Em primeiro lugar quero agradecer aos comentários de: sant14, Grilo falante, pil.lan, Vitinho165 e MauriceYacko. Desculpa se esqueci alguém!
PESSOAL, MAIS UMA HISTÓRIA SE ENCERRA. A SAGA DO JAKE E MARK FOI CURTINHA, PORÉM, ESCREVI COM TODO CARINHO. EM BREVE RETORNO COM NOVOS ROMANCES E AVENTURAS.
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Caramba, que febre é essa. Passei quase dois dias na cama. Por sorte, a mãe do Jake chegou para cuidar de mim. Após a Tempestade de Inverno Elliot arrasar com parte dos Estados Unidos, as pessoas tentaram seguir as suas vidas, mesmo aqueles que perderam algum familiar, afinal, centenas de pessoas morreram devido às baixas temperaturas.
Graças ao Corpo de Bombeiros, a Sra. Harris conseguiu atravessar a neve acumulada e salvou a minha vida. Tudo bem, que ela deu duas injeções no meu bumbum e, que, provavelmente, o Jake viu essa cena patética, mas vou sobreviver. Até fiz uma chamada de vídeo com os meus pais quando a internet normalizou.
Porém, a neve não dá trégua e continua caindo, mas, dessa vez, sem pressa. É quase poético olhar para fora e ver os flocos bailando no ar. Aos poucos, os vizinhos vão trabalhando nos estragos. Vejo o Merlim correndo todo feliz pela rua coberta com a neve, logo atrás vem o seu dono andando com cuidado para não escorregar.
Desço as escadas com a coragem de um bicho-preguiça. A Sra. Harris está no fogão preparando panquecas para vários jovens famintos. Eu não estou 100%, entretanto, não quero aparentar fraqueza na frente dos meus amigos. Respiro fundo e entro na cozinha como se tudo estivesse normal.
— Jake, ainda bem! — exclama Pam, andando até a minha direção com o notebook em mãos. — A Sra. Foster pediu um trabalho de audiovisual para a aula de literatura. A gente não fez.
— E agora? — questiono, quase desesperado. A Sra. Foster é a megera da escola e odeia atrasos.
— Nada a temer, Davis. — disse Jake, carregando algumas caixas para a sala.
— Cinema é a nossa vida. — explica Rayb, seguindo o amigo.
— Ela pediu um curta de 1 minuto baseado em 'Amor e Preconceito' da Jane Austen. — conta Pam, enquanto me mostra a tela do notebook. — A gente rascunhou um roteiro, mas queria ver contigo, já que é o garoto maravilha do teatro.
— Crianças, as panquecas ficam prontas em 10 minutos. Por favor, não demorem. — pede a Sra. Harris da cozinha.
— Tudo bem, mãe. Só vamos gravar esse curta-metragem. — avisa Jake, repousando as caixas no chão e pegando alguns pincéis. - Mãos na massa!
Achamos um ponto de diversão em meio ao caos. A cidade de Buffalo ainda estava se erguendo, após os estragos da tempestade de inverno. E quatro jovens dirigiam dois furões em um curta-metragem baseado em "Orgulho e Preconceito".
Com as cenas gravadas, a gente precisou reassistir para colocar as nossas vozes. A Pam como Elizabeth e o Jake como o Sr. Darcy. Eu não estava em condições de dublar um furão, mas me diverti neste processo de produção.
À noite, nos reunimos na sala para jantar. Tivemos que acender a lareira devido a queda de energia. Infelizmente, sentei longe do Jake. A gente não estava preparado para enfrentar a Sra. Harris, pelo menos, era o que eu pensava.
Comemos macarrão com queijo, um prato típico nos Estados Unidos. Derramei um pouco de creme de queijo na minha mãe e acabei me queimando.
— Cuidado, Mark. — Jake me repreende e usa um lenço de pano para limpar a bagunça. — Tá bem?
— Sim. — respondi, ficando vermelho e olhando para a Sra. Harris, que não esboçou reação.
— O curta ficou muito irado. Espero que a conexão volte amanhã para enviar logo. — Pam solta e chama a atenção para si.
— Realmente, os furões ficaram fofos como Sr. Darcy e Elizabeth. — comenta Rayb, servindo mais macarrão em seu prato.
— Então, crianças, o que vocês aprontaram enquanto estive fora? — questiona a Sr. Harris, que está enrolada com um cobertor de tricó vermelho.
— Nad...
— O Jake e Mark salvaram o cachorrinho do Sr. Furgueson. Ele se perdeu no dia da nevasca. — disse Rayb, cortando o Jake que não queria deixar a mãe preocupada.
— Olha só. Agora eu sei de onde veio a febre. — ela comenta olhando para mim e sorrindo. — Parabéns, meninos. Agora só temos que esperar as coisas normalizarem.
Normal. Eu não quero que as coisas voltem ao normal. Eu gosto de estar aqui com o Jake e meus amigos. Essa sensação de pertencimento é muito gostosa. Comemos, nos divertimos e dou uns beijinhos no Jake, que é a melhor parte do dia.
Aos poucos, a cidade vai voltando ao normal. A energia volta e a internet também. Rayb é o primeiro a ir embora. Ele tem alguns projetos pessoais para finalizar. Vamos o deixar na rodoviária. Eu não sabia que um nerd podia ser tão descolado. As aparências enganam. Em seguida é a vez de Pam. Depois de uma semana, a sua tia deixa os Estados Unidos e me sinto um pouco mais só. Quer dizer?
— Adoro que temos a casa só para nós. — comenta Jake, que me abraça.
— É nossa até a sua mãe voltar do trabalho. — digo, aproveitando todo o carinho dele. — Quando os empreiteiros vão terminar a obra da sua casa?
— Este fim de semana. Graças a Deus. — solta Jake, percebendo a minha tristeza e se tocando. — Eu amo a sua casa, mas estou com saudades da minha cama.
— E como vamos ficar, Jake? — eu pergunto, quase sem voz.
— Estou indo para o meu segundo ano. Posso vir mais vezes para Buffalo. Você pode me visitar. Eu quero fazer dar certo, Mark. Claro, se você quiser.
— Eu quero. Eu quero. — repito de maneira desesperada e o beijo. — É casa que eu mais quero.
— Meu Deus, estou namorando um estudante do ensino médio. — ele brinca me tirando um sorriso.
A semana acontenceu de maneira tranquila. O frio continuou nos castigando, mas sem o perigo iminente da tempestade Elliot. Os Harris voltaram para a sua casa, por isso, tive que me contentar com as visitas periódicas do Jake.
Foi nesta época que aconteceu. Um dia antes de voltar para Massachusetts, o Jake se assumiu para mãe. De acordo com ele, a conversa aconteceu de maneira saudável e houve muita lágrima. A principal preocupação da Sra. Harris era a segurança do filho, principalmente em uma sociedade tão homofóbica e cruel.
Outra coisa que o Jake fez antes de partir para a universidade? Me pediu em namoro. A Pam quase surtou quando soube da novidade. Finalmente, eu teria alguém para chamar de meu. Havia o obstáculo da distância, mas eu sabia ser paciente. Afinal, esperei o Jake por tanto tempo.
Agora o meu novo plano de vida era conseguir uma vaga em alguma universidade próxima a MIT, de preferência em Boston. Eu tenho uma boa média na escola e posso ter o luxo de escolher o local que eu vou. Não quero criar planos impossíveis, mas vou focar em um objetivo. Será que conto para o Jake ou faço surpresa?
Meu devaneio é quebrado com a chegada dos meus pais. Eles estão bronzeados demais para o clima congelante de Buffalo. Eu corro e abraço a minha mãe, que me aperta forte. Em seguida, dou um abraço no meu pai. Eu amo esses dois malucos.
Vamos para a cozinha, onde a mamãe coloca uma mala gigante sob a mesa e começa a tirar uma infinidade de comida. Eu nem sei como eles não foram barrados pela equipe do aeroporto. Colocamos o papo em dia e conto como foram os dias presos em casa. Eles estão mais felizes que o habitual, então, aproveito o momento e revelo que estou namorando Jake. Os dois se olham de maneira irritante e correm para me abraçar.
— Graças a Deus! — grita o meu pai me beijando no rosto.
— Pensei que ele fosse morrer solteirão. — disse a mamãe. Sua frase me faz dar um sorriso.
— 17 anos, Jessika. Esperamos 17 anos para que o nosso menino desencalhesse. — brinca o papai, indo até o seu bar e pegando um champanhe. — Isso merece uma comemoração.
— Por isso que eu te amo, John. — a mamãe nem espera muito tempo para pegar três taças na prateleira. — E quando vou conhecer o meu genro?
— A senhora já conhece...
— Negativo. Conheço o Jake, o vizinho. Quero conhecer o Jake, namorado do meu príncipe. — a mamãe diz com uma voz estranha, enquanto aperta a minha bochecha.
Eu já disse que amo esses malucos? Eles são o meu mundo todo. Sou grato pelo acolhimento e amor que recebo todos os dias. Eu sei que não sou o filho perfeito, mas quero dar muito orgulho para os dois e de quebra ficar com o meu namorado.
E foi assim que tudo começou. Em uma manhã nevada de dezembro. Eu sei que não vai ser fácil enfrentar os próximos obstáculos, mas sempre vou usar esse momento para fazer uma reflexão e agradecer aos bons momentos.
ALGUMAS SEMANAS DEPOIS
Pam e eu. Estamos em um avião em direção a Boston. Estamos nos dedicando para tirar boas notas e vamos aproveitar o feriado para conhecer universidades. Claro, que essa é uma desculpa ridícula para ver o Jake.
O meu namorado e seu melhor amigo nos aguardam ansiosos no Aeroporto Internacional de Boston. A gente nem despachou bagagem para não entrar na fila de espera. Ao ver o Jake parado no saguão o meu coração palpita mais forte. Eu corro na direção dele e o abraço. As semanas teclando e conversando pela internet se converteram em um beijo caloroso.
— Jake, estão olhando. — eu o repreendo, mas sem sucesso.
— Foda-se. Eu estava com saudades do meu namorado. — ele responde me abraçando mais forte.
— Eca, esses casais apaixonados. — brinca Rayb, pegando a minha mochila que ficou jogada no chão.
— Para. Eles são fofos. Seu invejoso. — retrucou Pam, que dá um murrinho no ombro de Rayb. Seguimos para o apartamento do Jake e Rayb. É um lugar pequeno, mas aconchegante. O quarto do meu namorado possui poucos móveis. O que chama a minha atenção é uma foto que tiramos no último natal. Ela ganha destaque pendurada na parede. Eu me aproximo e toco na imagem.
— Toda vez que sinto saudades, eu toco nessa foto. — o Jake diz ao entrar no quarto.
— Que susto! — exclamo me recuperando do susto.
O Jake me abraça e começamos a nos beijar. Nossa história está apenas no início e estou amando cada momento. Eu não sei o que o futuro me reserva, mas quero estar ao lado dele. Quero crescer junto ao Jake. Porque unidos nada pode nos derrubar.
— Eu te amo, Jake. — me declaro, enquanto encaro os seus olhos.
— Eu te amo, Mark. — ele me responde e me beija. E que beijo.
FIM