Olá a todos. Sei que muitos estão esperando a continuação da minha primeira série, mas uma história, para ser bem contada, às vezes precisa de um tempo para maturação. Ainda não estou satisfeito com o que escrevi para a continuação e por isso, estou trabalhando e revisando as próximas partes. Mesmo que esse seja um site de conteúdo gratuito, minha obrigação é entregar sempre o melhor, e por isso, optei por esse pequeno tempo. A primeira série volta em alguns dias, mas por enquanto, vocês acompanham essa nova série, que é de poucas partes e tem me dado o mesmo prazer de contar para vocês. Obrigado a todos.
Revisão e pitacos: Id@.
Continuando:
Saí uma hora mais cedo do trabalho e voltei para casa, encontrando Yelena muito triste no sofá, com os olhos marejados, encolhida, sem prestar muita atenção na programação da TV. Me aproximei:
– Você está bem? Uma semana passa rápido, eles logo estarão de volta. Se quiser, podemos fazer companhia um ao outro.
Além de linda e gentil, Yelena tem uma característica muito fofa, o seu sotaque. Como todo gringo que aprende português, uma das línguas mais difíceis do mundo, sempre existe a troca de vogais e a dificuldade com o tempo e a conjugação verbal. Yelena, ao me ver, tentou disfarçar a tristeza, sorrindo com certa melancolia, carregando ainda mais no sotaque:
– Tuda bem! Só pensar no vida aqui.
Todos nós sempre a corrigíamos, a pedido da própria, para que melhorasse cada vez mais, mas achei melhor não o fazer naquele momento. Apenas me mostrei disponível:
– Quer tomar um vinho, conversar? Não tenho nada para fazer.
Ela sorriu, um pouco menos triste:
- Eu aceita.
Fui até a miniadega da sala de jantar e quando me preparava para pegar uma das garrafas, ela pediu:
– Acho que prefirro vodca. Precisar mais forte. – Ela tentou se corrigir. – Precisar de bebida mais forte.
Apesar de russa, era a primeira vez que eu via Yelena pedindo vodca. Tentei ser ainda mais carinhoso, cuidar, suprir a ausência de Mila e meu pai na sua vida.
Ao invés do vinho, peguei uma das garrafas de Russian Standard Vodka, que meu pai sempre deixava guardada para Yelena, mesmo que ela nunca tivesse pedido. Servi a nós dois uma pequena dose, pura, extremamente gelada, de acordo com as tradições russas que eu já conhecia e fiz o movimento para brindar. Ela aceitou e disse:
– Za Zdorovye. (À sua saúde.)
E tentou sorrir para mim, fazendo uma careta ao sorver a bebida. Ela desatou a falar:
– No Rússia, existe muito desigualdade entre homens e mulheres. Você sabe que violência doméstica é permitido na meu país? Se não deixar marcas ou quebra ossos, como vocês diz: tá tuda liberada.
Comecei a estranhar aquela conversa, pensando que meu pai pudesse estar abusando dela. Ela se serviu de mais uma dose e fazendo sinal para eu não a interromper, continuou:
– Também, existe muita trabalho que não são permitidas para os mulheres… você acreditar nisso?
Eu balancei a cabeça positivamente. Ela se serviu de uma terceira dose, me servindo também e voltou a falar:
– Quando conheci sua pai, seu jeito carrinhoso, me encantei no hora e me apaixonei. Vir para Brasil, uma país maravilhoso e onde os mulheres tem mesma reconhecimento que homens, me deixou muita feliz.
Eu apenas ouvia, tentando entender onde ela queria chegar. Ela se servia de novo e voltava a dizer:
– Eu ama sua pai, de toda coraçau, mas nau sei o que tenho feita de errado. Nos últimas meses, parece que ela perdeu o encanto em mim. Pouca vez me pracura…
Eu não acreditava no que ouvia e a tristeza de Yelena era tão profunda que ela não reparou na minha cara de decepção e continuou a falar:
– O que eu fiz errada? Será que ele não quer mais eu?
A coincidência era muito óbvia. Mas será que ela merecia ouvir as minhas suspeitas de forma tão direta? E se eu estivesse errado? Provavelmente, acabaria com dois relacionamentos. Por sorte, antes que eu me decidisse, ela voltou a falar:
– Eu inveja você e Mila. Sorte meu ter vocês como família. É tau bonita ver vocês duas juntos…
Eu resmunguei:
– Nem tudo é o que parece…
E realmente, fora da nossa intimidade, das quatros paredes do nosso quarto, Mila e eu tentávamos passar uma imagem de normalidade, de que tudo estava bem. Ela ouviu:
– Nem tuda parece? O que querer dizer?
Tentei ser sutil, mas chateado com as coincidências, fui honesto:
– Mila e eu temos vivido de aparência, por isso eu disse que nem tudo é o que parece. Nosso relacionamento não está numa fase muito boa.
Yelena me olhou assustada, parecendo que alguma coisa havia ligado o seu sinal de alerta. Me olhando com verdadeiro pavor, ela disse:
– Nau… nau achar possível… nau pude ser… será?
Pelo jeito, chegamos à mesma conclusão. De cabeça baixa, cada um pensava no que queria dizer. Eu comecei a fazer uma retrospectiva mental: "Mila e meu pai sempre se deram bem, mas de alguns meses pra cá, estão mais parceiros do que nunca. Ele sempre foi um bom piadista, um cara divertido, mas ultimamente, qualquer coisa que ele diz é motivo para ela rir, por mais idiota ou sem graça que fosse. Como eu estou muito ocupado na empresa e Yelena passa o dia na sua clínica, eles ficam praticamente o dia inteiro sozinhos aqui."
Yelena se levantou nervosa, tomou um shot duplo de vodca e começou a andar de um lado para o outro da sala, esfregando uma mão na outra, levando a mão à cabeça e ajeitando o cabelo, falando sozinha:
– Nau… eu estar doida…
E começou a falar no idioma natal:
– ублюдки, я не верю, что они сделали бы это с нами... это может быть только кошмар... но если это правда, он не может проиграть, выжидая.
Eu começava a ficar alto pela bebida e protestei:
– Eu não estou entendendo você, está falando em russo.
Yelena me encarou:
– Eu ficar nervosa, acabar pensando alto na minha idioma.
Ela voltou a se sentar, mas desta vez, ao meu lado, me encarando com lágrimas nos olhos, se esforçando para segurar o choro:
– Eles estar traindo a gente? Isso ser possível?
Eu gostaria muito de dizer que não, mas ao vê-la em desespero, não pude mentir:
– Eu não sei… sinceramente, espero que não, mas as coincidências são muitas.
Ela se levantou outra vez e voltou a caminhar nervosa, de um lado para o outro:
– Но я не женщина, чтобы мириться с молчанием. Я капою эту суку и разрезаю грудь той суке, которая притворялась другом.
Não acreditei que ela estava fazendo aquilo de novo:
– Ei, em português, por favor. Não falo russo.
Ela me olhou com raiva, decidida, me assustando com a mudança:
– O que nós fazer pra descobrir? Precisar saber, ter certeza. Me ajuda?
Tomando mais uma dose, já sentindo fortemente os efeitos do álcool, eu disse:
– É claro que eu ajudo. Preciso da verdade tanto quanto você …
Não lembro muito bem do que aconteceu daquele momento em diante, mas acordei com o dia clareando, deitado no tapete da sala, apenas de cueca. Olhei ao redor e havia duas garrafas de vodca vazias e uma terceira pela metade. Nossas roupas espalhadas e Yelena apagada no sofá, apenas de calcinha e sutiã. Algumas decorações da sala estavam quebradas e pela posição, foram jogadas contra a parede. Eu não me lembrava de absolutamente nada.
Tentei olhar o corpo de Yelena, ver se existiam marcas de sexo, como chupões e tapas, mas sua pele branquinha estava intocada. Meu pênis parecia normal, sem cheiro de sexo ou sêmen seco na cueca. Acho que extrapolamos, mas nada de mais grave parece ter acontecido.
Tentei acordar Yelena antes que os empregados chegassem, mas ela dormia pesado. A única solução foi carregá-la até seu quarto e acomodá-la na cama. Minha cabeça doía, meus sentimentos estavam confusos, mas eu sentia que não tinha passado do limite com minha madrasta.
Eu não sou dessas pessoas que acham que vingança é a melhor saída para uma traição, mas eu não sabia o que se passava na cabeça de Yelena. Pelo pouco que me lembrava, palavras soltas, ela disse:
– Se elas estar sacaneando, vou mostrar como funciona em mãe Rússia. Se eu descobrir, eles me aguardar, pois devolver dez vezes mais.
As memórias voltavam aos poucos: bebemos mais, dançamos, choramos, nos beijamos… o quê? Não, isso não aconteceu… acho que nós nos apoiamos um no outro para não cair e acabamos encostando os lábios, foi apenas isso…
Atravessei o jardim e entrei na minha casa, indo direto para a ducha. Mais memórias: jogamos alguma coisa com cartas, apostando shots de vodca e peças de roupa… Yelena é um tesão, seu corpo é lindo e suas várias pintas pelo corpo… não é possível, contamos as pintas do corpo um do outro… segurei forte em sua bunda e dei beijos e mordidas naquele traseiro maravilhoso. Que mulher gostosa! Para! Nada disso aconteceu, não pode ter acontecido.
Eu não queria mais pensar naquilo, tinha a certeza de que não ultrapassei a última barreira e naquele momento, me forçava a acreditar na minha inocência, aquilo me bastava. Voltei à sala um pouco melhor após o banho e comecei a limpar a sujeira. Faltava pouco para os empregados chegarem.
Para o meu desespero, caída atrás do sofá, uma camisinha aberta. Ela não parecia ter sido usada para sexo, pois estava muito mais dilatada que o normal, e sem nenhum vestígio de fluídos. Comecei a lembrar que eu a enchi e brinquei com ela, como se fosse uma bexiga, um balão de aniversário. Mesmo preocupado, achando que Yelena e eu avançamos a barreira do aceitável, nada dizia que algo mais sério aconteceu.
Por mais que tentasse, nenhuma memória mais voltou, o que me tranquilizou de vez. No final das contas, apesar de uma certa libertinagem e algumas safadezas, tudo terminou antes do ato consumado. Fui surpreendido pela chegada de nossa governanta. Ela olhou a sala sem acreditar:
– O que aconteceu aqui, Antônio? Deram uma festa? Só você e sua madrasta?
Ela olhou para a camisinha próxima ao meu pé e voltou a me encarar. Tentei me explicar rapidamente:
– Não é o que parece. Estávamos bebendo, nos divertindo e usamos os preservativos de balão de festa, nada mais. Não pense em bobagens.
Ela me olhou divertida:
– Eu conheço você, sei que é um homem íntegro e de caráter. Confio na educação que te dei. E sei também, que é apaixonado pela senhorita Mila … – Ela começou a me ajudar a limpar aquela bagunça. – Para evitar fofocas, vamos deixar tudo normal antes dos outros chegarem.
Em vinte minutos, Bárbara, a governanta, que eu chamo de Bá desde sempre e eu, arrumamos tudo. Ela me fez um café bem forte e me deu uma aspirina. Ela era praticamente a minha mãe, me criou e sempre cuidou de mim, sendo a pessoa que eu mais confio no mundo. Ela notou que eu não estava bem:
– Desembucha! O que está acontecendo, meu menino?
Eu sabia que podia confiar e contei das minhas suspeitas. Bá pensava no que ouvia, mas não dizia nada. Precisei perguntar:
– Você acha que eu estou sendo paranoico? As coincidências são muitas. Você acha que Mila seria capaz de fazer isso? Do meu pai eu não espero muito, a gente sabe como ele sempre foi. Me surpreende mesmo é ele estar casado, vivendo uma vida doméstica.
Bá é uma mulher muito astuta e inteligente, sempre pensando bem antes de falar:
– Nem você e nem Yelena estão aqui durante o dia e eu nunca vi nada, mas …
Aquele "mas" fez meus ossos gelarem. Ela continuou:
– Eles passam o dia trancados no escritório, trabalhando. Nunca pedem nada e eu e os funcionários tentamos não atrapalhar. Quando estão na nossa presença, demonstram uma relação de proximidade, normal entre nora e sogro, mas sempre com muito respeito. De vez em quando, após o almoço, eles costumam sair e voltar três ou quatro horas depois, sempre antes de vocês retornarem. Mas seu pai sempre fazia isso antes e como funcionária, é normal que ele a leve junto agora. Eles estão sempre cheios de documentos e voltam da mesma forma que saíram.
Incrédulo, eu insisti:
– Mas você sempre repara nas coisas, não notou nenhum sinal estranho como a Mila de cabelo molhado, o cheiro de sexo no escritório, uma intimidade diferente entre eles?
Bá pensou bem, como sempre faz antes de falar, mas não tinha muito mais a dizer:
– Não! Se estão fazendo coisa errada, estão disfarçando muito bem. E se alguém além de mim tivesse notado, a fofoca entre os funcionários já teria se espalhado.
Não tinha muito mais o que Bá pudesse me dizer, mas um detalhe chamou minha atenção: "De vez em quando, após o almoço, eles costumam sair e voltar três ou quatro horas depois, antes de vocês retornarem". Que porra eles estariam fazendo fora de casa? As coincidências só aumentavam. Será que os desgraçados estariam saindo para foder? Minimizando os riscos de serem flagrados pelos empregados?
Minha cabeça doía ainda mais com as revelações de Bá. Eu precisava trabalhar, tinha um dia cheio pela frente. Voltei a minha casa nos fundos, me arrumei, mas antes de sair, tirei um tempo para inspecionar as coisas de Mila. Olhei o closet e suas roupas, gaveta de calcinhas, dentro dos sapatos… mas o que eu esperava encontrar? Não tinha a mínima ideia do que procurava. Era uma cena patética. Me recompus e fui trabalhar.
As primeiras reuniões da manhã foram maçantes, sem que eu conseguisse me concentrar. Desanimado, passei o controle das inspeções da linha de produção para um dos meus funcionários de confiança e me tranquei em minha sala, pedindo que não fosse incomodado.
Após um longo momento de reflexão, comecei a fazer pesquisas na internet, ler casos de traição no Reddit e entender um pouco mais sobre como pensam as pessoas que traem. Constatei que casos entre sogros e noras que moram no mesmo local era uma coisa muito comum de acontecer. Assim como entre madrastas e enteados também. Até descobri que incestos eram coisas muito comuns no mundo dos traidores.
Mudei o tema da pesquisa e comecei a me focar em como os traídos faziam para descobrir. Pessoas ricas contratam detetives, já os menos favorecidos, geralmente descobriam ao se tornarem chacota do bairro ou dos amigos. Aquilo me fez sentir mal, além de corno, o cara ainda virava piada.
Pesquisei e li por horas e aos poucos, ia bolando um plano em minha cabeça. Conversei informalmente por chat com um detetive muito requisitado, famoso por suas táticas tecnológicas e muito reverenciado no Reddit. Como eles estavam longe, viajando, ele me disse que eu tinha a vantagem, que poderia usar o tempo a meu favor e tomar algumas providências para vigiá-los. Não adiantava contratá-lo naquele momento, era melhor guardar esse recurso para quando tivesse mais certeza, quando precisasse documentar e obter provas sólidas.
Desanimado e enjoado pela ressaca, nem almocei naquele dia, passando o tempo todo pesquisando. Voltei pra casa lá pelas dezesseis horas e encontrei Yelena com uma nova garrafa de vodca na sala. Ela estava descontando a frustração na bebida e já estava completamente bêbada:
– Minha enteado, venha beber com seu mamãe emprestado…
Tomei a garrafa de sua mão, e aproveitando que ela estava de biquíni, levei-a até o chuveirão da piscina e dei um banho gelado nela, tentando mantê-la debaixo da água fria o maior tempo que consegui. Ela protestava:
– Parquê? Eu estar triste … sua pai estar traindo …
Eu tentei acalmá-la:
– Ainda não temos certeza, precisamos ser mais espertos do que eles.
Ela se debatia, tentando se soltar:
– Eu saber … já passar por isso … homen tuda igual, não prestar.
Eu falei em um tom acima com ela, mais impositivo:
– Eu sei o que fazer para descobrir e preciso da sua ajuda, mas só se você estiver bem. Ainda não temos certeza de nada, eu preciso que você se comporte.
Ela parou de se debater e me abraçou, aproveitando o meu descuido para me puxar para dentro do chuveirão com ela. Incrédulo, ao invés de me irritar, comecei a rir. Ficamos nos encarando, rindo juntos. Voltando ao seu estilo meigo, natural, aquele jeitinho sedutor, ela disse:
– Parquê eu só me apaixono pelas canalhas?
E me deixando sem saber o que fazer, levou os braços ao meu pescoço e me beijou. Foi mais do que um selinho, porém, um pouco menos longo para se chamar de um beijo romântico. Ela disse:
– Parquê eu nunca encontrar homem como você?
Foi o tempo dela se virar e começar a passar mal. Eu tive tempo apenas para direcionar seu corpo de volta ao chuveiro e segurar seus cabelos. Para a minha sorte, Bá acompanhou tudo e veio me ajudar. Deixei Yelena sob seus cuidados e comecei a me preparar para o que precisava fazer.
Antes de qualquer coisa, tirei aquela roupa molhada e tomei um banho. Nem sai mais de minha casinha nos fundos, evitando qualquer mal-entendido com Yelena. Carente, ela acabava se apegando a qualquer fiapo de carinho e atenção. Uma mulher tão linda como ela, sonho de qualquer homem, talvez não entendesse como poderia ser trocada por outra. Para vocês visualizarem melhor, Yelena é muito parecida com a modelo russa Natasha Poly, já Mila, tem um quê de Adriana Lima, os olhos verdes e o bocão, apesar de não ter os traços tão refinados com a modelo brasileira.
Eu precisava começar a agir, tinha seis dias de vantagem e algumas providências iniciais precisavam ser tomadas. No dia seguinte, meu plano seria posto em ação, mas para agitar ainda mais as coisas, ouvi batidas na porta da minha casa:
- Toni? Já dormir? Poder entrar? Não querer ficar sozinha.
Continua.
Traduções da parte em russo:
1⁰: Desgraçados, não acredito que eles fariam isso com a gente... só pode ser um pesadelo... mas se for verdade, eles não perdem por esperar.
2⁰: Eu não sou mulher de aturar em silêncio. Eu sou capaz de cortar os peitos daquela cadela que fingiu ser minha amiga