria apenas o bico dos seios, deixando parte dos mamilos negros como uma amora expostos. Essas tiras se encontravam em uma só abaixo do umbigo e depois descia sumindo entre os grandes lábios suculentos que ficavam expostos e depois surgiam de dentro da bunda, separando-se novamente em dois e contornando o quadril onde novamente se uniam através do uso de uma argola.
Sylvia olhou para baixo e viu os cabelos longos e negros como a noite e formando cachos cobrindo parte do rosto lindo daquela mulher, porém, deixando a vista sua boca linda que se fechava em torno do seio dela. Não demorou e uma das mãos da mulher se fechou em torno do outro seio e procurou pelo mamilo que foi delicadamente apertado, arrancando um suspiro dela. Sem se conter, Sylvia puxou o rosto da mulher para cima e, com a boca bem próxima à dela, perguntou por seu nome:
–(Cassandra) Meu nome é Cassandra. Mas você pode me chamar por Cas.
Se aquela linda mulher negra tinha a intenção de dizer mais alguma coisa, não foi possível saber, pois antes que ela pudesse fazer isso, sua boca foi tomada pela boca de Sylvia que passou a saborear daqueles lábios carnudos e grossos, enquanto sentia a pressão que Cas fazia ao apertar o bico de seu seio fosse se intensificando.
Houve uma grande agitação no barco fazendo como que Sylvia e Cassandra se separassem.
Olhando em volta, Sylvia percebeu que algumas pessoas abandonavam o barco indo em direção à praia e se deu conta que era a única que estava nua entre todos ali. Entretanto, ela não teve tempo para se preocupar com isso, pois ao examinar melhor as pessoas que estavam no convés do iate, reparou que ali só estavam as mulheres, ela e um homem que ainda não se apresentara, uma vez que ela só tivera aquela apresentação especial por parte da Cas.
Procurou então por Jürgen com os olhos e notou que ele estava, na companhia de alguns homens, na praia que distava cerca de duzentos metros de onde estava ancorado o iate. Notou também que os homens estavam ocupados, como se estivessem montando um tipo de tenda. Não demorou muito para que um dos homens que estava na praia, utilizando um pequeno barco munido com um motor de popa, iniciasse a fazer o transbordo de todos os ocupantes do iate para a praia.
Tendo sido uma das últimas a chegar à praia, pois fizera questão de vestir um de seus biquínis arrojados, Sylvia foi recebida por Jürgen que, depois de beijar sua boca com volúpia, disse baixinho ao seu ouvido:
–(Jürgen) Tomei a liberdade de convidar alguns amigos, espero que o seu dia seja inesquecível.
Sylvia tremeu de excitação só de imaginar o que a aguardava e retribuiu ao beijo do seu parceiro antes de responder:
–(Sylvia) Vai ser sim. Eu só fico triste em não poder retribuir todo o prazer que você me dá.
–(Jürgen) Você está errada. Tem retribuído sim, e muito. Além disso, quero que saiba que estou muito ansioso com o que vamos fazer aqui hoje.
–(Sylvia) Tem alguma coisa que você deseja que eu faça? – Perguntou Sylvia com uma voz rouca, denunciando o todo o tesão que sentia.
–(Jürgen) Tem sim. Eu quero que você tenha muito prazer. Quero que você goze hoje como se fosse a última vez. Quero ver você ser fodida por todos aqui e também quero ver como você se sai transando com uma mulher.
–(Sylvia) Você quer mesmo tudo isso? Então me aguarde.
Sylvia virou-se com a intenção de caminhar até os convidados, andou alguns passos, depois parou de repente e retornou. Chegou até onde Jürgen havia ficado, o abraçou e depois falou baixinho ao seu ouvido.
–(Sylvia) Se você quer me entregar aos seus amigos, então faça o serviço completo. Tire a minha roupa.
Sem pestanejar, Jürgen obedeceu imediatamente, embora agisse lentamente. A lentidão se deveu ao fato de que, ao tirar a parte de cima do biquíni de Sylvia que já escondia pouco, ficou um bom tempo chupando seus seios e depois fez o mesmo em sua buceta quando puxou a calcinha para baixo. Sylvia estremeceu e estava a ponto de gozar quando ele parou e olhou para a plateia que a tudo assistia em silêncio, O que se ouviu a seguir foram assovios, palmas e gritos de incentivo. Sylvia reclamou:
–(Sylvia) Por que você parou? Eu estava quase para gozar.
–(Jürgen) Se é gozar que você quer, olhe para lá. Tem sete pessoas ansiosas para fazerem você gozar muito.
Sylvia entendeu que, naquele momento, Jürgen desejava fazer o papel de observador. Então se muniu do seu melhor sorriso e se dirigiu ao grupo que já se acomodava sob a barraca que era grande o suficiente para acolher a todos, além de contar com uma lona cobrindo a areia e várias almofadas macias.
O que aconteceu a seguir foi um verdadeiro massacre. Sylvia, durante quase duas horas, não teve tempo para descansar, pois estava sempre sendo acariciada, beijada, chupada ou fodida por alguém. Depois de muito gozar, ela fechou a primeira foda daquele dia com chave de ouro, pedindo para ser duplamente penetrada e, enquanto cavalgava o homem que tinha o maior pau entre todos eles, recebia outro também de tamanho considerável em seu cuzinho, resolveu incrementar ainda mais sua condição de putinha do dia e puxou um dos que estava assistindo em pé para perto dela, engolindo o pau dele e chupando com gula até que todos gozassem juntos e ela, deliciada, engolia a porra que o homem despejou sem sua boca.
Lógico que, depois disso, ela resolveu descansar. Só que aquele grupo tinha ido até aquele local para transar e, foi isso que continuaram a fazer. Sylvia não sabia quem era o marido de quem e qual era a esposa de cada um daqueles homens, como também não conseguia identificar quem era o homem que vivia uma relação com duas mulheres, pois ali, em meio a gritos, gemidos e muito tesão, ninguém era de ninguém. Até mesmo Jürgen, depois de assistir a ela ser bem fodida, se enturmou em meio aos demais e, naquele momento, fodia com intensidade uma mulher de corpo pequeno, ruiva e com sardas que, apesar de seu pequeno tamanho, delirava com o grande pau do alemão sendo socado em sua bucetinha.
Sylvia não sabia que todas aquelas providências que seu homem havia adotado para que eles fizessem aquela deliciosa orgia na praia tinha a mesma aparência da que ele fez quando transou com Clara pela primeira vez. Mas ela também não sabia do relacionamento de Jürgen com a Clara e, mesmo se soubesse, não daria importância para aquilo, pois ciúme não era um sentimento que ela cultivasse e, para ela, o que importava mesmo era aproveitar vida e gozar dos prazeres que ela oferece. Talvez, se alguém contasse a ela naquele momento sobre o envolvimento da ex protegida de seu marido com o seu macho atual, ela minimizaria dizendo que deveriam convidar Clara para participar daquela suruba.
Essa era a natureza de Sylvia. Nunca lhe faltou nada nessa vida e sempre teve tudo o que o dinheiro podia comprar, e sexo, atenção e prazer, que nem sempre o dinheiro consegue, ela sabia muito bem como obter.
...
Elisa, sentada na ponta do banco para que seus pés alcançassem os pedais da caminhonete dirigia com extremo cuidado. Ela sabia que não seria mais incomodada com os vários homens que, lotando dois outros veículos, ladeavam aquele em que ela estava em uma clara postura defensiva. Sabia disso porque, em duas tentativas que fizeram de se interporem no caminho dela, quase provocaram um acidente.
Na primeira vez um dos carros a ultrapassou e, ficando na frente dela, diminuiu a velocidade obrigando que ela também reduzisse, porém, quando chegaram a um semáforo fechado, ela deu uma guinada no volante saindo de trás do veículo, acelerou e cruzou a via mesmo com o sinal fechado para ela, só não sendo atingida por um ônibus que trafegava no sentido lateral a ela por uma daquelas coisas que só podem ser atribuídas a um milagre.
Na segunda tentativa, o homem foi mais radical e fechou a passagem dela fazendo com que ela se aproximasse da entrada de automóveis de um edifício comercial. Como estavam trafegando em uma avenida cujas calçadas eram largas, ela não vacilou, subiu com o veículo na entrada de automóveis, cruzando o passeio, acelerou e foi sair à frente do outro veículo. Pelo retrovisor, reparou que o homem que estava ao lado do motorista falava ao celular e não precisou pensar muito para saber que Renato não estava em nenhum daqueles dois carros e devia estar dando ordens aos homens. E a ordem deve ter sido para que ela fosse deixada em paz, logicamente, para evitar um acidente e, a partir daí, os carros continuaram a segui-la, só que não tentaram mais impedir que ela seguisse seu caminho.
Sem dar a mínima importância ao que seria a intenção daqueles homens, Elisa seguiu em frente, dirigindo-se para a empresa de advocacia da qual fazia parte. Ao deixar o carro no estacionamento que sempre usava, ainda ouviu o comentário bem-humorado do manobrista:
–(Manobrista) Olha só! Dirigindo carro de gente grande, doutora?
–(Elisa) Só para compensar pelo fato de ser pequena. – Respondeu tentando parecer bem-humorada e ocultar a aflição que lhe corroía o peito.
Usou um dos elevadores, com dois homens postados ao seu lado fazendo com que ela se sentisse ainda menor em meio aos dois que mais apreciam dois guarda-roupas, e de portas abertas. Os fitou com um olhar inexpressivo, porém, quando desceu e viu que ambos a acompanhavam, falou procurando ser autoritária:
–(Elisa) Vocês dois fiquem aqui. Ninguém aqui dentro vai me fazer mal.
Os homens se entreolharam e, com um sinal de cabeça de um deles, aproximaram-se da parede do corredor que andavam e adotaram uma postura que deixava claro que essa era a única concessão que fariam e que dali, não arredariam o pé.
Elisa foi direto para o escritório de Edna. Durante o trajeto, tinha planejado seus passos quando chegasse ao escritório e concluiu que não havia como atingir algum resultado sem a ajuda daquela senhora que sempre zelara pelo bem-estar de Bruna e de Renato, assim como do dela.
Não deu tempo para a secretária de Edna a anunciar, apenas perguntando se Edna estava sozinha e, ao receber a confirmação que estava, dirigiu-se à entrada da sala da amiga e entrou. Edna a olhou assustada quando viu a porta abrindo e depois não conseguiu esconder a sensação de alívio ao ver que Elisa estava bem. Porém, sequer teve tempo de dizer qualquer coisa, pois Elisa foi logo dizendo:
–(Elisa) Bom dia pra você. Eu estou bem. O Renato está bem. Quer dizer, estamos vivos, mas nada está bem. Então, vamos evitar essa troca de notícias e vamos direto ao ponto. Quem está querendo matar o Renato e quem é essa mulher que o Renato quer ver morta e não para de dar ordens para que isso aconteça logo.
Edna olhou para ela com os olhos arregalados. Mas não teve a menor chance de responder, pois Elisa continuou:
–(Elisa) E nem vem com essa conversa que você não sabe de nada. Dez anos é o tempo que vocês se conhecem, ou mais, se contar o tempo de faculdade, então desembucha logo que você não é nenhuma tola para passar tanto tempo assim sem saber de nada.
–(Edna) Isso é jeito de falar comigo, menina?
A voz preocupada de Edna que tremia ao dizer isso confirmava que Elisa estava certa e a garota entendeu isso e encarou o fato como um trunfo ao seu favor. Então, raciocinou a respeito e entendeu que agora seria uma questão de tempo para ser informada de quem realmente era seu noivo, e em que tipo de negócios ele estava envolvido. Então contemporizou para acalmar a sua velha amiga:
–(Elisa) Você sabe que eu te amo Edna. Eu devo muito para você que tem sido uma verdadeira mãe para todos nós. Só que, eu estou convicta que tem muito mais coisa nisso do que está parecendo e o atentado que Renato e eu sofremos é só a ponta de um iceberg. Então eu te peço que não deixe que eu entre em um casamento sem saber quem realmente é o meu marido.
Edna fez sinal para que Elisa se sentasse no sofá e foi se sentar ao lado dela, depois de ordenar à sua secretária, por interfone, que não queria ser interrompida por ninguém e depois, pensando um pouco, ligou para o ramal de Álvaro e pediu para que ele fosse até sua sala.
Elisa ia se colocando mais à vontade no sofá, pois percebeu que a conversa seria longa, mas se lembrou de algo importante, se levantou e foi até a porta que abriu o suficiente para colocar a cabeça de fora e ordenar à secretária de Edna em voz alta:
–(Elisa) Telma, tem dois homens parados no corredor de acesso a essa sala. Coloque os dois na sala de espera e mande servir a eles um café.
Sem esperar resposta, fechou a porta e retornou ao sofá.
Somente depois que Álvaro chegou e foi colocado a par do que estava acontecendo ali que Edna iniciou a relatar a Elisa o que sabia a respeito de Renato, começando de onde era realmente necessário, fazendo uma pergunta:
–(Edna) Você sabe que, quando ainda namoravam, a Bruna teve um caso com um tio de Renato e que isso teve consequências terríveis, não sabe?
Renato havia contado sobre esse episódio para Elisa. Só não contara que fora ele a puxar o gatilho da arma deixando que ela pensasse que foi o policial. Foram mais de duas horas de conversa. Duas horas angustiantes em que Edna e Álvaro, sempre procurando um jeito de amenizar as informações, foram deixando Elisa a par das atividades.
O casal de idosos não sabia exatamente como funcionava a organização que o pai de Bruna comandava, mas tinham inteligência suficiente para saber que não era algo dentro da legalidade e não sabia qual era a importância de Renato dentro da organização, só sabiam que ele participava e qual o motivo que o obrigara a aceitar essa participação.
Inteligente como era, Elisa não demorou em ligar as pontas soltas que a falta de informação de Edna e Álvaro iam deixando no decorrer do relato. Logo concluiu que Renato ocupava um posto chave e interpretou que, com o retorno de Bruna, seu cargo dentro da organização estava em xeque e esse era o motivo do antagonismo entre os dois que, depois da morte de Antônio, só se intensificou.
Atônita, Elisa chorou muito ao ouvir aquela história sórdida e foi consolada pelo casal, porém, quando eles encerraram o relato, acharam que ela iria embora. Estavam errados. Com algum esforço, Elisa controlou suas lágrimas, lavou o rosto no banheiro privativo de Edna e, quando saiu do banheiro, causou surpresa nos dois.
Altiva, com um olhar decidido e uma expressão que não revelava o que pretendia, agradeceu aos dois e saiu da sala de Edna, indo em direção à sua. Mudou de ideia, foi até a sala de recepção e falou para os homens não tinham arredado pé dali:
–(Elisa) Ainda vou ficar aqui por algum tempo. Melhor vocês irem comer alguma coisa.
Um dos homens começou a negar, quando o outro interferiu e disse para que ele permanecesse ali e que ele iria buscar algo para se alimentarem. Começou a caminhar e de repente parou, virou-se para Elisa e perguntou:
–(Segurança) A senhora quer alguma coisa?
–(Elisa) Obrigada, quero sim. Pode me trazer uns pães de queijo daqueles pequenos.
O homem sorriu e saiu.
Elisa passou grande parte do resto daquele dia fechada em sua sala, tentando digerir tudo o que acabara de ouvir. Ao contrário do que se era para esperar, ela não estava assustada com aquelas informações e também, não tinha grandes preocupações com o fato de saber das atividades criminosas de seu futuro marido. Em vez disso, sua mente fervilhava tentando entender os sentimentos que lhe ocorria com relação a toda a situação.
Ela começou colocando em primeiro plano seus sentimentos por Renato, avaliando o tanto que suas atividades afetavam esses sentimentos. Antes de mais nada ela teve que entender o motivo de não ficar enfurecida com o fato dele próprio nunca lhe ter dito nada a respeito disso, porém, isso ela resolveu facilmente.
Sendo ela alguém que fazia parte da vida comum de Renato e vivia totalmente alheia ao que seu noivo fazia, ele a mantinha na ignorância para protegê-la e, como é lógica para as pessoas que enxergam isso de fora, ninguém em sã consciência vai contando algo assim para a pessoa que ama, principalmente quando julga que ela vai surtar ao saber disso e abandoná-lo. Equalizando tudo, Elisa chegou à conclusão que nada daquilo que acabara de descobrir afetava seu sentimento com relação ao Renato e ela ainda o amava com todas as suas forças.
Após equalizar seus sentimentos com relação ao noivo, começou a pensar em Bruna. Elisa entendia o esforço de sua sócia em tentar se manter a frente dos negócios do pai. Conhecendo a Bruna como conhecia, sabia que na cabeça dela, aquilo era uma questão de hereditariedade e que ninguém nesse mundo tinha mais direitos do que ela.
Nessa hora se deu conta de que primeiro analisou a questão sobre um prisma que tinha Renato como ponto principal e, ao fazer isso, colocara em primeiro lugar seus sentimentos e, ao trocar o noivo por Bruna em sua análise, pensou apenas nos aspectos práticos. Então, estava na hora de avaliar os seus sentimentos em relação à Bruna.
Para avaliar esses sentimentos, ela voltou ao ponto em que ambas se conheceram. Naquela época, ela ficou aterrorizada por vários motivos: Bruna era a ex-esposa do homem que ela amava e, segundo era de seu conhecimento, foi muito amada por ele e agora estava de volta, fazendo com que ela imaginasse por quanto tempo Renato resistiria em se entregar ao velho amor.
Outro motivo que a assustava foi o de Bruna ser, segundo ela, simplesmente linda. Então imaginou como ela, baixinha, magra, sem graça e, segundo ela mesma, sem nenhum atrativo especial, poderia vencer uma disputa pelo coração de um homem diante de tanta desvantagem.
O que fez com que ela fosse reconquistando sua autoconfiança com relação ao noivo foi o tratamento que Bruna dedicou a ela. Depois um início tumultuado, Bruna começou sendo gentil sem exagerar, depois foi se aproximando e foi ela a única que saiu a sua procura quando ela tentou se afastar de todos e cometeu a besteira de tomar aqueles comprimidos todos. Depois a tratou como igual e, além da autoconfiança, lhe devolveu também a autoestima. Pensando bem, talvez ela devesse muito à Bruna.
Entretanto, será que era só a questão dessa dívida que a fazia ficar preocupada com Bruna? Seria essa gratidão tão forte assim a ponto de fazer com que ela, nesse momento, começasse a pensar em fazer alguma coisa que, mesmo sabendo que iria contrariar seu futuro marido, ajudasse sua amiga a não sair derrotada naquela disputa?
E, pior ainda. Se não queria que Bruna fosse a derrotada, queria menos ainda que fosse Renato a perder e ela não se sentia em condições de operar um milagre onde não houvesse um derrotado naquela disputa. Nessas avaliações, de repente, veio o pior. A situação chegara a um ponto em que um dos dois acabaria perdendo a vida e, ela não desejava que isso acontecesse com nenhum deles.
A sua preocupação exacerbada com o destino de Bruna lhe chamou a atenção fazendo com que ela tentasse entender a razão disso tudo e se surpreendeu quando a primeira lembrança que veio à sua mente foi o beijo que ambas trocaram e depois o segundo que aconteceria se Renato não tivesse aparecido bem na hora e, com essas imagens na cabeça, sentiu um arrepio no corpo e, para deixá-la mais assustada, sentiu sua buceta ir ficando melada à medida que aquelas lembranças ocupavam sua mente.
Aquilo era algo que ela tinha que resolver. Elisa era do tipo de pessoa que jamais entregaria seu corpo a uma pessoa se não houvesse na relação um sentimento de amor. Como explicar então o que quase aconteceu com ela e Bruna? Ela não entendia como é que poderia estar amando duas pessoas.
Sendo tirada deste devaneio de sentimentos, Elisa voltou a pensar na situação que estavam ela, Renato e Bruna. A chave de tudo era Bruna, pensou. Renato não lhe contaria nada, não lhe explicaria nada e a única coisa que ela conseguiria se fosse confrontá-lo seria uma grande discussão. Isso fez com que ela tomasse a decisão de seus próximos passos. Saindo finalmente da sala, foi até os dois homens e atirou a chave do veículo para o que estava mais próximo enquanto dizia:
–(Elisa) Vamos. Você dirige.
O homem ficou pasmo com a aceitação dela e entendeu que eles retornariam para a segurança do esconderijo, porém, ainda no elevador enquanto desciam para o térreo, ela perguntou ao outro que ela julgou ser o chefe, pois, as poucas ordens sempre partiam dele:
–(Elisa) Quantos homens são necessários para minha segurança?
–(Segurança) Três, um motorista e mais dois. Mas acho melhor quatro. Mas, como todos estão aqui, dá para te levar de volta em segurança.
–(Elisa) Tá. Só que nós não vamos voltar para aquela casa. Não agora.
–(Segurança) Sinto muito senhora. Mas eu tenho ordens para te levar de volta e não é seguro ficar andando por aí.
–(Elisa) Então agora você tem novas ordens. Leve-me para onde eu preciso ir, defina quem serão os outros dois que me acompanharão e mande os outros de volta para o Renato.
O homem não gostou de ouvir aquilo, mas ponderou um pouco e, diante da autoridade com que Elisa se dirigia a ele, resolveu obedecer.
Os homens foram distribuídos entre as duas VANS e, sob a orientação de Elisa, dirigiram-se para a mansão de Bruna. Não demorou em que Elisa percebesse que um dos veículos seguia aquele que ocupava e ficou aliviada com isso, porém, ao chegarem à mansão, tal fato causou problemas, pois o pessoal que cuidava da segurança da mansão, que também se transformara em uma verdadeira fortaleza, receberam os visitantes com as armas em punho e somente o sangue frio do homem que comandava evitou uma tragédia.
Ele ordenou que ninguém reagisse e que os veículos parassem a uma distância segura do portão de entrada da mansão. Depois se dirigiu à Elisa:
–(Segurança) Como a senhora está vendo, não vai dar para prosseguir. Por ali não passa nem um mosquito.
–(Elisa) Eu passo. – Respondeu Elisa fazendo menção de sair do carro e, quando o chefe de sua segurança segurou seu braço tentado impedir, ela lhe dirigiu um olhar frio e falou e ordenou: – Solte meu braço. Agora.
O homem vacilou por tempo suficiente para que ela saltasse do carro e começasse a andar calmamente em direção ao portão onde três homens lhe apontavam suas armas e um terceiro falava ao telefone. Logo o que falava ao telefone deu uma ordem e as armas foram abaixadas.
O guarda que falava ao telefone esperou até que Elisa chegasse ao portão e pediu para revistar sua bolsa. Ela não ofereceu resistência e ainda levantou a blusa que usava, mostrando que não havia nenhuma arma com ela. Então o homem a surpreendeu, entregando a ela um aparelho celular que já estava conectado com outro.
Era Bruna e elas trocaram poucas palavras. Logo o celular foi entregue ao guarda que o levou ao ouvido, escutou por um pequeno tempo e depois concordou, desligando o aparelho e ordenando a um dos homens que acompanhasse Elisa até a casa. A intenção de Elisa era confrontar Bruna logo no início, perguntando a ela o motivo da outra desejar sua morte e a de seu noivo. Porém, isso deixou de ser importante assim que ela foi recebida pela própria ainda na enorme varanda que dava acesso à mansão.
Vestida com uma bata branca de seda, fazendo com que os bicos dos seios marcassem o tecido evidenciando que não usava sutiã e um short jeans curto e com a barra desfiada, sem nenhuma maquiagem e descalça, Bruna estava tão linda que o coraçãozinho de Elisa perdeu uma batida. Para piorar, um sorriso radiante enfeitou o rosto já lindo por natureza dela que ainda provocou:
–(Bruna) Nossa! Que surpresa boa! O que a rainha dos advogados quer na minha humilde residência?
Elisa controlou a vontade de rir. Se havia uma coisa que aquela mansão jamais seria era humilde. Foi fácil, diante à sua excitação com a beleza e a forma despojada com que Bruna agia. Sem vacilar, como se já fosse programado, Bruna ordenou para um mordomo que servisse um lanche para as duas na piscina e, segurando na mão de Elisa, a conduziu para lá.
Sentada em uma mesa de jardim, coberta com um enorme guarda sol, as duas se encararam e perceberam que havia chegado o momento da verdade. Elisa, percebendo que Bruna apenas a encarava como se aguardasse por sua iniciativa, perguntou de uma forma que ela não havia planejado:
–(Elisa) Bruna, o que você sente pelo Renato.
–(Bruna) Amizade, carinho. Sei lá Elisa. A gente teve uma vida juntos e isso não é hora de discutir por ciúmes.
–(Elisa) Não se trata de ciúmes. Tanto é verdade que não é isso que vou logo te adiantar, pare de mentir que eu não acredito em nenhum momento que seja só isso. Só sendo muito idiota para não perceber que você ainda gosta dele.
–(Bruna) Opa! A garotinha cresceu de repente! Falando normalmente, tudo concatenado. Não tem nem a gagueira.
–(Elisa) Pode parar Bruna. Estou aqui para que a gente acerte as coisas. E já que estamos de acordo que você ainda o ama, pois essa sua tentativa de mudar o rumo da conversa só quer dizer isso, vamos ao ponto seguinte. Se você ama tanto o Renato, por que deseja matá-lo? O que fez com que você nos elimine mandando seus homens nos emboscar? Você é do tipo que acredita que, se ele não pode ser seu, então não vai ser de ninguém?
–(Bruna) Ah! Então é isso? O Renato te mandou aqui para se safar. Nunca imaginei que ele se escondesse atrás de uma mulher.
–(Elisa) Vá se catar Bruna. Converse comigo direito. Para seu governo, o Renato nem sabia que eu vinha aqui e agora que já sabe, deve estar tendo um infarto por eu ter feito isso. – Bruna fitou longamente Elisa que sustentou seu olhar e depois concluiu: – Mas isso é uma coisa que depois eu resolvo com ele. Agora, o que eu quero resolver é uma questão bem mais complexa. O que faz com que duas pessoas que se amam desejem matar um ao outro?
–(Bruna) Duas pessoas que o que? Você só pode estar brincando.
Elisa se levantou e fez menção de se retirar, enquanto falava:
–(Elisa) Estou vendo que vou estou perdendo meu tempo tentando conversar com você. – Essa atitude de Elisa finalmente fez Bruna acreditar que ela estava falando sério, que desejava mesmo colocar tudo em pratos limpo, mais ainda quando Elisa continuou: – Quando é que você vai deixar de se esconder atrás dessa sua postura de rainha da Inglaterra e assumir seus sentimentos e seus problemas de frente? Você “pisou na bola”, perdeu o amor do Renato, ou pensa que perdeu e fica aí dando uma de que isso não tem a menor importância para você enquanto seu coração sangra todas as vezes que o vê. – Como a irritação de Elisa só aumentava à medida que ela falava, ela encerrou dizendo: Ah! Quer saber? Vai se catar Bruna. Gente como você merece bem a cruz que carrega.
Dizendo isso, Elisa se virou e saiu andando, mas logo foi alcançada por Bruna que, segurando em seu braço, deu um safanão para que ela se virasse e ambas ficaram frente a frente. Bruna, com o olhar turvado por lágrimas que ela tentava evitar, conseguiu dizer:
–(Bruna) Se eu amo tanto o Renato, por que motivo então eu não me importo quando ele está ao seu lado? Que amor é esse que me faz sentir tranquila e até feliz em ver que o homem que, segundo você, eu amo tanto, está nos braços de outra? Responde a isso sabichona, porque isso é o tipo de resposta que você não vai encontrar em suas pesquisas no Google.
Os olhos das duas mulheres estavam presos uns nos outros. Elisa não encontrava palavras para responder e o que mais a atingia eram as lágrimas que começavam a escorrer dos olhos de Bruna. Ela sentiu a mágoa da outra como se fosse dela e seu coração disparou.
A proximidade de ambas, o perfume natural de Bruna a atingir suas narinas e o toque dela que ainda não largara seu braço que parecia queimar com o contato, tudo isso, era algo que ela não conseguia entender e ela agiu de forma inesperada, resolvendo deixar que Bruna soubesse como se sentia. Então falou séria:
–(Elisa) Sabe o que eu não vou conseguir achar em nenhuma pesquisa no Google? – Aguardou até que Bruna negasse com um movimento do rosto e explicou: – Nunca vou encontrar, nem no Google ou qualquer outro lugar, qual o motivo que me faz ficar sentindo o que sinto agora, todas as vezes que você me toca ou se aproxima de mim.
Ao ouvir aquilo, Bruna foi aproximando seu rosto do de Elisa e quando suas bocas se aproximaram a ponto de seus lábios quase se tocarem, ela deu um safanão empurrando a garota e se afastou dela. Aquela cena fez com que toda a segurança de Elisa se desfizesse e ela voltou a ser a Elisa de sempre, reclamando:
–(Elisa) O ... o que eu ... eu ... fiz? – Ela parou respirando fundo e depois se controlou, falando compassadamente: – Por que ... vo ... cê ... pa ... rou?
–(Bruna) Porque eu prometi para o Renato que não ia te tocar nunca mais. Que não ia deixar que você ficasse arruinada como fica tudo e todos que eu toco.
Dizendo isso, Bruna não resistiu e caiu em um pranto agitado. Elisa readquiriu sua segurança, tomou a amiga em seus braços e a conduziu até a cadeira onde fez com que ela se sentasse e depois puxou a cabeça dela fazendo com que se encostasse em seu peito e ficou a fazer carinhos em seus cabelos. Depois de muito tempo, com o choro mais controlado, Bruna se abriu para a amiga:
–(Bruna) Não sei o que acontece comigo. Você está certa, eu amo o Renato e fico confusa quando vocês estão juntos e não sinto o mesmo ciúme quando outras mulheres ficam próximas a ele. Até da Edna eu sinto ciúme, você acredita? Mas de você eu não sinto. A única coisa que sinto é inveja. – Elisa tentou dizer algo, mas foi interrompida: – Não, não fale nada agora, me deixe terminar. Você vai me odiar, mas a inveja que sinto não é de você estar do lado dele, é diferente. Eu sinto que deveria estar junto com vocês dois. Amar vocês dois.
–(Elisa) Que loucura é essa Bruna? Isso é o maior absurdo que já ouvi. Onde já se viu. Não tem a mínima chance de isso acontecer. Eu não sou assim.
Embora sentisse que as palavras que saiam de sua boca não combinavam com a palpitação que sentia em seu corpo diante da proximidade de Bruna. Com a capacidade que sua mente treinada tinha de trabalhar em vários níveis, ela fez uma ligeira comparação entre o que dizia e o que sentia e, mesmo sentindo seu coração sangrar, prometeu a si mesma que nunca ia interferir nos sentimentos de Renato.
Se ele resolvesse se dedicar a amar à Bruna, ela se afastaria dele e deixaria o caminho livre para que ambos fossem felizes, mesmo sabendo o tamanho do sofrimento que isso lhe causaria. Porém, não seria ela a jogar um nos braços do outro. O máximo que ela se sentia capaz era de não interferir. Pensando nisso, ela disse:
-(Elisa) Eu não sei como dizer isso para você, mas eu nunca me imaginei com outra mulher. Aquele beijo que tivemos naquele dia foi algo que mexe comigo até hoje, Talvez por ser uma coisa que eu não consiga administrar bem.
-(Bruna) Se estou entendendo bem, você não consegue esquecer o beijo. Quem diria hein?
-(Elisa) Pare com isso, sua maluca. Isso que você está pensando nunca vai acontecer.
-(Bruna) É mesmo? E o que é que eu estou pensando?
-(Elisa) A! Você sabe!|
-(Bruna) Não sei de nada. Pode falar. O que é que eu estou pensando?
-(Elisa) Pare com isso, Bruna. Já te pedi. E também não foi para isso que eu vim aqui.
A cabeça das duas mulheres trabalhava febrilmente. Bruna fazia o maior esforço para não agarrar Elisa ali mesmo e beijar seus lábios saborosos e Elisa, esforço igual para não deixar transparecer aquela espécie de febre que consumia seu corpo, sentindo-o quente e todo arrepiado. Com muito esforço, conseguiu evitar que a outra percebesse seu estado, mas isso só aconteceu porque ela evitava de olhar nos olhos de Bruna.
Ainda disfarçando seus sentimentos, Elisa resolveu mudar do assunto, pois aquele, além de não levar a uma solução para o problema que a trouxera ali, também a incomodava demais. Dessa forma, sem dizer nada à Bruna, pegou seu celular e ligou para Renato, dizendo quando ele atendeu:
–(Elisa) Renato, estou aqui na casa da Bruna. Venha agora mesmo para cá.
Sem dar tempo para que sua ordem fosse discutida, desligou o aparelho e foi se sentar na cadeira em frente de Bruna.
Aproveitando que Renato iria demorar por mais algum tempo, Elisa começou a fazer um verdadeiro interrogatório a Bruna que, sem vacilar, ia respondendo às suas perguntas, demonstrando que precisavam confiar uma a outra.
Dessa forma, Elisa foi apresentada de vez à Organização do Senhor Antônio. Indo direto aos pontos chaves que não tinham sido elucidados por Edna e Álvaro, ela fazia suas perguntas de forma a conhecer melhor a organização e sua forma de agir. Quando finalmente Bruna lhe contou sobre a sala fortificada que o pai ocultara de todos na adega da mansão foi que Elisa se deu conta que Bruna estava realmente dando uma demonstração de confiança, porém, querendo saber exatamente até onde essa confiança iria, indagou:
-(Elisa) Se eu pedir para ver o interior dessa sala, você me mostraria?
Bruna sequer lhe deu uma resposta, apenas levantando e lhe estendendo a mão que foi segura por Elisa. Em seguida, foram até a adega e Bruna adotou as providências de sempre de afastar a prateleira que ocultava a entrada da sala e em seguida manusear o segredo para poderem entrar. Elisa, muito atenta, conseguiu memorizar não só a senha que dava acesso à sala, como o procedimento com as prateleiras.
Dentro da sala, Elisa se sentiu em meio a um sonho. Nunca vira tanta informação organizada de forma a serem acessadas com a maior facilidade, desde que o manuseio fosse manual, pois, naquela sala, não havia forma de acessar a internet de nenhuma forma. Antônio tinha tomado providências para que, ali dentro, a tecnologia desse lugar à segurança e ao sigilo.
Só deixaram a sala quando, por intermédio de umas das câmaras acionadas por Bruna para poderem ver o que se passava no exterior, viram o Renato chegando. Bruna conduziu Elisa para fora do cofre e o trancou novamente, voltando a colocar a prateleira que ocultava a sua existência no lugar.
Curiosa, Elisa perguntou ainda:
-(Elisa) Não tem perigo de, enquanto você estiver lá dentro, alguém entrar aqui e ver que existe o cofre?
-(Bruna) Não tem a mínima possibilidade. Meu pai pensou em tudo. Quando a gente fecha a porta do cofre por dentro, um dispositivo move as prateleiras para seus lugares e tudo fica como antes.
De repente, em um canto da cabeça de Elisa, uma ideia começou a se formar. Mas era algo no qual ela teria que pensar muito ainda e, naquele momento, o mais importante era acabar com os problemas e as disputas entre Bruna e seu noivo Renato.
Continua ...
