Uma nova semana se iniciava e com ela, uma correria sem fim. Certamente naquela semana, tranquilidade foi uma palavra que sumiu do dicionário. Na segunda acordei bem disposta, mas não fui malhar. Como já havia passado minhas obrigações na empresa de festa para a pessoa que ia me substituir, resolvi focar inteiramente na inauguração do restaurante.
Fui direto para o local onde ele iria funcionar. Ainda havia muita coisa a ser feita e os preparativos eram os mais variados. Iam desde a instalação da iluminação até o recebimento das cadeiras.
Tive pouco tempo para mim naqueles dias, mas sempre que podia, falava tanto com Guilherme, como com Daniel. Guilherme queria muito me ver na terça e claro, me levar ao motel. Eu até queria, ainda éramos namorados, mas sexualmente, eu estava bem satisfeita. A correria também atrapalhava um pouco, mas prometi a ele que teria uma resposta no dia seguinte sobre o que poderíamos fazer.
Aproveitei a nossa conversa e perguntei sobre a festa de aniversário da minha amiga na sexta, seria um bom momento para ficarmos juntos e depois de lá, sair para algo mais íntimo. Guilherme começou a recuar para ir ao aniversário. De empolgado, agora ele parecia procurar problemas para não ir e isso me acendeu um alerta.
Eu não deixaria de ir naquele aniversário por nada, pois a aniversariante era uma amiga de longa data, dos meus tempos de escola e que eu ainda tinha certo convívio.
Com Daniel, minha conversa era mais voltada para o dia a dia. Eu evitava comentar pelo celular qualquer coisa sobre nossos encontros. Preferia fazer isso pessoalmente.
A terça feira chegou e parecia que eu já tinha passado pela semana toda. Estava cansada. No dia anterior tinha saído do restaurante depois das oito da noite. Cheguei a duvidar de mim e se eu conseguiria gerenciar aquele negócio durante o dia. Desabafei tanto com Guilherme como com Daniel sobre a situação.
Guilherme me deu força, contanto sobre a sua experiência como empreendedor e lembrando do tempo que montou a hamburgueria, mas isso de maneira breve. Logo ele já queria saber se iríamos sair naquela noite. Eu topei sair com ele, mas para algo leve. Eu queria descansar e ele transar. Com objetivos diferentes dos meus, Guilherme acabou se chateando e acabamos não saindo.
Fui até bom, naquele dia, sai mais uma vez do restaurante depois das oito da noite e o que eu mais queria era a minha cama. Ainda conversando com ele, insisti que na sexta seria um ótimo dia para que pudéssemos sair, inclusive passar a noite fora e a resposta que eu recebi foi a seguinte.
Guilherme - Amor, eu não estou muito afim de ir para esse aniversário da sua amiga não. Ela tem um primo que eu não gosto muito e ele também não gosta de mim. Não vou ficar bem estando lá, mesmo estando com você. Inclusive, já que não vou, gostaria que também não fosse. O cara é meio sacana e vai dar em cima de ti, ainda mais sabendo que é minha namorada.
Naquele estresse de organizar as coisas para o restaurante passar a funcionar, querendo marcar e passar um período longo com meu namorado, ele vem me falar de ciúmes de um cara que eu mal sabia quem era. Isso me fez encher de uma raiva que parei de responder o Guilherme na mesma hora. Só retornando a mensagem dele quando eu cheguei em casa e tinha me controlado bastante para não responder algo deselegante ou colérico.
Já Daniel, além de me dar força e me apoiar naquela correia, me animava. Dizia para eu focar, trabalhar duro que no começo era assim, que eu poderia me sentir perdida, mas tudo era aprendizado. Que logo eu estaria dominando tudo com maestria.
Ele comentou que não me encontrar na academia estava sendo frustrante, mas que entendia o motivo, mas gostaria de me ver, pelo menos por um breve momento durante a semana. Infelizmente, a resposta para ele era a mesma que eu dava para o Guilherme. Estava sendo tempo, cansada e o que eu mais queria quando chegava em casa era dormir.
Para completar aquela maravilhosa semana, minha menstruação veio. Por sorte, muita sorte mesmo, meu período não dura mais do que quatro dias, então no dia da inauguração eu já ia estar fora do período.
Exceção ao aniversário da minha amiga de infância, na noite de sexta, qualquer coisa além da minha rotina profissional estaria fora de cogitação, inclusive encontrar qualquer um dos dois. Daniel foi compreensivo com a situação, apenas me pediu para ir caminhar com ele no sábado. Algo que não tínhamos feito no sábado passado por causa da viagem dele. Sinceramente, achei bem difícil isso acontecer também.
Na quarta e na quinta os dias foram de uma correria sem fim, ao ponto de eu não almoçar na quarta-feira. Porém, tudo começava a ganhar forma e eu me sentia mais confiante com isso. Selecionei duas pessoas para trabalhar no meu turno, em entrevistas que estavam marcadas, mas meus tios não puderam fazê-las. Ali me senti pronta para gerir.
Guilherme estava certo que eu não iria para o aniversário da minha amiga, apesar de eu, em nenhum momento, ter dito isso, ou sequer dito algo nesse sentido ou que pudesse ser interpretado da forma que ele estava pensando.
Não à toa me passou mensagens para combinar a nossa saidinha de sexta. Para ele, já que eu não iria mais, teria espaço a noite inteira para ele, restando assim apenas ele se organizar para poder sair comigo na sexta, o que não seria tão complicado.
A minha resposta para ele foi clara e objetiva quando notei que ele estava se preparando para ter um tempo para nós na sexta.
Eu - Que bom que vai conseguir uma folga na sexta. Fico feliz que possamos ir ao aniversário juntos.
Aquela minha mensagem destravou uma irritação tremenda em Guilherme, que como eu disse, achava que eu já tinha desistido de ir no aniversário por causa do incômodo dele com o primo da minha amiga.
Mesmo com a correria do dia, arrumando tudo, foram várias e várias mensagens discutindo sobre ir e não ir para a casa da minha amiga na sexta. Era algo importante para mim e eu iria com ou sem ele. Guilherme usava dos argumentos mais ridículos que alguém inseguro pudesse usar. Chegava a ser cômico.
Essa situação durou até a sexta no fim da manhã, quando ele viu que não tinha mais o que falar deu sua cartada final com a seguinte mensagem.
Guilherme - Eu não vou nesse aniversário e você poderia muito bem ir outro dia na casa dela. Até iria junto com você. Por isso, saiba uma coisa. Se você for, está tudo terminado entre nós.
Eu - Então no fim da noite vou me considerar uma mulher solteira e você um rapaz solteiro. Combinado?
Desliguei o meu celular e voltei aos meus afazeres. Estava com raiva daquela situação que acontecia repetidas vezes. Novamente o comportamento imaturo de Guilherme me atingia, porém, dessa vez num momento de transição na minha vida, onde eu estava envolvida num projeto grande e que envolvia não só a mim, mas que minha responsabilidade iria ser maior.
A diferença dessa vez é que eu não fiquei triste, fiquei mesmo só com raiva, muita raiva, porém, descontei tudo no trabalho agilizando muito do que poderia ficar para o sábado. Na sexta, consegui sair do restaurante pouco antes das sete da noite, dando tempo de correr no shopping e comprar o presente da minha amiga.
Em casa, liguei o celular e só havia mais algumas ameaças do Guilherme sobre terminar o namoro, eu simplesmente ignorei. Se aquele ultimato era verdade ou não, pouco me importava. Naquele momento, no meu quarto, pouco antes de entrar para o banho, eu já me considerava solteira. Afinal, eu iria sim ao aniversário, com ou sem ele.
Eu tomei um banho bem relaxante, chorei um pouco, admito, mas da raiva que me tomava, mas logo me centrei. Eu ia aproveitar a noite com as minhas amigas. Depois daquela semana, era algo que eu merecia. Eu só não podia sair muito do controle, afinal no outro dia eu ainda tinha o que fazer. A inauguração tinha sido definida para a segunda e tudo tinha que estar pronto e funcional.
Para ir ao aniversário escolhi um look bem confortável. Um all star preto, shorts jeans azul marinho, com uma blusa texturizada preta de mangas não tão curtas que ficava por dentro de shorts e um cinto preto. A tiracolo, minha bolsa.
Me perfumei e pensando bem no que poderia vir depois de qualquer decisão minha ainda passei uma mensagem para o Guilherme.
Eu - Passo para lhe buscar para ir no aniversário ou você vem me buscar?
A resposta dele foi cínica.
Guilherme - Estou trabalhando, não vou poder acompanhar você.
Ele não me deu novamente aquele ultimato, será que tinha pensado melhor ou ele realmente esperava que eu ia comprar aquela chantagem barata dele? De qualquer das formas, eu estava levando bem a sério o que ele tinha dito mais cedo por mensagem. Eu iria para o aniversário e me consideraria solteira a partir dali.
Com o Daniel, de quarta até sexta houve pouca conversa. Apenas o bom dia de sempre e mensagens de saudades. Ele também estava abarrotado de serviço no banco em que trabalhava. Eu sentia falta de conversar com ele como eu fazia na academia, mas me restava pouco tempo até mesmo para pensar em conversar.
Não compartilhei com ele a nova crise que estava vivendo em meu relacionamento. Isso não era uma questão dele e de nenhuma forma, o que tinha acontecido com ele estava afetando o meu namoro. Pelo menos não naquela crise que se deu por mais uma bobagem da cabeça infantil do meu, até o momento, namorado.
Quando desliguei o celular na sexta depois do ultimato do Guilherme, também deixei de receber algumas mensagens do Daniel. Uma delas, li apenas quando peguei o celular pouco antes de entrar no banho. Li rapidamente e pelo estado que me encontrava, dei pouca importância. Ele me avisava que iria sair com os amigos e que esperava me ver no sábado. Eu não respondi.
Fui para o aniversário de minha amiga e lá encontrei minhas outras amigas. Algumas com seus namorados e claro, elas perguntaram sobre o Guilherme. Eu falei a verdade e disse que ele não queria me acompanhar e que era por um motivo infantil que não valia a pena comentar naquele momento. Era uma ocasião de celebração e lamentos por um fim de namoro não eram cabíveis.
Elas não eram cegas e notaram que algo estava ocorrendo, mas não insistiram. Sabiam bem que haveria o momento que eu iria partilhar o real motivo da ausência de Guilherme ao meu lado.
O aniversário transcorreu de forma bem normal. Foi divertido e tinha muita coisa gostosa. Conversei muito com as meninas e falei que as esperava no restaurante para almoçar comigo na segunda, dia da inauguração. Elas toparam. Quanto ao primo da minha amiga, aquele que o Guilherme tinha conflitos e o fez não ir para o aniversário, nem olhou para mim. Estava com a sua namorada, que se diga de passagem, era uma loira exuberante.
Ainda no aniversário recebi uma mensagem de Daniel, perguntando se havia ocorrido alguma coisa ou se sua mensagem não tinha chegado. Respondi de imediato pedindo desculpas e falando que havia lido, me distraído e não respondido. Ele entendeu. Conversamos brevemente, apenas eu falando onde estava e ele me falando para onde ia com seus amigos. Aproveitei e avisei que não seria possível caminhar com ele na tarde de sábado. Aquele momento eu ia usar para conversar seriamente com Guilherme. Daniel também me pediu para que mandasse mensagem quando chegasse em casa, já que tinha dito que tinha ido sozinha para a festa.
Cheguei em casa cedo, por volta da meia noite. O aniversário não foi nenhuma festa grandiosa de parar a cidade, nem era essa a intenção da minha amiga. Foi apenas uma pequena celebração para unir os mais próximos perto dela num dia importante para a vida dela.
Quando já estava em casa, vi que tinham algumas mensagens de Guilherme, simplesmente ignorei. Para mim, com aquele ultimato sobre ir à festa, nosso namoro tinha chegado ao fim, só faltava formalizar comunicando a minha decisão ao meu agora ex-namorado no dia seguinte.
Eu estava bem relaxada depois da festa. Toda a correria e estresse no trabalho foram diluídos nas risadas e fofocas divertidas com as meninas nas poucas horas que passamos juntas. Aquilo me trouxe a breve reflexão de que seria muito saudável para mim e também para elas, sair juntas com mais frequência.
Acabei esquecendo de avisar ao Daniel que tinha chegado bem em casa, tomei um banho e fui para a minha cama, no outro dia ainda tinha trabalho a ser feito no restaurante e eu não poderia me atrasar.
Quando acordei, vi que já tinha passado uns 15 minutos além do horário que eu costumo acordar. Corri para tomar um banho rápido e depois meu café. Nem tive tempo de olhar meu celular antes de sair de casa. Cheguei no trabalho bem na hora em que meus tios também chegavam.
Quando por volta das nove da manhã, recebo uma ligação de Daniel, um tanto preocupado comigo.
Daniel - Oi, Sara, bom dia! Você tá bem? Graças a Deus atendeu.
Eu - Oi, bom dia, Dan! Tudo bem sim e com você? Por que o tom de preocupação?
Daniel - Ora por quê? A mocinha não passou mensagem avisando que chegou em casa, né? Quando eu cheguei, olhei o celular não tinha nada. Passei mensagens perguntando se havia acontecido alguma coisa e nenhuma resposta. Aí acordei agora e resolvi ligar.
Eu comecei a rir da aflição do Daniel ao não ter respostas minhas.
Eu - Desculpa, eu acabei esquecendo de enviar a mensagem que havia prometido para você quando chegasse em casa. Acabei dormindo. Agora estou no trabalho. Acordei atrasada e para chegar na hora que marcamos aqui eu ignorei o celular completamente. Mas tá tudo bem, viu? Eu estou inteira, cheguei em casa sã e salva. E você se divertiu?
Daniel - Ah sim! Eu entendo. Que bom que foi só essa sua cabecinha né? Eu me diverti sim. Fomos a um barzinho e depois para uma boate. O Bruno estava junto e perguntou por você. Mandou um beijo. Disse que o aniversário dele é no próximo mês e que é para eu te levar.
Eu - Fico feliz que a noite tenha sido divertida. Espero que não tenha bebido e dirigido, viu Daniel? Quando chegar mais perto, a gente combina para ver se eu poderei ir, tá bom? Agora eu tenho que voltar aqui aos meus afazeres. Beijos!
Daniel parecia querer conversar mais um pouco, mas realmente eu não podia naquele momento. Quando eu era criança, essa coisa de ser adulta parecia ser mais divertida.
Ao longo do dia, via as mensagens de quase desespero do Guilherme, que voltaram a ser enviadas durante toda a manhã. Eu só lia. Já próximo do meio dia, quando eu já estava em casa para almoçar, enviei uma mensagem para ele.
Eu - Bom dia! Me encontre hoje na sorveteria perto da sua casa às 17:00 horas. Certo? Temos que conversar. Eu aguardo por você lá.
As mensagens seguintes de Guilherme foram questionando se eu não iria para a sua casa naquele sábado. Como já havia marcado na sorveteria com ele, não respondi mais nada. Eu estava decidida a terminar e não faria isso na casa dele.
No sábado à tarde e no domingo inteiro eu finalmente teria uma folga. O que ainda restava a ficar pronto para a inauguração de segunda seria resolvido pelos meus tios, mas não era muita coisa. As coisas mais importantes já tinham sido arrumadas e estavam em plena disponibilidade para a segunda.
Aproveitei aquela tarde para ir ao salão de beleza. Eu tinha que estar linda e plena na segunda. Fiz as unhas e hidratei o cabelo e tive um momento para mim. Quando saí de lá, o momento de colocar um fim formal no meu namoro tinha chegado.
Cheguei na sorveteria faltava uns 5 minutos para o horário que tinha marcado com Guilherme e ele já estava lá. Aparentava nervosismo. Acredito que, quando falou a besteira que falou sobre eu ir à festa, não esperava aquela resposta e nem que eu ia manter ela como decisão.
Cheguei à mesa e Guilherme veio dar um selinho, mas não deixei, virei o rosto, deixando apenas que ele beijasse o meu rosto e sentei na cadeira. Notei no rosto dele que naquele momento ele se deu conta que as consequências seriam graves. Não pedi nada, sentei na cadeira e fui bem direta quanto ao assunto da conversa. Olhando diretamente para os seus olhos falei:
Eu - Guilherme, eu acredito que nossa relação não tenha mais condições de seguir da maneira que está hoje. Como eu não vejo solução e a mesma situação já ocorreu reiteradas vezes e, nesse momento da minha vida, eu preciso de um pouco de paz e serenidade, eu optei por seguir a minha vida sem você a partir de hoje. Vim aqui apenas para te comunicar que para mim, nosso namoro chegou ao fim.
Guilherme tentou argumentar das mais variadas formas, pediu infindáveis desculpas sobre a forma que se comportou em relação ao aniversário da minha amiga, que se arrependia de não ter me acompanhado e que não devia ter falado o que falou. Justificou no desespero a sua chantagem e no mesmo momento notou que tinha feito besteira. Prometeu várias mudanças e jurou seu amor por mim. Todavia aquela batalha, para ele, já estava perdida.
Sem dúvidas, apesar de eu não ter nenhuma garantia, o que eu tinha com o Daniel ia suprir qualquer ausência que pudesse sentir em relação ao meu namoro. Isso me deu uma certa tranquilidade para tomar aquela decisão.
Também não era agradável para mim estar traindo daquela forma, não é algo que eu me orgulho de ter feito, mesmo que os momentos com Daniel estivessem sendo maravilhosos. O comportamento imaturo de Guilherme que se repetia nas mais variadas ocasiões, com certeza tornou a difícil decisão de optar por um ou por outro, mais fácil.
Eu não revelei para ele que eu estava me envolvendo com outra pessoa e que já tinha passado das linhas de limites das mais variadas formas. Apenas ouvi o que ele tinha a prometer e a argumentar para tentar a impossível mudança da minha decisão. Ao fim disso, olhando com calma, segurança e serenidade para ele, falei:
Eu - A minha decisão está tomada. Nós não somos mais namorados. Muito obrigada pelo tempo que passamos juntos, mas realmente não dá mais para mim. Essa é a minha decisão e não tem argumento seu que possa me fazer mudar de ideia. Fique bem e seja feliz!
Dito isso, não esperei ele falar qualquer outra coisa e me levantei, indo para o meu carro. Guilherme ainda tentou vir atrás de mim, mas eu saí com o meu carro direto para a minha casa.
A partir daquele momento eu estava solteira, não estava mais traindo ninguém e prestes a começar uma fase desafiadora da minha vida profissional. Eu estava em paz com todas as minhas decisões.
Já em casa, optei por não falar nada para o Daniel. Eu estava até com vontade de vê-lo, conversar um pouco, mas sabia que o Guilherme ainda ia insistir um tempo em voltar e ficar procurando contato por um tempo. Ele me encontrar com o Daniel já em clima de romance ia ser uma cena que eu não estava nada afim de viver. Optei por ser cautelosa.
Não errei. Naquele mesmo sábado Guilherme passou a noite me enviando mensagens e ligando. Comuniquei aos meus pais que não queria ver ele e que o namoro tinha terminado. Ele até foi na minha casa e ouviu o conselho do meu pai para seguir a vida, que caso eu quisesse dar uma nova chance a ele, com certeza ele ia ficar sabendo.
Pouco adiantou, nos dias seguintes ele continuou com as mensagens e ligações, além de ter ido ao restaurante tentar me ver. Me fechei na minha sala e comuniquei que não o receberia. Eu estava decidida e não mudaria de ideia.
No domingo arrumei meu quarto e fiquei o dia todo em casa. Daniel perguntou porque eu não queria encontrá-lo naqueles dias, já que eu estava falando o tempo todo com ele pelo celular. Dei uma desculpa sobre estar indisposta, me preparando para a primeira semana do restaurante. Ele foi bem compreensivo.
Prometi a ele que na segunda eu iria malhar, uma hora antes do horário habitual e ele prontamente afirmou que estaria lá. Fiquei animada com isso e comecei a pensar como seria daqui para frente. Eu tinha acabado o namoro a pouco tempo e não queria ser vista com outra pessoa tão cedo. Sei que abrindo o jogo para o Daniel ele poderia me ajudar a ter uma solução para aquilo, ou simplesmente dizer que a minha vida não era da conta de ninguém. Ele estaria certo.
Ainda no domingo, conversei com as minhas amigas e relevei que não tinha mais nada com Guilherme. Algumas delas já desconfiavam quando não cheguei acompanhada dele no aniversário da nossa amiga e foi então que falei o motivo dele não ter ido. Todas acharam a atitude de Guilherme ridícula. Elas queriam até sair, comer algo, pensando que eu estaria desanimada pelo término, mas eu não estava mal ou deprimida pelo fim do namoro. Eu estava serena e segura da minha decisão.
A nova semana seria a primeira do restaurante, com certeza desafiadora e de muito aprendizado e o ponto inicial para uma nova maneira de viver e ver as coisas.