Fábio abraçou a irmã que se pendurava dele, segurava para ela não cair, Rafaela não conseguia falar apenas chorava copiosamente no colo dele, a mãe, Rose apareceu na porta vendo a cena, a filha de roupas íntimas abraçada com o irmão, Fábio fez um gesto para ela sair, ela obedeceu, fechou a porta no quarto e se sentou na cama com Rafaela ainda grudada nele.
Rafaela permaneceu nessa posição por cerca de cinco minutos e então conseguiu falar
— Você me abandonou! — Parecia magoada dando socos raivosos no peito dele
— Eu não te abandonei e você sabe — Ele falou de forma direta, a conversa entre os dois era franca sempre e direta. — Eu vim para ver você mesmo, tá acontecendo muita coisa e eu vim só para te dar um abraço.
Ao ouvir isso ela apertou mais ainda o abraço
— Tava morrendo de saudade de você, só me aconteceu coisa ruim quando você foi embora — Rafaela falou ainda sem largar ele — Fica aqui comigo por favor
— Eu sei, eu fiquei sabendo de tudo, desculpa não estar aqui pra você — Ele disse coçando a cabeça dela como sabia que ela adorava
— Cala a boca! — Ela falou ríspida — Você tá aqui agora, só me aperta por favor!
Ele obedeceu, abraçou ela com força ficaram vários minutos ali sentindo a respiração um do outro, ela então resolveu desfazer o abraço e olhou ele nos olhos, usava uma barba, ela passou a mão na barba dele, analisando, estava bem feita, dei um beijo na bochecha
— Você tá bonito — Ela falou — Queria muito te ver, tava com muita saudade mesmo
— Pode olhar agora, só não vai me morder! — Ele disse sorrindo
Ela sorriu e se levantou do colo dele, caminhou até o armário e pegou uma calça, vestiu e saiu de trás da porta vestindo uma camiseta branco folgada
— Veio só você? — Perguntou ansiosa — Ou minha xarazinha também?
— Só eu mesmo, mexi uns pauzinhos e acabei fazendo uma escala aqui, mais fico só tres dias
Ela se aproximou e abraçou ele de novo, pegou a mão dele e beijou passando no próprio rosto, cheirando e sentindo a textura da pele, amava o irmão e sentia muita saudades dele.
— To aqui tá — Ele falou carinhoso
— Eu sei, o problema é quando você não está — Ficaram quietos por alguns segundos enquanto ela analisava as mãos dele
— A mãe preparou um outa café, achei que era pra mim, mas é pra você — Ele disse fingindo uma mágoa imaginária
— Sim, eu não to comendo muito ultimamente — Rafaela falou saindo do quarto de mãos dadas com o irmão
— Eu to vendo, ta parecendo o puro osso! — Fabio falou lembrando de um desenho que Rafaela gostava, ela deu um sorriso, nostálgica
Chegaram na sala onde havia a mesa e Rafaela viu tudo posto, muita comida, sucos, café, leite bebida
Seu pai, sua mãe e sua tia estavam sentados esperando.
O pai se levantou
— Melhor hoje? — Perguntou ao beijar Rafaela na bochecha
— To sim pai, obrigada
Rafaela se aproximou da tia
— Oi tia — Beijou a bochecha dela também e depois a mãe
Sentou-se na cadeira, Fábio sentou-se do outro lado, ela olhou para ele e depois olhou para a cadeira do seu lado voltando a olhar para ele, ele entendeu o recado, se levantou e deu a volta sentando do lado dela, Rafaela agarrou o braço dele e se puxou mais para ficar mais próxima dele, agora encostada.
Durante algumas horas comeram e conversaram, Rafaela comeu pouco, mas já era muito mais do que havia comido em semanas, conversaram sobre várias coisas, mas nenhum dos assuntos atingiu qualquer coisa sobre Rafaela, falaram sobre a estada do irmão nos Estados Unidos, ele mostrou foto da filha, disse como ela era e Rafaela ficou muito contente por isso, então ela mesma resolveu falar de um assunto que pairava
— Posso ficar com essa foto? — Rafaela falou ao ver a foto de Fabio com a filha que também se chamava Rafaela
Ele deu a foto para ela, ela pequena e ela guardou na bolsinha com carinho.
— Tia, como tá o Diu? — Perguntou saindo mais ou menos o que estava acontecendo
Ela respirou fundo, falar sobre aquilo ainda doía
— Ele ainda está lá, os advogados acham que ele sai mês que vem, quando está marcada a audiência
— E quando tem visita? — Rafaela perguntou curiosa
— Amanhã — Ela respondeu rápido — Você vai? Ele tem perguntado de você
— Eu vou sim — Rafaela falou decidida
— Obrigada, vai ser importante pra ele.
A porta abriu de uma vez, Natali entrou rápido ofegante
— Cheguei! — Falou e olhou para mesa, todos a encaravam surpresos — É…bom dia! — Respondeu se encolhendo de vergonha por ter entrado e interrompido
Se aproximou e comprimentou todos
— Já conhece o Fábio né Nati? — A mãe de Rafaela perguntou
— Conheço de longe a gente nunca conversou
Natali se aproximou e viu como ele era alto, sorriu, Fabio sorriu também e se cumprimentaram, ao lado dele havia um lugar vago e ela foi sentar
— Não não — Rafaela disse — Senta você ali — Falou para Fábio fazendo-o passar para a cadeira do lado — Você senta aqui do meu lado — Rafaela apontou para seu lado esquerdo fazendo com que os dois se sentassem cada um de um lado dela, mantendo uma distancia segura
— Oxe, eu não vou morder seu irmão não — Natali respondeu sarcástica
— Sei — Rafaela respondeu seca e mudaram de assunto
Tomaram café de forma demorada, falaram sobre o padrinho de Rafaela na cadeia e tudo o que puderam, levantaram-se para dar uma volta
— Rafa, eu vou aproveitar para resolver uns problemas de documentos — Fabio disse, mas eu volto para a noite a gente ver um filminho, o que acha? — Perguntou sorridente
— Você quer que eu vá com você? — Ela perguntou solícita
— Não, eu tenho que ir em muito lugar e esses lugares são bem chatos, a noite a gente tira o atraso, pode ser? — Perguntou acariciando a cabeça de Rafaela
Ela beijou o pulso dele
— Pode — Respondeu melosa, era apaixonada pelos gestos carinhosos do irmão desde pequena
Fabio saiu para ir embora e Rafaela ficou com Natali, foram ao quarto
— Cara, seu irmão — Natali falou pensativa sentando na cama
— Meu irmão o que? — Rafaela falou mexendo no armário
— É bonito — Natali falou tentando ser educada
— Gostoso né, é isso que você quer dizer — Rafaela disse cortando logo o assunto
Natali riu sem graça
— É sim, um delicioso, aquela barba dele deixa ele mais lindo, parece seu pai — Natali faliu pensativa
Rafaela vestia um jeans
— Vai querer toda a minha familia é? cacete! — Rafaela disse — Isso é vingança pq eu comi seu pai
— Que vingança o que, eu não planejei nada não, seu irmão é gostoso e só, não vai rolar nada, ele vai embora ja ja
— Ai Nati, você acha que eu sou trouxa né, vc tá molhada já que eu sei
Rafaela tirou a camiseta e procurava enquanto preparava para vestir uma blusa de alcinha
— Tô não! — Natali disse — Não sou facinha assim não
— Duvido que não! — Rafaela disse
— Vem aqui então ver se eu to com a buceta melada caralho! — Natali falou agressiva
— Tô afim não — Rafaela disse desanimada
Natali se levantou e abraçou ela
— Desculpa, tava brincando, você tá bem melhor hoje, gostei da sua carinha — Deu um beijo nos lábios de Rafaela
— É, não vou morrer na cama não, vou viver, acho que é o certo
— Sim, é o certo, a tarde eu tenho que ir embora, mas até uma da tarde consigo ficar com você, quer minha ajuda pra fazer algo?
Rafaela colocou a blusinha apertada e se esticou fazendo alongamento
— Quero sim, eu preciso de um apoio moral para terminar uma coisa
— Terminar uma coisa? o que? — Natali perguntou curiosa
— Vem comigo que você vai ver, não precisa falar nada, só fica comigo tá, para eu não ficar sózinha, eu não sei o que pode acontecer.
— Tá bom — Natali respondeu apreensiva
Saíram da casa, Rafaela olhou para a rua, sentiu um breve sentimento de pânico, medo, sentiu o mudo pesar em sua cabeça, sua respiração acelerou, viu ao longe a casa de Amanda, a academia de Guilherme, viu as pessoas andando na rua o lugar onde ela brincava com Amanda quando eram menores, onde andavam de mãos dadas, onde usavam roupas curtas para os meninos verem, sua respiração acelerou
— Eeeeiii, calminha — Natali agarrou a cintura dela — Levanta o queixo e respira, segura o ar
Rafaela obedeceu, os olhos brotaram lágrimas
— Eu to aqui tá meu anjo, se não tiver pronta a gente volta — Natali pegou na mão dela — Se quiser eu não desgrudo de você
— Obrigada — Rafaela disse e limpou as lágrimas, não usava maquiagem, as unhas não estavam feitas então não precisava se olhar no espelho nem retocar nada.
Apertou a mão de Natali e a puxou andando pela calçada e atravessando a rua, pararam em frente à academia.
A irmã de Guilherme estava no balcão
— Oi Giulia — Rafaela disse tentando parecer natural, mas o sorriso era forçado
— Oi! — Giulia falou surpresa, levantou-se e deu a volta no balcão passando a catraca e dando um abraço apertado em Rafaela — Como você tá cunhada?
— Tô melhor, obrigada por perguntar — Rafaela também abraçou — Seu irmão como está?
Giulia se afastou
— Ele, bem acho que ele se fechou sabe, não está bem, mas é bem fechado.
— Entendi, eu quero falar com ele, tá por aí? — Rafaela perguntou
— Tá sim, ta no telefone desde cedo, entra lá — Giulia indicou a porta que rafaela já conhecia
Rafaela agradeceu e entrou junto com Natali, Giulia ficou olhando para as duas, já havia visto, mas sempre achava curioso como pareciam, na verdade ela ficou olhando o bumbum das duas garotas.
Entraram na sala, Guilherme estava no telefone, olhou para as duas e indiciou o sofá para que sentassem, continuou a falar, parecia estar em uma reunião, usava fones de ouvido e respondia, ouvia e explicava, parecia falar sobre negócios, equipamentos, educação física e tudo mais.
Esperaram por quase vinte minutos até que ele desligou, mesmo depois de desligar ele continuou no computador por quase cinco minutos, fazendo algo, parecendo ignorar as meninas, elas estavam em silêncio aguardando, então ele se levantou.
Rafaela esperava que ele a beijasse ou fosse carinhoso de alguma forma, mas ele não foi, foi frio e distante.
— Bom ver que você saiu da cama, no que posso ajudar vocês? — Perguntou parecendo um estranho
Rafaela se levantou e o observou
— Bem, eu esperava algo diferente — Falou indo em direção a ele
— Esperava o que? — Ele disse num tom mais baixo e Rafaela viu as olheiras dele, estava preocupado.
Se aproximou e tocou o rosto dele
— Você tá bem? — Ela perguntou carinhosa
— Que diferença faz se eu to bem ou não, isso não muda nada, vou é tocar minha vida — Ele se afastou e voltou a sentar-se na mesa do computador.
Rafaela ficou observando
— Podemos falar sério, sem você fingir que eu sou uma estranha? — Ela disse de forma direta
Ele olhou para ela e depois para Natali
— Você trouxe sua sósia para gente lavar a roupa suja na frente dela? — Guilherme disse parecendo ainda cansado
Rafaela se virou
— Nati, eu sei que pedi para você ficar comigo, mas isso vai ser diferente, pode me esperar lá fora, eu preciso conversar sério aqui com ele.
Ela não fez objeções, levantou-se e foi até a porta
— Estou aqui, estou de olho — Falou sem olhar para trás e saiu fechando a porta.
Rafaela observou e voltou a olhar para Guilherme, não queria ser ameaçadora de forma nenhuma colocou as mãos nos bolsos de trás da calça.
— Vamos lá, você e eu perdemos a Manda, não falamos mais sobre isso, o que você me diz? — Ela perguntou direta
— O que você quer que eu diga? — Ele perguntou sem olhar para ela — Ela morreu, a gente sabia que ela ia morrer, você e eu estamos vivos.
— Caralho, é assim mesmo? Morreu foda-se? — Rafaela perguntou
Ele bateu na mesa e se levantou
— Adianta? Tem algo que eu possa fazer ou falar que vai trazer ela de volta? tem algum jeito de desfazer isso? — Ele perguntou num tom de voz mais alto
A porta se abriu, era Natali
Rafaela olhou pra ela e mostrou a palma da mão
— Pode ir Nati, aqui tá sob controle, eu juro, espera lá no balcão com a Giulia, por favor
— Rafa — Natali falou preocupada
— Eu não vou machucar a sua irmãzinha, fica tranquila — Guilherme disse — Se é isso que você tá pensando.
Natali fez uma careta e respirou fundo, fechou a porta e foi até o balcão conversar com Giulia, entendeu rápido que estava sendo cantada, Giulia era bonita e educada, não repeliu imediatamente.
Rafaela caminhou até a porta e trancou
— Não tem — Falou virando-se para Guilherme — Não tem nada o que fazer para ela voltar
— Então, o que você quer de mim? — Guilherme perguntou abrindo seus braços fortes
— Não quero nada, só quero conversar, entender — Rafaela disse tentando ser delicada
— Entender o que Rafaela? — Guilherme se aproximou — Ela morreu, acabou, fim, ela tava doente, a gente sabia, foi triste, mas não foi uma surpresa
Rafaela ficou ofegante, fez que sim com a cabeça, ele estava certo
— Você não sente nada? — Ela perguntou com os olhos marejados
Ele riu e virou-se de costas, colocou as duas mãos na parede
— Puta que pariu se sinto — Apertou os olhos com os dedos
Rafaela deixou ele processar, pensar, ele pareceu esconder-se dela, sentou na cadeira de novo, respirou fundo
— Mas é como eu disse, não muda nada, eu amava ela demais, mas agora é só a lembrança dela que fica.
— E a gente? — Rafaela perguntou curiosa
— O que tem? — Guilherme disse parecendo dar de ombros
— O que tem? — Ela perguntou cruzando os braços numa postura defensiva — Como assim o que tem?
— Perae, antes que a madame venha cantar de galo pra cima de mim, você sumiu, entrou no seu mundinho por dias, eu fiquei aqui sozinho, chorando, eu vi ela no caixão eu fui no hospital ver o corpo você não vou porra nenhuma, ficou igual uma retardada em choque — Falou acusando-a
Rafaela desfez os braços cruzados
Ele colocou a mão na mesa
— Caralho Rafa — A voz chorosa, chorando copiosamente — Você quer que eu faça o que? Eu fiz tudo o que podia, eu destruí a nossa relação para ajudar ela, fiquei com ela, dei o que ela sonhava, ela me amava e eu aprendi a amar ela também, isso me destruiu, eu sentia pena dela no começo, sabe como isso é terrível?
Rafaela se aproximou dele, de cabeça abaixada ela vi as lágrimas pingarem na mesa, pegou no pulso dele e puxou devagar fazendo ele olhar para ela, devagar sentou na coxa dele e se aninhou no peito.
Ele abraçou-a e ambos choraram juntos pelo amor da vida deles que agora havia ido.
Ficaram vários minutos abraçados
— Você vai embora? — Rafaela perguntou
— Vou, tudo aqui me lembra ela, essa sala, a academia, você… — Guilherme respondeu
— Então é isso, a gente acabou né? — Rafaela perguntou
Ele respirou sem responder
— Olha pra mim — Ela falou entristecida
Ele olhou, o rosto vermelho, os olhos fundos e as lágrimas brotando
Ela limpou o rosto com os dedos, com as duas mãos sentiu os maxilares proeminentes dele, o rosto quadrado, os olhos claros, a pele branca.
— Eu te amo Gui — Ela disse dando um sorriso dolorido
— Eu também te amo — Ele respondeu pesaroso
Aproximaram-se e deram um beijo breve, de lingua.
Rafaela o abraçou
— Desejo só o melhor pra você tá bom? — Agora ela que chorava ao falar
Ele não respondeu a principio, apenas a segurou forte e depois disse
— Ela está com a gente, pra sempre, eu sonho com ela todos os dias
— Eu também — Rafaela disse.
Rafaela se levantou
— Fica bem tá? — Ela falou acariciando o cabelo dele e dando um beijo na bochecha
— Você também — Ele disse com as lágrimas ainda caindo
Ela caminhou até a porta sustentando o olhar com ele, pegou na maçaneta e abriu.
— Vou ser sua amiga pra sempre tá, se quiser conversar um dia me procura
— Se um dia eu esquecer ela, eu te ligo, mas é improvável — Guilherme disse
Rafaela sorriu
— Sim, improvável — Sentiu mais lágrimas descerem.
Rafaela viu o Poster de Starwars, ela havia mostrado à Guilherme, ele havia se tornado um viciado consumindo qualquer tipo de material, ele adorava o Han Solo.
Ela sorriu, arrumou a postura
— Eu te amo — Ela disse esperando ele falar algo.
Ele entendeu, era a famosa cena que ele adorava, as lágrimas brotaram dos olhos dele
— Eu sei — Ele respondeu imitando Han Solo e abaixou a cabeça em choro.
Ela saiu satisfeita da sala.
Caminhou até a recepção, as pessoas olhando para ela, o rosto vermelho, o top úmido pelas lágrimas.
Natali olhou para ela
— O plano não deu certo? — Perguntou esticando a mão para segurá-la enquanto Giulia lhe dava um lenço
— Deu, deu certinho sim, um poema sempre tem um fim — Respondeu enxugando o rosto.
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Olá querido leitor, eu sei que demorei a voltar, não quero me desculpar por nada que eu não fiz, então estou postando aqui a continuação do Diário de Rafaela 2. As partes 1 e 2 desse livro estão na Amazon com o nome de "I'm Feeling" (Parte 1) e "I'm Listening" (Parte 2), os nomes ficaram assim por uma escolha editorial
Preciso da sua ajuda, por favor me dê estrelinhas aqui, deixe seu comentário e me siga aqui na casa dos contos e no Instagram "rafaelakhalil'
Se tiver vontade de falar comigo me manda um email em rafaelakhalil81@gmail.com
Beijinhos