Capítulo 3 - Experiências
O Sr. Alberto ia fazer a entrega das chaves com a obra da casa completamente concluída antes do final de semana. Meu pai e eu estávamos numa ansiedade danada, felizes pela conquista que era mais dele do que minha, uma vez que fora ele a bancar todos os custos. Contudo, eu me sentia corresponsável, pois tinha me empenhado de corpo e alma àquele projeto, ajudando e me dispondo a fazer o que fosse necessário. Por mais insignificante que tivesse sido essa ajuda, ela poupou meu pai de muitos detalhes, de horas que teria perdido em seu trabalho e até de alguns aborrecimentos que consegui contornar antes que chegassem a ele.
Quando a van escolar passou pela obra na volta do colégio, vi que as janelas estavam abertas e que provavelmente o Sr. Alberto estava dando uma última conferida para checar se tudo estava conforme especificado no contrato que fez com o meu pai. Fiz rapidamente minhas tarefas de casa e fui até a casa, para ver no que o Sr. Alberto estava empenhado. Essa era a justificativa que eu criei, querendo enganar a mim mesmo; pois, no fundo, e apesar do que o Júlio e o Carlos fizeram comigo, havia uma comichão quase doentia me provocando a encontrar aqueles dois algozes que tinham arregaçado meu cuzinho sem dó nem piedade, nem que fosse para me deleitar pela última vez com seus corpos musculosos e viris.
- Oi, Sr. Alberto! – cumprimentei quando o encontrei mexendo na válvula de descarga do banheiro da suíte que ia ser meu futuro quarto.
- Fala, garoto! Tudo bem? Como foram as aulas hoje? – ele tinha esse costume de me inquirir pela escola cada vez que nos encontrávamos; não sei se era um interesse legítimo, ou se apenas fazia isso para puxar conversa.
- Como sempre, nada de especial! Para falar a verdade a aula de química foi uma droga, não entendi quase nada, agora preciso correr atrás do prejuízo! – relatei, ao que ele riu com a condescendência que todo adulto faz diante dos queixumes dos adolescentes.
- Seu pai me disse que você é um ótimo aluno, que suas notas são as melhores da turma, vai tirar isso de letra! – retrucou, me inculcando confiança.
- Tomara! E o senhor, o que está fazendo?
- Estou fazendo uma checagem final antes da entrega das chaves. Essa válvula está com um problema de vazão, é uma questão de ajuste apenas. Depois vou melhorar o rejunte de alguns azulejos da cozinha e ajustar a altura das portas de correr de vidro do escritório do seu pai, elas estão raspando no piso durante a abertura. – esclareceu.
- Não trouxe ninguém para ajudá-lo? - ele se virou na minha direção, tinha uma expressão satírica ao me medir da cabeça aos pés, que chegou a me deixar encabulado, e arrependido da pergunta.
- Você se refere ao Júlio e ao Carlos? – indagou, parando por uns instantes de fazer o que estava fazendo só para observar minha reação. Aqueles dois deram com a língua nos dentes, só pode ser, ele já deve estar sabendo até dos detalhes mais sórdidos do que rolou entre nós, concluí avexado. – Parece que vocês ficaram um tanto quanto amigos, se é que se pode dizer assim. – emendou.
- Não! Não estou perguntando por eles. É só que foram os dois nomes que primeiro me vieram à cabeça, só isso! – respondi ligeiro.
- Ah, entendi! Lembrou do nome deles! – repetiu ele, numa clara demonstração de não ter acreditado na minha desculpa esfarrapada. – São pequenas coisas, não valia à pena deslocar um funcionário da outra obra para fazer esses pequenos ajustes. – continuou, para não me deixar mais constrangido do que já estava.
-Sei! – subitamente não encontrava uma maneira de continuar aquela conversa.
- Sabe que aqueles dois me dão um bocado de trabalho, tenho que ficar de olho nos dois para não me trazerem problemas. São excelentes trabalhadores, fazem muito bem o trabalho, mas também são caçadores de encrencas. – afirmava ele, continuando a ajustar a válvula sem olhar para mim.
- Eles brigam muito? Comprar encrencas com os outros funcionários? – perguntei, já me sentindo patético por não ter compreendido desde logo o que ele quis dizer com – me trazerem problemas – uma vez que podia imaginar que tipo de problemas aqueles dois tarados podiam trazer.
- Não! Me refiro ao que aconteceu naquela tarde em que deixei os dois aqui e você apareceu, desviando a atenção deles do serviço. – respondeu. Eu engoli em seco.
- Eu .... eu .... eu...! – eu não sabia como continuar, ele sabia de tudo, que justificativa eu podia dar por eles terem me enrabado?
- Calma, garoto! Desse jeito você acaba enfartando! Na idade de vocês isso é natural, tem hormônio demais circulando nas veias e juízo de menos na cabeça, o tesão fala mais alto e acaba acontecendo o que aconteceu. Nem posso culpá-los, teu corpão é desenvolvido para idade, e gostoso demais para que dois rapazes cheios de energia como eles não se sintam atraídos. Você também está na fase do sangue ebulindo e enchendo seu corpo de desejos, o que te leva a sentir calores quando vê diante dos olhos rapazes musculosos seminus como aqueles dois safados. É o mesmo que tentar apagar um incêndio com gasolina. – sentenciou rindo.
Permaneci um tempo em silêncio, quis até sair de perto dele de tão envergonhado, mas até para isso me faltou coragem. O Sr. Alberto descobrira que eu era gay, e eu ainda não sabia como lidar com essa situação. O que ele não estaria pensando a meu respeito? No mínimo, que eu era um moleque safado que saía procurando pintos para me enrabarem. Senti o rosto ficando quente só de imaginar o que se passava na cabeça do Sr. Alberto.
- Não precisa ficar tão calado! Muito menos encabulado e vermelho como está. Você é um rapaz muito bonito, Theo! Sempre vai ter alguém a sua volta morrendo de tesão pelo seu corpo e por essa bunda gostosa, aprenda a lidar com isso com naturalidade. Vou te confessar uma coisa. Quando eu tinha mais ou menos a idade do Júlio e do Carlos, eu estava fissurado num vizinho um pouco mais novo do que eu e que era tão gostoso quanto você. Eu já conhecia a minha mulher, tínhamos nos conhecido há pouco, estávamos em começo de namoro naquela época, mas eu transei muito com o meu vizinho, ele me proporcionou os melhores sexos dos quais tenho lembrança. Poucos homens têm coragem e admitir e de se relacionar com gays como você, e não sabem o que estão perdendo, se soubessem quanto prazer poderiam sentir transando com vocês, essa questão do preconceito contra gays já não existira mais na sociedade. – eu me surpreendi com as palavras dele.
- E que fim levou o seu vizinho, se é que o senhor me permite perguntar? – questionei curioso.
- Claro que pode! Ele se mudou com a família cerca de um ano depois que eu me casei, senti muito a falta dele, especialmente porque a minha mulher estava grávida e com alguns problemas que nos impediam de transar. Se ele estivesse comigo eu teria passado por essa fase sem tanta angustia e tensão, pois ele sabia como cuidar das minhas necessidades de homem. – revelou.
- Posso fazer uma confissão também, Sr. Alberto? Não vai ficar bravo e ofendido comigo?
- Claro que pode, garoto! Manda ver!
- O senhor é um homem muito atraente, seu vizinho deve ter tido momentos de muita felicidade com o senhor. – agora foi ele quem se surpreendeu com minha audácia.
- Você acha? Não tente encher a minha bola que eu não me seguro por muito tempo quando vejo um garotão tesudo como você me elogiando. – retrucou rindo, e dando uma ajeitada na pica.
- Não estou enchendo a sua bola, é o que eu acho, é a verdade, o senhor é um homem que transborda masculinidade e isso atrai mulheres e gays. – devolvi sincero.
- Atraio você também? – perguntou sensual, se aproximando perigosamente de mim.
- Sim! – eu já sentia a boca seca, meus lábios tremiam, o tesão me denunciava.
- Desde que comecei a obra, já trepei três vezes com a minha mulher imaginando que era você deitado debaixo de mim acarinhando minha pica. – sussurrou junto ao meu ouvido, o que excitou a ambos. – Conta, o que te atrai em mim? – indagou, visivelmente disposto a transformar aquela conversa descompromissada numa transa real.
- Ah, não sei direito, tudo, eu acho! O fato de o senhor ser um homem maduro, tipo meu pai, que sempre sabe das coisas. O peitoral musculoso e peludo. – citei, ao observar seu torso vigoroso através da camisa desabotoada até quase o cós da calça onde, aliás, já se notava uma ereção ganhando corpo.
Ele largou as ferramentas que tinha nas mãos, pegou as minhas e as levou até o tórax sólido, quente, onde se podia sentir a energia dos batimentos cardíacos e a respiração dele se tornando mais profunda.
- Você gosta de quarentões?
- Acho que sim! – respondi constrangido, diante daquele olhar que me devorava.
- Sabe que não tem nada mais prazeroso do que fazer um garotão como você sentir as primeiras emoções do sexo? – questionou, numa voz rouca e grave, que o deixava ainda mais sexy. – Você já transou com um cara da minha idade?
- Não! Claro que não! – exclamei de pronto, para que não pensasse que eu era um leviano que já tinha dado o cu para sabe-se lá quantos homens.
- Talvez você esteja diante dessa possibilidade agora. Não quer experimentar? – insinuou, levando uma das minhas mãos até sua ereção. – Prometo que vou ser bem cuidadoso e que não vou te machucar como o Júlio e o Carlos fizeram. – asseverou.
- Não sei! Eu estou meio que sem coragem, depois do que aconteceu. – confessei, o que só serviu para aumentar o tesão daquele macho que já se via sendo saciado pelo acalanto do meu cuzinho.
- Essa é uma vantagem que nós quarentões temos sobre essa rapaziada afoita de vinte, sabemos esperar, temos paciência, deixamos o parceiro estar pronto para usufruir tudo o que temos a oferecer, sem pressa, sem a necessidade de gozar rápido. É essa lição que estou doido para te ensinar, se você quiser. – ele sabia como me aliciar, pois meu cuzinho piscava alucinadamente, imaginando aquela ereção enorme entrando obstinadamente nele.
Contrariando o que acabara de dizer, ele deslizou as costas de dois dedos pelo meu rosto, me encarando com aquele olhar tarado que eu já tinha aprendido a decifrar. Lentamente ele foi aproximando o rosto dele, até aquela barba espinhenta tocar minha pele e desencadear um frenesi que desceu feito um raio pela minha coluna e foi se concentrar no meu ânus. Eu já queria aquele macho que sabia estar ardendo de tesão por mim. Os lábios dele se insinuaram entre os meus, sutis, provocativos, quentes como os seus desejos explícitos. Eu abri a boca trêmula vagarosamente, começando a ceder, a deixar que ele metesse a língua dentro dela, procurando pela aquiescência da minha em recepcioná-lo. Senti a mão grande e forte agarrando minha nuca enquanto ele pressionava a boca cada vez com mais força sobre a minha, movendo e esfregando os lábios libidinosamente contra os meus. De quando em quando, ele prendia meu lábio inferior entre os dentes, o apertava e tracionava, até eu emitir um gemidinho. Minhas mãos vagavam como que enfeitiçadas e perdidas sobre o peitoral peludo dele que, propositalmente ele enfunava para me impressionar com sua solidez. Enquanto isso, a outra mão dele passeava sobre a minha camiseta, erguia-a para sentir minha pele arrepiada pelos beijos que continuava dando na minha boca, onde sua saliva saborosa ia me entorpecendo lentamente. Ele havia me pressionado contra a parede, e roçava descaradamente a ereção nas minhas coxas, numa demonstração de energia e virilidade. Quando tirou minha camiseta pela cabeça eu já não reagia, deixava-o avançar para me tomar. O olhar dele brilhava quando seus olhos focaram meus mamilos, eu os tinha ligeiramente saltados num tom castanho claro que contrastava com a pele branca. Sua investida tinha deixado os biquinhos proeminentes e enrijecidos, refletindo o tesão que eu sentia. O Sr. Alberto lambeu o próprio dedo indicador, grosso e áspero, deixando-o úmido, e o fez circundar um dos biquinhos molhando-o ligeiramente. Chegou a me faltar o ar com a licenciosidade e a devassidão com que o fez. Eu senti que ele iniciava um jogo comigo, o jogo da sedução, o jogo das preliminares que deveria acabar comigo completamente rendido à mercê de sua volúpia. Ele estava certo quando afirmou que homens como ele sabiam esperar, que tinham paciência para subjugar suas presas, como estava fazendo comigo, e eu achando tudo aquilo maravilhoso. Que presa se sente agradecida e envaidecida por seu predador querer devorá-la? Só um gay que recentemente se descobriu capaz de ensandecer os homens com seus atributos. Novamente senti aquele empoderamento que minha condição me proporcionava e comecei a demonstrar o quanto eu o queria, o quanto ele me excitava, enfiando a mão dentro da braguilha que abri enquanto retribuía seus beijos.
- Você é um tesão, moleque! Um tesão que faz qualquer macho perder a cabeça! Quero foder teu cuzinho! – grunhia ele, lançando seu corpo pesado contra o meu prensado à parede e sem ter por onde escapar.
Eu dei um salto e me pendurei no pescoço largo e forte dele, enlaçando-o com as minhas pernas pela cintura. Ele aproveitou para puxar a minha bermuda e desnudar minha bunda, apossando-se das nádegas roliças e fartas que encheram suas mãos calejadas. Como meus peitinhos ficaram na altura de sua boca, ele lambeu, chupou e mordeu um deles com sensualidade, lançando de vez em quando o olhar na minha direção para me provocar. Sem o perceber, eu gemia a cada expiração, soltando aquele ar que se acumulava nos meus pulmões num arfar crescente. Me encarando com um olhar dominador, ele enfiou um dedo no meu cu e sorriu quando eu soltei um gritinho assustado. Manteve-o parado por um tempo, depois o fez rodopiar entre as preguinhas sem desviar aquele olhar intimidador das minhas expressões faciais. Era um jogo de poder, eu te subjugo, você obedece, estava nas entrelinhas. E eu estava adorando aquilo, para ser bem sincero. Um homem maduro e viril como o Sr. Alberto exercendo sua dominância sobre mim, era o que podia de haver de mais excitante. A maneira como ele o fazia não tinha nada de agressivo, pois parecia que o poder fazia parte de sua personalidade; como acontecia com o meu pai, eu o obedecia por respeito e reconhecimento de seu poder.
- Você é mesmo tão apertadinho como disseram o Júlio e o Carlos! É uma delícia dedar um cuzinho tão apertado, sabia? – ronronou ele entredentes, arfando feito um touro inquieto.
- Você vai me machucar? – perguntei com uma voz débil, que o deixou alucinado.
- Não, Theo, vou tomar todo o cuidado para isso não acontecer. Eu quero que você sinta apenas prazer quando meu cacete estiver dentro de você, só prazer, Theo! Quero te ouvir implorando e pedindo para eu ir mais fundo, bem fundo dentro do teu rabo. – respondeu com um firmeza que desconcertaria qualquer cristão.
Sem nem ao menos piscar, o Sr. Alberto mantinha seu olhar no meu após tirar o dedo do meu cu e substituí-lo pela chapeleta que pressionou algumas vezes no centro da minha rosquinha para testar sua capacidade elástica; acabou concluindo que a penetração não me seria impune, seu membro avantajado era demais para minha fendinha diminuta. No momento em que me deu a primeira estocada firme cobriu minha boca com um beijo lascivo que sufocou meu grito e estremeceu meu corpo. Na terceira estocada o cacetão dele estava totalmente alojado no meu cuzinho dilacerado por sua impetuosidade e furor. Eu começava a deduzir que não haveria penetrações indolores, que toda vez que um macho intrépido e dotado avançasse sobre meu cu eu padeceria dessa dor lancinante ao ter minhas pregas anais rasgadas. Agarrei-me aos ombros portentosos dele, cravando os dedos em garra nos seus músculos, o que parecia tê-lo satisfeito, pois me lançou um sorriso de aceitação. Seus impulsos consecutivos moviam a jeba calibrosa num ritmo lento e constante, como se ele estivesse acariciando minhas entranhas com a rigidez dela. Eu gemia fino e em êxtase me sentindo deliciosamente preenchido pelo vigor dele, e nesse transe de luxúria eu supliquei que entrasse mais fundo, que me fodesse me dando aquele prazer infindável. Ele me tirou daquela posição, me abraçou por trás e meteu a pica novamente no meu cuzinho até se certificar dela estar toda atolada em mim.
- Caminha até aquela escada, tesão, e erga uma das pernas até o pé alcançar o segundo degrau, que eu vou comer esse cuzinho guloso bem gostoso. – sussurrou, mordiscando minha orelha e chupando minha nuca.
Iniciei a caminhada que ele havia ordenado com passos trôpegos, seus braços fortes e peludos me amparavam e, a cada movimento das minhas pernas o caralhão dele era massageado pelos meus glúteos musculosos, num tesão sem fim para ambos. Ele grunhia meu nome ensandecido pelo tesão, eu gania devasso, me entregando a ele sem nenhuma reserva. Segurei-me na escada, uma perna apoiada no chão outra no degrau da escada, o que abria meu reguinho expondo o cu e favorecendo penetrações mais profundas. O Sr. Alberto bolinava com uma das minhas tetinhas, apertando o biquinho do mamilo entre o polegar e o indicador, tracionando-o até me ouvir ganir. A outra mão havia trazido meu queixo para o lado para que sua boca cobrisse a minha em beijos de língua desenfreados. Eu estava completamente à mercê dele e de sua tara, recebendo as estocadas do cacetão que entrava em mim até o talo, deixando apenas aquele sacão taurino sacolejando o meu reguinho. Eu havia fechado os olhos e lançado minha cabeça para trás para receber seus beijos sensuais, delirando de tanto prazer e sentindo meu gozo sair em jatos do pinto que balançava solto a cada estocada que o Sr. Alberto dava. O orgasmo me vinha pouco depois de sentir uma pica se movendo no meu cuzinho e, bastaram apenas algumas estocadas potentes do Sr. Alberto para eu ejacular lançando esperma para todo lado. Ele se divertiu com minha afoiteza, sentindo simultaneamente o tesão redobrar ao constatar que me levara ao clímax. Eu tinha a impressão de estar flutuando nas nuvens, mantinha os olhos fechados, a cabeça inclinada contra o ombro dele, e a bunda arrebitada. Mas, subitamente, o Sr. Alberto foi brutalmente arrancado das minhas costas, o cacetão foi igualmente desenraizado do meu rabo me fazendo gritar quando a cabeçorra estufada distendeu meus esfíncteres. Demorei a compreender o que estava acontecendo.
- Seu miserável, filho da puta! Você está arrebentando meu menino! Eu vou acabar com a sua raça, filho de uma puta! – eram os gritos coléricos do meu pai, que desferia socos potentes no rosto e cabeça do Sr. Alberto.
- Eu não estava fazendo nada que ele não quisesse! Estava fodendo o garoto com gentileza e cuidado! – respondeu o Sr. Alberto, que apenas se protegia dos socos do meu pai sem esboçar grandes revides.
- Desgraçado, você ainda tem coragem de admitir que estava fodendo meu menino. Canalha, eu vou te arrebentar por ter violado, meu garoto. – proferia ensandecido meu pai, quando comecei a tomar ciência do que estava acontecendo.
Fiquei sem saber o que fazer. Meu pai descobriu da pior maneira possível que eu era gay, me flagrando em pleno coito com um macho que tinha a idade e o corpão quase tão musculoso quanto o dele. Temendo que meu pai descontrolado pelo ódio fosse dar cabo da vida do Sr. Alberto, eu corri até ele para tentar segurar seus braços.
- Não, pai! Para, por favor, pai! Não bata mais nele, não bata, pai! – implorei, mas a raiva não o deixava me ouvir.
- Eu vou matar esse desgraçado, filho da puta! – rosnava meu pai, feito um leão defendendo sua cria.
- A culpa não é dele, pai! Por favor, me ouça! Chega, pai! Chega, isso é um erro! – berrava eu, agarrado ao tronco do meu pai.
O Sr. Alberto era um homem forte, aguentou bem a saraivada de golpes, mas já estava visivelmente atordoado quando finalmente meu pai me deu ouvidos, soltando-o e saindo de cima dele.
- Porra, caralho! O garoto é gay, se você quiser esmurrar todo homem que estiver fodendo o cuzinho dele vai ter que esmurrar meio mundo. – disse o Sr. Alberto procurando se aprumar.
- Como é que é, seu miserável? Você fode meu moleque e o acusa de ser gay, eu vou te ensinar a nunca mais mexer com ele, filho da puta! – bradou meu pai, desferindo mais um soco que só não atingiu o Sr. Alberto em cheio na cara porque foi mais rápido e conseguiu cobri-la com as mãos. – Suma das minhas vistas antes que eu acabe com você, canalha! – o Sr. Alberto não esperou outro convite, afastou-se apressando enquanto suas pernas ainda podiam conduzi-lo.
Meu pai bufava feito um touro bravio, seus olhos estavam injetados, seus músculos enormes e tensos preparados para o ataque pareciam, de repente, não saber como agir. Ele olhava ao seu redor e parecia não estar enxergando nada além da cena que estava gravada em sua memória. Entrei em desespero e saí correndo. Corria feito um louco pelas calçadas na direção de casa, com a certeza de que meu pai me trucidaria quando fosse colocar as mãos sobre mim. O choro e as lágrimas mal me permitiam respirar, todas as minhas forças estavam centradas nas pernas que agilmente enfiei dentro da bermuda antes de empreender a fuga. Meu pai ia me matar, era minha única certeza. Um homem heterossexual e machão como ele não ia aceitar que seu filho era um gay, que trepava com outro machão que ele havia contratado para uma obra e que o desonrara fodendo o filho. Eu estava perdido, pensei em procurar refúgio nalgum lugar, mas perturbado como estava não conseguia pensar em nada. Foi somente ao entrar no condomínio que me lembrei do Túlio, e fui ter à porta da casa dele.
- Tudo bem, Theo? O que aconteceu com você garoto? Parece transtornado. – disse a mãe do Túlio quando me viu naquele estado.
- O Túlio está, dona Hermínia? – balbuciei sem fôlego.
- Está, entre, Theo! Entre, o que posso fazer por você, garoto? – questionou aflita
- Nada, obrigado, dona Hermínia! Nada! Posso ficar aqui um pouco?
- Claro que pode, Theo! Você é como se fosse da família, desde criança nós te adoramos. Mas, me diga por que está tão agitado, e sem camiseta, com a bermuda vestida do avesso, o que se passa, Theo? – só então percebi o estado deplorável em que me encontrava, mas isso era o de menos, ante o que estava por vir. Ninguém prestes a morrer está preocupado com a aparência.
- Cara, o que você andou aprontando! Correu uma maratona ou esteve fugindo de algum criminoso? – perguntou o Túlio quando entrou na sala.
- Ai meu Deus! Foi isso, Theo? Te assaltaram? Onde foi? Eles te machucaram? Teu pai precisa saber disso! – desembestou a mãe dele a falar quando me imaginou sendo assaltado.
- Não, não! Não foi nada disso! Eu estou bem, podem acreditar, eu estou bem! – até um desmiolado podia confirmar que não, mas eles fingiram acreditar em mim.
Fiquei trocando olhares como Túlio para ver se ele se mancava e me chamava para o quarto dele para podermos ficar a sós. Porém, ele era o sujeito mais sem noção que eu conhecia, até cair a ficha precisava levar um beliscão para se tocar do que acontecia a sua volta.
- Vou preparar um suco para você, querido! Descanse um pouco, depois continuamos a conversar. – disse a mãe do Túlio, ao nos deixar. Não perdi tempo e o arrastei até o quarto dele.
- Tô fodido! Meu pai vai me matar! Fiz uma puta cagada, e agora não sei o que fazer. – fui falando afobado.
- Que cagada? Você nunca apronta nada, é um puta santinho! Depois, teu pai é o cara mais genial que eu conheço, quisera eu ter um pai como o seu! Fala com ele, tenho certeza que nem vai te dar uma bronca, quanto mais te matar. Você é muito dramático! – sentenciou o Túlio.
- Dessa vez fiz merda das grandes, não vai ser só uma bronca. Eu tô fodido, cara! Estou desesperado sem saber o que fazer. Preciso ficar escondido aqui. Se meu pai vier me procurar diga que eu não apareci por aqui. Cara, me ajuda! – implorei quase me ajoelhando diante dele.
- Deixa de drama, levanta daí e me conta qual foi essa tal de merda das grandes.
- Não posso te contar! Não posso! – ao proferir as palavras me dei conta de que o Túlio jamais me entenderia, que no momento em descobrisse que eu era gay nossa amizade deixaria de existir. Eu tinha vindo ao lugar errado. – Pensando melhor, acho que vou para casa!
- Você está doido, tomou alguma porra? Você não está falando coisa com coisa! Por que está com a bermuda vestida do avesso? Cadê a sua camiseta, não está tanto calor hoje para você andar por aí sem camiseta? Você andou fumando algum dos bagulhos do Jorge? Cara, você está muito chapado! – definitivamente não daria para me abrir com ele; tantos anos de amizade iriam ruir ante uma frase minha – eu sou gay e meu pai acabou de descobrir – seria a minha sentença final.
- Tá maluco! Você sabe que eu não curto drogas! – respondi indignado. – É melhor eu ir para casa! Seja o que Deus quiser! Fiz a cagada, agora tenho que acertar as contas. – eu mais falava comigo mesmo do que com o Túlio, que continuava me encarando sem entender nada e como se eu fosse um alienígena.
- Não fica bravo, sei que você jamais faria uma coisa dessas. É que você está muito esquisito! Me desculpa, não precisa ir embora. Fica e me conta o que aconteceu, somos amigos, confie em mim. – ele gostava de mim, muito, mas sabendo de sua repugnância por homossexuais, não saberia compreender meu drama.
Entrei em casa na surdina, meu pai estava na cozinha e tentei passar por ele sem que percebesse, e corri diretamente para o banheiro do meu quarto. Àquelas alturas eu já não sabia se a sensação pegajosa que estava no meu rego era a porra do Sr. Alberto ou sangue das minhas pregas; afora que, devido a corrida tresloucada, eu estava todo melado de suor. Logo percebi que tinha sido ingênuo por achar que meu pai não notaria que passara por ele à socapa, ele me pegou debaixo da ducha.
- Fiz omelete para a janta, quer a sua com ou sem queijo? – perguntou, como se o episódio recente nem tivesse acontecido.
- Eu ... eu ... pode ser com queijo. – gaguejei envergonhado e temeroso, uma vez que ele estava calmo demais para um pai que acaba de flagrar o filho trepando com outro homem, ainda por cima, um que poderia ser seu pai.
Quando me dirigi à cozinha, estava tremendo feito uma vara verde, e entrei cauteloso a passos curtos, só esperando a explosão de fúria. Minha boca estava seca quando tentei me explicar, sem encontrar as palavras certas.
- Pronto, estou aqui para receber meu castigo. Pode me cobrir de porradas, e fazer o que quiser comigo. Só tenho um pedido para fazer, se você aceitar, não me expulse de casa, porque não tenho para onde ir. – tartamudeei, esfregando as mãos sem saber o que fazer com elas.
- E por que você quer que eu te cubra de porradas ou te expulse de casa? – essa pergunta só podia ser uma cilada, ele juntando argumentos e forças para me espancar. Subitamente me deu vontade de mijar.
- Porque sou gay e estava transando com o Sr. Alberto. – respondi. Me ouvir dizendo isso fazia a coisa parecer ainda mais sórdida.
- Quantas vezes eu já te castiguei batendo em você, Theo? – por que ele continuava fazendo perguntas, ao invés de me dar logo uma surra?
- Nunca! – respondi, engolindo a voz.
- Então você quer apanhar por ser gay?
- Não sei!
- Vem cá, Theo! – chamou ele, ordenando que me aproximasse mais dele. Ia ser agora, eu já estava pronto para colocar as mãos diante do rosto que seria o primeiro lugar onde ele ia desferir um tapa ou um soco.
Quase que minhas pernas não conseguiram me levar por aqueles poucos metros. Quando fiquei diante dele, ele soltou o que tinha nas mãos e envolveu meu rosto entre elas, me aproximando até ficarmos cara a cara.
- Eu jamais vou bater em você, Theo! Muito menos por você ser gay. E, preste bem atenção no que vou te dizer agora. Nunca permita, por qualquer motivo que seja, que outro homem te agrida ou te dê uma surra por você ser homossexual. Um homem que bate em outro sob esse pretexto não pode ser considerado homem, é tão somente um criminoso. – eu encarava meu pai bem fundo nos olhos e começava a sentir as lágrimas se formando dentro dos meus. – Você, Theo, é o melhor presente que a vida me deu; gay ou não, eu te amo exatamente do jeitinho que você é. Eu me considero um pai privilegiado por ter um filho como você, me orgulho de você, Theo! – duas lágrimas quentes desciam pelas minhas faces.
- Perdão, pai, perdão! – comecei a gaguejar – Eu não queria ser gay, mas aconteceu, não sei como, aconteceu.
- Levanta esse rosto, Theo! A primeira coisa que você precisa aprender é se aceitar como é. Quem não se aceita a si próprio jamais será uma pessoa feliz. Ser homossexual não é nenhum demérito, é apenas uma das nuances do ser humano. Respeite seu próprio corpo, cuide dele, pois é a sua morada, é onde seu espírito e sua essência habitam; portanto, valorize-o. A dignidade, a honradez, o senso de justiça e respeito devem balizar a sua vida, não sua sexualidade. O sexo é um dos componentes da felicidade do ser humano, deve ser usado com inteligência e com todas essas outras virtudes que acabei de citar. Não há certo ou errado quando nos valemos dele sob essas premissas. – eu sempre soube que tinha o melhor pai do mundo, e ele estava me confirmando isso mais uma vez.
- Amo você, pai! – asseverei quando ele me puxou num abraço apertado e segurou minha cabeça em seu ombro. – Você não está mais com raiva de mim? – perguntei, para ter certeza de que, depois de tudo que aconteceu naquele dia, eu não estivesse sonhando.
- Em momento algum eu senti raiva de você, Theo! Me dê uma única razão para eu sentir raiva de você! – retrucou
- Sei lá! Por ter me flagrado engatado no Sr. Alberto. Nunca tinha te visto tão furioso quanto naquela hora. – devolvi
- Eu perdi a cabeça, sim! Quando vi aquele sujeito muito mais forte, muito mais velho, parrudão, montado em cima do meu garoto e te fodendo sem dó, eu só pensava em dar cabo da vida dele, achando que tinha te pegado à força por ter esse corpão lindo e sensual. Foi uma reação instintiva de um pai defendendo sua cria. Em nenhum momento, senti raiva de você! – afirmou, acariciando minhas costas com suas mãos enormes e fortes.
- Desculpe, pai!
- Com você eu fiquei apenas decepcionado! – era a primeira vez que ele me dizia isso, e me atingiu fundo na alma. – Sempre pensei que fossemos mais que pai e filho, que fossemos confidentes um do outro, que você me contava tudo o que se passava com você. Mas, você não me disse que é gay, e eu acabei descobrindo da pior forma possível, levando um baita susto. Por que nunca falou comigo sobre esse assunto, Theo? Não confia em mim? Você já deveria saber que eu jamais te recriminaria por ser quem é.
- Tive medo, pai! Medo de que você não gostasse mais de mim depois de saber que sou gay. – confessei sincero.
- Mete uma coisa na tua cabeça, Theo! Eu sempre vou gostar de você, sempre vou te amar incondicionalmente! – asseverou
- Eu te amo, pai! – afirmei, enxugando as lágrimas.
- Agora trate de sentar aí e comer essa omelete antes que o queijo se transforme num grude! – se aquele não era o melhor homem do mundo, então ainda estavam para criar um.
Poucos dias depois, estávamos nos instalando na nova casa. Para comemorar e estrear, meu pai resolveu dar uma festa para parentes e amigos.