O que é o Amor! (4a Temporada - CAPITULO 15) - Paraíso

Um conto erótico de ID@
Categoria: Heterossexual
Contém 7514 palavras
Data: 22/06/2023 14:03:31
Assuntos: Heterossexual

Caríssimas(os) leitoras(es), amigas(os), este conto que estou publicando foi um presente que me foi dado por um incrível escritor. O Nassau. E eu resolvi compartilhá-lo com todos vocês que acompanharam a obra.

Este é um site de contos eróticos. Mas se vocês estão à espera de tórridas cenas de sexo entre Renato, Bruna e Elisa, podem para por aqui, pois não há. O texto abaixo apenas descreve como o autor imagina que estaria a vida deles, algum tempo depois. E, eu posso dizer, que adorei.

Adorei muito!!!

Este presente é só um exercício que expressa o carinho, o apreço e a amizade que o autor tem por mim, e eu por ele.

Bom, vamos lá.

Olá!

Todos vocês se lembram de mim. Pelo menos espero que sim. Mas não custa me apresentar. Meu nome é Bruna. Isso mesmo, aquela mesma Bruna que durante algum tempo, a maioria de vocês odiou e não poucos desejaram minha morte. Isso, porém, foi antes. Isso passou, eu acho. Hoje, me considero um pouco mais aceita em virtude das transformações pelas quais passei.

Então eu resolvi vir aqui para contar como vivemos hoje, depois de quase três anos nesse paraíso longe de tudo e de todos, na companhia de Renato, Elisa e um grupo de mais de cem pessoas nativas dessa ilha cujo conhecimento do idioma de minha parte, fica reduzido a apenas algumas palavras, apesar do esforço da Elisa em me ensinar.

Não consigo entender isso. A maluca da Elisa, em menos de uma quinzena aqui já estava tão próxima que só não era considerada um deles por causa de sua pele muito branca e de suas sardas. Quer dizer, houve momentos em que essa brancura toda sofreu uma variação para um vermelho dolorido, fato esse explicado pela classificação que dei no início, uma maluca.

Da Elisa, entretanto, vou falar mais adiante, muito embora vocês notarão que ela será citada várias vezes antes de chegarmos nesse ponto e para isso só encontro uma explicação: a Elisa, é a Elisa. Não dá mais para fazer comparações com ninguém, a não ser com ela mesma.

Antes, vou explicar um pouco sobre essa ilha que habitamos e que batizamos de “Paraíso”, muito embora quiséssemos, o Renato e eu, que fosse “Jardim do Eden”, mas não houve jeito. O argumento final de Elisa foi que, como aqui não há serpentes venenosas, sendo os únicos répteis algumas espécie de lagartos, com uma dessas espécies sendo muito grandes se comparado aos que conhecemos, o que fez com que ela se referisse a eles como jacaré.

Minha definição era que fosse Dragão de Comodo, mas fui convencida por ela com dois argumentos aceitáveis: aqui não é Comodo e os lagartos não são venenosos. Voltando ao que importa, o nome escolhido por Renato e eu foi deixado de lado porque, não tendo serpentes ou maçãs, a existência de um Adão e de uma Eva estava descartada. Porra, de onde é que essa diabinha tira essas conclusões.

(AVISO: A ilha, a topografia, a fauna e a flora aqui citados são frutos da imaginação do autor. Explico: Não existe nessa região nenhuma ilha com altitude máxima superior a cem metros, a nossa tem montanhas que superam quinhentos. Todas as ilhas dessa região possuem mais de um povoado, mesmo aquelas em que a população é inferior a mil pessoas, enquanto no Paraíso só existe a nossa residência e as casas em que moram os nativos e a história da ilha também faz parte da imaginação, não podendo ser verificada em nenhum livro o site da internet).

Nossa ilha é mesmo um paraíso. Uma ilha com o formato de uma banana, que a Elisa diz ser mais parecido com o órgão genital masculino, tem pouco mais de treze quilômetros de comprimento e com a largura variando entre três e mil metros, formado por uma pequena enseada à oeste, onde está localizada uma das praias. Somando a praia, um píer construído por Renato com a ajuda dos nativos (ele agora se dedica mais a engenharia do que a advocacia), nossa casa e as casas dos nativos dá para calcular que ocupamos cerca de dez por cento da extensão da ilha. Os outros noventa eram cobertos por uma vegetação serrada e acidentada, com montanhas que chegam a atingir quinhentos metros de altura e, o que é pior, desfiladeiros que, em virtude da vegetação cerrada, consiste em um perigo para qualquer um que resolva explorar a área sem ajuda e um nativo que seja grande conhecedor da ilha, o que fica resumido aos caçadores.

Sim, temos caça abundante e nossa dieta no início se resumiu ao resultado da caça e da pesca. Hoje temos um pequeno rebanho de bovinos e algumas cabras que, além de produzir leite, supre a necessidade de carne fresca, mas isso tudo, mais uma vez, conquistado através da iniciativa e esforço de Renato que, nesse caso, contou com a ajuda de Elisa no treinamento dos nativos para lidarem com esses animais.

Esse paraíso, apesar do nome, também causa transtornos, principalmente para três pessoas que nasceram, cresceram e se tornaram adultos em uma grande cidade. Entretanto, acredito que todo ser humano tem dentro de si o poder de mutação desde que as mudanças ocorram de forma lenta e gradativa, podendo ir se adaptando a tudo. Assim, nós três fomos nos adaptando àquilo que era necessário ao mesmo tempo em que íamos implantando alguns costumes do mundo ocidental aos nativos, porém, nenhum deles que tolhesse a liberdade que eles sempre cultivaram, pois isso, segundo a Elisa, seria uma enorme tolice.

Para isso foram necessárias apenas duas coisas. A primeira foi a de não ser intolerante com nada e entender que o comportamento de um povo é ditado por sua cultura, costumes e isso faz com que o conceito de moral seja diferente de um lugar para outro. A segunda foi mais fácil, pois decidimos que as alterações que faríamos seriam apenas naquelas que se referiam à saúde e higiene, se bem que, no quesito higiene, não foi necessário mudar muita coisa, principalmente entre as crianças e adolescentes que, com aquelas praias paradisíacas e cursos de água corrente limpa e formando alguns lagos, eles ficavam mais tempo submersos do que fora da água.

Chegava a ser assustador assistir a um deles se dedicando a pesca submarina. Sem nenhum equipamento a não ser uma pequena lança, eles mergulham e ficam submersos por um tempo que, dentro do meu conhecimento, já deviam estar mortos quando finalmente voltam à tona. Também se dedicam à caça de pérolas e, quanto a isso, acho que não é necessário eu dizer quem de nós três se meteu a acompanhá-los nessa atividade, nos causando sobressalto. Estão achando que foi a Elisa? Pois é, acertaram.

A parte habitável e usada na plantação de alguns grãos e a destinada a pastagens dos animais era ainda menor quando aqui chegamos e, tirando a parte da agricultura e pastagens, foi Elisa a responsável por mais mudanças. No nosso segundo dia aqui, estávamos, ela, o Renato e eu na praia admirando a paisagem quando comentei sobre a beleza do local e ela, fingindo não estar muito feliz em sua nova morada, completou meu pensamento dizendo:

– É muito lindo sim. Mas só quero ver onde vai parar toda essa beleza quando formos atingidos pelo primeiro tsunami.

Olhamos para ela sem entender direito o que ela queria dizer e ela se explicou melhor:

– Isso mesmo. Aquele mar ali é o Oceano Pacífico e é nele que essas coisas acontecem. Ou vocês já se esqueceram dos últimos que assolaram a Indonésia e o Japão.

Tentei amenizar o comentário dela, porém, eu não tinha nenhuma base que fundamentasse meus argumentos e o mal já estava feito, pois Renato levou o comentário a sério e passou a se preocupar com isso.

Com a ajuda dos nativos que, por sorte, tem cinco deles que falam inglês, Renato explorou o terreno e descobriu que depois da planície de cerca de duzentos metros, a partir da praia, o terreno iniciava uma elevação um pouco íngreme que atingia mais de trinta metros. Isso não era possível perceber sem um exame detalhado por causa da densa vegetação que a cobria. Depois dessa elevação, o terreno seguia plano por quase um quilômetro antes de se transformar nas encostas das montanhas.

Renato então decidiu mudar a paisagem da ilha, encomendou algumas máquinas leves e montou uma pequena serraria. Sua ideia era desmatar essa parte do terreno e, aproveitando a madeira das árvores que seriam cortadas, construir ali a nossa casa, o que nos deixaria a salvo do acidente natural. Um engenheiro foi contratado para trabalhar de forma remota e para elaborar um projeto e, todos que dispunham de idade suficiente para ajudar foram convocados para trabalharem naquela obra.

Quando a nova casa ficou pronta, bem menor que a que já existia na ilha e que seria demolida, a Elisa surgiu com um novo problema. Da varanda da casa, ela olhou em direção ao mar e comentou:

– Muito bem. Estamos a salvo agora. Mas, e eles?

– Eles quem Elisa? – Perguntei sem saber ao que ela se referia.

– Os nativos. Se acontecer de sermos atingidos por um tsunami eles vão morrer.

– Não necessariamente. Se isso acontecer eles correm para o terreno elevado e se colocam a salvo. ¬– Comentou Renato.

– É verdade seu Renato! Muito bem pensado! Até vejo um bando de crianças, que mal conseguem andar e alguns velhos correndo acelerados para cá. Vai ser algo bonito de se ver.

– Olha Elisa. Você tem que compreender que esse povo habita essa ilha há séculos. Eles devem saber o que fazer em uma situação dessas.

– Lógico que eles sabem. Todo mundo sabe. Até você se estivesse lá embaixo quando uma onda gigante invadisse a ilha. Isso tem até nome, você sabia? – Olhamos para ela, mas antes que conseguíssemos dizer qualquer coisa ela completou: O nome disso é “salve-se quem puder”.

Renato nem respondeu. Ele conhece Elisa muito bem para saber que, nessas horas, não adianta argumentar com ela. Porém, ele não contava com a persistência dela e passou a sofrer um verdadeiro massacre, pois ela que não falava de outra coisa, como ele fazia ouvidos de mercador, ela radicalizou e o informou de um jeito solene que estava decretando uma greve de sexo:

– Muito bem Renato. Se você não se preocupa com a vida dos outros, então eu te informo que, a partir de hoje, nada de sexo. – Disse ela depois dele ter recusado mais uma vez em atender ao seu pedido de construir residências para os nativos em um local protegido.

– OK. Para mim está ótimo. Você fica sem sexo enquanto a Bruna e eu vamos nos esbaldar. Quero ver quanto tempo você aguenta.

Elisa olhou para ele com aquele olhar que eu defino como “você que pensa. Me aguarde”.

Dito e feito. Ou melhor, não dito, mas feito. Ainda naquela noite ela pegou seus objetos de higiene íntima, sua camisola preferida e seu inseparável travesseiro e se mudou do quarto de hóspedes, sob o olhar divertido de Renato. Mas, como muitas vezes acontece, ele subestimava a capacidade de Elisa conduzir as situações para conseguir o que quer.

Depois que ela saiu do quarto onde nós três dormíamos e transávamos todas as noites, comecei a me preparar para dormir. Tomei um banho e vesti uma camisola curta e transparente que o Renato adora e, quando ia me deitar, a Elisa entra no quarto, pega a minha mão e me leva a reboque para o quarto dela. Pega de surpresa e achando tudo aquilo divertido, não protestei e a segui.

O que eu não esperava era que ela estava levando tudo aquilo a sério. Nem percebi que, ao entrarmos no quarto de hóspede que ela havia providenciado uma alteração na porta do mesmo. Explico. Apesar de contar com portas em todos os quartos, pois muitos deles às vezes são usados quando das visitas de minha mãe e Cassandra ou de algum profissional que eventualmente fica na ilha para a execução de alguma tarefa, nenhuma delas possui a chave, apenas a maçaneta.

Pois a garota não deu um jeito, sem que Renato ou eu percebêssemos, de colocar uma tranca provisória, usando o processo que era normal antigamente e que é conhecido como taramela (a pronúncia é tramela, mas assim como o mandorová, que na região sul de Minas Gerais é mandruvá, a escrita correta é taramela), criando assim um ambiente privado para nós duas.

Não bastasse isto, ela agiu naquela noite como se estivesse possuída pelo espírito de alguma Messalina qualquer e, em poucas vezes na minha vida tive tanto prazer como naqueles dois dias em que o Renato se manteve irredutível em sua decisão de não atender ao pedido de Elisa. E não foi só ela que gozou ruidosamente. A garota não se conteve apenas em gritar quando era atingida por orgasmo que eu tenho certeza não eram fingidos, como se dedicou com tanto empenho em fazer com que eu também não resistisse.

Tivemos duas noites de meninas para ficar na história e dois dias em que eu comi o pão que o diabo amassou, pois o Renato me taxou de traidora que, em vez de ficar ao lado dele, tinha me aliado à Elisa para a realização dos caprichos dela. Foi nesse dia que eu lhe disse algo que, sem saber na hora, acabou por se transformar em uma regra que passei a adotar quando se referia à Elisa:

– Para com isso Renato. Será que você não percebe que, se eu ficar contra a Elisa, não vai adiantar nada. Ela ia acabar arrumando outra forma de te atingir e, pior para mim, me incluir nisso tudo. Quando se trata da Elisa, ou você arruma um argumento convincente ou faz o que ela quer. Você já se esqueceu do episódio do leite condensado?

No jantar do segundo dia, com um tom solene, Renato anunciou que ia construir as casas e mudar as residências dos nativos para o local seguro. Pior para mim que, naquela noite, fiquei a ver navios, só me tocando enquanto ela dava ao Renato o mesmo tratamento que dera a mim nos dois dias anteriores.

O fato de fazer algo assim para os nativos, sem falar que eles se mudaram de suas choupanas para casas de madeiras sólidas e construídas de forma adaptada aos seus costumes, transformou Renato que já era tratado como o chefe deles, em um verdadeiro rei.

Quanto ao episódio do leite condensado, eu sofri com a ira de Renato por não ter conseguido me controlar, me desmanchado em gargalhadas enquanto ele ficava à beira de um colapso nervoso.

Todos os meses recebemos o barco que traz as provisões que consiste nos produtos não perecíveis e, em algumas épocas do ano, aqueles perecíveis que deixamos de produzir por causa da entressafra e a encarregada de enviar a lista via internet ficou sendo a Elisa. No segundo mês, estranhei o fato de Elisa ter se dirigido ao píer assim que o barco ancorou e ela era seguida por um bando de garotos, se oferecendo para ajudar no transporte dos produtos. Já estávamos no período da tarde e a ajuda foi benvinda pelo Capitão do barco que assim pode retornar para sua cidade naquele mesmo dia.

Na manhã seguinte, ao conferir as notas dos víveres entregues, o Renato ficou agitado quando se deparou com uma delas onde constava a compra de quarenta e cinco latas de leite condensado. Realmente era uma quantidade muito grande e ele resolveu conferir, indo até a dispensa onde guardávamos os produtos recebidos. Fiquei preocupada quando ele retornou de lá dizendo que não havia uma única lata daquele produto armazenado. Disse-lhe para conversar com a Elisa que, sendo a responsável pelo envio dos pedidos, poderia ajudar a solucionar.

Só que não. A Elisa simplesmente desaparecera naquela manhã. Ela se levantara mais cedo que o habitual e, antes que o Renato e eu levantássemos, já tinha saído de casa. Procuramos por ela e alguns nativos nos informaram que ela e as crianças tinham entrado no mato. Preocupado com isso, pois ela nunca tinha se aventurado fora da zona habitável, Renato ordenou uma busca nas proximidades e, para seu desespero, todos os homens que entraram na mata retornaram com a informação de que estava tudo bem e se recusando a dar qualquer outro esclarecimento.

Quando Elisa e um bando de crianças e adolescentes apareceram, saindo da mata e indo em direção à praia, Renato estava no meio do caminho e, bastou olhar para aquelas crianças com seus rostos melados e manchados de branco para que o “segredo do leite condensado” fosse desvendado. A Elisa resolveu apresentar essa guloseimas às crianças e, sem que ninguém soubesse, aumentou a quantidade no pedido e sua oferta de ajuda no desembarque foi apenas para poder desviar o produto. Fiquei até emocionada ao ver aqueles rostinhos felizes, mas o Renato, se fosse uma mulher e estivesse grávido, fatalmente teria perdido a cria. Poucas vezes o vi tão nervoso. Tão irritado que decretou que a Elisa estava de castigo e que, até segunda ordem, não poderia sair de casa.

Elisa aceitou com bom humor a pena que lhe foi imposta até a hora em que, perguntando ao Renato quanto tempo duraria o castigo, esse ainda muito irritado respondeu que seria para toda a vida. Mas ela não disse nada. Apenas olhou para ele com aquele olhar que eu já me referi antes e foi para a casa.

O resultado disso foi que, nos três dias seguintes passamos por um verdadeiro inferno, com mais de quarenta crianças andando em torno de casa gritando pela Elisa. Para piorar, foi essa a primeira vez que ela decretou greve de sexo, porém, dessa vez ela que ficou a ver navios, pois foi dormir no quarto de hóspedes enquanto Renato e eu tivemos nossa noite de sexo. Aquilo não serviu de nada para mudar o jeito de ser da Elisa, mas serviu, e muito, para que eu me desse conta que, sexo sem a Elisa, embora fosse bom, estava muito aquém daquele que tínhamos quando estávamos os tr~es juntos.

Não sei se foi a qualidade inferior de nossas transas ou o fato de que aguentar tantas crianças protestando em volta da casa não ser nada agradável, que o Renato logo dispensou a Elisa de sua punição.

Depois desses dois episódios o Renato finalmente encontrou uma tática que dava um pouco de resultado. Só um pouco. Ele passou a tática de, quando se aborrece com alguma das travessuras de Elisa, passa a agir com ela demonstrando frieza, o que costumamos chamar no Brasil de “dar um gelo”. Ele só conversa com ela se for um assunto que seja necessário e, quando ela se dirige a ele é como se estivesse falando com uma parede. Nem resposta ele dá se o assunto que ela levanta não for importante. E isso realmente dá algum resultado. É notório que ela fica perturbada quando ele age assim.

Mesmo assim, essa tática só funciona durante o dia. Na primeira vez que ele fez isso, quando já estávamos na cama e começamos a trocar carinho, ele se recusava a tocar nela e não permitia que ela lhe tocasse e sempre procurava por uma posição que dificultava ela tocar em mim também. Mas isso só foi válido por quinze minutos, pois quando ela percebeu que ele estava agindo dessa forma, sentou-se na cama, fez beicinho e falou:

– Vo ... Vooooces não ... não vão ... me dar ... amor?

Tentando não rir, perguntei:

– O que foi Elisa? O que você falou?

– VocêsnãovãodaramorpraElisinha?

Não aguentei e fui em direção a ela, beijando sua boca e logo estávamos nos amando na cama, enquanto o Renato assistia a tudo com um sorriso nos lábios e os olhos revelando toda a sua excitação.

Os projetos de Renato continuam aparecendo e trazendo alguma comodidade ao nosso Paraíso e isso é mais fácil do que se pode imaginar.

Minha mãe, antes que chegássemos à ilha, mandara instalar ali uma antena que captava sinal de um satélite. Dessa forma, estávamos conectados com o mundo através da internet e como usávamos o recurso VPN, nossas comunicações eram criptografadas e, a cada vez que nos conectávamos, podíamos escolher um país qualquer como sendo o de origem das mensagens, o que nos protegia de espiões cibernéticos que tentassem descobrir nosso paradeiro.

Era a Elisa que cuidava de escolher a nossa localização virtual e ela fazia isso com tanto cuidado, que ficava parecendo que estávamos nos deslocando constantemente pela Europa, com algumas incursões na América do Norte ou na Ásia. Com esse sistema, o Rei Renato pode implantar na ilha seus projetos, pois tanto pode adquirir máquinas, equipamentos e os materiais necessários, como encomendar projetos de engenheiros que estavam a milhares de quilómetros de distância dali.

Ah sim! Antes que eu me esqueça. Por favor, não deixem que o Renato saiba que eu me referi a ele como Rei. Ele ficou muito puto da vida quando falei isso na frente dele pela primeira vez. Nem mesmo a Elisa se atreve a usar esse tratamento com ele, a não ser quando tem o propósito de irritá-lo e o chama de “Vossa Majestade” e a mim de Rainha, mas isso raramente ela faz, pois como eu não dou importância, ela não atinge seu objetivo que é o de me irritar.

Entretanto, por mais que ele tente evitar isso, ele detém sim um poder enorme nessa ilha. Sem que ele quisesse, acabou se tornando o Administrador Geral, o Juiz e o Legislador, pois nada acontece aqui sem que ele tome conhecimento e dê o seu aval, a não ser, é claro, as coisas que Elisa resolve fazer. Ah sim!

Mas isso não muda o fato de que acabei por me tornar uma espécie de Rainha do lugar, pois tudo aquilo que o Renato não quer exercer interferência acaba sobrando por mim. Acho isso uma ironia do destino. Eu que fui criada como uma princesa, sendo rica, mimada e sempre ganhando de mão beijada tudo o que queria, acabei aprendendo em um lugar isolado e diferente como esse, que ser rainha não tem nada a ver com a princesa banal que fui. Isso exige muita responsabilidade e, quase sempre, quando preciso decidir sobre algo que envolve os nativos, acabo recorrendo à Elisa. É ela quem já conhece profundamente esse povo.

A ilha faz parte do Arquipélago das Ilhas Salomão e, portanto, existe algum governo que só se faz presente na hora de cobrar os impostos, o que nos dá liberdade para agir da forma que desejarmos sem nenhuma interferência e muitas coisas já foram construídas por Renato. Além das casas para os nativos, ele construiu o ancoradouro dando mais segurança ao barco que aqui comparece pelo menos uma vez por mês, construiu algumas vias, o que a Elisa criticou, porque ela acha que não tem sentido fazer ruas onde não existe nenhum veículo, mas que se mostrou muito útil quando o Renato, aproveitando que havia adquirido um pequeno trator, comprou também uma carreta reboque que ajuda muito na hora em que é preciso transportar as cargas que o barco descarrega todos os meses para um almoxarifado que ele também construiu.

Foi construída uma escola por insistência de Elisa que, entre uma peraltice e outra faz as vezes de professora e agora ele está empenhado em terminar uma usina hidroelétrica aproveitando uma das muitas quedas d’água que a ilha possui. Já está na fase terminal e ele acredita que, no próximo mês, quando estaremos recebendo uma nova visita da Sylvia e Cassandra, já estará funcionando.

Com isso, quero dizer que não foi o fato de ser proprietário de todas as terras dessa ilha que fez de Renato a principal autoridade local, mas sim as suas ações. Então temos aqui uma hierarquia muito simples. No topo está o Rei Renato (ai, disfarça, eu não consegui resistir), depois eu e abaixo de nós os quatro anciões entre o grupo de nativos que fazem o papel de sacerdote e curandeiro e dividem entre eles essas tarefas. Acima disso tudo está Elisa que é venerada por todos os nativos. É impressionante o poder que ela exerce sobre eles que fazem de tudo para realizar qualquer desejo dela e se divertem muito com suas peraltices. Principalmente naquelas em que ela confronta o Renato.

Vivemos uma espécie de comunismo. Tudo o que aqui é produzido é dividido entre todos e cada um recebe uma tarefa e a desempenha com entusiasmo. Já temos produtos cultivados aqui mesmo, um rebanho de gado que fornece leite e carne, aves em abundância e a caça é livre, pois são os próprios nativos que controlam a fauna local, determinando quais animais podem ser abatidos e quais os que são preservados em razão do risco de extinção.

A quantidade de aves domésticas, galinhas, patos, gansos é muito grande e elas são criadas livremente e todos se tornam responsáveis pela alimentação e demais cuidados com relação a eles. Dessa forma, os víveres trazidos nos barcos são apenas aqueles que são industrializados ou algum outro necessário para suprir algum problema de escassez. Ah sim! Menos um item cuja compra e consumo foi proibido por decreto de Vossa Majestade. Trata-se de leite condensado e vocês já podem imaginar de quem é a culpa disso.

Tem um outro assunto que não costumamos mencionar. Trata-se do tsunami previsto por Elisa. Só depois de todas as mudanças feitas, ao comentar o motivo de ter mudado sua casa para o comandante do barco que mensalmente nos visita, o homem começou a dar gargalhadas e, quando finalmente se controlou informou a um furioso Renato de que em nossa região a chance de ocorrer um tsunami é menor que meio por cento, explicando que, se houver algum, a ocorrência que provocaria a onda gigante seria a leste de onde estávamos e muito distante, mas que, mesmo que uma onda viesse a atingir a ilha, seria na parte onde existem as montanhas e que estaríamos protegidos.

O Renato é hoje um homem diferente. Embora muito enérgico e responsável na administração da ilha com uma preocupação enorme em nunca cometer uma injustiça goza de uma boa reputação entre os nativos que o veneram. No aspecto caseiro, é carinhoso ao extremo com suas duas esposas, porém, cada vez mais desesperado por não conseguir exercer o menor controle sobre a Elisa que continua fazendo o que quer, onde quer e na hora que quer.

Quanto a mim? Bom, se eu me tornei a Rainha do lugar, foi só para aprender que aquela vidinha de princesa que tive em toda a minha infância e adolescência não tem nada a ver com as responsabilidades que minha atual situação impõe. Eu tenho que me virar para resolver problemas de brigas domésticas, chamar a atenção de pais que dão muita liberdade aos seus filhos, ensinar conceitos de higiene para um monte de gente e muitas vezes sou convocada para decidir alguma disputa entre duas mulheres, seja pela disputa de algum homem, por uma galinha que uma matou e cozinhou e a outra pretendia fazer isso. Até que me saio muito bem. Bom, pelo menos me saia até o dia que uma nativa me procurou para reclamar que nenhum dos homens demonstrava interesse em transar com ela que já passara da idade de procriar, eu pirei de vez e, sem saber o que fazer, pedi para que a Elisa resolvesse isso.

Foi só para me arrepender. A maluca da Elisa convenceu às outras mulheres a não transarem com nenhum homem se a ofendida não fosse escolhida por alguém, o que quase causou uma revolta e acabou o Renato sendo obrigado, para seu próprio desespero, a intervir. Eu nem sei dizer como ele e Elisa resolveram esse problema. Às vezes, fico curiosa, porém, tenho até medo de perguntar.

Então é nisso em que minha vida se transformou. Tenho um filho pequeno que é cuidado por uma das nativas treinadas para isso, mas parece que tenho mais de cem filhos, pois até o mais velho entre os nativos me procura quando está com algum problema, cujo tema ele não quer que seja do conhecimento do Renato.

E é cada problema! Meu Deus!

Mas problema, problema mesmo, eu tenho apenas um. Um problema com um pouco mais de um metro e meio, loira ao extremo, inteligente demais e que parece ter incorporado o espírito da ilha e dos nativos nos cinco primeiros minutos que aqui viveu. E não me refiro a problemas em nosso relacionamento de trisal. Quanto a isso, cada dia é melhor que o outro e eu morro pelos dois amores da minha vida. Sinceramente, não sei dizer se amo mais ao Renato ou a Elisa, e também não posso dizer com qual deles sinto mais prazer, se bem que não troco nenhum dos dois pelo prazer que os dois jutos me proporcionam quando resolvem se unir para “judiar” de mim.

Digo judiar porque, nas vezes que isso acontece e é muito frequente, eu chego a desmaiar pela quantidade e qualidade do prazer que tenho, com aquelas duas bocas deliciosas a explorarem cada centímetro do meu corpo e continuarem fazendo quando eu, em transe, peço para que parem que eu não aguento mais. Mas eu sempre aguento. Não só aguento, como fico ansiosa esperando pela próxima vez, pois estamos sempre revezando e um de nós fica sendo uma espécie de bola da vez para ser premiado com essa “judiação”. Não que exista uma tabela ou qualquer tipo de programação. Sempre acontece de forma inesperada e, antes que percebamos, há dois de nós se dedicando com avidez ao terceiro.

Uma coisa que eu não canso de repetir é que, nesses mais de dois anos de vida aqui, a intensidade dos prazeres que tenho sempre é algo que poucas vezes tive na minha vida. E olha que não foi por falta de tentar antes, pois vocês se lembram bem como eu era antes de descobrir como o amor de hoje é a força motriz na potencialização desse prazer. Transar com quem a gente ama e tem a certeza de que é amada é algo que não tem comparação e eu, sendo a felizarda que sou, tenho duas pessoas a quem eu posso dizer, a qualquer momento, que são os meus amores.

Lógico que temos nossos filhos e que dou minha vida por eles. Pelos dois, pois nesse caso, também não sei dizer a qual deles amo mais. Para mim ambos são como se fossem meus e, por mais incrível que possa parecer, notei nas visitas de Sylvia, que minha mãe age da mesma forma, tratando aos dois como se fossem seus netos.

A gravidez foi tranquila e o parto normal, ajudadas que fomos por duas parteiras nativas. A Elisa não mudou em nada durante todo o período de gestação, exceto em alguns aspectos, assim mesmo por influência dos anciões da tribo que, ao perceberem que estávamos gravidas, destacaram dois dos adolescentes mais fortes para agirem como se fossem o salva vidas dela com a recomendação de que ela não deveria, de forma alguma, se dedicar a qualquer atividade em que tivesse que praticar o mergulho, pois ela já se tornara exímia pescadora submarina e caçadora de pérolas.

Isso causou algum transtorno, pois houve até uma ocasião em que um dos rapazes foi obrigado a carregá-la em suas costas para afastá-la da água. Ela ficou tão furiosa que passou os dias seguintes se dedicando a fazer da vida do rapaz um inferno e só se acalmou quando eu, em uma das poucas vezes que fui obrigada a chamar a atenção dela, expliquei que o moço estava apenas cumprindo ordens e que tinha feito aquilo para o próprio bem dela. Ela acabou por aceitar, porém, em vez de parar por aí, resolvi provocá-la dizendo que ela tinha sido tão má que devia fazer algo para se desculpar com o rapaz.

Contrariando o decreto real de não comprar leite condensado, ela encomendou três latas e, quando o barco chegou, usando o leite e chocolate, faz uma panelada de brigadeiro que foi ofertada ao garoto como um pedido de desculpas. Ela fez isso de uma forma que ninguém visse e assim o pobre garoto se empanturrou gloriosamente com a delícia, para no dia seguinte se contorcer em cólicas e desinteira, sendo obrigado a tomar um chá feito de uma erva que se parece muito com aquela que no Brasil recebe o nome de losna.

Eu já conheço esse chá. Tanto eu como a Elisa. Aconteceu na primeira vez que fomos os três convidados a comparecer na comemoração em homenagem a algum dos deuses deles, são tantos que nem sei dizer qual, e nos vimos obrigadas a comer um alimento pastoso com um cheiro nada agradável, mas muito saboroso. No outro dia tivemos que ser socorridas por um dos curandeiros lá existente e tive que concordar com a Elisa que disse que aquele remédio é mil vezes mais amargo que a doença.

Nesse ponto eu deveria começar a falar apenas de Elisa, porém, será apenas continuidade do que foi dito até aqui. Mas a culpa não é minha. Não tem como falar de alguma coisa dessa ilha sem poder falar da participação da pestinha.

Olhando para ela hoje, ninguém é capaz de dizer que ela já está com pouco mais de vinte e cinco anos. Sua pequena estatura, sua carinha de sapeca e seu comportamento maluco faz com que ela se pareça mais com uma adolescente e, muitas vezes, acho que ela fez de propósito um retorno aos tempos para ter uma infância e uma adolescência que ela não teve a chance de ter antes, por motivos que todos vocês também já conhecem.

Porém, não é sempre assim. Tem aqueles momentos em que, estando apenas nós três, ela passa a agir como a mulher sedutora e maravilhosa que encanta a qualquer um. Fico até feliz de ela mostrar esse seu lado apenas para o Renato e para mim. Eu morreria de ciúmes de ver a mulher Elisa encantando a todos os nativos, se bem que não me importo com nada do que ela faz para mostrar a Elisa criança para todos. Por incrível que pareça, me divirto muito, principalmente quando o Renato fica à beira da loucura com as traquinagens dela.

Só que, para falar da Elisa, tenho que falar antes dos costumes do povo daqui. Não da religião e de seus costumes tribais. Isso, quem quiser pode pesquisar na internet. Vou citar apenas alguns que chamaram mais a atenção de Elisa.

O sistema social deles é muito estranho. Não existe a figura do pai e da mãe. As crianças são cuidadas por um grupo de mulheres eleitas para essa tarefa e todos são responsáveis pela alimentação, saúde e educação, muito embora essa última tenha sido facilitada depois que a Elisa se travestiu de professora. Também não existe o casamento, o que dificulta explicar algo sobre monogamia ou poligamia.

As coisas funcionam assim.

Quando um rapaz se interessa por uma garota, eles se aproximam. Na verdade, eu acho que são as garotas que atraem aos garotos, só que elas agem de forma a ficar parecendo a escolha é deles. Isso para mim não é muito diferente do que acontece em todos os cantos do mundo. É sempre a mulher que escolhe o cara que vai escolher a ela. Se é que vocês me entendem.

Então, como eu ia dizendo, eles se aproximam e passam a andar juntos, transam e, quando ela engravida, ele é obrigado a cuidar dela durante todo o período da gravidez, mas quando a criança nasce passa a ser cuidada pelas mulheres tomam conta de todas elas, a união do feliz casal se se desfaz. Depois disso, ela pode aceitar a aproximação de outro homem ou do mesmo e isso não causa problema nenhum.

Outro costume deles é quanto ao uso de roupas. Talvez por imposição de algum europeu que tenha residido aqui antes, eles usam roupas durante os dias de semana, porém, nos feriados e finais de semana, só usam se quiserem. Então é comum ver um casal de mãos dadas andando em direção à praia que todos nós frequentamos totalmente nus. Eles também não têm muita restrição com relação ao sexo e é comum ver um casal transando dentro da água ou mesmo na areia da praia. Tudo é livre, desde que seja consentido e não há registro de um homem ter feito qualquer coisa com uma mulher que ela mesma não estivesse querendo. Forçar uma mulher a transar ou tocar uma mulher que não deseja isso é um verdadeiro tabu entre eles.

E é aí que entra a Elisa.

Já no terceiro dia depois de nossa chegada à ilha e fui surpreendida por Renato que, entrando em casa com cara de poucos amigos, me contou que viu a Elisa, totalmente nua, fazendo a maior algazarra com os garotos e garotas na praia. E olha que nem final de semana era. Quando ela retornou e ele quis chamar sua atenção, foi impedido pelo estado dela que, sem se proteger, estava com sua pele igual a de uma lagosta e ficou três dias de molho, sem poder sair de casa.

Se ter a Elisa em casa reclamando das queimaduras que sofreu é ruim, imaginem ter que suportar uma multidão de adolescentes e crianças em frente da sua casa perguntando a cada minuto como é que ela estava se sentindo e, para complicar de vez, no idioma deles, o que eu não entendia nada. Aliás, até hoje entendo muito pouco.

Se eu tive dificuldades em apender ao idioma nativo, o mesmo não aconteceu com a Elisa. Assim que se recuperou de suas queimaduras e munida com um protetor solar produzido pelos próprios nativos, do qual eu só posso dizer que tem um cheiro horrível, mas funciona, lá estava ela, ora nua, outras apenas de calcinha e, o que mais deixava o Renato puto da vida, era que bastava ela pôr os pés fora de casa e um bando crianças nativas aparecia, todos eles com um frasco contendo o tal do protetor que eles mesmos faziam questão de passar em seu corpo e ela, todas as vezes que o Renato estava próximo, ficava a encará-lo fazendo caras e bocas só para deixá-lo ainda mais puto.

Em uma semana a Elisa já tinha um conhecimento do idioma suficiente para estabelecer longas discussões com os garotos nativos e essas discussões, pelo tom de voz e gestos que eles faziam, não parecia ser nada que se referisse ao tempo de vida de uma tartaruga ou de como evitar ataques de tubarões. Com isso quero dizer que ela começou aprender o idioma no sentido inverso. Primeiro as palavras chulas e xingamentos para depois chegar às palavras mais úteis antes de se dedicar a estudar a estrutura do idioma.

E quando Renato e eu começamos a nos acostumar com as atividades de Elisa, com suas idas constantes às praias, ela inovou e iniciou o que ela chamava de reconhecimento da ilha. Ela sumia de vistas por horas e aparecia sempre ao final da tarde, sempre acompanhada de seu bando de seguidores nativos e muitas histórias que ela dizia serem suas aventuras.

Isso perdurou até o dia em que ela não voltou antes do sol se pôr e o véu da noite de um dia nublado já cobria a ilha. Renato ficou apavorado e, em menos de quinze minutos, organizou uma equipe de busca entre os nativos e se embrenharam na mata carregando tochas e lanternas. Mal desapareceram de minha visão de um lado da vila e Elisa e sua turma apareceu do outro.

O resultado disso é que o Renato só apareceu em casa na manhã seguinte e com o rosto irreconhecível pelo inchaço provocado pelas picadas de mosquitos e um humor de cão. Ele perdeu de vez as estribeiras e, parecendo esquecer-se da tentativa anterior, determinou que a Elisa estava de castigo, sem poder sair de dentro de casa e quando ela, calmamente, perguntou por quanto tempo, ele respondeu ainda nervoso que era por toda a eternidade.

Dessa vez, além da mobilização das crianças e adolescentes nativos, o ato foi reforçado pelos adultos. Só mais tarde fui saber que a demora dela em retornar para casa era devido a um ritual que todos eles passam ao atingirem a idade adulta. Uma espécie de cerimônia para comemorar o fato e, mesmo Elisa já sendo adulta, ela não tinha passado por essa transição e, com as crianças manifestando o desejo de que ela fosse uma delas, providenciaram para que isso acontecesse.

Censurei a ela dizendo que pelo menos poderia ter avisado e ela se justificou dizendo que nem ela sabia, ganhando minha simpatia e solidariedade, o que não quis dizer muito por que o Renato parecia irredutível em dar uma lição naquela que ele dizia ser uma indomável. Aí eu pensei, se é indomável, o que vai adiantar tudo isso. Ninguém vai conseguir domar!

Ninguém pode explicar como ela conseguiu se comunicar com os nativos, porém, o fato dela estar presa em casa mobilizou todos os habitantes originais da ilha e o assunto foi tratado como de importância enorme por eles que até mesmo os anciões pediram uma reunião com Renato que, percebendo que era ele contra o mundo, pois eu já tinha avisado a ele que não tomaria partido de ninguém naquela história, cedeu e liberou a meliante Elisa de sua condenação.

O que ele não me contou e fiquei sabendo só depois de alguns dias, narrado pela própria Elisa que recebeu dos nativos a informação, é que houve uma assembleia entre eles que decidiu que, estando Elisa de castigo por causa de um ato que vários deles também cometeram, todas as crianças nativas receberiam o mesmo castigo, uma vez que estavam na companhia dela e que, estando as crianças proibidas de ultrapassarem um limite da aldeia determinado por eles, os adultos teriam que permanecer ali para garantir o cumprimento daquela ordem.

Renato foi inteligente o suficiente para entender que estava às volta com uma greve declarada. Disfarçada em um castigo de crianças e dever de adultos, mas nada mais que isso. Uma greve. Renato resolveu manter sua posição e informou ao negociador que, sendo toda a produção da ilha voltada para as necessidades deles, que não via problema em que eles ficassem sem trabalhar, já que os prejudicados seriam eles mesmos.

Foi nessa hora que o mensageiro da determinação dos nativos informou que aquela era a última conversa deles na língua inglesa e que, a partir dali, se o Renato quisesse algo deles, teria que se dirigir a eles em seu idioma nativo. O teimoso ainda fez pouco da ameaça e voltou a repetir que o problema era deles.

Renato nunca esteve tão enganado em sua vida. Assim que os nativos voltaram para suas casas, começaram a surgir problemas que ele não conseguia resolver por não conseguir se comunicar com eles. Mesmo assim, ainda aguentou pelo resto daquela noite, quando ninguém dormiu por causa das constantes discussões que aconteciam na vila dos nativos, o que se prolongou por mais da metade do dia seguinte.

No meio da manhã, o barco que trazia os víveres apontou no horizonte. Renato precisava dos nativos para ajudar no desembarque de equipamentos que ele comprara para seu mais novo empreendimento. Ele decidira criar um sistema de irrigação na ilha. Mas não teve como negociar. Nem mesmo um dos marinheiros do barco, que conhecia o idioma e se ofereceu ajudar foi de alguma inutilidade, pois os nativos simplesmente agiam como se ele estivesse falando em grego.

Sem alternativa, Renato se viu obrigado a recorrer à Elisa e ainda teve que suportar a verdadeira festa que os nativos fizeram quando a viram livre, com ela sendo carregada nos ombros por toda a parte habitável da ilha. Até mesmo no mar ela foi atirada, de onde saiu feliz da vida, como se tivesse acabado de ganhar o presente de seus sonhos.

Essas são apenas algumas das “aventuras” dessa mulher que eu amo de paixão e que, na intimidade, chamo de meu pequeno camaleão. Sim, pois essa é a comparação que melhor se enquadra na forma como a Elisa está vivendo a sua vida. Ela pode ser uma mulher sedutora e apaixonada, pode ser uma excelente auxiliar nos problemas do cotidiano, uma professora exemplar e dedicada ou uma criança indomável, usando aqui a classificação do próprio Renato.

E no final de contas, a Sua Majestade Renato pode ter seus surtos de fúria, ou de pânico, mas no fundo dá para perceber que, a cada dia que passa, seu amor por nós duas aumenta mais e que, quanto a morar em uma ilha distante de tudo, ele não diz nada a favor, mas é fácil notar que ele está tão apegado à essa ilha e a tudo o que ela nos oferece, que somente um assunto de seríssima importância o convenceria a mudar daqui.

Um beijo a todos vocês, com todo o meu amor.

Ah sim! Ah Elisa pediu para eu mandar um recado a todos os leitores que a acompanharam. Melhor ainda, ela mesmo vai escrever aqui:

– Pe... Pes... Pepessoal... Eu... Eu.... aaaamooo vo... vo.... vovocês.

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Comentários

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Id@, está muito ocupada com seus contos? Gostaria de conversar com você, sobre um conto meu, se possível.

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Will, até que não estou muito ocupada. Se quiser “conversar”, me mande o seu e-mail. Abs

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Luana, muito grata pelo seu comentário. Também estou adorando o conto que vc está publicando atualmente. Parabéns, vc escreve muito bem.

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Releendo pela terceira vez essa temporada, as outras já reeli mais vezes rsrs

Essa é uma das melhores histórias que já li no site em mais de 10 anos como leitora. Além disso tem uma das minhas personagens favoritas que é a Elisa.

Nem vou comentar sobre a qualidade dos textos da dubla porque é chover no molhado, então só queria agradecer a vocês por nos contemplar com essa maravilhosa história, obrigada!

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Id@ boa tarde! Lhe enviei uma mensagem pelo serviço de assinatura aqui da casa mas até o momento acho que você não deve ter visto ou não é assinante . Mas tudo bem! Aqui é Jô 74,eu estou de volta ao site e notei que as meninas do Ménage Literario não fazem mais parte do site infelizmente,eu me informei com o Leon e ele me explicou o ocorrido. Bom como você assim como eu era leitora delas ,eu queria saber se você tem o email delas ou então sabe me dizer para qual site elas estão escrevendo? Gostaria de ler aquela história que elas estavam trabalhando aqui no site ( Do Veterinário e a Médica) . Desde me desculpe a invasão na sua página !

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Jo, até onde eu sei as meninas do Menage pararam de publicar na CDC por problemas com alguns leitores. Elas agora estão transformando o conto em um livro e pretendem publicar por uma Editora. Elas não estão publicando em outro site.

Ah, eu não tenho conta para receber mensagens.

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Ida,

gostaria de receber um email seu para trocar duas palavras em pvt.

snowcastle1308@gmail.com

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Ah ida que final fantástico! muito bonito, muito belo. sinceramente eu não esperava uma resposta dessa forma!muito obrigado!⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐💯

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Caro Cigarra, fico muito contente que você tenha gostado. Muito grata pelo comentário.

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Oba !!! Leitora nova !!! Seja bem vinda.

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Parabéns Ida,a volta do meu trisal preferido, confesso que estava com saudades deste três e pelo jeito estão mas felizes do que pinto no lixo,Eliza sempre a mesma não se deixa dominar,isto mesmo o paraíso era para ser assim,bjs

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É o meu trisal favorito também !!! Eles devem estar muito felizes.

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Eu amo essa história, tecnicamente tenho duas histórias preferidas O que é o amor e Renata um grande amor, elas são perfeitas pra esse simples leitor e pra mim elas não podem acabar nunca. Não digo ter outras e outras e outras temporadas mas de vez em quando assim de seis em seis meses os autores poderiam fazer como o Nassau e a Id@ fez agora escreveu um conto nos contando como estão os personagens só pra manter a nostalgia acesa kkkk.

Só posso dar os parabéns, quando recebi no meu mail que a Id@ tinha postado um conto eu imaginei que seria a continuação do clube ou da Carla que posso ter até sonhado mas ele disse que a senhorita iria conclui-lo mas sendo repetitivo foi um surpresa que fiquei ate achando que estava lendo errado mas depois vi que era verdade.

Obrigado por essa surpresa e que tenham mais assim.

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Marcelo, eu também adoro as duas histórias que você mencionou. Vou tentar completar também os contos O Clube e Carla (que já foram transferidos para o meu perfil a pedido do Nassau). Mas isto deve demorar um pouco. Estou ajudando outros autores com suas obras.

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E o Renato ainda tá vivo? Pois sinceramente achei que ele já tinha morrido do coração! Ainda bem que a Elisa foi o ingrediente para unir o Renato e a Bruna, pois, agora com este relato é que percebi que ela tem mais poder do que aparenta e poderia ter facilmente destruído um dos dois para ficar com o outro!

Ida, divina Ida! Mais uma espetacular obra para sua infinita lista! Parabéns à você por nós banquetear e parabéns ao Nassau por mais esse capítulo!

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O Renato deve ter passado poucas e boas com a Elisa e a Bruna na ilha. Mas continua vivinho da silva.

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Oi ID@,

Está semana me bateu uma nostalgia deste conto.

Relembrei da sua parceria com o Nassau, lembranças boas desta turma (Bruna, Renato e Elisa), e que trio.

Falar de vc ID@ é igual falar do MARK e da NANDA, é chover no molhado!

E que parceria é está com o Lukinha, parabéns vcs estão arrebentando!

Parabéns, sou seu fã!

👏👏👏👏👏👏👏

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Hugostoso (Uiiiii), fico muito grata pelo seu comentário. Que bom que estamos conseguindo agradar aos leitores(as). Agora, me comparar com o Mark e com a Nanda .... ai já é demais !!! Ainda estou longe, muito longe !!!

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Eita Ida realmente saudades desta turma como disse essas quatro temporadas com certeza foram as melhores do site parabéns grande amiga se assim posso chamar, ah e um grande abraço ao Nassau bom amigo parabéns pela criação.

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Meu caro Almafer, muito grata por acompanhar. Você não só pode, como deve, me considerar uma amiga. Um grande abraço.

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Muito legal, querida Ida! Obrigado por compartilhar conosco.

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Não tem de quê. Todos que nos acompanharam e me incentivaram, merecem.

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Muito bom! Fiquei mais fã ainda da ElisID@.

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Hahahaha, gostei desta !!!! Muito boa.

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Que história maravilhosa, senti falta desse trio cabeça dura

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Eu também. Você não sabe como !!!

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Eita, eita, eita! Infelizmente só vou conseguir ler mais tarde!

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Vai ter continuação ?

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Não meu caro, GRB73, este foi um presente do Nassau e, em agradecimento a todos que nos acompanharam eu decidi compartilhar.

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Bela surpresa Ida!! Nesses tempos que sofremos a perda (espero temporária) de alguns excelentes autores, sua postagem só vem a alegrar!! Bjs e que vc volte a não brindar com mais contos o mais breve possível, seja na sua própria autoria ou nas grandes parcerias!!! ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

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Querido Antoper, fico muito contente por ter conseguido alegrar a você e outros com esta surpresa.

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Quis dizer “nos brindar” !!!! Desculpem o erro!!😓😓😓

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Sem crise. Eu entendi !!!

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Listas em que este conto está presente

O QUE É O AMOR!
Em ordem de capítulos.