continuação
Minha namorada já estava desconfiada de algo. Já adianto que ela nunca nos pegou e meu namoro não terminou por causa da Vanessa. Mas ela, a namorada, já estava começando a ficar com ciúmes de algumas coisas. O primeiro a dar bandeira fui eu mesmo. Era " Vanessa disse isso", "Vanessa disse aquilo", "Vanessa fez isso", "Vanessa fez aquilo", e minha namorada, conhecendo a fama da garota, começou a me encher de recomendações e ameaças, caso eu me rendesse às cantadas de Vanessa. E tinha mais coisa. Uma tia fofoqueira viu Vanessa passando o braço em torno de mim em seu trabalho e contou pra minha namorada. Deu trabalho pra convencê-la que eu não tinha nada com ela. Mas minha namorada já tinha estabelecido na cabeça que Vanessa estava invocada comigo e ai de mim se ela soubesse que eu me engracei pro lado dela.
Na verdade, já estava mais que engraçado pro lado dela. Todo dia tirávamos um tempinho à tarde e nos entregávamos aos beijos, abraços e amassos. Ninguém nunca nos pegou. Às vezes eu tentava ser ousado, mas ela não permitia. Não me mostrava nenhuma parte íntima do seu corpo. Eu, da minha parte, deixava ela perceber o quanto eu ficava excitado nesses nossos encontros. Engraçado, não? Ela queria me dar mas não se permitia mostrar pra mim; eu gostaria de comê-la, mas não queria arriscar, e deixava ela perceber minha ereção. Lembro de uma vez que conversamos e eu perguntei a ela, meio triste e desanimado, se ela queria mesmo transar comigo, que talvez eu não fosse tudo aquilo que ela imaginava. Ela me disse sorrindo com uma cara bem sem vergonha que eu tinha um volume "interessante". Eu não sou tão bem dotado.
Outra passagem que me recordo foi nas manhãs de domingo que eu ia à missa. A igreja fica na rua da casa dela, a poucos metros da casa da minha namorada. Eu devo ter comentado com ela que ia à missa aos domingos de manhã e, pelo menos dois ou três domingos ela me esperou na saída da igreja. Era por volta das dez horas e ela me pegava de conversa até quase meio-dia. Não me lembro de todos os detalhes de nossas conversas mas, em linhas gerais, giravam em torno dela tentar me convencer a entrar na casa dela para transarmos.
A argumentação dela era a seguinte: ela dizia que sua mãe trabalhava aos domingos não me lembro onde e ela ficava sozinha em casa. Portanto, teríamos tudo favorável a nós. Em uma dessas conversas, ela me revelou que tinha acabado de depilar suas partes íntimas e me perguntava se eu não queria ver e experimentar. Eu não aguentava tamanha provocação. Hoje, escrevendo isso, me arrependo de não ter arriscado. Uma mulher jovem, fogosa, revelando sua intimidade pra mim e me chamando para comê-la, quase que em desespero… Onde eu estava com a cabeça?
Eu me limitava a ouvi-la e ficar com a boca cheia d'água, mas tive que recusar em todas as vezes, apesar das incansáveis insistências dela. Numa dessas vezes, vi passar no passeio próximo, uma pessoa muito ligada à minha namorada. Vi a viola em cacos. Pensava que essa pessoa ia nos ver conversando e iria imediatamente contar pra minha namorada, e a confusão estaria armada. Sorte minha que a sonsa dessa tal pessoa passou o tempo todo olhando pro chão e não nos viu.
Próximo havia também um bar, que já desde cedo colocava mesas na calçada e aqueles mais viciados já chegavam para passar o dia ali. Lembro-me que uma vez as pessoas sentadas do lado de fora do bar, não tiravam os olhos de nós dois, conversando em frente à igreja. E Vanessa me provocando, me chamando pra entrar na casa dela. Eu só pensava que, se eu entrasse, uma daquelas pessoas iria, na hora contar pra minha namorada e, quando eu estivesse no bem bom com Vanessa dentro de casa, ela chegaria fazendo escândalo e detonando tudo… Não tinha jeito. Querer, eu queria demais comer aquela gordinha safada, abusada e tarada. Mas eu entendia na época que tinha muito a perder e, covardemente, não arrisquei. Mas me lembro que, num desses domingos, após vencer Vanessa com minhas negativas, ela me pediu um beijo de tchau. E eu dei. Ali. No meio da rua. Com o pessoal lá do bar podendo ver. Não sei se viram, mas o fato é que ninguém contou.
Vanessa acirrou sua tática pra ficar comigo. Passou a me pedir que terminasse com minha namorada pra ficar com ela. Eu dizia que não, até porque ela mesma me disse que não me queria como namorado, mas como uma espécie de amante. Ora, por que queria que eu terminasse meu namoro? Entendi que era o velho ciúme feminino. Vanessa queria o simples prazer de saber e dizer que venceu, que ficou comigo, que me tomou da rival. Eu, depois, que me lascasse, abandonado pelas duas e com fama de sem-vergonha e mau-caráter perante todo mundo.
Eu dizia a ela que não faria isso. Não via motivo para terminar meu namoro, pois não a amava, só estava atraído por ela. E que não se fazia isso com as pessoas; não se trocava uma pessoa por outra como se troca de roupa. Olha só! Eu, de beijos e amassos com outra mulher, defendendo e protegendo a minha namorada. Eu não presto, mesmo. Vanessa até ameaçou de não nos encontrarmos mais. Disse a ela que por mim tudo bem. Era um caso extra, mesmo. Mas a atração dela por mim e de mim por ela, não nos permitiu afastarmos. Continuamos a nos encontrar escondidos, nos beijar, nos amassar e não passar disso. Vez ou outra ela tocava no assunto de eu terminar meu namoro. Eu insistia que não. E assim fomos levando.