Fui garçonete e meu pai o servente em uma noite de swing, tudo pela avareza de um sonho

Um conto erótico de Lorraine
Categoria: Grupal
Contém 6950 palavras
Data: 21/03/2023 16:02:15

Meu nome é Luísa, tenho 19 anos, 1,65 de altura. Sou magra, cabelo preto e liso aparados pouco abaixo dos ombros, olhos castanhos escuros. Confesso que me sinto mais bonita de rosto do que de corpo, pois meus seios não são grandes; apesar de ter uma bunda até grande, acho que ela é muito comprida. Não tenho ancas largas, mas tenho as coxas grossas, de forma que minhas ancas ficam cavadas entre os ossos da cintura e o início da coxa, nessa parte que a gente chama de culote. Bem, eu sou de uma família bem humilde, sou a sexta filha de um total de sete filhos: tenho seis irmãos: 2 moças e 4 rapazes. Desde novinha sempre me destaquei pela voz, e sempre fui chamada de futura cantora, mas meu sonho sempre foi adiado por causa das nossas condições financeiras. Por um lado, meu pai sonhava em gravar o meu CD, mas minha mãe sempre colocava empecilhos, pois enfrentávamos muitas dificuldades financeiras e além de mim tinha outros seis filhos pra criar.

Aos 18 anos tudo mudou, pois minha mãe faleceu e agora não tinha ninguém para colocar empecilhos em meus sonhos. Com ajuda do pastor Malaquias passei a visitar congregações junto com meu pai, pra cantar e receber oferta dos irmãos, a fim de realizar o meu grande sonho. Abri uma conta no banco e comecei a guardar dinheiro pra gravar meu primeiro CD. Como as condições eram poucas, a gente viajava de ônibus; mas como o irmão Roberto vendeu uma moto pra meu pai pra ser paga em parcelas, assim eu podia ir cantar nas cidades vizinhas e voltar pra casa após o culto. A moto facilitou muito nossa vida. O apoio do pastor Malaquias e do irmão Roberto foram fundamentais pra gente. O pastor Malaquias até consagrou meu pai como diácono, para que ele pudesse ser bem recebido pelos pastores. Mas, mesmo com esses apoios as coletas de ofertas não eram suficientes. Encontramos muitas dificuldades e tribulações: algumas ofertas mal davam pra custear a viagem; às vezes, o que a gente ganhava numa igreja, perdia na outra; outra hora era um defeito na moto... E assim meu sonho foi ficando cada vez mais distante.

Certo dia, fui ao banco fazer o depósito de uma dessas ofertas. Encontrei dona Clotilde no banco e ela me deu uma carona no caminho de volta. No trajeto ela comentava sobre a minha mãe, sobre o quanto ela era boa funcionária e quis saber sobre como meu pai vinha superando a viuvez. Nisso comentei que ele vinha superando, me ajudando a realizar o meu sonho. Eu não conhecia bem a ex patroa da minha mãe, mas ela lembrou que minha mãe tinha comentado sobre meu talento e meu sonho de ser cantora. Contei os esforços que vínhamos tendo pra juntar dinheiro e ela ficou impressionada e disse que que poderia me ajudar, desde que eu estivesse disposta a fazer uns sacrificiozinhos. Obviamente que me interessei, pois eu estava obcecada pelo meu sonho e eu sabia que ela tinha muito dinheiro e, realmente, podia me ajudar, mas não tinha noção do que ela estava prestes a me oferecer:

__pra começar, menina, você pode fazer uma diária pra mim. Eu pago muito bem, acima da média. Só que você teria que trabalhar vestida só de calcinha e sutiã. Entendeu? Só de calcinha e sutiã. Mas não é nada demais, apenas ser doméstica por um dia. Já trabalhou de doméstica?

Fiquei chocada. Eu sou moça e sou crente, moça de família, moça pra casamento. Nunca usei saia curta e nem roupa decotada, por isso jamais esperei ouvir esse tipo de proposta. Eu não tinha palavras pra responder naquele momento, pois de um lado isso parecia ser pecado, mas por outro lado, ela também era uma mulher – e nem pensei nesse momento que hoje em dia não tem nada disso, pois ela podia ser lésbica. Na dúvida, agi por instinto e disse que precisava pensar sobre o assunto, e ela disse que podia procura-la quando tivesse tomado uma decisão.

Levei dois meses pra criar coragem de contar a tal proposta maluca pro meu pai. E só contei porque ele tinha tido um sonho curioso: “uma mulher apareceu em sonhos pra ele, e chamou ele pra caminhar por uma estrada tortuosa. Ele seguiu atrás dela, e começou a encontrar dinheiro pelo caminho. No meio do caminho ele começou a procurar uma sacola, pois tinha encontrado tanto dinheiro que já não podia carregar nas mãos. Nisso ele foi pedir a mulher que ela o esperasse a encontrar uma sacola, e quando ele olhou pro rosto da mulher, a mulher era eu. Embora a mulher do início não fosse eu, fosse uma desconhecida. Nisso eu teria dito pra ele se apressar, pois eu estava atrasada pra o culto de lançamento do meu CD. Nisso ele acordou”. Então, tomei coragem e contei tal qual dona Clotilde tinha me falado. Inicialmente meu pai ficou chocado, mas depois ele ficou curioso pra saber se era só isso mesmo que ela exigia, e se ela estaria falando sério. Minha mãe tinha trabalhado pra dona Clotilde alguns anos, e isso deixou a gente mais tranquilo. Não sei explicar como nós dois chegamos num consenso de que a proposta de dona Clotilde podia ser maluca, mas não era uma aberração de outro mundo; era uma coisa simples para o tanto de dinheiro que a gente precisava. Além disso, as coisas não iam bem e nosso dinheiro tinha diminuído.

Enfim, apoiada por meu pai fui falar com dona Clotilde. E já fui disposta a acertar os detalhes da tal diária. Mas, dessa vez encontrei uma proposta um pouco diferente: era apenas uma noite de garçonete, entre as 9 da noite e 1 da manhã, onde ela pagaria mil e quinhentos. Aceitei sem me preocupar com os motivos da mudança, e pra garantir minha ida, ela adiantou quinhentos reais. Voltei pra casa esborrachando de felicidade, e quando contei os detalhes da diária, meu pai estranhou, pois era uma versão diferente do que eu tinha contado antes. Mas, tratei de contornar dizendo que tinha entendido mal. Mesmo assim, meu pai não se convenceu e foi falar com dona Clotilde e mais tarde ele chegou com a cara pálida, todo espantado e me puxando pro fundo do quintal dizendo que tinha algo muito importante pra me contar.

__oh Luisa, você num vai acreditar na proposta que ela me fez!

Eu podia perceber a euforia e o nervosismo do meu pai. Na verdade, esse assunto vinha deixando a gente muito ansioso e cheios de segredinhos. Apesar de falarmos um pro outro que não tinha nenhum pecado nessa oferta de dona Clotilde, pois afinal ela era mulher, a gente conversava isso no fundo do quintal, bem longe dos meus irmãos. Não sei explicar como eu e meu pai tornamos tudo isso normal, pois olhando pra trás vejo que não deveria ter sido visto como uma proposta normal. Era uma proposta diabólica e a gente estava tão aflito pra gravar logo o CD que nem percebemos o buraco onde a gente ia se meter.

__você acredita que ela ofereceu cinco mil reais se eu for junto com você?

Assim que falou, me mostrou um bolo de dinheiro no fundo da mochila, um bolo enorme como eu nunca tinha visto. Eu não sabia se acreditava no dinheiro que estava vendo ou se ficava curiosa pela oferta.

__como assim, pai, cinco mil? Como assim!

__cinco mil pra mim e cinco pra você. Mas daí eu tenho que ir junto.

A euforia do tamanho do bolo de dinheiro fez crescer a nossa avareza. A avareza é um dos sete pecados capitais. De repente, a gente nem se importava mais com o pecado. O que mais importava era aqueles dez mil reais em nossas mãos. Entramos no almoxarifado nos fundos do quintal, rindo de alegria e fomos contar nossa bolada. Tinha dez mil reais em notas de cem. Dez mil reais. Eu mal podia crer no que estava vendo. Isso me deixava bem próxima do meu sonho de ser cantora. A gente ficou tão obcecado pelo dinheiro que ninguém se deu o trabalho de perguntar detalhes da diária de garçonete e servente. Meu pai seria o servente e eu a garçonete. O que teria de mal nisso? Claro, essa euforia tinha um preço bem caro. Eu fico pensando, como é que a gente pensou que dona Clotilde daria dez mil reais apenas pra irmos em sua casa uma noite, apenas pra servir um jantar... A euforia e a ansiedade impediram-nos de ver o que estava por vir.

Chegou o grande dia. Fomos pra casa de dona Clotilde de moto, na hora marcada. Eu estava muito nervosa, mas aqueles dez mil e quinhentos reais, já depositados em minha conta, era tudo que eu precisava pra realizar o meu sonho. Era isso que me motivava naquele momento. Uma funcionária de uns trinta e cinco anos, bem apessoada, nos recebeu com cara de deboche e mandou esperarmos por dona Clotilde em uma sala de hóspede. Esperamos cerca de meia hora, sem que ninguém aparecesse pra falar com a gente, até que a mesma funcionária reapareceu:

__vocês já estão autorizados a vir. Mas, a menina tira o vestido e vem só de calcinha e sutiã. Venha descalça também que você não vai precisar de sandália lá. E o senhor, só de cueca! Pode deixar o sapato aí também.

Eu nunca tinha ficado de calcinha e sutiã perto do meu pai. Pra minha criação, isso era o sinal de respeito que a filha tem pelo pai. Eu também nunca tinha visto meu pai só de cueca. Ainda estava na cabeça um sermão que eu tinha ouvido naquela semana. Na pregação, o preletor leu um versículo que dizia “não descobrirás a nudez de teu pai” e um outro que dizia “não descobrirás a nudez de uma mulher e de sua filha”. Nessa hora me dei conta que íamos praticar um pecado conscientemente, coisa que até aquele momento a gente mentia pra nós mesmos dizendo não ser um absurdo de outro mundo. Mas, já era tarde pra voltar atrás. A funcionária estava nos esperando e a gente precisava se apressar. Os dez mil e quinhentos estavam em minha conta, isso era um bom motivo para não vacilar. Agora era a nossa vez de cumprir a parte do combinado. Ignorei minha consciência e tirei meu vestido. Eu estava usando um jogo de calcinha e sutiã brancos com flores, bem comportadinhos, comprados pra essa ocasião, pois minhas peças íntimas eram quase todas velhas. Meu pai estava de cueca azul. Deixamos nossas roupas no quarto de visita e acompanhamos a funcionária. Encontramos dona Clotilde bem vestida, com roupa de festa. Ela foi logo dizendo:

__eu sabia que você não ia ter bom gosto pra roupa, menina. Mas não se preocupe que a Clarice vai te dar um conjuntinho de lingerie mais decente.

Acompanhei a Clarice, a tal funcionária que vinha nos recebendo com olhar debochado desde o começo. Meu coração batia a mil. Entramos no quarto. Ela fechou a porta e mandou eu ir tirando a calcinha e o sutiã. Em seguida ela tirou de uma gaveta um pacotinho tão pequeno que cabia numa mão fechada. Quando ela puxou e achei que fosse só a primeira peça, a calcinha talvez. Mas já era o sutiã e a calcinha juntos de tão pouco volume que tinha o troço. Eu ainda nem tinha tirado minhas peças...

__nossa, vou ter que usar isso aí?

Ela olhou incrédula pra mim e disse:

__ah minha filha, você não conhece dona Clotilde?... Você não imaginou que a dona Clotilde ia deixar você usando essa marmota aí, né? Você não vai tirar essa calcinha, menina!? Vou te esperar lá fora pra você se sentir mais à vontade... E vê se não demora, porque já vou te avisando: dona Clotilde não tem muita paciência.

Vou resumir. O sutiã e a calcinha eram pretos, feitos de poliamida e elastano, um tecido semitransparente bem fininho. Aliás, praticamente transparente, pois era tipo um pano de mosquiteiro superfino. O sutiã tinha umas flores desenhadas para cobrir o bico do peito. Seria um sutiã comportado se não fosse o fato de ser praticamente transparente. Cobria os seios todinho... quer dizer, mais ou menos, pois tapado mesmo só ficava o biquinho do meu peito. Se o sutiã já era escandaloso, a calcinha era dez vezes mais escandalosa.

Eu nunca tinha usado uma calcinha fio dental na vida. Eu sou moça de igreja, criada na doutrina; moça de família, criada nas rédeas curtas. Da forma que aprendi, fio dental é uma coisa feita só pras putas, coisa de mulher endemoniada. Ninguém tinha dito que era pecado, mas estava na cara que era. Fiquei tão desnorteada com a situação que nem estava achando jeito de vestir a calcinha, de tão pequena que a calcinha era. O fio se atolou em meu rego e isso gerou um incômodo, e minha bunda toda pelada. Mas nem foi isso que me incomodou. O que me incomodou era o tamanho dela mesmo, e principalmente a transparência. A parte da frente era minúscula e mal-e-mal cobria minha buceta. Apesar de uma pequena flor bordada nessa parte, ela não tapava nada, pois a flor era minúscula e se abria pros lados deixando transparente justo em cima da minha rachinha; além disso, o pano era muito transparente. Minhas virilhas ficaram descobertas. O tecido acabava a um dedo da minha rachinha, assim toda a parte dos meus pelos pubianos ficaram descobertos. Por sorte, na véspera eu tinha raspado minha buceta. Quatro alças subiam da calcinha formando dois triângulos. Nas pontas tinha uma argolinha de cada lado. Da argolinha subia o cós, que na verdade era um fiozinho mais fino que uma tira de elástico comum. Eu me senti pelada e não tive coragem de sair do quarto, pois minha consciência cobrava a mensagem da pregação: “não descobrirás a nudez de uma mulher e de sua filha”. Eu precisava de forças pra cumprir minha parte no acordo, quando, de repente, ouvi a voz do meu pai, em tom de pressa:

__anda Luísa, dona Clotilde tá reclamando da sua demora. Vem logo!

Enfim, respirei fundo, ignorei as vozes da minha consciência e falei pra mim “é isso, dona Luísa”. Abri a porta e saí. Nisso meu pai me viu e levou um susto.

__meu Jesus, Luísa!

__o que, pai?

__vamos logo, menina. Dona Clotilde tá braba esperando a gente.

Nisso a Clarice apareceu:

__até que enfim, menina. Dona Clotilde está atrasada por tua causa. Vai logo, antes que ela te deixe pra trás.

Clarice nos conduziu para a garagem. Notei que meu pai ficou inquieto, pois tínhamos saído de dentro da casa, mas antes mesmo que ele falasse alguma coisa, dona Clotilde veio falando:

__não se preocupe, seu Robinho. A gente só vai ali. Mas o lugar é bem seguro e dou minha palavra que a gente volta na hora combinada e não vai ser feito nada além do que já acordamos naquele dia. Vamos trazer vocês sãos e salvos.

Nisso ela abriu a porta me mandando entrar e o jeito que ela falou me pareceu bem rude. Entrei, e quando me sentei percebi que o marido dela, seu Eduardo, estava no volante. Bem, em nenhum momento ela me disse que seu marido estaria junto, mas enquanto eu pensava nisso, meu pai entrou se acomodando ao meu lado e o seu Eduardo foi logo saudando ele:

__boa noite, seu Robinho. Animado?

__boa noite, seu Eduardo! Vamos lá, né.

__e sua filha aí, animada? Como é o nome dela mesmo?

Enfim. Resumindo. Era a primeira vez que eu me sentava “pelada” num banco de couro. Minha pele ficou grudada no couro, pois não tinha um centímetro de pano que cobrisse minha bunda ou minha coxa. De qualquer forma, a escuridão do carro me deixou menos incomodada. Saímos da casa dele e atravessamos a cidade. Os dois conversavam na frente e eu estava tão nervosa que nem prestava atenção no que eles falavam. De vez em quando seu Eduardo falava alguma coisa com meu pai, mas eu podia perceber que meu pai também não estava se sentindo à vontade, pois ele dava respostas muito curtas. No meio do trajeto eles pararam em um posto pra abastecer. Foi muito estranho ver pessoas tão perto de nós, e nós praticamente pelados dentro daquele carro. Um vidro fumê era a única coisa que separava a gente deles. Bastava abrir a porta por engano para que o escândalo acontecesse, para que alguém nos denunciasse por atentado ao pudor. Eu estava assustada e precisava de apoio pra seguir em frente. Nisso meu pai procurou minha mão esquerda, segurou firme nela; buscou minha mão direita com a outra e segurou nela também. Me senti confortada com esse pequeno gesto dele:

__minha filha... o que a gente não tá fazendo por esse sonho seu eim?

Nisso ele colocou sua mão esquerda junto com a minha, entre minhas coxas. E minha mão direita foi parar junto com a dele entre suas coxas. Nenhum rapaz tinha tocado minhas coxas onde agora pousava a mão de meu pai. Eu nunca tinha tocado na coxa de nenhum rapaz. Minha consciência me incomodava. Era a voz daquele pregador dizendo “não descobrirás a nudez de teu pai”... por acaso eu estaria descobrindo a nudez de meu pai? isso me parecia óbvio. E as dúvidas aumentavam... “não descobrirás a nudez de sua filha”... por acaso ele estava descobrindo a minha nudez? Mas, o que era mesmo “descobrir a nudez?” Não importa, a gente não tinha como voltar atrás, além disso, seu Eduardo e dona Clotilde já estavam entrando de volta no carro. Deixamos o posto, alguns minutos depois entramos numa portaria de condomínio e mais a frente entramos na garagem de uma casa muito chique, uma casa mais chique que a de seu Eduardo. Quando o carro parou, encostei minhas costas no encosto e nessa hora minha mão direita, por engano, subiu um pouquinho e senti minha mão encostar num calor diferente; mas foi tudo muito rápido, pois dona Clarice já estava abrindo a porta e pedindo que descêssemos. Meu pai saiu por um lado e eu pelo lado do motorista, pois seu Eduardo tinha aberto a porta pra mim. Na mesma hora apareceu um senhor de cabeça branca, era o Dr. Raimundo, o médico mais antigo da cidade.

__Dr. Eduardo e dona Clotilde, que pontualidade, meu amigo. Vamos entrando!

Meu pai me olhou como quem perguntasse “como assim? isso não foi combinado”. Nisso o velho olhou pra gente e se dirigiu a meu pai:

__como é mesmo o nome do senhor e dessa moça linda aqui?

__Robson, doutor, e a minha filha, se chama Luísa.

Mas ele nem deu muita bola pra gente. Se voltou pro seu Eduardo chamando pra entrar. Nisso entramos na casa onde já estava mais três pessoas: a vereadora dona Julice casada com Dr. Raimundo; e dona Elisa e seu Clodoaldo, dono de uma famosa loja de roupas. Enquanto o pessoal se cumprimentava, eu e meu pai ficamos totalmente sem jeito, pois éramos os únicos pelados. Eu não sei explicar, não era tanto a vergonha, pois eles nem olhavam pra gente, mas o incômodo pela situação. Pouco depois entrou um funcionário, um homem de uns 35 anos, e dona Julice mandou que ele nos levasse para a sala dos convidados. Passamos pela cozinha onde tinha uma mulher trabalhando e fomos pra sala de jantar, e a mesa já estava toda arrumada. Fiquei pensando: como é que eu serviria se aparentemente tudo já estava servido? Não guardei o nome do homem que nos atendeu, mas meu pai deve saber, pois eles ficaram conversando. Enquanto eles conversavam, minha consciência me cobrava. Enfim, eu evitava olhar pra baixo, evitava olhar pro meu pai e assim eu esquecia momentaneamente que estava pelada. Pouco tempo depois dona Julice apareceu dando as ordens: basicamente o funcionário dela entregaria os pedidos para meu pai; meu pai levaria até a sala dos convidados; eu seria responsável por servir o que eles pedissem. Em seguida, educadamente mandou que eu a acompanhasse até a “sala dos convidados”. A tal sala dos convidados era, na verdade, um quarto. Um quarto com uma cama gigantesca, cheia de espelhos e fotos de casais pelados. Aquilo tudo me assustava, mas eu tentava ignorar o susto e a consciência. Assim que entrei, ela disse de maneira amorosa:

__já pode tirar seu sutiã, princesa.

Fiquei tentando decifrar se o que eu tinha ouvido era mesmo o que eu tinha ouvido. Nisso ela mesma tirou a roupa toda, ficou totalmente pelada. Me mandou pendurar a roupa num cabide e repetiu em tom menos suave:

__anda menina, tira esse sutiã logo pois o pessoal já tá pra entrar!

Fiquei atordoada, pois tinha entendido em bom tom o pedido dela. Nem deu tempo de dizer nada, pois dona Clotilde e dona Elisa já estavam entrando no quarto. Nisso, dona Clotilde foi logo dizendo:

__ainda tá de sutiã, menina?

Nisso elas penduraram as bolsas e começaram a tirar as próprias roupas, ficando completamente peladas. Me deram nas mãos pra que eu pendurasse nos cabides. Ainda estava pendurando as roupas quando os homens apareceram conversando em tom de euforia. Ao mesmo tempo vi meu pai entrando na sala dos convidados e trazendo uma garrafa de bebidas e fazendo sinal para que eu fosse até ele. Fui pegar a garrafa de bebidas e dona Clotilde me acompanhou, chegou junto comigo e com meu pai e disse:

__que menina desobediente, Robinho. Dr. Raimundo não gosta de gente assim. Ainda tá de sutiã. Fala pra sua filha ser mais obediente, Robinho. Tira logo o sutiã ou então pode ir embora, antes que Dr. Raimundo diga alguma coisa.

Meu pai não disse uma única palavra. A gente tinha concordado em trabalhar pelos dez mil reais, mas não tinha perguntado tudo o que deveríamos fazer. O silêncio dele me deixou claro que eu não tinha alternativa. Mesmo com vergonha, ignorei a timidez e tirei o sutiã e entreguei ele pro meu pai ao invés de colocar em um cabide, como todos tinham feito. Nesse momento todos os homens e mulheres estavam pelados, completamente pelados. E meu pai estava espantado, olhando pra eles como se fosse uma coisa de outro mundo. Aliás, pra gente isso era coisa de outro mundo, mas a gente não tinha como fugir dali.

Peguei a garrafa aberta e fui servir as primeiras pessoas que estavam sentadas num sofá. Enfim, resumindo. Na maior parte do tempo eles ficaram pelados, apenas conversando sobre assuntos da vida, do trabalho e da política. De vez em quando eles pediam o que comer, o que beber. Meu pai buscava na outra sala. Eu servia. Quando não tínhamos nada pra fazer, tínhamos que ficar de pé perto deles, esperando alguma ordem, algum pedido. Ninguém olhava pra gente. Aliás, só olhava quando queriam pedir alguma coisa. Era difícil naturalizar a situação, mas depois de duas horas a gente se acostuma. De vez em quando minha consciência me cobrava, mas já era muito tarde pra voltar atrás. Eu já estava me sentindo confortável com a situação. No começo tinha sido bem difícil ficar com os peitos de fora, eu tive mais vergonha do meu pai do que das próprias pessoas que estavam ali. Na verdade, eu vinha lutando contra a vergonha desde que cheguei na casa de dona Clotilde. Sair da casa dela com uma calcinha e um sutiã transparentes já tinha sido o absurdo dos absurdos, mas ser obrigada a ficar sem sutiã tinha sido ainda pior. Aquilo já estava quase acabando, bastava eles encherem a barriga logo... Nisso o Dr. Raimundo quis saber mais sobre a gente:

__você não me contou como você encontrou a Luísa e o Robson, dona Clotilde?

__a mãe dela foi minha funcionária. Aí ela foi em casa algumas vezes com a Noemia, mas nessa época ela era menor de idade, né? Ela falou que tá com 19, né?

Confirmei com a cabeça. Dr. Raimundo prosseguiu.

__é a primeira vez de vocês nisso, né seu Robson?

__isso, Dr. Raimundo.

__vocês podem ficar mais relaxado, aqui ninguém vai ficar julgando você e sua filha não. Não é porque vocês são crentes que a gente vai ficar julgando. A gente ajuda vocês e vocês ajuda a gente. Olha que coisa boa, né seu Robson? A propósito, sua filha é muito bonita, viu. Dona Clotilde disse que ela canta e quer ser cantora... quero ver você cantar mesmo, viu menina?

Enfim. Relaxar como? Eu não estava me sentindo bem naquele ambiente, e estava dando o meu máximo pra cooperar e cumprir minha parte do acordo. Cada vez que eu ficava nervosa, me lembrava dos dez mil e quinhentos em minha conta. Na verdade, meu pai tinha sido muito companheiro nessa jornada, sem o apoio dele eu nem teria dado o “sim” para dona Clotilde. Estávamos nos últimos instantes e eu estava feliz por sido forte e por estar chegando no final da jornada. No final o tempo tinha passado rápido e o Dr. Raimundo continuava dizendo:

__pois sabe, seu Eduardo, a gente já fez alguns encontros de casais, mas assim com a presença de um pai e uma filha legítimos... foi o primeiro. E essa sua menina, seu Robson, é uma menina de ouro. Bem comportada. Não é seu Eduardo? A menina comportou, serviu, não se acanhou e olha que eu reconheço que não deve ser fácil a primeira vez não.

Seu Eduardo concordava. Meu pai assistia o falatório e eu assistia tudo, ansiosa que isso acabasse logo. Nisso dona Julice mandou encerrar a serventia e que meu pai falasse pro Weslley que chamasse o Romualdo. Fiquei atônita, quem seria esse Romualdo? Eu já tinha passado pela Clarice, pela cozinheira, pelo Weslley o tal ajudante que entregava as coisas pro meu pai, Dr. Raimundo, seu Eduardo, seu Clodoaldo, dona Julice, dona Clotilde, dona Elisa...

Meu pai saiu pra dar o recado, mas antes ele tinha me dito que faltava apenas meia-hora. Nisso, Dr. Raimundo levantou e pegou dona Clotilde pela mão e levou ela até o sofá. E os dois começaram a se beijar. Ao mesmo tempo, dona Julice começou a beijar o seu Clodoaldo e dona Elisa foi beijar seu Eduardo. Fiquei sem saber se saia da sala ou se esperava meu pai voltar. Na dúvida, esperei. Nisso meu pai entrou me olhou espantado com a situação, e eu ri pois estava espantada também. Como assim? Um beijando a mulher do outro... era muita coisa pra minha cabecinha. Fui pegar a taça da mão de dona Julice, mas meu pai não tinha como levar a taça pra fora, pois o tal Romualdo estava guardando a porta.

__guardando por que?

Meu pai não soube explicar. Ele se limitou a complementar que o tal Weslley tinha trancado a porta pelo lado de fora, mas com aqueles casais fazendo o que estavam fazendo, meu pai preferiu abortar o assunto, para que eles não percebessem o nosso desconforto. Quando virei de volta dona Julice estava montada em cima do seu Clodoaldo, rebolando na pica dele. Literalmente, eu e meu pai tivemos que assistir três casais fazendo sexo. E não tinha uma ordem, os homens trocavam de mulheres toda hora. Ninguém se importava com a gente, mas queriam que assistíssemos suas perversidades. Daí, do nada o Dr. Raimundo parou e perguntou:

__seu Eduardo, quanto o senhor dá pro seu Robson beijar nossa garçonete?

__mil.

__e o senhor, seu Clodoaldo?

__mil.

__Então também dou mais mil.

Sei lá, na hora não entendi o que ele estava propondo. Eles continuaram fazendo sexo e eu fiquei sem entender as perguntas do Dr. Raimundo... Até que o Dr. Raimundo perguntou se a gente iria perder os três contos... e meu pai questionou:

__que três contos, doutor?

__ora, se você beijar ela, vocês ganham mais três contos.

Nisso respondi sorrindo:

__como assim beijar, Dr.... ele é meu pai.

Nisso o Dr. Raimundo respondeu:

__esqueci desse detalhe! Garçonete, mas se rolar o beijo na boca, se for do jeito que eu agradar, só porque ele é seu pai, eu mesmo eu arredondo a oferta em cinco mil.

Eu e meu pai olhamos um pro outro, como assim, cinco mil? Cinco mil pra fazer o que? Cinco mil é cinco mil... E eu fiquei muito nervosa e ao mesmo tempo ansiosa pra entender o que ele realmente queria que a gente fizesse. Nisso dona Elisa completou:

__cinco mil só pra eles se beijarem? Ah, isso ninguém me paga pra fazer! Menina, o que você está esperando, beija logo esse homem!

Olhei pro meu pai... todo mundo começou a gritar “beija, beija, beija”. Isso era um estímulo, os cinco mil era um estímulo ainda maior..

__e agora, pai?

__cinco mil, filha, cinco mil...

Nisso dona Elisa se levantou, pegou uma taça que estava no chão e disse:

__bebe isso aqui que você se anima, menina.

Eu não podia pensar duas vezes, pois aquilo era bebida alcoólica. Eu nunca tinha provado nada de álcool, absolutamente nada. Mas, o que era isto perto do que eu já tinha feito... e se isso iria me animar a fazer essa loucura... não pensei duas vezes e bebi. Bebi pois eu precisava daqueles cinco mil... e em seguida beijei meu pai na boca e todos bateram palmas, mas quando parei o beijo, veio a realidade de que cinco mil reais não iria cair do céu assim, de forma tão fácil.

__tem que ficar beijando. Não pode parar. Só pode parar quando a gente autorizar.

Era Dr. Raimundo dizendo, exigindo que fizéssemos valer a pena os cinco mil saídos de seus bolsos. Os casais voltaram a se pegar no sexo, dessa vez eles mais afoitos pois estávamos se beijando. E enquanto eles trepavam, timidamente fiquei beijando meu pai. Talvez alguém não acredite em mim, mas eu só estava beijando por causa dos cinco mil reais. Isso era o passaporte para meu sonho. Bem antes de chegarmos na casa de dona Clotilde, eu e meu pai tínhamos conversado sobre essa diária maluca. A gente sabia que era pecado, mas esse pecado garantiria a realização do meu sonho. Como ele tinha me dito, “o que acontecesse na casa de dona Clotilde, ficaria na casa de dona Clotilde”.

Aos poucos a gente foi se soltando, até porque a situação nos estimulava. Os gemidos das mulheres, as fungadas dos homens, o barulho de sexo se batendo, tudo isso era coisa que eu nunca tinha ouvido na vida. Tudo isso me estimulava a beijar e a esquecer que aquela boca era do meu próprio pai. Fui arrebatada desse mundo, mas podia sentir tudo o que estava acontecendo. Primeiro meu pai colocou as mãos em minhas costas e me puxou mais perto de si, e nossos corpos finalmente se colaram; nisso nossas línguas se tocaram e dançaram juntas num movimento circular como eu nunca tinha feito na vida. Incrível como a gente faz esse tipo de loucura, pois eu estava arrebatada desse mundo. As mãos do meu pai passaram a explorar minhas costas e minha bunda. Aquelas mãos vigorosas apertavam minha bunda de um jeito que nunca ninguém tinha feito. Eu sempre fui uma moça comedida, ajuizada, moderada, mas nunca pensei que seria capaz de fazer loucuras por causa de cinco mil reais... aliás, não era só cinco, eram quinze! Alguém pode até me criticar, mas eu precisava muito desse dinheiro. Eu estava cansada de ficar batendo em porta de igreja, pedindo oferta e recebendo merrecas que mal davam pra nos sustentar.

Beijei meu pai como se fosse meu namorado, e com isso passei a sentir o volume grosso da pica do meu pai esmagando minha calcinha. Quando a gente queria parar, alguém sempre nos mandava continuar. Nisso seu Clodoaldo terminou de fazer sexo, e em questão de segundos o Dr. Raimundo. Faltava apenas seu Eduardo, que continuou metendo com Elisa. Dr. Eduardo não deixou por menos, mandou a gente se beijar perto do casal que estava fodendo e enquanto isso ele mesmo dizia:

__olha aí, Eduardo, como o irmão beija a filha dele.

Isso foi como uma porrada em minha moral. Ele tinha dito que não nos julgaria, mas estava julgando. Mas o que eu iria fazer? Parar e perder os cinco mil? Seu Eduardo não podia demorar muito... e não demorou, e finalmente o sexo acabou e fomos autorizados a parar o beijo. Nisso o Dr. Raimundo perguntou pela experiência do beijo, e eu respondi que tinha sido “diferente”. Ele sorriu e disse:

__um beijo só é completo quando a mulher pega no pau da gente. Eu não vi você pegar no pau dele.

Nisso meu pai respondeu em tom de reprovação:

__puxa seu Dr, mas aí já está demais pra gente. Eu tô com vergonha do Sr.

__vergonha por que seu Robson? Vergonha por que se foi eu que mandei vocês se beijarem. Mas tudo bem...

Nisso Dr. Raimundo sorriu e disse que tinha sido brincadeira. Nisso as mulheres me chamaram pra ajudar elas a separarem a roupa e elas começaram a se vestir; em seguida os homens. Todos se vestiram, mas eu continuei ali, só de calcinha, com os feitos de fora, feito uma escravinha. Quer dizer, meu pai também, de cueca, dando nitidamente pra ver que ele ainda estava de pau duro. Chegou a hora de irmos embora... e nessa hora me dei conta de ter perdido o sutiã. Então me lembrei que tinha entregue para meu pai, mas meu pai tinha saído na frente acompanhando os homens e eu tinha ficado sozinha com as mulheres. Na intenção de encontrar meu pai, saí da sala dos convidados sem sutiã e nessa hora dona Julice me repreendeu por “andar pelada em sua casa”, dizendo que sua casa não era “puteiro”. Jamais esperei aquela reação dela, pois ela tinha sido a mais educada comigo e de repente estava me chamando de “crente puta” e tantos outros palavrões. Pior ainda, tudo dito em voz baixa, como quem demonstra domínio do que faz. Eu nem tinha o que responder, pois estava errada. Nisso dona Clotilde interveio e pediu que ela compreendesse, pois eu era novata. Então tentei explicar que tinha entregue o sutiã pra meu pai e que precisava encontra-lo para pegar o sutiã de volta. Dona Clotilde se limitou a dizer:

__deixa pra lá, estamos indo pra casa mesmo...

E foi assim que fui parar no carro apenas de calcinha. Quando os homens me viram chegar na garagem, ficaram me olhando como se fosse coisa de outro mundo, como se eles não tivessem me visto assim o tempo todo... e o Dr. Raimundo não gostou do que viu:

__o que essa menina tá fazendo pelada, dona Clotilde? Que putaria é essa?

Dona Clotilde se esquivou:

__perdoa a menina, Dr. Clodoaldo, ela perdeu o sutiã.

__perdeu?

E meu pai interveio dizendo que tinha guardado o sutiã na sala de jantar, e o Dr. Clodoaldo ficou ainda mais brabo.

__seu Robson, alguém te falou que minha sala é guarda-roupa?

Meu pai ficou calado. E dona Clotilde me mandou entrar e esperar no carro. Meu pai entrou junto e pouco depois seu Eduardo e dona Clotilde também. Senti um alívio na minha alma quando seu Eduardo ligou o carro. “Acabou”, pensei comigo. Eu tinha conseguido cumprir a missão mais difícil da minha vida. Tinha ido ganhar dez mil e tinha ganhado quinze... o Dr. Raimundo ficou de mandar o dinheiro no dia seguinte... meu sonho estava prestes a se realizar...

Assim que o carro passou pela portaria, meu pai agarrou minha mão esquerda e entrecruzamos os dedos. O jeito que ele apertou minha mão era a forma que a gente usou pra se comunicar e pra comemorar o nosso objetivo. Mas eu preciso dizer o resto, preciso confessar o aconteceu depois. Ficamos de mãos dadas durante a volta, e nossas mãos ficaram apoiadas em cima da coxa dele... não sei explicar, mas um magnetismo puxou minha mão da coxa pra virilha e quando me dei conta já estava com ela em cima da cueca... senti o pau quente, pulsando e isso me deixou intrigada. Nisso ele puxou minha mão pra cima e soltou ela por cima da virilha. Em seguida, ele forçou minha mão pra baixo e ela desceu pra dentro da cueca dele até tocar o pau dele, que estava melecado e muito duro. Por puro instinto, abri a mão e agarrei o meu troféu. A voz do Dr. Raimundo ecoava em minha mente “um beijo só é completo quando a mulher pega no pau da gente”; e minha consciência fazia lembrar da mensagem do pregador: “não descobrirás a nudez de teu pai”. Eu tinha pecado demais em uma única noite. Eu tinha feito muito mais que descobrir a nudez do meu pai, eu tinha beijado ele e agora estava com a mão grudada em seu pau latejante... o que mais faltava acontecer? Dona Clotilde e seu Eduardo iam calado... nisso meu pai colocou sua mão direita em cima da minha coxa e seus dedos desceram procurando o cós da calcinha. Então, pra facilitar o objetivo dele, ergui meu corpo, pois minha pele ficava grudada no couro do banco, e sentei mais inclinado, então seus dedos mergulharam dentro de minha calcinha e começaram a acariciar a minha perseguida... fechei os olhos e agarrei seu pau com mais intensidade, a voz do pregador ecoava em minha cabeça: “não descobrirás a nudez de sua filha”, pelo que eu me perguntava: será que meu pai se lembra disso?

A viagem de regresso foi muito mais rápida do que eu esperava. Entramos na portaria e logo em seguida na casa de dona Clotilde. Senti um grande alívio em meu coração, pois estava indo em direção as minhas roupas... e por isso fui logo na frente, seu Eduardo veio atrás dando garantias ao meu pai do pagamento dos cinco mil... Nisso apareceu a Clarice, me olhando com cara de espanto:

__menina, cadê seu sutiã?

__perdi.

Ela sorriu com cara de deboche, mas não disse nada. Dona Clotilde mandou Clarice me ajudar a se arrumar pra ir embora. Nisso ela me conduziu direto pro quarto onde eu tinha deixado o meu vestido. Meu pai tinha ficado pra trás, pois seu Eduardo queria terminar de contar o assunto. Meu pai parecia estar muito mais a vontade do que eu, ou talvez estivesse tentando agir de forma normal. Assim que entramos no quarto, Clarice disse:

__acho que me lembro de você...

Fiquei atordoada, pois isso era a última coisa que eu esperava na vida. Ela continuou:

__você não é filha da finada Noemia?

Fiquei toda sem jeito, pois alguém me conhecia e isso poderia me complicar muito!

__sou eu mesma... como você sabe?

Ela ficou calada, enquanto isso vesti o meu vestido, sentindo uma sequidão na garganta. Nisso ouvi a voz dos homens se aproximando, e nessa hora Clarice deu seu golpe final:

__você vai ter coragem de confessar a verdade pro pastor Malaquias?

Senti um turbilhão bater em minha cabeça, que nem tive resposta pra dar...

__acho melhor você ficar caladinha, menina. Tô falando isso pro seu bem.

Nisso meu pai chegou, seu Eduardo se despediu dele. Então meu pai vestiu a roupa e a Clarice foi abrir a porta de saída. Clarice fez questão de ir com a gente até a moto. Achei que ela queria me dizer alguma coisa, mas ela não disse nada. Subimos na moto e fomos direto pra casa. Assim que chegamos em casa meu pai tocou no assunto da noite... “o que aconteceu na casa do Dr. Raimundo, deveria ficar pra sempre na casa do Dr. Raimundo, o que mais importava era o fato de termos faturado os quinze mil reais pra realização do meu sonho... pensei em dizer que Clarice tinha me reconhecido, que tinha dito inclusive o nome da minha mãe e do nosso pastor... mas, achei melhor esperar um outro momento, pois o dia estava quase clareando. Meus irmãos estavam dormindo, por isso entramos em silêncio.

Deitei em minha cama e fiquei recapitulando tudo o que tinha acontecido: a calcinha transparente, o sutiã perdido, o beijo... que loucura foi essa... eu tinha beijado meu próprio pai e tinha sido muito mais envolvente do que eu tinha beijado qualquer rapaz... tinha sido um beijo por cinco mil reais, este era o meu conforto. Mas, nem era isso que me preocupava, o que me preocupava era a Clarice... eu bem que tinha percebido no começo que o rosto dela não me era estranho... mas não conseguia me lembrar de nada, absolutamente nada. O dia clareou e meus irmãos começaram a se levantar. Eu fiquei deitada, fingindo dormir enquanto pensava nos meus pecados... tentei não me sentir culpada, tinha sido tudo pelo dinheiro, pelo sonho de me tornar uma cantora de verdade... mas, minha consciência foi mais sincera comigo, nem tudo aconteceu por causa do dinheiro... e aquilo no carro do seu Eduardo? E a minha mão agarrada no pau do meu pai enquanto a mão dele explorava a minha perseguida? isso não tinha sido por dinheiro nenhum! O nosso beijo tinha sido “completo” como o Dr. Raimundo tinha dito. E a voz do pastor pregando em minha cabeça “não descobrirás a nudez de seu pai... não descobrirás a nudez de sua filha”. Por mais que eu tentasse ignorar, cedo ou tarde teria que me confessar pro pastor Malaquias... por mais que Clarice dissesse “acho melhor você ficar caladinha”, não é assim que as coisas funcionam em nossa igreja. A gente precisava se confessar ou os nossos pecados pesariam a sua maldição sobre nós até fazer com que meu sucesso de cantora fosse por água abaixo.

Essa história continua em <Do Sonho de cantora da igreja ao escândalo de a “cantora da moto”>

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Comentários

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Bom conto, repressão religiosa, ambição inconsequente, incesto, luta de classes, dominação financeira, e uma falsa inocência por parte de pai e filha que se deixam envolver por pessoas inescrupulosas. Lembra as histórias de um certo pornógrafo autor catioca. Vamos ao próximo capitulo.

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é exatamente sobre isso, perfeita a sua leitura. Fiquei curiosa para conhecer esse autor Catioca, mas não consegui encontrar nada na net...

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Olá Lorraine!

Estou falando de Nelson Rodrigues e seus maravilhosos contos "A vida como ela é" e "Engraçadinha seus amores e seus pecados", as duas viraram séries da Globo. "Bonitinha mais ordinária" já foi feito dois filmes, um com Lucélia Santos e mais recentemente uma produção com Letícia Colin e Leandra Leal.

Nelson Rodrigues gostava de expor em suas histórias toda a podridão que a sociedade moralista de sua época mantinha no mais absoluto segredo. Taras, perversões, pedofilia, incesto, prostituição, adultérios, desigualdade social, miséria humana.

As histórias de Nelson Rodrigue são muito instigantes e demolidoras da moral e dos bons costumes, vale a pena conhecer. Um abraço!

https://pt.wikipedia.org/wiki/Engra%C3%A7adinha:_Seus_Amores_e_Seus_Pecados

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obrigada. Acabei de postar a segunda parte...

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obrigada pelas dicas. O valor que Luísa ganhou era pela novidade de uma moça virgem, bem comportada, e um pai viúvo crentes, mas pelo que se vê na segunda parte, o Dr. Raimundo se arrependeu.

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entendi sua leitura e é possível sim, mas achei que o valor alto para uma moça ingênua e pura e um pai manipulável fosse uma boa justificativa. A ser como você sugeriu, ela teria que ser menos ingênua e o pai mais manipulador... pode ser uma boa sugestão pra terceira parte, o que você acha?

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Um conto muito excitante. Continue escrevendo! Ficarei ansioso para ler!

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saiu a segunda parte. obrigada, comenta de novo que te atualizo a terceira...

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