No curso do segundo grau, que na minha época chamava-se curso colegial tive acesso a aulas de filosofia e psicologia ministrados por um professor recém-contratado pela escola para tal finalidade; seu nome era Diógenes e desde o primeiro dia de aulas ele me cativou em todos os sentidos; como todo adolescente procurando por respostas eu encontrava nele e em suas palavras algumas das respostas que eu procurava, assim como via nele um exemplo a ser seguido algo que me motivaria pelo resto da vida.
Ainda como todo adolescente típico eu sofria de baixa autoestima majorada por meu excesso de peso e meu jeito desengonçado de agir o que me tornava uma espécie de pária social que me isolava dos demais; foi nessa situação que Diógenes aproximou-se de mim com seu jeito afável e confiável; nos intervalos entre períodos de aulas ele vinha até mim sempre puxando conversa sobre assuntos variados ficando impressionado com meu conhecimento erudito e me incentivando a desenvolver certos temas que ele mesmo se encarregava de propor como uma espécie de desafio que eu não hesitei em aceitar o embate de palavras e ideias.
A medida em que nos aprofundávamos nos temas eu me sentia mais confortável ao seu lado; Diógenes era um sujeito bonito para os padrões da época sempre com a barba bem feita e trajando roupas descoladas que o afastavam da visão tradicional de um professor do ensino médio; era alto, de peito largo e corpo bem definido indicando que ele devia praticar algum tipo de esporte ou atividade física. Esse conjunto de atributos me encantava como um exemplo a ser seguido a fim de me tornar parecido com ele.
Certo dia após o término das aulas, Diógenes sinalizou indicando que queria conversar comigo; próximo da sala dos professores ele me convidou para ir até sua casa para conhecer sua biblioteca particular e tomarmos um café juntos; como já naquela época eu era apaixonado por café aceitei de pronto e combinamos de nos encontrar naquela mesma tarde; Diógenes residia em uma casa térrea que pertencera aos seus pais e que ele cuidava com muito esmero. Como naqueles tempos a criminalidade não era algo tão perturbador a casa possuía um muro baixo onde se vislumbrava um lindo terreno ajardinado com roseiras e outras flores um tanto exóticas, ladeado por um trecho pavimentado com pedras e um acesso para uma garagem subterrânea.
Assim que me aproximei do portão de ferro em estilo colonial Diógenes abriu a porta da casa, vindo ao meu encontro; nos cumprimentamos com a formalidade habitual e ele me convidou a entrar; a sala era algo que remetia a filmes clássicos dos anos cinquenta, com móveis de madeira de lei, sofás de couro e paredes forradas de estantes abarrotadas de livros e mais livros; fomos para a cozinha onde ele já preparara um café com biscoitos, leite e um delicioso bolo de laranja.
Enquanto desfrutávamos da mesa farta Diógenes falava um pouco de sua vida; nunca fora casado e sempre viveu naquela casa; formou-se inicialmente em Direito e depois em Psicologia e Filosofia onde encontrou sua aptidão para ensinar; atualmente estava fazendo doutorado e além das aulas também fazia resenhas de livros para uma livraria muito conhecida e renomada. A certa altura voltamos para a sala e enquanto eu me sentava numa confortável poltrona de couro escuro ele dirigiu-se até uma estante sacando um compêndio e trazendo até mim.
-Esta é uma obra sobre sexualidade na Grécia antiga que gostaria que você lesse – disse ele estendendo o volume para mim – quando terminar podemos conversar sobre algo que lhe diz respeito.
Sem esperar por uma manifestação de minha parte Diógenes mudou de assunto falando sobre o colégio e seus alunos; eu senti que havia algo sobre o compêndio que ele ansiava que eu descobrisse para que depois pudéssemos manter um diálogo mais próximo me deixando com uma ponta de curiosidade juvenil salpicada por hesitação e expectativas. Em pouco mais de dois dias eu devorei aquele volume de quase seiscentas páginas e anunciei a ele que terminara o que o deixou muito feliz. Mais uma vez ele me convidou para sua casa a fim de que discutíssemos sobre o que eu lera. Depois de outro delicioso café fomos para a sala nos sentando em um sofá também muito confortável.
-Bom, como você já está quase atingindo a maioridade, creio que podemos conversar livremente – iniciou ele com tom sincero e voz pausada – então sugiro que deixemos de lado questões morais e falemos abertamente …, você concorda com isso?
Imediatamente manifestei minha concordância com sua proposta pedindo a ele que iniciasse sua explanação. Diógenes então falou sobre evidências historiográficas que reportavam ser o amor homossexual uma prática comum entre os gregos, inclusive com Sócrates afirmando ser adepto do amor homossexual e também que o coito anal correspondia a melhor forma de inspiração.
-Sim, isso é verdade – comentei com firmeza – inclusive a pederastia que era uma relação socialmente reconhecida entre um homem e um adolescente do mesmo sexo, o que podia ainda representar uma espécie de rito de passagem como em Creta onde servia de iniciação para a vida militar, pois apenas homens que se amavam seriam capazes de defender-se mutuamente contra um inimigo.
-Muito bom! Vejo que você realmente absorveu a leitura! – interpelou ele com tom elogioso.
Prosseguimos argumentando sobre o tema que continha em si próprio um teor luxurioso que acabou por me deixar excitado; o olhar arguto de Diógenes percebera isso de imediato e seu sorriso discreto parecia uma insinuação provocadora que arrepiava minha pele.
-Você já beijou alguém? – perguntou ele de supetão deixando-me alarmado – digo, homem ou mulher?
Balancei a cabeça em negativa com aspecto encabulado sem coragem de olhar para o rosto de Diógenes. “Já pensou como seria beijar outro homem? Alguma vez sentiu essa vontade?”, tornou ele a inquirir com tom insistente. Eu respirei fundo buscando forças para me manifestar e ao final apenas acenei com a cabeça em afirmação cheio de insegurança. Foi então que ele se aproximou de mim segurando meu queixo e levantando meu rosto que ele fitou com uma expressão de ternura enquanto aproximava seus lábios dos meus. Não ofereci resistência sentindo seus lábios juntos aos meus e sua língua dentro de minha boca provocando uma onda de sensações inexplicáveis, mas também excitantes; foi então que começou uma peleja oral com nossas línguas embatendo-se com desmedida voracidade que provocou uma onda infindável de arrepios percorrendo meu corpo causando em mim uma nítida percepção de que como aquilo era profano, mas muito excitante!
Embora eu quisesse muito que aquele beijo não tivesse mais fim, repentinamente Diógenes afastou-se mirando meu rosto com uma expressão intrigante; eu queria dizer alguma coisa, mas não conseguia fazê-lo limitando-me apenas a encarar seu rosto. “Quero que pense com calma no que sentiu enquanto nos beijávamos e se tiver certeza do que quer, volte aqui …, eu estarei a sua espera”, sugeriu ele com tom calmo e amável. Quando me levantei para sair, ele segurou minha mão e sorriu; em seguida ele também ficou em pé e caminhou até uma outra estante de onde tirou uma brochura trazendo até mim.
-Tome, isto é uma tradução livre de poemas hispano-árabes – disse ele estendendo a brochura para mim – leia e pense …
Sem esperar por uma resposta de minha parte Diógenes deu de costas caminhando até a porta abrindo-a para mim; naquela mesma noite eu devorei o conteúdo da brochura e me senti instigado a experimentar tudo aquilo que aqueles homens de séculos passados haviam usufruído entre si e mal consegui dormir imaginando se Diógenes me concederia essa oportunidade tão especial; no dia seguinte, ao término das aulas fui no encalço dele e assim que me viu, ele abriu um largo sorriso entregando-me discretamente um pedaço de papel onde lia-se apenas a frase “te espero”.
Logo após o almoço, vesti uma bermuda e uma camiseta rumando para a casa de meu professor; ao chegar notei que o portão estava entreaberto como um convite para mim; avancei pela estreita passagem de pedras e descobri que a porta da sala também estava aberta; assim que eu entrei tomei um susto ao ver Diógenes nu sentado em uma poltrona; senti uma espécie de choque elétrico percorrendo meu corpo causando uma mescla de receio e excitação; Diógenes era de fato um homem bonito e sua nudez digna de sua beleza; olhei para seu peito largo e peludo descendo até vislumbrar sua piroca de dimensões medianas, mas que impressionava pela rigidez apontando para o teto e vibrando de maneira provocativa.
-Assim você me deixa acanhado! – disse ele com tom brincalhão – porque não tira a roupa para que eu possa te ver?
No primeiro momento hesitei chegando a recuar com a intenção de ir embora sem olhar para trás, mas logo percebi que eu mesmo escolhera estar ali naquele momento não havendo uma razão qualquer, suficiente para que eu voltasse atrás; com gestos desordenados tirei minha roupa expondo-me para os olhos e também para o deleite de meu professor que após examinar-me cuidadosamente acenou para que eu me aproximasse dele; enquanto caminhava com passos trêmulos em sua direção; quando fiquei bem próximo dele, Diógenes se levantou e usou suas mãos para me acariciar usufruindo da sensação de minha pele fria e arrepiada; em seguida ele segurou meu rosto e mais uma vez tornamos a nos beijar.
Naquele momento senti um beijo mais intenso, quase febril com as mãos dele me apertando ao mesmo tempo que sua língua fazia deliciosas estripulias dentro da minha boca; e foi nesse clima que todo o meu receio interior desanuviou-se impondo que eu me entregasse a uma luxúria indomada; quando nos separamos novamente, Diógenes tornou a sentar-se na poltrona pegando uma almofada jogando-a no chão entre seus pés pedindo que eu me pusesse de joelhos entre suas pernas; assim que obedeci ele acariciou meu rosto e depois enfiou seu dedo indicador dentro de minha boca; agindo por instinto comecei a chupar o dedo sem esconder minha sofreguidão em fazê-lo.
O olhar incendiário dele me contagiava fazendo com que eu segurasse sua mão para chupar seu dedo como se fosse uma mamadeira; o clima entre nós tornava-se cada vez mais impregnado de densa luxúria e quando ele puxou seu dedo para fora de minha boca eu me vi tomado por uma impetuosidade incontrolável buscando saciá-la da única forma possível a meu ver ao abocanhar seu membro chupando-o com desmedida cobiça; desfrutei daquela piroca rija ora chupando, ora lambendo ora apenas mantendo a glande entre meus lábios usufruindo dos gemidos e suspiros de Diógenes que atestavam minha habilidade em impactar o tesão que ardia entre nós sem pressa em extinguir aquela chama libidinosa.
Algum tempo depois ele se desvencilhou de minha prisão oral e fez com que ficássemos de pé com ele me conduzindo para o seu quarto onde indicou a cama; subi sobre ela e me pus de quatro não demorando em sentir as mãos de meu parceiro separando minhas nádegas e sua língua passeando pelo rego detendo-se no brioco ainda cabaço fazendo-me tremelicar involuntariamente; não resisti em soltar um gemidinho quando senti a glande sendo pincelada em meu rego chegando a dar pequenos cutucões no meu buraquinho deixando-me todo arrepiado; uma estocada mais contundente projetou a chapeleta para dentro de mim.
Senti as pregas romperem-se obrigando o brioco a lacear para receber o invasor causando uma dor aguda que parecia cauterizar minhas entranhas; tentei escapar, mas Diógenes me impediu segurando minhas nádegas com suas mãos fortes chegando a esmagar a carne entre seus dedos. “Calma, meu querido! Procure relaxar para não doer ainda mais!”, disse ele com tom sussurrante mantendo-se imóvel para que de alguma forma eu me acostumasse com aquela sensação dolorosa. Após algum tempo, ele retomou o ataque metendo a piroca lentamente, centímetro por centímetro como se estivesse a apetecer-se em me deflorar.
A dor aumentava na mesma cadência da penetração e quando ele finalmente conseguiu introduzir sua vara por inteiro dentro de mim soltou um longo suspiro de satisfação. “Você tem um buraquinho bem apertado …, e de agora em diante ele me pertence!”, anunciou ele com tom vitorioso enquanto dava início a uma sucessão de estocadas profundas e vigorosas alheio aos meus reclamos e súplicas. Cada golpe desferido contra meu brioco despontava em uma dor lancinante que parecia como uma lâmina cortante rompendo-me por inteiro sem que eu pudesse fugir daquilo que mais parecia um castigo.
Todavia, houve um momento em que a dor foi perdendo intensidade tornando-se plenamente suportável ao mesmo tempo em que eu passava a usufruir de uma indescritível sensação de prazer que encantava minha mente desejando saber como era possível ir-se da dor ao êxtase de um momento para o outro; Diógenes não demorou a perceber essa mudança acelerando um pouco mais suas estocadas e aprofundando-as o quanto lhe fosse possível; o mais incrível foi a ereção pulsante que de chofre brotara em mim no mesmo ritmo das estocadas sempre vigorosas de meu parceiro permitindo que eu desfrutasse de um amálgama de arroubos efervescentes que me faziam gemer de prazer deixando para trás toda a dor que me assolara.
Sem qualquer noção de tempo eu me surpreendia com o desempenho viril de Diógenes que não dava sinais de arrefecimento golpeando com a mesma cadência veemente acariciando e apertando minhas nádegas causando em mim uma sensação de pertencimento irrestrito; de forma imprevista e não anunciada, Diógenes golpeou com mais força até contrair-se projetando seu corpo contra o meu anunciando que seu ápice tornara-se inevitável.
Foi um momento inexplicavelmente extasiante com minhas entranhas sendo irrigadas com os jatos quentes de esperma que eram lançados em golfadas pelos movimentos açodados de meu parceiro no mesmo ritmo em que também eu desfrutava de um gozo profuso sem que eu precisasse de alguma manipulação; foi algo realmente incrível e alucinante que me deixou esgotado, mas pleno de satisfação. Diógenes permaneceu imóvel desfrutando da derradeira sensação de sua pistola definhar lentamente até ele puxá-la para fora de mim, fazendo questão de manter minhas nádegas separadas para que ele pudesse apreciar o filete de sêmen escorrendo do meu brioco arregaçado lambuzando a parte interior das minhas coxas.
Diógenes estava tão pleno que sequer ofegava embora suasse profusamente assim como eu e deitou-se ao meu lado pedindo que eu me mantivesse de bruços para que ele pudesse acariciar meu traseiro; das carícias aos beijos foi instantâneo e mesmo eu percebendo que já era um pouco tarde prolonguei ao máximo minha estada ao seu lado. Antes de nos despedirmos ele me deu uma pomada aconselhando a usá-la como se lesse meus pensamentos. Voltei para casa me sentindo enlevado pela experiência que Diógenes me proporcionara e mesmo com o brioco dolorido por alguns dias, eu tinha a certeza de que tudo valera a pena.
Algumas semanas depois eu estava pronto para um novo encontro com meu professor de filosofia e para tanto enviei-lhe alguns sinais gestuais indicando meu desejo; no início ele pareceu um pouco distante até que finalmente veio ao meu encontro no intervalo; conversamos por alguns minutos até ele atender às minhas expectativas. Naquela mesma tarde eu fui para sua casa e do mesmo modo anterior tudo estava a minha espera; entretanto desta vez Diógenes mostrou-se mais dono da situação cuidando de me deixar nu com suas mãos fortes e me levando para o quarto e me atirando sobre a cama; com uma bisnaga nas mãos ele untou sua piroca e depois lambuzou meu rego metendo o dedo melado dentro do brioco.
Ele me colocou de barriga para cima e ergueu minhas pernas flexionando-as na altura dos joelhos passando e impelir sua pélvis para frente e para trás até o momento em que deu-se uma nova penetração profunda; soltei um suspiro prolongado ao sentir o bruto invadindo minhas entranhas; Diógenes socou com força sempre mirando meu rosto como se apreciasse a expressão extasiada que eu exibia para ele. Foi uma cópula intensa e insana em que ele incumbiu-se de me masturbar até que ambos atingíssemos o gozo delirante; pouco depois deitados lado a lado ele me puxou e beijou-me longamente. “Você precisa ir!”, disse ele com tom enfático quando nos separamos do beijo deixando-me aturdido com sua franqueza. Eu bem que relutei, mas logo percebi que era inútil já que ele parecia resoluto.
Voltei para casa amargando uma mescla de revolta, frustração e tristeza nutrindo um ódio vazio contra Diógenes. Na semana seguinte fomos apresentados à nova professora de filosofia o que nos causou profundo espanto, especialmente para mim; naquele mesmo dia procurei por Diógenes, mas ele havia desaparecido como fumaça; não se falava nem comentava sobre ele e sua ausência. Dias depois, recebi uma carta dele e dentro havia apenas um verbete: Paixão vem do latim passio (-onis), e significa, literalmente, “passividade” ou “sofrimento” e definia aquele estado largado que uma pessoa profundamente enamorada fica. Indo mais além, a raiz grega é pathos, que significa “doença”. Até hoje guardo comigo essa missiva sempre relembrando o quanto dói uma paixão.