Meu vizinho bate punheta pra mim toda noite e não sabe disso

Um conto erótico de André Martins
Categoria: Gay
Contém 6008 palavras
Data: 20/06/2023 23:35:33
Última revisão: 26/06/2023 13:37:15

Eu sou o Diogo, vulgo DG. Tenho 43 anos, casado com a Kézia há 5 e trabalho como vendedor de carros usados numa concessionária em Ramos, mas fui bombeiro quando mais jovem e também pago de marido de aluguel aqui no bairro, ou seja, sou meio que um faz tudo. Entendo de fiação, encanamento, gás, reboco, pequenos consertos no geral, coisa e tal. Fisicamente falando, sou pardo, alto, 1,82m, diria que tenho o corpo conservado e relativamente inteiraço, apesar da pancinha de cerveja de parrudo. Calço 44, tenho cavanhaque no queixo, cabelo preto, curto e calvo das entradas. Tatuagem desbotada num dos braços, pelos no meio do peitoral, os ombros largos, as panturrilhas grossas e peludas. Alguns amigos vivem me zoando e dizendo que pareço com o ator Milhem Cortaz, mas acho que é só por causa do jeito de falar, já que sou moreno claro.

Na minha rotina normal, eu acordo por volta das 6h de segunda à sexta-feira, preparo o café, como, tomo meu banho enquanto Kézia se prepara pro hospital, depois saio e pego o carro pra ir pra concessionária. O sexo com a minha esposa já foi dos melhores, admito, mas acho que chega um momento da relação que dá uma amornada mesmo. O casal não transa mais todos os dias, às vezes só semanalmente, o fogo diminui e a mesmice faz o relacionamento cair no tédio. Nunca traí minha mulher e, pra ser franco, nunca senti vontade. É claro que já olhei e de vez em quando manjo uma ou outra rabuda que passam na rua, porém sempre disfarcei, nunca fui atrás de rabo de saia nenhum e também não olho na frente da Kézia, só quando tô sozinho ou com a rapaziada do futebol.

Antes de começar a contar a história do meu vizinho comigo, estou te falando mais ou menos o estado atual da minha vida sexual, pois tenho certeza que o fato de eu estar carente, precisando de atenção e de sexo foi o detalhe crucial e decisivo que serviu de estopim pra tudo que aconteceu entre mim e o Álvaro.

Meu lance com o Álvaro é novo, começou de repente e diria até que nenhum de nós dois imaginou que o contato fosse acontecer como aconteceu. Ele tinha acabado de se mudar pra casa que fica em cima da minha, eu tava saindo na manhã de domingo pra dar uma passada na feira e tomar uma com os caras do futebol, aí a porra da sacola rasgou na minha mão e os cascos de cerveja saíram rolando na calçada, alguns até quebraram.

- Puta que pariu! Mereço! Logo agora? – xinguei, não deu pra segurar.

Mó cheirão de frango assado de padaria no ar, pleno domingo de sol no Rio de Janeiro e eu preocupado com vidro quebrado em chão de calçada, tem jeito pior de começar o último dia do fim de semana? Normalmente o cara quer relaxar, ficar de boa, comer um churrasco, ver o Mengão, mas lá estava eu, suando e catando os cacos do chão. Foi quando o vizinho novo e recém chegado parou do meu lado, sua sombra cobriu meus olhos e eu lentamente virei pra ver seu corpo contra a luz do sol. Moreno mais claro que eu, das pernas infinitamente pentelhudas e torneadas, o corpo duro e peludo, um pouco mais baixo, barbudão e careca. Aparência de trintão e aliança no dedo.

- Ih, vizinho. Deu azar aí, foi?

- Opa, irmão. Porra, pior jeito de começar um domingão desses. Fala tu.

- Foda, meu amigo. Deixa que eu te dou uma força.

- Valeu. – estiquei a mão e o cumprimentei. – Diogo, vulgo DG.

- Álvaro. Prazer. – ele se apresentou, abaixou do meu lado e se pôs de cócoras pra me ajudar a catar os caquinhos das garrafas de cerveja.

Esse foi nosso primeiro contato, eu fui grato pela ajuda e nós papeamos por poucos minutos sobre vizinhança, de onde ele veio e como estava sendo a adaptação num novo bairro. A porta da casa dele se abriu no segundo andar, um homem de cara fechada, já coroa, barrigudo e da pele escura apareceu, desceu, se juntou a nós na calçada e aparentemente só falou comigo porque o Álvaro nos apresentou.

- Malta, esse é o nosso vizinho de baixo.

- Opa. – o sujeito não fez questão de sorrir, apenas apertou minha mão bem forte.

- Fala aí, beleza? Diogo.

- Diogo, esse é o meu marido. Nome dele é Marcelo, mas pode chamar de Malta. – Álvaro, meu vizinho careca e barbudo, sorriu e me deixou paralisado.

- Ah, sim. Valeu, tamo junto. No que precisarem, só me falar. Sou tipo o faz tudo da área. – tentei segurar a surpresa, mas acho que falhei, porque o trintão ficou rindo da minha reação.

Não falamos muito depois disso, os dois se abraçaram e foram juntos na direção da rua da feira. Não tenho preconceitos, acho que nunca tive, porém mesmo assim me senti nervoso na frente deles pois jamais imaginei que meus vizinhos fossem um casal. Sei que é horrível o que vou dizer, mas normalmente quando se fala em homossexual já vem uma imagem pronta, um rótulo feito na nossa mente. O ser humano é assim com tudo, não? Se o Álvaro não tivesse dito que aquele era seu marido, eu levaria muito tempo pra perceber, porque os dois não pareciam em nada com a ideia de homem gay que eu tinha na cabeça. Sei lá, imaginava viado com voz fina, afeminado, miado de gato, cheio de trejeitos e desmunhecando, sendo que o casal era totalmente diferente disso. Dois ursos.

A chegada do Álvaro e seu marido na casa de cima mexeu comigo em dois pontos diferentes. Primeiro no sentido da rotina, pois eu e Kézia passamos a ter vizinhos próximos pra cumprimentar no portão. Carismático, extremamente sociável e atlético, o careca barbudo não demorou a entrosar na vizinhança e logo se envolveu com os times de futebol do bairro, passando a frequentar a peladinha de fim de semana que eu e os parceiros organizamos quinzenalmente. Nem sei dizer quanto tempo levou, só sei que de repente o Álvaro estava no meio de nós no campo, correndo, marcando todo mundo, rápido nas passadas e nascido pro futebol.

- Esse cara é o The Flash, ein!? Se foder! – um colega de time brincou.

- Nada, eu só sou rápido! Hehehehehe! – o trintão respondeu.

E estando no futebol, é claro que ele também estaria no pós partida, isto é, no vestiário lotado de marmanjos e também no churrasco de comemoração dos times do bairro. Nunca vou me esquecer da primeira vez que vi o Álvaro entrosado com os outros marmanjos, pulando só de cueca no meio deles, geral animado pela vitória, um bando de machos seminus, suados e o careca se divertindo no nosso meio. Não sei qual foi a razão, mas meu novo vizinho não contou pra ninguém que tinha marido. Não que tivesse que contar, é só que teve um momento em que eu fiquei olhando sua empolgação, ele do nada virou pra mim, aproveitou que os outros caras estavam ocupados demais com a comemoração, botou o dedo na boca e gesticulou pedindo segredo.

- Ué? Qual é o problema do pessoal saber? – perguntei quando ficamos a sós.

- Nenhum. Mas tu sabe, aliança no dedo queima o filme.

- Tá falando sério, Álvaro? – não acreditei na cara de pau do sem vergonha.

- Tô, pô. Tu tá pensando que macho só trai mulher, é, DG? Homem também trai homem, amigão. – desinibido, ele tirou a roupa na minha frente, removeu a cueca e ficou peladão, mais uma vez desconstruindo a imagem feminilizada que eu tinha dos homens gays.

Vê-lo nu a primeira vez não me causou sensação alguma, eu já tava acostumado com o vestiário lotado no futebol de domingo. O que me deixou realmente atento foi o papo despudorado que tivemos depois da peladinha.

- Então quer dizer que... Quer dizer que você é casado, mas trai o Malta?

- Você trai a Kézia, DG?

- QUÊ?! NÃO! – me exaltei. – Claro que não! Tá doido? Sou muito bem casado, pô.

- Ao meu ver, traição não tem muita ligação com estar bem casado ou mal casado. Tipo, já vi gente que tinha tudo no relacionamento e ainda assim foi infiel. Conheço uns amigos que têm esposas cheias de fogo, mas que mesmo assim vão procurar safadeza na rua, cê acredita?

Falando com a maior naturalidade possível, ele virou de costas, entrou debaixo do chuveiro e começou a se esfregar, deixando os pelos do corpo torneado e sarado umedecerem. Fiquei um tempo olhando e tentando quebrar de vez a imagem que eu tinha de homossexual como alguém lisinho, feminino e felino, aí o Álvaro me pegou observando, começou a rir e me chamou pro banho.

- Que foi, tá pensando no que eu falei?

- Mais ou menos. – entrei no chuveiro do lado dele, nós dois peladões e papeando como se já fôssemos amigos de longa data. – Te conheço há pouco tempo, mas confesso que já tô curioso pra saber se você trai o Malta ou não. Hehehehehe!

- Nunca traí. Mas ó, segredo de vizinho, viu? Boca fechada, DGzão.

- Relaxa, tamo junto. Pra te mandar a real, eu nunca convivi muito de perto com nenhum homossexual assumido, sabe? É tu que tá abrindo minha cabeça pra umas paradas. – tentei falar baixo pra manter a discrição que o próprio barbudo pediu.

- Que paradas?

- Ah, sei lá. Ver um viado jogando bola igual a tu, falando grosso, todo peludão e atlético é diferente. É horrível eu dizer isso, não é? Mas infelizmente é a realidade. Acho que sempre fui acostumado com gay caricato, tipo de novela.

- Ih, relaxa! Behehehehe! Tu não é a primeira pessoa que me diz isso, fica de boa. Eu fui criado no meio militar, minha família só tem homem e geral lá é assim que nem eu, tá ligado? Fora que a sociedade esquece que o cara não é viado porque veste rosa, porque é meigo, sensível e afeminado. É viado porque curte macho, ponto final.

- Porra, é isso! Definiu bem, falou bonito. Não é a roupa e o jeito.

- Pois é. É a cama que diz. Sempre fui machinho, DG, é o meu jeito. Cada um tem o seu.

- De fato. Mas agora eu tô aqui pensando... Se você não trai o Malta, por que tá preocupado do pessoal saber que tu é casado?

- Eu disse que nunca traí, não disse que não traio.

- Ué? Qual é a diferença?

- A diferença, meu chapa, é que eu nunca botei o par de chifres que meu marido merece. – ele olhou nos meus olhos e apontou pro meu rosto, como se tivesse lembrado de algo e ficado puto. – Mas isso não significa que eu não possa botar hoje mesmo, não é verdade? Me diz você.

- Eita, porra... – nem soube o que falar. – Pelo visto, tem história.

- Muita, muita treta. É foda. Essa mudança fez muito bem pra minha cabeça, DG. Por enquanto eu tô só analisando, pensando. – o filho da puta me olhou dos pés à cabeça e riu de canto de boca. – Comendo pelas beiradas.

- Iiiih, qual foi!? Me respeita, seu puto! Bahahahahahah! – levei na esportiva e comecei a gargalhar.

- EUHEUHEHE! Relaxa, parceiro, é zoa.

Pode parecer estranho conversar intimidades com alguém que não se conhece há tanto tempo, mas isso é o que nós homens adultos mais fazemos, principalmente entre nós, nas rodinhas de fute ou nos churras com a rapeize. Uma sociabilidade fácil, dada e compartilhada entre homens quando se agrupam e enchem a cara de cerveja, é isso. Mania típica de trintão, de quarentão, é não só falar baixaria, como também contar detalhes do que faz na cama, como trai a esposa e outras devassidões pros colegas. Meus parceiros do futebol adoram isso, mas eles não sabiam que o Álvaro é viado, só eu sabia. Acho que nem a Kézia havia percebido ainda, já que ela não ficava em casa de manhã e à tarde.

O segundo ponto no qual a chegada do Álvaro e seu marido mexeu com a minha rotina foi algo completamente inimaginável. Sério, se eu perguntar aqui o que você acha que foi e te der mil chances pra adivinhar, tenho certeza que cê erraria todas. Não vou enrolar muito, direto no ponto: a falta de sexo e o excesso de tesão fazem com que eu me masturbe uma vez ou outra na semana, e normalmente gosto de fazer isso no banheiro, durante o banho. Já ouviu falar na famosa banheta? É meu hábito. Dia desses eu cheguei cansado da concessionária, fui direto pro banheiro, tranquei a porta e lembrei de uma loira rabuda que foi comprar um Siena comigo. O garotão cresceu antes mesmo de eu tirar a calça, botei a cabeça da pica debaixo da água do chuveiro e delirei de prazer quando senti as gotas grossas caírem no prepúcio.

- Hmm! Gozar com a água caindo na piroca é a melhor coisa, puta merda!

Um dos prazeres que um pai de família sem sexo e carente pode ter é o de se masturbar pra esvaziar o peso do leite concentrando e quase que virando queijo nas bolas. Meu saco chegou a ficar maior e os ovos grandões depois que virei quarentão e o sexo com a Kézia se tornou bem menos frequente. Fora que nada melhor do que se trancar no próprio mundo, liberar as imagens de putaria na mente, agarrar o cacete e espancar aquela bronha marota, né não? Diria que são meus cinco minutos sagrados e concentrados, por isso soquei com gosto.

- FFFFF! A sensação da água batendo no couro da rola... Tesão demais!

De pé, botei as mãos pra trás da cabeça, me olhei no espelho do banheiro e admirei meu físico conservado e ainda imponente, apesar do passar das décadas. Axilas peludas, os muques em dia, trapézio no lugar, o corpo moreno estrategicamente cabeludo, mas eu não conseguia me lembrar nem quando foi a última vez ou mês que dei uma trepada gostosa com a esposa. Carregado de leite pra cuspir da vara, passei a bater a punheta enquanto me olhei no reflexo do espelho. Posicionei a piroca exatamente sob a coluna de água e nem precisei usar as mãos, tudo graças à pressão exercida na chapuleta do meninão.

- Caralho, vou gozar! SSSSSS!

Foi aí que o inesperado aconteceu. A água do chuveiro deu uma reduzida e logo em seguida voltou com força total, ao ponto de deslocar meu membro no sentido vertical e a rola dar vários pinotes contra o movimento de queda da cascata. Meu irmão, na boa, eu fiquei arrepiado nessa hora, o corpo amoleceu dos pés à cabeça e não sei como não pichei a parede do boxe de leite.

- Meu Deus, que porra é essa!? AAARGH! – soltei muito babão, a ereção seguiu estalando e a intensidade do prazer me deixou à flor da pele, não tive qualquer resistência.

Lembro que minhas coxas tremeram, o peitoral palpitou, até o bico do peito endureceu diante do êxtase, mas nada de eu gozar. Olhei pra cima, encarei o chuveiro e de repente aconteceu de novo: a pressão da água diminuiu, depois aumentou do nada e a torrente atravessou meu cacete envergado. Não usei as mãos, o curso da água em si que deitou minha piroca na marra, a fagulha me subiu por trás do corpo e a primeira estilingada de creme de macho saiu potente contra o blindex do boxe, tipo tiro de fuzil quando estoura um transformador.

- OOORSSS! Puta que pariu! Descobri um brinquedo novo, hehehehe! Mmmmm!

Sei lá quantas jatadas de mingau botei pra fora, só sei que foram muitas, o suficiente pra fazer a família crescer em peso. Sem tirar meus olhos do chuveiro, levei algum tempo analisando o encanamento, fui seguindo o caminho do cano através da estrutura de casa e entendi o que tava acontecendo: provavelmente alguém da casa de cima estava usando a água junto comigo e dividindo o fluxo entre as duas residências. Entre outras palavras, descobri que meu vizinho Álvaro simplesmente tinha o poder de me masturbar no chuveiro, ainda por cima sem saber. Perceber isso foi como uma anestesia geral no meu cérebro, pois mais uma vez me senti mole, a tora envergou e ignorou totalmente a gozada de minutos atrás.

- Tá de sacanagem... – reclamei sozinho no chuveiro.

Mas nada do picão descer, principalmente após a descoberta de uma nova fonte de prazer. E o pior: com o viado do Álvaro ajudando. Confesso que tentei tomar meu banho de boa e fingir que não foi o sem vergonha do meu vizinho careca que tocou uma punheta pra mim via encanamento do chuveiro, porém a pressão da água alternando me deixou encaralhado e não tive como ignorar tanto tesão. A pilastra subiu fácil, a cascata tomou conta do cabeçote da peça e lá tava eu outra vez, gozando sem usar as mãos e deixando o meninão todo dormente e inchado.

- UUURGH! Vai se foder, bom demais! FFFFF!

Devo ter ficado uns 20min no banheiro só nessa brincadeirinha de encaralhar, latejar e esporrar no blindex. Limpei todos os meus rastros antes de sair, fui direto pro quarto, me joguei na cama e respirei fundo, completamente anestesiado pela surra de punheta que meu vizinho me deu sem saber.

- Quê que tô fazendo, bicho... – pensei comigo.

Pode parecer a maior bobagem, mas eu fiquei umas meia hora recapitulando o que aconteceu e tentando me acostumar com a ideia, porque querendo ou não, foi um contato íntimo proporcionado por outra pessoa a mim. Por outro cara, mesmo que tenha ocorrido sem qualquer um de nós saber ou ter culpa. Sei lá, foi inédito. Não me senti culpado, claro que não, porém admito que levei algum tempo digerindo a situação e tentando não repetir o que aconteceu. Segui a noite normalmente, jantei, vi novela com a Kézia no sofá, depois ela foi dormir, eu fui lavar a louça da janta e ainda fiquei na sala fazendo hora. Depois que minha esposa pegou no sono, abri a última gaveta da minha escrivaninha do quarto, peguei um fininho e fui pro portão.

Esse é um dos meus hábitos da época de bombeiro que não larguei nem depois de casado: fumar um baseadinho vez ou outra no fim da noite, geralmente sozinho ou então quando rola fute e churras com os outros marmanjos do bairro. Espero a patroa dormir, vou pro portão, me sinto sozinho na rua vazia e taco fogo no malvadinho, é quase que rotina. Fala aí qual é o paizão de família que não curte uma ervinha no sigilo? Conheço vááários. Pois bem, calcei as meias, chinelo, samba-canção e me pus a fumar na calçada. Rua vazia, asfalto úmido, climinha frio do meio do ano e bem propício pra fazer a família aumentar, sobretudo depois de um boldinho. Fumaça subindo, o subúrbio tranquilão, mó paz. Acho que passei uns 2min sozinho, ouvi barulho de passos, entrei pra me ocultar, mas a sombra passou em frente ao meu portão e parou.

- Aaah, agora já era, mermão. Tem que aprender a ser mais sorrateiro, morou? – a voz do Álvaro falou comigo.

- Porra, que susto! Pensei que era outra pessoa.

- Tá esperando alguém, é, safadão? Hmm, por isso que cê ficou todo curioso sobre traição outro dia, né? Geheheheh! Tá esperando a amante, saquei.

- Ô, ô, ô, deixa de ondinha, filhote. Né nada disso que tu tá pensando.

- Não é? Então passa esse baseado pra cá e vamo ver se não é. – rápido, ele pôs a mão por dentro da grade do meu portão, tomou o fino de mim e fumou na calçada mesmo.

- Tá maluco? E se alguém te pegar aí?

- E daí? Eu que pago minhas contas, DG. Foda-se o resto.

Abri o portão e me deparei com o vizinho trintão carregando uma sacola cheia de latões de cerveja gelada, isso em plena madrugada de quarta-feira, por volta das 1h10. Chinelões de dedo, as pernas pentelhudas de fora, short curto, camiseta suada e os braços grossos à mostra, todo inchado e torneado. Um par de tênis de corrida amarrado na sacola de bebida.

- Você tava correndo, é? – puxei papo enquanto ele fumou meu baseado.

- Tava. – o careca respondeu me encarando.

- E agora vai beber? Sinistra a dieta.

- Vou. Corri pra comprar cerveja. Hehehehe! – ele riu e me passou o fino. – Tá a fim de subir pra tomar uma comigo?

- Pô, vou acordar cedo pra trabalhar amanhã. Se não fosse por isso, eu-

Álvaro pôs a mão no meu ombro, segurou meu queixo e começou a rir.

- Qual é a graça?

- Essa tua erva aí até que é boa, mas tá velha. Bora lá em cima que eu tenho uma melhor.

- Porra, assim tu me quebra, parceiro. Papo reto que eu vou ter que subir?

- Ué, por que? Tá com medo?

Lembrei do Malta e confesso que fiquei um pouco acuado. Álvaro já tinha subido alguns degraus e deixado o portão aberto pra mim, aí percebeu minha hesitação, desceu, voltou na minha frente, suspendeu as sobrancelhas e riu ainda mais.

- Não tô acreditando nisso, DG. Essa é nova pra mim, sem sacanagem.

- Não tá acreditando no quê? – pelo visto fui lido.

- Que você tá com medo de subir.

- E-Eu? Que mané medo, cara, tá mal-

- O Malta não tá em casa, DG. Ele trabalha embarcado e agora tá offshore, só volta mês que vem. Tô sozinho, tenho um boldo do bom pra fumar e cerveja pra tomar. Tu vem ou não? – ele parou no portão, alisou a careca e esperou pela minha resposta.

Pensei pouco, meu corpo se moveu no automático e quando vi já estava subindo as escadas pra casa em cima da minha. Passamos pela varanda na entrada, ele me levou até à sala, me deu uma cerveja gelada e foi no quarto buscar a erva. Sentou no sofá do meu lado, começou a bolar e nós brindamos antes de beber. Dei a primeira golada e a cerva desceu com um pouco de adrenalina, talvez por eu saber que não deveria estar ali àquela hora, principalmente “escondido” da Kézia.

- Tua esposa dormiu?

- Sim. Ela não sabe que eu tô aqui, muito menos que eu fumo maconha.

- Suave. Malta também não sabe de nada.

- Sério? E você não tem medo dele sentir o cheiro?

- Ah, meu marido não sente cheiro de nada. Desde mais novo que ele tem isso. E pra ser sincero, eu tô pouco me fodendo se descobrir. Acho que cheguei naquele ponto da relação que nada mais importa, saca? – ele desabafou.

- Vish... O sexo tá ruim? – comparei a situação dele com a minha.

- Não, nem é isso. O Malta fode pra caralho, me come que é uma beleza. Anal com ele é uma maravilha, meu cu sai pedindo arrego. Mó pirocão! O problema são as cobranças, não tô conseguindo lidar. E ele já me traiu à beça nesse trampo embarcado, tá ligado? A distância é foda.

O jeito sincero e abertão de falar foi conflitante na minha mente, porque ele falou grosso sobre dar o cu, seu rompante tão grave como o de qualquer outro macho do futebol. Depois Álvaro coçou a barba, deu uma desafogada no saco entre as pernas e soltou o arroto carregado das primeiras goladas na cerva. Por fim, terminou de bolar o boldo, acendeu, puxou algumas tragadas cheirosas e soltou no ar. Aí me passou, eu fiz o mesmo e não demorei a sentir a quentura, a ondinha e o relaxamento da ganja se espalhando no meu corpo, fora a dormência na mente. Esquentei os pensamentos.

- Pô, mas aí. Te falar. Com todo respeito.

- Dá o papo, DG.

- Essa parada de dar o cu. – fumei mais. – Não dói pra caralho?

- Hehehehehe! Não vou mentir, dói sim. Principalmente no começo, quando a pica tá entrando na bunda. Aliás, não é nem que dói de dor, é mais uma ardência. Arde pra caralho.

- E por que viado dá o cu, se arde tanto?

- Porque só tem o cu pra dar, ora. Que pergunta! Heheheheheh!

- Hahauhauhaa! Se tu fosse mulher, daria o cu e a buceta? – deixei a curiosidade falar mais alto enquanto bebemos e fumamos no sofá dele.

- Do jeito que eu sou vagabundo, com certeza daria os dois. Mas primeiro ia dar o cu antes de dar a buceta e fazer que nem aquelas novinhas crentes, que só fazem anal pra permanecerem virgens. Sabe quais? UAHUAHAHA!

- BAHAHAHAHA! Caralho, irmão. Que viagem!

- Lendas urbanas e suburbanas do Rio de Janeiro, meu caro. Hehehehe! Nunca ouviu falar?

- Puta merda! Sério que você é tão puto assim, Álvaro? Não tem cara, não. Tu tem cara de santo, de maridão. Cara de do lar. Hahahahaha! – debochei.

- Santo do cu oco, só se for. AHAHHAAH! Gosto muito de uma pica, DG. Ainda mais se for grossa e cabeçuda, papo reto. Pirocão pra bater na cara, socar na boca e depois enfiar no cu. Fico doido quando a rola vai na garganta.

A conversa explodiu rápido demais entre nós, tudo graças ao fato do meu vizinho careca ser tão macho quanto qualquer outro cara do bairro. O que quero dizer é que ele fez tudo que os outros marmanjos fariam, e justamente por isso achei graça e encarei de um jeito cômico. Álvaro pensou que eu não o levei a sério, insistiu no argumento e me soterrou de vez em sua calorosa sinceridade.

- Ri não, é papo reto. Piroca grossa é comigo mesmo, DG.

- Mas tu senta mesmo?

- Sento e cavalgo, não deixo nada de fora. O Malta sabe como eu gosto, isso que faz a gente ainda ficar junto.

- Senta mesmo? Até o talo, Álvaro?

- Tudinho. Lá dentrão, igual xereca. Já ouviu falar em cuzinho de buceta?

- Caralho... – um décimo de segundo e me veio a imagem à mente.

Sem querer, o barbudo apareceu de quatro na minha cabeça, todo peludinho e piscando o cuzinho. Meu pau deu uma pulsada, eu voltei rapidamente à realidade e não quis acreditar que estava me deixando levar pelo papo sincero e muito explícito do sem vergonha.

- Mas tu não falou que arde? – tentei falar de dor pra ver se quebrava o fogo.

- Falei, mas isso que é bom. Quando arde, eu olho pra trás e vejo o macho me pegando com força. É disso que viado gosta, de sentir que tá dando prazer pra um caralhudo, entendeu? Assim que eu gosto, DG. Amor é de pai e mãe, de macho eu quero é piroca e leite, nada além disso. Toda vez que o Malta embarca, eu fico cheio de fogo. Carência é foda, fala tu.

- Ô, se é... – lembrei das várias semanas sem sexo e automaticamente recordei da gozada que dei no banho mais cedo, muito motivado pelo próprio Álvaro, porém sem ele ter ciência disso.

Meu pau ameaçou ficar meia bomba na samba-canção, me dei conta de que estava sem cueca por baixo e achei melhor me adiantar pra sair dali o mais rápido possível, caso contrário criaria uma situação constrangedora por ter uma ereção violenta bem durante a conversa sexual com meu vizinho viado. Ele casado com homem, eu casado com mulher, nós dois bebendo e fumando, um do lado do outro, ambos bem à vontade. Levantei, me pus de pé, o Álvaro continuou sentado no sofá e aí aconteceu: minha vara marcou no short fino de dormir, o filho da puta percebeu, manjou rola e riu na cara do pau. Literalmente.

- Que isso, maluco? Se controla, porra, bota uma cueca. Hehehehehe!

- Coisa de homem, você sabe como é.

- Sei, sei sim. – safado, ele também ficou de pé e apertou a pica no short de correr. – Já vai, DG?

- Vou, tenho que ir. Amanhã acordo cedo, tô fodido se ficar de ressaca. Outro dia a gente... A gente bebe e fuma um com mais calma.

- Tá chapadinho, irmão? Hehehehehehe!

- Tô, tô no grau. Chegar em casa e cair direto na cama.

- Já é, tamo junto. Valeu pela companhia. – ele apertou a mão no meu ombro e me levou até o portão.

Nos despedimos, entrei em casa no sapatinho e vi que Kézia tava roncando no nosso quarto. Àquela altura do jogo, ralar da casa do vizinho foi a melhor coisa que eu fiz, porque agora, sozinho na sala, minha piroca tava em ponto de bala, soltando babão atrás de babão e pedindo pra rasgar a saída da samba-canção. Indisfarçável, do tipo de paulada que jamais passaria despercebida diante dos olhos famintos que o Álvaro mostrou pra mim minutos atrás. Por falar no trintão, ouvi burburinho no portão, percebi que ele recebeu visita após minha saída e fiquei curioso pra saber quem era.

- Será que ele vai tomar banho ou usar a bica agora? – pensei.

Escutei o barulho do chuveiro do andar de cima ligar, nem pensei duas vezes, me mandei pro banheiro, tirei o short de dormir, abri o chuveiro e apontei meu taco na coluna vertical de água. Na mosca! Os jatos começaram a oscilar de pressão, o prazer do impacto da água me deixou ouriçado e não tive como não me lembrar do Álvaro dizendo que tinha cuzinho de buceta, na maior naturalidade.

- Bom demais, não tem como! Fffffff!

Pensei que seria mais uma sessão ordinária de masturbação à distância e sem conhecimento do viado, mas foi nesse momento que tudo se inverteu de repente. Ouvi murmurinhos provenientes do banheiro do vizinho, lembrei que ele havia recebido alguém e logo surgiram os gemidos e ruídos típicos de quem tava metendo a mil por hora no andar de cima.

- Grrrrr! Soca, puto! Mete, me arregaça! Soca que nem macho, porra! – a voz do Álvaro abafou meus ouvidos, que nem um delírio.

- Gosta que te soque, filho da puta!? Tu é todo machinho, né?! Vou te furar! Vai virar moça na minha calabresa, piranha! OOORFFFF!

- Então me soca, desgraçado! Cretino! UUURSSS! Faz esse cu de xota!

- SUSTENTA, VADIA! CACHORRA DE MACHO! SSSSSS!

Aí fodeu, meu caralho só faltou estourar de inchaço. As gotas grossas devorando minha glande, eu latejando sem parar e desfrutando do barulho de metidas explodindo na água do chuveiro do vizinho. Nem tentei controlar minha mente, pois soube que seria impossível. Mesmo sem vê-los, pude imaginar um brutamontes tipo o Malta prostrado no lombo do sem vergonha do Álvaro e socando fundo, dando ao viado tudo que ele queria e esperava de um macho.

- VOU TE ENVERGAR, CADELA NO CIO! AAARGH, FFFF!

- DESMONTA MEU CUZINHO, MEU MACHO! ME QUEBRA, PUTO! AAHNFFFF!

- PISCA A CUXOTA NA MINHA PICA, VAI?! VADIA! PROSTITUTA!

- SSSSS! ME XINGA!

- QUEM É MINHA BISCATE!? MINHA FÊMEA, QUEM É!? PUTA! HMMM!

De tão alucinado, cheguei a sentar no chão do boxe e abri bem as pernas pra receber a cascata de água caindo do chuveiro. As mudanças de pressão seguiram intensas, os dois machos mergulharam no prazer escaldante enquanto trepavam acima da minha cabeça e eu inevitavelmente me coloquei no lugar do comedor sortudo que se hospedou no traseiro do Álvaro naquele momento. Aí foi tarde, nem tive tempo pra perceber que o considerei sortudo por estar promovendo uma festa carnal às custas do lombo do meu vizinho.

- OOORSSS! Puta que pariu, não acredito que tô gozando pensando nesse viado, que isso... Fffffff! – engessei no boxe, larguei o tesão e mais uma vez pichei o blindex com incontáveis jatos carregados de argamassa quente.

A dupla seguiu trepando, eu não quis me alongar muito e finalizei o banho pra cair fora dali, senão facilmente ficaria de pau durão outra vez e não teria muito tempo pra dormir pro dia seguinte. O mais importante é que nada foi igual depois dessa madrugada louca, porque descobri que eu não só sentia muito tesão em ser masturbado pela água do chuveiro controlada pelo Álvaro, como também percebi que ele era capaz de me deixar de pau duraço só com seu papo de putaria e o bom uso das palavras. Resumindo: concluí que ficar muito próximo do meu vizinho trintão certamente não acabaria bem, ainda mais com a minha carência e a vontade que ele tinha de trair o marido Malta.

- Será que o Álvaro daria pra um quarentão parrudo feito eu? Duvido muito. Ele deve pegar só esses cara malhadinho. – falei comigo mesmo. – Puta merda, ó o tipo de coisa que eu tô pensando... Sou casado, porra.

O tempo foi passando, meu contato com o barbudo de cima ficou cada vez maior e nós viramos tipo uma dupla de amigos, dentre peladinhas, churrasco, comemorações na casa um do outro, essas coisas. Kézia também virou conhecida do Álvaro e passou a ser sua parceira de copo. Vez ou outra eles trocavam pratos que faziam e papeavam sobre contabilidade no muro da escada pro quintal, mas ela continuou sem saber que às vezes eu sabia de madrugada pra tomar umas, fumar um baseadinho e conversar intimidades com o careca. Teve uma vez, mais recentemente, que eu tava com a galera do fute no vestiário, clima pós jogo, geral suado, peladão, e o Álvaro passou dando peteleco no saco de geral, fazendo a rapaziada cair na risada.

- Coé, cara! Hahahahaha! – Max, um dos nossos parceiros, achou graça.

- Filho da puta, sossega! Heheheh! – Nico, um dos moleques, também riu.

- Ah, esse viado não vale nada... – falei baixinho.

- Não é, irmão? Ainda por cima tem mó rabão. – um colega guindou no meu pescoço e botou o rosto do lado do meu pra olhar na direção do Álvaro.

Olhei pro lado e vi que se tratava do Ivan, um dos amigos do grupo do futebol. Magrinho, definido, pele negra, 20 e tantos anos e o único ali que não estava rindo, apesar da vitória do nosso time na pelada. Aliás, Ivan era um cara com uma história de vida um tanto quanto complexa: foi preso injustamente depois de ser confundido com um traficante da favela de Acari, ficou mais de cinco anos em cárcere injustamente e saiu da prisão com outra personalidade, talvez por isso não estivesse tão empolgado com a brincadeira do Álvaro de bater no saco de todo mundo no vestiário.

- O que você... O que você falou, Ivan? – nem eu acreditei na sinceridade.

- Eu falei que o teu parceiro tem mó cuzão do caralho. Ou tu vai querer me enganar? Vai dizer que nunca se ligou que ele é um rabudo filho da puta? – o mais impressionante é que ele falou sussurrando no meu ouvido, sério, sem rir ou demonstrar emoção. – Vai dar o papo que tua pica não sobe com um cu desse?

- Ivan, eu tenho esposa. Sou hétero, você sabe, né? – mostrei a aliança no dedo e o lembrei, mas admito que também tive que me lembrar disso.

- Foda-se. Tua piroca não olha pra um cuzinho apertado desse e finge que é buceta, não? – o cretino simplesmente me anulou.

- Cara, eu... – hesitei um pouco, mas algo nele me passou franqueza e sigilo suficientes pra ser sincero. – Nunca fiz uma parada dessas com outro homem. Esse lance de comer cu, tá ligado?

- Então tá na hora de papar, irmão. Uma poupança dessa é pra ser investida, pô. Bagulho raro.

- A gente é vizinho, mas não sei se tenho coragem.

- Marca uma bebedeira qualquer dia desses e me aciona. Deixa que eu tomo coragem pra tu.

- Será?

- Tô dizendo, paizão. Só marca e me aciona. Vai sair eu e tu rindo à toa de dentro dessa fêmea.

- Fêmea? Porra... Tu não acha o Álvaro macho pra caralho? Ele nem parece que é viado. Aliás, como que cê adivinhou?

- Adivinhei? Não, não adivinhei nada. É fêmea e ponto final, fim de papo.

- Tá falando com tanta certeza por quê?

- Simples. Pra mim todo mundo é fêmea, meu padrinho. Até tu.

- Ah, vai se foder! HAUHAHUAA! Te orienta, garotão. – levei na esportiva e ri, mas não pude deixar de notar que o Ivan continuou sério e guindado no meu pescoço, me olhando bem de perto.

- Eu sou tipo o último macho no mundo, DG. Pode pá. Marca e me aciona, vou te provar que vale à pena. – só então paramos de observar o Álvaro tomar banho de longe, o Ivan me soltou, saiu de perto de mim e sumiu no meio dos machos que lotavam e zoneavam o vestiário naquele momento.

Versão completa da história no meu Privacy. twitter @andmarvin_

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Comentários

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Parabéns pelo conto. Curti muito,são contos que fazem sentido. Abração.

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Delícia de conto cara, vc escreve muito bem!! Me vi em várias dessa situações aí, por vários motivos heheh

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