OI, GALERA! VOLTEI COM MAIS UMA HISTÓRIA. DESSA VEZ, UMA MAIS CURTINHA COM OITO CAPÍTULOS APENAS. ESPERO QUE VOCÊS CURTAM!
SINOPSE:
"Este é realmente um alerta meteorológico muito severo. E vai do Oklahoma ao Wyoming, e do Wyoming ao Maine. E há consequências reais. Por isso, peço a todos que sigam os avisos locais", disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a tempestade de inverno Elliot. E este fenômeno meteorológico afetará a vida de milhares de pessoas, inclusive, amizades antigas serão testadas.
Mark Davis e Jake Harris são amigos, ou pelo menos, eram em algum ponto de suas vidas. O que aconteceu? A vida aconteceu. Mark é um garoto popular que saiu do armário recentemente. Enquanto Jake é um rapaz com o QI acima da média com nenhum tipo de tato social.
A vida deles vai tomar um novo rumo com a chegada da 'Nevasca do Século', a tempestade de inverno Elliot, que atingirá os Estados Unidos na véspera de Natal. Entre neve e temperaturas abaixo de zero, os dois precisarão se entender para passar por essa experiência caótica.
*Essa vai ser uma história curta. Espero que vocês curtam
***
BOA HISTÓRIA, NÃO ESQUEÇA DE CURTIR, COMPARTILHAR E COMENTAR:
"Com ciclone de inverno Elliot, os Estados Unidos devem ter a noite de Natal mais fria em décadas". Essa porcaria vai arruinar o meu fim de ano. Já não bastasse meus pais presos do outro lado do país, agora vou ter que enfrentar esse ciclone bomba sozinho. Tudo bem, tudo bem. Eu não tenho motivos para me preocupar.
"A cidade de Buffalo, que fica há 600 quilômetros de Nova York, será uma das mais atingidas. Essas são as previsões dos meteorologistas", afirma a repórter, que está na Times Squares, uma das avenidas mais movimentadas de Nova York. Desligo, antes dela mudar de assunto, pois não quero mais notícias ruins.
Tenho dois dias para estocar comida e água. Na verdade, a minha mãe já fez todo trabalho, apenas vou me certificar de cuidar do Tornado e Avalanche, os nossos furões de estimação. Diferente, eu sei. Enquanto as famílias 'normais' possuem cachorros ou gatos, a minha decidiu adotar furões.
Eu meio que já me acostumei com as mordidas e sustos que essas pestinhas providenciam.
Estou na sala, sem ter ideia do que fazer, quando a campainha toca. Junto o pouco de coragem que me resta e sigo em direção à porta. Ao abrir, o vento frio corta a minha pele, pois estou apenas de pijama. Um sorriso caloroso me recebe. É a senhora Harris, a vizinha do lado direito. Uma mulher espaçosa, mas boazinha. Ela está sendo a minha tutora nos últimos dias.
Tive uma briga enorme para ficar sozinho em casa e, graças aos céus, os meus pais me deixaram cuidar dos furões. Só que não escapei de ter um tutor. Como se um adolescente de 17 anos precisasse de supervisão. Babozeira, eu sei.
Convido a Sra. Harris para entrar, afinal, não quero congelar. Ela deixa algumas sacolas no chão e bate na neve de seu casaco. A voz grossa dela ecoa pela sala.
— Menino, essa nevasca não estava no meu planejamento. — garantiu a Sra. Harris, pegando a sacola e indo em direção a sala. — Mark, cadê as crianças?
— Tornado e Avalanche estão no quarto. Eles estão preguiçosos esses últimos dias. — respondi a seguindo.
— Esse tempo é perfeito para sonecas. Infelizmente, algumas pessoas não podem se dar a esse luxo. Enfim, querido, eu trouxe uma lasanha e doces. O Jake está voltando para casa e preciso buscá-lo na rodoviária. O coitadinho não conseguiu pegar o avião...
O Jake está voltando? Essa informação me deixa com o estômago revirado. Jake Harris, o meu ex-melhor amigo. Se é que pode-se usar esse termo, ex-melhor amigo. As coisas ficaram estranhas entre nós no ensino médio. Ele era muito anti social, diferente de mim que fiz vários amigos.
Eu não sinto falta do Jake. Aquele nerd bonito. Ok, eu sou gamado no garoto desde sempre. Porém, além da distância que criamos entre nós, agora existe a maldita geografia. O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) descobriu a genialidade do meu vizinho e o levou do ensino médio direto para o campus.
Antigamente, nós éramos mais unidos, sempre dormindo um na casa do outro, só que a genialidade dele acabou nos separando. Ainda acho injusto alguém tão bonito ser inteligente. Eu me esforço tanto na escola e sou apenas um 'B'. Só que vou me esforçar para escolher uma boa universidade. Vou aceitar aquilo que a vida me mandar.
A Sra. Harris fala pelos cotovelos. Eu ainda não digeri a primeira informação. Cara, o Jake vai voltar. Foram apenas quatro meses, mas tenho saudades dele. Como os seus cabelos lisos criam cachinhos quando estão grandes. Ou o seu olho que ganha um tom esverdeado no pôr do sol.
Eu consigo detalhar cada característica do meu vizinho. Uma pena que ele não me nota dessa maneira.
Depois de me dar todas as instruções para esquentar a lasanha, a Sra. Harris me deixa. Eu e meus pensamentos. Os meus pensamentos e eu. Corro para o computador e entro no Twitter do Jake. A maioria das postagens são sobre matemática e números, mas desço o cursor para a foto que me interessa.
O Jake está sentado em um banco do Jardim Botânico de Buffalo. O pôr do sol penetra a sua íris, deixando um tom de verde, um tom lindo e chamativo. Eu fui o responsável por capturar esse momento. Os cabelos dele estão desarrumados, mas de uma maneira bonita. Sua boca entreaberta, quase esboçando um sorriso tímido. Cara, esse garoto é perfeito.
— É muito desrespeitoso se eu bater uma e... para, para! — digo, antes de me afastar do notebook. — Eu não posso fazer isso com uma foto que amo tanto. O Jake merece o meu respeito. Isso, ele merece. Ah, cara! - fecho o notebook, deito na cama e olho para o teto. — Malditos hormônios adolescentes.
O meu celular apita. É uma mensagem dos meus pais. A gente criou um grupo para compartilhar o nosso dia a dia. Ideia da mamãe, que foi acatada por mim e pelo meu pai. A maior parte da conversa são figurinhas e memes. A cada dia, eu me assusto com a capacidade deles produzirem figurinhas horrendas. Pelo menos, os dois não ligaram para a minha sexualidade. Ter um filho gay pode ser considerado ofensa em algumas famílias. Escapei dessa, obrigado Zeus.
O meu devaneio é quebrado com a mensagem da Pam, a minha melhor amiga e ex-namorada.
Ok. Devo uma explicação, certo? Antes de eu me assumir, achei que poderia sentir atração por alguma mulher e evitar todo o drama implícito na palavra 'assumir'. A Pam foi a opção mais óbvia, uma vez que já nos conhecíamos há séculos.
Depois de cinco meses desastrosos e a quase ruptura da nossa amizade, percebemos que o lance entre nós ficaria melhor se não houvesse um namorado.
***
PAM:
Como estão as coisas? O Presidente se pronunciou sobre a tempestade Elliot. As coisas vão ficar tensas.
MARK:
Tempestade Elliot. Que merda, hein. Eu pensei que passaria um natal tranquilo. Estou carregando todos os meus dispositivos. Você está carregando o rádio, né?
PAM:
Sim. Se ficar sem internet, que tenha pelo menos a sua voz através dessa velharia.
MARK:
Ei. Esse walkie talkie foi um achado. Ainda bem que garimpei bastante. Vamos nos comunicar todos os dias a partir das 20h. Não importa o que aconteça.
PAM:
Você diz isso porque está sozinho. Tenta morar em uma casa com quatro crianças.
MARK:
Se quiser trocar...
PAM:
De boas. Não curto esse lance de solidão. Deixa eu ir, a mamãe inventou de fazer compras. Como se essa casa já não estivesse cheia de suprimentos.
MARK:
Boa sorte.
***
A Pam mora com os pais e quatro irmãos, ou seja, a casa é lotada. Ela vive uma espécie de remake de '12 é demais', só que no caso são sete pessoas. Apesar de tudo, a minha amiga adora seus irmãos e não largaria essa vida por nada. Fora que servir de babá lhe rende uma grana extra no fim do mês. O capitalismo é foda.
Pela janela, a neve cai tranquilamente. Nem parece que uma tempestade do inferno vai fazer a Elsa e congelar parte do país. Graças a Deus ao aquecedor. Outra mensagem desperta a minha atenção. Dessa vez é o meu pai. Ele quer saber se o estoque de madeira é o suficiente para aguentar os dias que virão.
Com muita preguiça, calço as minhas botas e sigo para a casa de trecos, que está localizada no jardim interno da minha residência. A neve fofinha faz um barulho engraçado ao entrar em atrito as botas. Ainda não está tão frio, mas a previsão é de - 10ºC.
A cidade toda está se mobilizando para evitar perdas, principalmente, da população mais vulnerável. A Sra. Harris, por exemplo, deixou as férias de lado e vai trabalhar no Hospital, que não fica tão longe do nosso distrito. Ela é uma mulher excepcional.
Os meus pais, apesar de estarem do outro lado, também estão se mobilizando e conseguindo verba para abrigos da cidade que serão afetados pela demanda de pessoas em situação de rua.
O frio se intensificou dentro da casa de treco. Uma pilha de madeira descansa sobre uma proteção de plástico. Creio que o número de lenha é suficiente para aquecer a calefação se houver queda de energia.
A minha casa é antiga. Por isso, contamos com dois métodos de aquecimento: gás e carvão. Com certeza, o sistema de distribuição de gás será afetado pela tempestade de inverno e o coitado do Mark não precisa congelar, né? Assim eu espero.
Como último recurso, terei a lareira de casa que esquenta toda a sala e evita que o frio invada. Enfim, estarei bem preparado para qualquer emergência. No pior dos casos, corro para a casa da Sra. Harris e me aqueço, enquanto fico abraçado ao Jake.
As horas passaram. Gasto a maior parte do tempo tentando aprender a coreografia da música 'After Like' do grupo de K-pop 'Eve'. Pode parecer besteira, mas a canção é gostosa de ouvir e a coreografia é difícil.
Sou atrapalhado novamente, mas agora é um estrondo que tira a minha concentração. Olho pela janela e vejo fumaça saindo da casa da Sra. Harris. Em um impulso, corro para baixo e coloco um casaco qualquer. Em seguida, vou em direção a casa da vizinha. Com o celular na mão ligo para os bombeiros.
A fumaça está presa dentro de casa. Será que alguém está machucado? Cubro o rosto com o casaco e abro a porta. Uma quantidade surreal de fumaça sai e grito pela Sra. Harris. Respiro fundo e entro dentro da casa.
Não tenho uma visão clara das coisas. A fumaça continua forte e insistente. De repente, tropeço em alguma coisa, ou melhor, alguém. Puxo a pessoa para fora da casa. Não sei quanto tempo passou, mas um caminhão do Corpo de Bombeiros se aproxima da residência.
— Ei, Jake. — chamo a atenção do meu vizinho, que está deitado no chão e me olha de maneira estranha. — Sou eu, Mark Davis. O que houve, a Sra. Harris está em casa?
— Nã... não... só, só eu. — ele responde de maneira ofegante.
Os seus olhos estão com as pupilas dilatadas. Deve ter sido o susto. Uso meus joelhos para a cabeça dele não entrar em contato com o chão frio, mas o meu bumbum começa a pedir socorro devido a neve. Pijamas não são as roupas adequadas para enfrentar um dia de inverno.
— Vai ficar tudo bem. — digo, na esperança de acalmar o Jake, que continua tremendo.
— Com licença. — um paramédico se aproxima e coloca Jake em uma maca. Aproveito para levantar do chão e bato a neve do meu pijama.
Atordoado, busco respirar com tranquilidade. Então, olho para o lado e vejo a Sra. Harris desesperada. Ela explica que o filho estava tentando resolver um problema na fiação elétrica. Deve ter sido o que causou a explosão e a fumaça. Somos atendidos na entrada da casa da família Harris.
Nem preciso dizer que a rua ficou recheada de curiosos. Por um momento, todos esqueceram a aproximação da tempestade de inverno e focaram no drama dos Harris, que teve a casa condenada em um inverno tão rigoroso.