O carnaval chegou e Marlom não sabe o que vestir.
Há uma saída fácil: vestir-se de mulher. Ele gosta de usar roupas femininas, mas já havia saído travestido nos últimos 5 anos. Queria novidades, queria outras possibilidades de provocar.
Marlom mora com Vítor, um amigo tesudo com quem Marlom vive um amor platônico. Vitor é um homem árabe, alto, pernudo, bundudo, peludo, definidinho, com cabelos cheios, lisos e pretos, barba perfeita, um olho e boca lindas, moreno e... hétero. Muito hétero.
Marlom é bi e ama morar com Vítor. Além de lindo, ele é fofo, companheiro e exibido. Gosta de ficar pelado ou seminu pela casa. Ou seja: Marlom é o tempo todo provocado, a tensão sexual é forte naquela casa.
Além de bi, Marlom adora ver um homem humilhado, atingido no ponto mais significativo da sua masculinidade: no saco. É um fetiche que nunca teve coragem de compartilhar com ninguém, nem com meninas e meninos com quem transa. Sempre na fantasia, Vítor era o corpo que Marlom queria dominar, humilhar, esmagar cada ovo e ouvir cada gemido provocado. Sempre que fantasia, uma ereção vem junto.
E nesse dia de carnaval a fantasia apareceu com uma força avassaladora: enquanto Marlom olhava suas fantasias, Vítor entra pelo quarto com um maiô branco de luta livre, marcando cada centímetro do seu corpo. A mala tava linda, nem precisava de muita imaginação para saber como era o seu saco e o seu pau.
Naquele momento a fantasia se realiza: Marlom vai para o carnaval fantasiado de quebra-ovos.
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Marlom vestiu uma calça preta justa e brilhosa, calçou suas botas pretas de cano alto e botou suspensório preto, sem camisa. Aderiu uma placa na altura da barriga que diz 'quebro ovos'; nas costas, aderiu outra que diz: 'faço omeletes'.
Marlom é um homem alto, magro, de traços finos e muito branco. Ficou bonito naquela roupa, ainda mais que trabalhou uma maquiagem preta no rosto, nos lábios e nos olhos, harmonizando com os seus cabelos bem escuros e lisos.
"Que isso, hein! Tá parecendo um gótico, tá bonitão", disse Vítor, deixando Marlom alerta. "Só não entendi bem o conceito", e Vitor concluiu com uma risada.
"Vou te explicar", disse Marlom aproximando-se dele. Tomado da fantasia, Marlom nem titubeou em acertar um tapa com as costas da mão na mala do colega de quarto.
"Ahhhhhhhh!!! Tá louco!", urrou Vítor, que jogou-se na cama, dobrado, massageando o saco, entre surpreso e dolorido, com a respiração entrecortada.
"Tá explicado amigo", disse Marlom meio de lado, escondendo a marca da ereção que já se ensaiava na calça justa.
"Sem noção! Não vou ficar perto de tu não... tu pretende fazer isso com as pessoas na rua?"
Marlom respondeu: "só faço em quem me perguntar ou... em quem me pedir".
"Ah, beleza. Então, estou livre disso", disse um Vítor já recuperado, mas ainda segurando a mala marcada naquele maiô branco lindo. "Bora pra rua que eu quero ver isso acontecer".
O entusiasmo de Vítor não era algo que Marlom esperasse.
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Marlom e Vítor foram para a rua e logo encontraram amigos. Marlom levou como adereço um fuê de alumínio, desses que se faz claras em neve. A um ou outro amigo que perguntou sobre a fantasia, Marlom respondeu da mesma maneira: lançava o fuê no saco das pessoas, que reagiam de forma mais ou menos intensa, dependendo do jeito como o utensílio pegava nos ovos dos atingidos.
Marlom estava tendo um dia glorioso. Além das reações que colecionou, percebeu que a dinâmica gerava interesse e engajava as pessoas. Parece que essa tara por ver homens atingidos no saco é mais comum do que imaginava.
O auge do dia veio já no seu fim. Ele conversaca com os amigos quando uma mulher vestida com um macacão de borracha preto e brilhoso, mascarada, se aproximou e pediu para falar com ele. Era uma dominatrix.
"Oi, amei a sua fantasia! Se eu entendi, tua proposta é machucar, amassar os caras, certo?".
Marlom fez que sim com a cabeça e ela continuou: "se eu te fizer um pedido, você realiza?".
Marlom estranhou, mas foi tomado de otimismo: "Claro, pode pedir".
E a mulher seguiu: "tá vendo aquele maluco ali, de maiô branco". Apontou para o Vítor. "Eu quero ver ele no chão pedindo clemência. Quero que tu amasse o saco dele".
Ao mesmo tempo que um desejo enorme de realizar atravessou o corpo de Marlom, ele foi tomado por uma sensação contraditória de querer proteger o amigo: "Mas... ele é meu amigo. Por que eu faria isso?".
E a mulher respondeu: "Porque eu estou mandando! Quero ver um homem humilhado agora e tô te pedindo isso".
Marlom ficou confuso. Percebia que os amigos estavam prestando atenção na conversa dele com a mulher, achando graça. Ele disse a ela: "como vou propor isso a ele?". Ela respondeu: "não precisa, eu proponho". E a mulher se dirigiu ao Vítor: "ô rapaz do maiô! Vou mandar o seu amigo fazer algumas coisas contigo. Se tu não pedir arrego, eu cuidarei de você a noite toda".
Os homens da plateia ficaram entusiasmados, rindo e pilhando Vítor a aceitar, já que ele parecia relutante. Ele disse: "preciso saber um limite, pelo menos ter uma ideia do que tá em jogo".
Ela respondeu de modo desafiador: "o limite sou eu quem decido. Vocês dois vão fazer o que eu quiser e, quando eu estiver satisfeita, vou dizer".
Estranhamente, o rosto e o corpo de Vítor pareceram atravessados pela empolgação e ele disse, numa postura confiante: "eu tô a fim!".
A galera vibrou forte. Logo os amigos fizeram uma rodinha, com Marlom e Vítor se olhando no meio e a mulher numa posição média entre os dois. Ela disse para Marlom: "ô branquelo, eu vou posicionar o mouro e tu vai fazer exatamente o que eu falar". Marlom fez um movimento de cabeça confirmando o comando. Estava agora confiante e trocava olhares e sorrisos com Vítor. A situação era absurda e nem as suas fantasias mais ousadas chegavam perto desse acontecimento: estavam os dois com plateia, em praça pública, e ele realizaria uma sessão de ballbusting com Vítor.
"Rapaz do maiô, tu é gato, hein! E muito homem. Tudo em você é viril. Bem, vou mostrar como isso desmorona bem rápido", e riu. "Agora faz o seguinte: abre bem as pernas, bota as mãos atrás da cabeça e fica parado. Tu num pode mexer. Teu amigo vai te dar alguns golpes e tu só pode gritar, nem a mão de trás da cabeça tu pode tirar. Combinado?".
Estranhamente confiante, Vítor respondeu: "manda ver!".
A plateia tava mais tensa que os 3 protagonistas. Alguns passantes paravam e já havia 3 dezenas de pessoas assistindo a cena.
"Branquelo, chuta o saco do teu amigo com o peito do pé. E num quero moleza, que eu desinteresso".
O entusiasmo era tão grande que Marlom nem pensou: como se tivesse treinado a vida toda para aquilo, se aproximou do amigo, posicionou o corpo com destreza e encaixou com força o pé na mala de Vítor. Além de um grito gutural, um pequeno salto foi inevitável.
Vítor estava agora em agonia, gemendo e respirando com dificuldade.
"Gostei da atitude, branquelo. Manda outra".
Vitor nem teve tempo de reagir e outro chute forte foi acertado pelo Marlom. Novo grito, seguido de certo desequilíbrio de Vitor, fizeram a dominatrix vibrar: "coitadinho... tá só começando. Quer desistir?".
A pergunta fez Marlom gelar: "e se ele desistir?".
"ô branquelo, tu tá animado, hein". Ela e a plateia gargalharam ao perceber a marca do pau de Marlom na calça ajustada.
Ele já nem se importava: "tô as suas ordens, mistress".
"Assim que eu gosto. Ô gostosão, podemos seguir?".
Um angustiado Vítor estranhamente respondeu que sim, o que surpreendeu a todos. Ele ainda gemia, mas estava lá com as pernas abertas e as mãos na cabeça. E a mala marcada.
"Branquelo, agora é o seguinte: tu vai até ele e vai agarrar o saco. Quando tiver os ovos dele na sua mão, você vai amassá-los como quiser até eu mandar parar".
Marlom foi empolgado e ficou mais ainda quando percebeu que Vítor o olhava nos olhos, meio que desafiando. Com a rapidez das situações anteriores, Marlom tomou na mão aquele saco, os dois ovos de uma vez e deu um aperto forte. Vítor gemeu. Marlom apertou mais. Vítor gemeu mais e Marlom seguiu em um aperto permanente. Os gritos de Vitor já chamavam a atenção, mas ele não arreagava. Marlom estava em transe. Agora ele garroteava o saco com uma mão e com a outra encheu um tapa no saco do amigo. Além do grito, pela primeira vez o joelho dele ameaçou ceder.
"Calma branquelo, não acaba com ele ainda que tá bonito". Marlom então mudou a estratégia: com a mão direita seguiu fazendo o garrote e com a mão esquerda fez uma pinça com o polegar e o indicador, pinça com a qual apertou cada ovo de Vítor por uns bons 5 minutos. Ao longo desse tempo, ele estava até com dificuldade de ouvir a plateia, o prazer era puro sentindo cada testículo nos seus dedos. No início Vítor só gemia, mas, para o fim, começou a contorcer o seu corpo como se fosse desistir. Por fim, a mulher disse: "agora para com isso, branquelo. Larga o saco, acerta um soco e eu vou deixar ele cair, mas ele precisa cair de 4. Ouviu bonitão?"
Em agonia, Vítor fez que sim com a cabeça, mas esse foi o momento que Marlom acertou o soco em cheio no seu saco. E ele caiu quase de cara no chão, com muita dificuldade se segurando nos 4 membros. Marlom estava a ponto de gozar.
Vitor estava com o corpo a beira do colapso. Respirava forte, gemia, fazia movimentos generalizados de agonia. Tirava sempre a mão direita do chão e levava ao saco, gritava algumas vezes com força.
"Pronto, tá acabando. Agora tu vai ficar aí de 4, bonitão. Ô branquelo, eu quero que tu acerte o teu chute mais poderoso por trás. Se ele se segurar de 4, eu levo ele pra casa e cuido dele. Se ele cair, branquelo, ele é teu".
Marlom ouviu aquilo como se fosse o momento mais importante da sua vida. Se concentrou ao máximo, se posicionou. Viu a mala do amigo bem marcada. Precisava entregar tudo nesse chute, afinal Vítor seria dele.
Respirou fundo, trotou e encaixou o chute mais forte que podia. O quadril de Vitor chegou a levantar, mas ele segurou no braço e caiu com os joelhos no chão. Vítor gritava como se estivesse em abate, seu corpo convulsionava, agora chorava também. Não conseguia falar, mas parecia querer pedir algo.
"Tô entendendo, bonitão. Tu quer cair, né, quer soltar essa massa e lidar com a dor. Segura mais um pouco aí que eu vou parar o táxi. Vou deixar você se recuperar já já.
Ela saiu rapidamente e, após parar o táxi, veio buscar Vítor. Deu a mão a ele, mas ele não tinha forças para levantar. "Alguém ajuda o amigo de vocês e põe ele no carro pra mim".
Duas pessoas o carregaram até o carro. Vitor e a dominatrix se foram.
Marlom ficou com a sua ereção e uma enorme frustração. Além de tudo, cerca de 30 pessoas o olhavam fixamente. Alguns eram seus amigos.
Esse dia será longo para Marlom.
P.S.: a disposição para trocar uma ideia no twitter: @machomanco07