Sandra. Simplesmente (Quando a tarde chegou)

Um conto erótico de Menestrel dos Prazeres
Categoria: Heterossexual
Contém 1679 palavras
Data: 05/03/2023 03:28:16

Breve comunicado aos leitores: este texto não contém descrições de cenas de sexo. Peço perdão aos que não gostarem. Qualquer semelhança com nomes, situações ou desdobramentos terá sido mera coincidência.

Escrevi pra Sandra:

" T quero. Vamos pro motel hoje"

A resposta demorou a vir:

"Eu não vou"

Como era só isso que respondeu e de maneira seca, perguntei:

"Pq?"

Não veio resposta. "Ué! Que será que tá acontecendo?" - pensei. Ontem tava tudo bem! Antes de dormir consegui despistar e fui ao seu quarto dar boa noite. Me beijou com paixão! Senti seu corpo estremecer ao toque de minhas mãos! O que será que mudou?

"Tá td bem?"

"Tá"

Isso me acalmou um pouco pra esperar até a hora do almoço. Na hora do almoço, pior: colocou comida no prato e foi comer no quarto. Joana me olhou interrogando se eu sabia de alguma coisa. Devolvi o gesto demonstrando saber tão pouco quanto ela.

- Deve ter se desentendido com algum rapaz… - Joana falou. - Há dias que está dando em cima do Felipe da Selma… De certo levou o fora definitivo.

Aí fui eu que fiquei possesso. Que negócio é esse de correr atrás de homem? Eu não era o homem dela? Perdi até a fome. Engoli o almoço sem querer comer. Sandra veio, lavou seu prato, colocou no escorredor e voltou pro quarto, deixando-nos ouvir que trancara a porta. Não queria papo.

Quando saímos de volta para o trabalho, deixei Joana no serviço e voltei pra casa para tirar a história a limpo. Quando cheguei, não precisei fazer tanto esforço. Sandra saía do banheiro enrolada numa toalha e com outra nos cabelos, entrando no quarto. Vi que ela ficou contrariada ao me ver e não poder fechar a porta do quarto, pois entrei logo atrás dela. Resolvi não ser incisivo de início:

- Oi, Princesa! O que é que tá te chateando?...

Sandra me olhou com raiva e disse:

- Sai do meu quarto! Tenho que me vestir!

-Ei, ei, ei, ei… Que é isso?... - disse eu tentando abraçá-la.

- Não põe a mão em mim! Não tá vendo que eu tô só de toalha?!

Achei que a coisa tava séria, mas não tava entendendo nada. Olhei embasbacado pra ela tentando compreender se eu fizera algo errado, se ela tinha sabido de alguma coisa - mas eu não fiz nada! - enfim, o que estava acontecendo.

- Sandra, por favor! Fala comigo…

- Tô atrasada! Sai do meu quarto pra eu me vestir!...

Agora eu estava confuso, mesmo! Sandra com pudores de se despir na minha frente?! É coisa grave! Sentei na cama dela:

- Só saio daqui quando você me explicar o que tá acontecendo!

Bufando de ódio, Sandra pegou uma bucha de roupas emboladas e saiu do quarto. Só que eu fui rápido e a alcancei ainda no corredor, puxando-a pela toalha, que começou a escapar de seu corpo, querendo exibir sua nudez, o que ela fez de tudo para esconder.

- Vem cááááá!... Você vai me contar agora o que tá acontecendo!... Por que tá me tratando assim?...

O rosto de Sandra era de pavor ao ser segura por mim. Tentando conter a toalha que queria cair, ela começou a me bater, gritar e chorar:

- Me solta! Me solta! Cretino! Filho da puta! Me solta! Eu não quero nada com você! Eu não quero mais nada com você!...

Soltei-a. Ela, com cara de pavor e raiva; eu, surpreso e assustado.

- O que tá dizendo?... O que eu te fiz? - minha voz era baixa e de súplica. Sandra recolhia a toalha do chão e se cobria, enquanto me olhava com lágrimas escorrendo pelo rosto, que agora transparecia mágoa.

- Me deixe em paz!... Me deixe em paz!... - disse se afastando e chorando sentida.

- Sandra… Querida… Eu te amo!... - falei tentando tocar seu rosto.

- Não! Não ama! Não é verdade!...

- Sandra… é verdade!...

- Não! Não é! Você ama trepar comigo! É isso que você ama! Você ama que eu seja sua puta! Sua puta barata! Sua vagabunda! Sua enteada sem vergonha!... - disse esmurrando a parede, em prantos e em desespero, para depois deixar-se cair sentada no corredor.

- Sandra!... Amor! O que é isso? De onde tirou essa ideia? Você é tudo pra mim! - disse eu abaixando-me para abraçá-la.

- Não sou… Osmar, não sou…- disse chorando, negando-me com a cabeça - Eu não passo de sexo fácil, jovem e grátis para um homem maduro…

- Não, Sandra! Você é a única pessoa que me faz feliz! E por isso eu te amo e quero fazer de tudo pra você ser feliz…Mentiroso! Você mente, Osmar! Pare de mentir!... Pare de mentir!... - Sandra estava sentada no chão. Ergueu os joelhos e escondeu o rosto, chorando compulsivamente.

- Eu não estou entendendo… Ontem mesmo você me beijou tão apaixonada…

- Pra depois você ir comer a minha mãe!... Pensa que não ouvi!? Pensa que não ouvi o que ela te falou!? Que te ama! Pensa que não ouvi o que você falou pra ela? Que ama ela também! Pensa que não ouvi os barulhos dos seus beijos nela? Pensa que não ouvi o quanto ela gemia de prazer enquanto você comia ela? Pensa que não ouvi os ruídos dos seus corpos, Osmar!? Vocês ficaram mais de uma hora transando! Pensa que não ouvi você dizer, Osmar? "Agora deixa eu comer sua bundinha, Joana!" - Sandra fechava os olhos de desespero e dor.

- Sandra… - tentei confortá-la.

- Minhas amigas, todas! Todas! Me dizendo que você tá um gato! Que elas não deixariam passar se você desse uma chance a elas! Que queriam ser suas amantes! A Rúbia teve a cara de pau de perguntar se eu não arrumaria um encontro entre vocês dois! A Laura!... Ah!... A Laura chegou a me dizer pra eu ter um caso com você! Que se ela fosse sua enteada, vocês já seriam amantes há muito tempo! Tá vendo!? É isso que sou pra você: a novinha que você come! Seu caso incestusoso com sua enteada! Pra de noite, na cama, você ser o marido distinto e honesto, cumpridor dos seus deveres! Eu tenho nojo de você, Osmar! Eu tenho nojo e raiva de você!

- Sandra… Sandra… - Minha voz era calma e conciliadora. - Você tá vendo tudo pela ótica errada! Suas amigas te dizem isso… E quem desfruta na cama do homem que elas cobiçam? Você! Quem é superiora nessa história? Você! E quanto à sua mãe?... Eu tenho que fazer uma cortina de fumaça pra ela! Não posso parar de dar de uma vez o que ela espera de mim, razoavelmente! Eu juro pra você! A mulher que me realiza é você! A mulher com quem eu quero estar sempre na cama é você! Você me deu vida nova! Sandra, você não é minha puta, a novinha que eu como! Você é a mulher da minha vida! Eu te amo! - Nessa hora, Sandra virou o rosto querendo esconder algo. - Quantas vezes já te disse que te amo e é você que acha isso ruim! Quantas vezes te pedi pra aceitar que me ama também, de parar de negar isso! O seu desatino é por isso, Sandra! Reconheça que me ama, porque eu te amo!

- Não!... - acenava negativamente com a cabeça, apoiada nos joelhos, sem me encarar.

Seguiu-se um silêncio. Minha cabeça doía, confusa. E agora? Estaria tudo acabado? Estaria tudo arrasado? Meu casamento, inclusive, imerso num escândalo? E Joana? Pobre Joana! Seria um baque gigantesco pra ela! De uma vez só, o marido e a filha…Fomos longe demais!... Temia que a saúde psicológica de Sandra estivesse seriamente abalada. Precisava ter mais ciência sobre o que se passava com Sandra e o que ela queria dali pra frente, torcendo para que não fosse nada radical, mas temendo que fosse, o que acabaria revelando nosso caso.

- O que você quer fazer, meu amor? Eu vou aceitar o que você quiser, mesmo que eu tenha que arcar com tudo. Quer que eu pare de ficar com você? Quer que eu saia de casa e deixe vocês? Quer dar um tempo? Quer acabar com tudo definitivamente? Eu saberei suportar! Eu faço tudo pela sua felicidade, anjo!...

Sandra se virou e me olhou com ternura e os olhos cheios d'água.

- Eu só queria não sentir mais nada… Dói muito!...

Queria explodir com ela. "Dói porque você quer, sua besta! Se não quer dar mais, fala! Se quer continuar, deixa de frescura! Ou então, admita que me ama, mas entenda que jamais poderemos ser um casal sem que firamos sua mãe de morte!" Mas não podia fazer isso. Não podia inflamá-la mais. Eu também tinha que aceitar que Sandra chegara ao seu limite. Puta ou não; amante ou não; apaixonada ou não, ela não conseguiria mais ir pra cama comigo e, simplesmente, fazer sexo, sem que algo radicalmente mudasse. E não tinha como mudar sem que uma hecatombe acontecesse, principalmente com Joana, a mais inocente de toda essa história.

- Me deixe sozinha… Eu preciso tocar minha vida… Eu preciso viver…- disse apática.

- Sandra…

- Me deixe sozinha, Osmar… - disse Sandra chorando.

Depois de um silêncio, falei:

- Perdão, Sandra… Eu fiz muito mal a você… Pensei que, te amando, te faria feliz; eu seria feliz… Caiu uma maldição sobre nós… Eu tenho que suportar a dor de te deixar ir, para o seu bem, para sua felicidade…

Sandra me olhava chorando, fazendo biquinho com os lábios. Tive vontade que ela subitamente se atirasse em meus braços e, chorando e me beijando, confessasse seu amor. Mas isso só acontece nas novelas… Mas eu já me daria por satisfeito se ela, com o passar dos dias, retomasse sua vida normal de faculdade, caminhada, baladas, rolos com rapazes… Eu achava que eu saberia lidar com minha dor. Ela que retomasse sua vida, sem sequelas, para o bem dela e para não revelar que tivemos um caso.

Ajoelhado, peguei na mão dela. Aquela linda mão de dedos compridos. Ai, que desejo!...

- Só me diz que vai ficar bem… Só me diz que vai fazer tudo para acabar com a dor que está sentindo… E que viveremos minimamente… felizes… nesta casa…

Sandra me olhava fixamente, enquanto uma lágrima descia pelo seu rosto.

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Comentários

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Por que parou de postar, Menestrel? Não escreve mais? Adoro teus contos e espero que volte!

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Palavras tão carinhosas como as suas são a maior recompensa. Saber que alcançamos os sentimentos de alguém que não conhecemos e que não nos conhece, é o maior incentivo para continuar. Obrigado por essa gentileza tão grande.

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Adorei esse capítulo!

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Obrigado pela generosidade, Morfeus. Esse texto deveria ter sido publicado na terça-feira de Carnaval, mas, por critérios do site, seguraram o texto. Não me informaram por que. Não questiono as razões deles. Respeito as políticas deles. Felizmente saiu. Fiquei muito contente e agradecido.

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