Em meu sonho, Alethea estava beijando e lambendo meu cacete, e passou a acariciar meu corpo. De uma maneira curiosa, senti que ela apertou um dos meus mamilos, depois o outro e então uma área ao lado do meu umbigo.
Ela repetiu esses movimentos, eu não resisti e ejaculei com força, o que me fez acordar. Então eu percebi: os gestos dela eram os mesmos que ela havia feito quando estávamos em frente àquele muro, na viela ! Talvez eu devesse imaginar uma figura humana ao pressionar os tijolos. Levantei-me e fui ao banheiro para me limpar, tomei uma ducha e depois voltei para a cama, sem conseguir pegar no sono. Eu precisava testar essa ideia. Após meu expediente de trabalho, resolvi ir até lá.
Por uma ironia do destino, quando cheguei ao local onde a freira misteriosa havia me deixado, a Prefeitura estava fazendo obras na rua perpendicular à viela, e havia vários funcionários circulando. Havia vigias à noite para cuidar dos equipamentos. Obviamente, eu não poderia ficar completamente pelado para tentar abrir a porta nos próximos dias.
Então, pensei em ir a uma outra passagem subterrânea e tentar abrir uma porta onde houvesse uma parede de tijolos parecida, já que aquela que o meu amigo médico havia aberto tinha um segredo diferente e paredes de pedra. E teria que ser no final de semana, sábado pela manhã.
A melhor opção era acessar a rede de túneis pelo corredor lateral da Igreja, e foi o que fiz. Se alguém perguntasse o que eu fazia por lá, diria que estava procurando um banheiro. Mas não foi necessário, e logo eu adentrava um dos corredores subterrâneos.
Eu já havia estudado um mapa que detalhava os locais por onde aquela rede passava. Levei uma bússola e uma lanterna especial (Hammacher Schlemmer) cuja bateria pode durar até 10 dias, ou mais. Não foi barata, mas eu não queria arriscar. Também levei uma caneta com tinta permanente, que me permitiria fazer pequenas marcas para me localizar melhor. Claro que em uma parte bem baixa das paredes, para não dar na vista.
Fui andando pelos corredores por várias horas, inclusive por um que passava embaixo do prédio de uma antiga Fundição que posteriormente se tornou um Shopping Center. Mas foi bem mais tarde que encontrei uma parede de tijolos muito parecida com o muro que continha a porta secreta, aberta por Alethea.
Fiquei em frente à parede, tentando recordar exatamente o que ela havia feito em nosso primeiro e único encontro. Tirei as roupas, repeti seus gestos, imaginando uma figura humana e pressionando os tijolos. Foi uma agradável surpresa ver que uma porta secreta começou a se abrir.
Não esperei : assim que a abertura foi completa, peguei minhas roupas, a bússola e a lanterna, e as joguei para o outro lado, entrando em seguida. A porta se fechou atrás de mim. Eu tinha a esperança que o sistema para a abrir na volta fosse o mesmo. Talvez ao contrário, como em um espelho.
A escuridão era total. Tateei pelo chão até encontrar a lanterna, e a liguei. No entanto, o facho de luz não iluminava aquele local, parecia que uma negritude impedia que a lanterna funcionasse como deveria, e em poucos segundos, a própria lanterna apagou.
Fiquei preocupado, mas resolvi seguir pelo túnel , carregando meus pertences sob o braço esquerdo, e tateando com a mão direita. Talvez pela tensão ou mesmo pela extensão, aquilo parecia interminável. Não ousei vestir minhas roupas, já que eu não sabia se a “estranha freira” havia feito isso após passar pela outra porta.
Em um dado momento, ouvi algo que me fez gelar o sangue. Uma espécie de rugido, ao longe. E se houvesse algum bicho, alguma fera, protegendo os corredores além das portas ocultas? Fiquei parado, ouvindo.
Ouvi o rugido mais uma vez, parecia mais próximo. Resolvi voltar bem devagar, por onde eu viera.
Foi então que senti algo em minhas costas, como se uma língua estivesse passando na pele. Fiquei paralisado de pavor. Só me faltava morrer ali, comido por alguma fera.
Um outro ruído me fez sair da minha perplexidade: foi como uma pancada, seguida de um rosnado, talvez fosse um felino, e alguém tivesse batido nele para se afastar. E ouvi uma voz:
- Corre! Volta para o portal!
Procurei me apressar, embora a escuridão não ajudasse. Acabei batendo com o corpo em uma parede, deveria ser a mesma por onde eu havia passado. Pressionei os tijolos, mais ou menos como eu havia feito antes. Não deu certo. Tentei de novo, e nada.
Na terceira vez, a porta se abriu, e senti alguém me empurrando com força. Caí de joelhos no outro lado.
- Nunca mais entre por esta porta! Você não tem noção!
Pareceu-me reconhecer a voz de Alethea, mas eu não tinha certeza. Liguei a lanterna, e tentei iluminar a abertura . Daquele lado , o facho de luz funcionava. Pude ver apenas uma mão feminina de relance, e a porta se fechou.
Deveria ser ela mesma, pois falou “Você não tem noção”, e ela havia dito essas palavras por três vezes quando tivemos nosso encontro.
Fui me vestir, mas notei que, na pressa, minha camisa, cueca e sapatos haviam ficado para trás. Felizmente ainda tinha a calça, com a carteira e as chaves de casa no bolso, que estava com o zíper fechado. Minha saída foi percorrer o túnel até o subsolo do Shopping Center, e correr para a primeira loja masculina que encontrei.
Dei a desculpa que havia sido assaltado, comprei uma camisa nova, meias e sapatos. O vendedor foi muito solícito, disse que essas coisas aconteciam, e claro que ficou feliz com sua venda, gastei uma nota razoável .
A seguir, fui à praça de alimentação e comi alguma coisa. Havia sido uma experiência e tanto, embora não se comparasse ao meu contato inicial com a freira misteriosa.
Como já estivesse cansado pela longa caminhada pelos túneis, peguei um táxi em frente ao Shopping e voltei para casa.
Chegando lá, liguei para o Doutor Arthur. Havíamos combinado de marcar um dia para conversar mais longamente sobre aquele assunto. Ele não atendeu. Liguei novamente, sem resultado. Aguardei alguns minutos, e tentei outra vez. Desta feita, uma voz feminina atendeu o telefone. Talvez fosse uma diarista, ou uma nova namorada.
- Ele não pode atender no momento. Mas me pediu para avisá-lo que irá ligar tão prontamente seja possível, ele quer falar muito com o Senhor.
A mulher tinha um sotaque estranho, devia ser estrangeira, talvez francesa. Claro que, estando muito envolvido com o caso da Freira, tentei lembrar se Alethea havia falado com algum sotaque diferente. Não era o caso, embora seu jeito de falar indicasse uma pessoa muito culta.
Só me restava aguardar. Tomei um bom banho, depois coloquei uma música para tocar no sistema de som da sala. Sentei-me no sofá e fiquei tentando repassar em minha mente tudo o que havia acontecido, desde o início.
Eu já estava quase cochilando quando o telefone tocou.
- Meu amigo, se você puder, venha à minha casa hoje. Se possível, agora. É importante.
Já era noite, e eu estava cansado. Mas coloquei uma roupa rapidamente, e fui até lá.
O médico morava em uma casa antiga, grande, porém sem ser luxuosa. Com sua renda, certamente ele poderia estar vivendo em um dos chamados “bairros nobres”, em uma mansão. Foi então que me dei conta que essa construção ficava bem próxima à rede de túneis subterrâneos, e ele demonstrava claramente saber muito a respeito dessas estranhas passagens.
Enquanto dirigia, eu cogitava se ele havia conhecido Alethea. Se fosse ela, o que poderia acontecer? E se fosse ela a mulher que ele conhecera há décadas?
Estacionei o carro em frente à casa dele, desci e toquei a campainha. Ele abriu a porta em seguida.
- Entre, meu bom amigo. Há coisas que precisamos discutir.
Fui com ele até a sala de estar. Era ampla, em estilo colonial, com vários quadros nas paredes. Um deles me chamou a atenção, era um retrato feminino, em local de destaque. A mulher era muito bela. Fiquei olhando para aquela imagem, quando o Doutor me chamou a atenção.
- Quero que conheça minha esposa.
Fiquei perplexo. Ninguém sabia que ele era casado. Todo mundo acreditava que ele era um solteirão convicto. Ele notou meu olhar incrédulo.
- Sei que ninguém sabe disso. E peço que seja um segredo entre nós.
Olhei estupefato para a mulher que o acompanhava. Era belíssima, mais ainda que no seu retrato, que adornava a parede!
- Desculpe... eu não fazia ideia...
Por impulso, tomei a mão dela e a beijei, como se fazia antigamente.
- Fico lisonjeada. Prazer em conhecê-lo. Eu me chamo Anthea.
Fiquei pasmo.
- ANTHEA!
Meu amigo médico colocou a mão no meu ombro.
- Foi por isto que eu disse que precisávamos conversar mais longamente. Pelo que me contou, você teve um encontro com uma jovem chamada Alethea.
- Foi o que aconteceu. Mas estou confuso. Por que o segredo sobre o casamento? E por que um nome tão parecido?
Ela respondeu:
- Porque não sou daqui. Não tenho documentos oficiais, seria muito complicado explicar uma esposa que não nasceu em nenhum lugar conhecido.
- Como assim?
- A rede de túneis subterrâneos não é apenas um resquício da Segunda Guerra. É muito mais que isso: contém passagens para outros lugares, muito distantes.
- Distantes, de que maneira?
Arthur tomou a palavra.
- Não sei se é prudente explicar. Mas posso dizer que conheci minha esposa de maneira muito parecida com o que aconteceu entre você e Alethea. De início, ela procurou evitar que eu tivesse maior contato com ela, mas fui insistente, fiz como você, tentei achar as passagens e tive algumas experiências muito desagradáveis, mas ao final Anthea aceitou ficar comigo.
- Mas você nunca foi visto em companhia dela. Como pode ser?
Anthea respondeu:
- Esta casa não é exatamente uma moradia comum.
Entendi imediatamente.
- Então vocês têm uma passagem secreta dentro da casa. E esta sala deve funcionar como uma entrada para seu “outro lar” que fica em uma realidade paralela.
- Mais ou menos – disse o Doutor. Quando eu estava em plena atividade médica, com plantões no Hospital e consultório, eu voltava para casa e ansiava por reencontrar Anthea. Precisava percorrer um longo corredor para achar a “nossa” passagem. Até que encontrei esta casa. O porão fica exatamente sobre uma dessas portas.
- Então, você passa parte do dia do “outro lado”. Mas e quanto a “minha” Alethea?
- Não posso dizer nada a respeito dela. Se for o seu destino, vocês irão se reencontrar.
- Ela é o meu destino, tenho a certeza.
- Posso dizer que isso é um começo. Essa sensação de que algo vai acontecer. Mas agora vai depender dela tomar uma decisão.
- Que tipo de decisão? De sair de seu mundo e vir para cá?
- Não é tão simples. E não sei se posso contar a você. Pode ser muita coisa para sua mente aceitar.
Doutor Arthur estava relutante. Mas Anthea fez algo parecido com o que a bela freira havia feito, ficou quase encostada em mim, seu rosto muito próximo do meu. Seu olhar penetrante me deixou estonteado.
- Não podemos permanecer por muito tempo em seu mundo. Da mesma maneira que vocês não podem ficar no nosso. A gravidade é um pouco diferente, e mesmo a atmosfera. Não podemos ficar o tempo todo juntos, como seria com um casal normal.
- Eu não me importaria com isso...embora não saiba exatamente como seria viver dessa maneira.
- Alethea deve saber. Por isso está indecisa.
- Ela havia me convidado para acompanhá-la, mas não consegui atravessar a passagem, que se fechou em seguida.
- Certamente ela achava que você faria o mesmo que ela fez.
- Não fui esperto o suficiente, e agora estou assim, sozinho e sem conseguir reencontrá-la. Mas agradeço muito pelos esclarecimentos , consegui entender muita coisa. Principalmente, que não estou perdendo o juízo. E aquele tipo de vestimenta? Parecido com uma freira...
- Isto é algo que ela mesma poderá explicar, se algum dia vocês se encontrarem novamente.
Enquanto conversávamos, Doutor Arthur fez um cafezinho, com grãos moídos na hora.
- Muito gostoso o café. E foi muito agradável finalmente conhecer sua esposa, a bela Anthea. Sabe, cheguei a imaginar que fosse a mesma Alethea, quando vi sua supresa quando mencionei seu nome.
- Foi a semelhança. Percebi imediatamente que deveria ser “conterrânea” dela.
Notei que Anthea começou a se sentir desconfortável. Talvez fosse aquilo que ela comentou, não podia ficar muito tempo ali.
- Desculpem, preciso ir.
- Entendo perfeitamente. Foi um prazer conhecê-la.
- Digo o mesmo. Espero que na próxima vez que nos encontrarmos seja com boas notícias.
Era o que eu também esperava.
Então, a verdade era que tanto Alethea como Anthea vinham de uma outra realidade, que poderia ser acessada através de portais ocultos, alguns deles disfarçados entre os túneis subterrâneos que havia sob minha cidade.
Espertamente, o Doutor Arthur comprou uma casa bem sobre um desses portais, para poder manter seu relacionamento com Anthea, uma linda mulher que ele havia conhecido de forma parecida com a que eu havia encontrado a bela jovem, a “estranha freira”. Mas o que viria pela frente? Como eu poderia voltar a vê-la?
Só me restava sonhar. Já passava da meia-noite quando voltei para casa. Fui para o quarto e me deitei. Meu sono foi conturbado. Em meu sonho, eu estava naquele corredor escuro, e senti novamente aquela língua áspera nas minhas costas.
Ouvi um rosnado bem perto de meu rosto, e me pareceu ver um grande felino, como se fosse um tigre, prestes a me abocanhar. Mas alguém com um artefato de madeira, talvez uma lança, cutucou a fera, que se afastou . Consegui olhar para a pessoa, era uma mulher. Não apenas isso, era Alethea, que estava como eu a havia visto antes, com a coleira, pulseiras e tornozeleiras de ouro, de resto totalmente nua. Lindíssima como uma Deusa.
No sonho, em vez de me empurrar para fora do portal, ela se aproximou de mim, me abraçou e me beijou apaixonadamente. Sua língua se entrelaçava na minha, nossa saliva se misturando. Eu estava em êxtase.
Meu cacete ficou completamente duro. Ela me fez deitar no chão e cavalgou-me, roçando seus seios no meu peito. Ela movimentava seus quadris cada vez mais rápido, até que explodiu em um orgasmo violento, soltando um urro semelhante ao da fera. Gozei logo em seguida, mas meu membro não amoleceu. Continuamos a nos amar, ficamos assim por muito tempo. Então ela começou a desaparecer em meio a uma névoa.
Acordei todo suado, com esperma sobre minha barriga. Precisei ir ao chuveiro. Mas eu não podia ficar assim, precisava encontrar Alethea.
CONTINUA