Fiquei em silêncio enquanto pensava e depois o encarei, mas não consegui responder o óbvio: o Rick nunca seria melhor que o Mark. A única coisa que consegui fazer foi balançar negativamente a minha cabeça, mas o doutor Galeano não estava disposto a me dar trégua:
- Fale em voz alta!
Eu o encarei, calada:
- Responda para mim, Fernanda… Vamos! Quem você ama? Com quem você quer ficar, afinal?
PARTE 16 - COMEÇANDO A ASSUMIR AS RÉDEAS
A tensão estava imensa e comecei a chorar para aquelas simples, mas tão significativas perguntas. A resposta era óbvia: era o Mark! Sempre fora o Mark! A burra aqui havia desejado viver uma fantasia de adolescência na vida adulta e, com isso, causei uma gama de sofrimento a toda a minha família. O doutor Galeano seguia me cobrando uma resposta em voz alta, mas só consegui falar após cessarem as minhas lágrimas:
- Quem eu quero, já não me quer mais, doutor…
- E quem é?
- O Mark, claro! Não acredito que fiz isso com ele, com eles.
Voltei a chorar. Uma culpa imensa me abateu e a dor era insuportável. O doutor Galeano se levantou e foi buscar alguma coisa, retornando pouco depois com um copo de água e um comprimidinho. Olhei para ele em dúvida, naturalmente e ele falou, sorrindo:
- Esse você pode tomar sem medo, mas já vou avisando que se tentar me atacar, te dou uma surra de cinta.
Tomei e algum tempo depois, não sei quantificar quanto, uma sensação de leveza me acolheu, ajudando, inclusive, a pensar com maior clareza. Gostei daquele "negocin":
- Doutor, que trenzinho bom é esse?
- Algo que vou te receitar por um tempo. Vai ser bom para você aprender a controlar os seus impulsos…
- Castração química!?
- Não, Fernanda, é só um calmante fraquinho. “Castração Química”... - Repetiu e começou a rir alto: - Se você não fosse minha amiga, eu ficaria bravo.
Começamos a conversar diversos assuntos, alguns aparentemente aleatórios e nada a ver com o meu problema, mas eu respondia a tudo o que ele me perguntava de boa vontade, pois sabia que ele estava tentando me entender para me ajudar. Ao final de um tempo, chegamos no assunto da minha viagem:
- Eu acho que pode ser uma boa experiência para você, Fernanda. Como já houve o rompimento com sua família, essa distância, pode parecer contraditório, mas essa distância poderá ajudar a reaproximá-los.
- Espero que sim, doutor, mas reconquistar minhas filhas não será fácil; o Mark já dei por perdido. Até já falei para a Denise conquistá-lo.
- E você acha que o Mark quer outra? Ele nunca quis, Fernanda. Talvez eles até transem algumas vezes, mas casar, viver juntos, eu duvido. Quanto às suas filhas, dê um tempo: o Mark é ponderado e saberá conversar com elas. Com o tempo, vocês conseguirão se reconectar. Ah, mas já que tocamos no assunto, um psicólogo seria muito desejável para ajudá-lo nesse momento.
- Eu vou falar com ele sobre o psicólogo, mas quanto a gente, sei não, o Mark está tão bravo comigo que acho que, dessa vez, não terei ajuda dele com as meninas.
- Caramba, Fernanda, você é casada com esse homem há não sei quantos anos, mas parece que eu o conheço melhor que você. O Mark é um homem maduro e culto, sabe que suas filhas não serão plenamente felizes se nutrirem raiva por você. É só uma questão de tempo e ele próprio irá reconectar vocês. Aguarde e verá.
- Deus te ouça, doutor, Deus te ouça!
Despedimo-nos e voltei para casa. Uma saudade imensa e a coincidência de já ser final de tarde, me fez ir até a escola das meninas. Fiquei de longe, mas me lembrei que o Mark havia conseguido uma dispensa naquela semana. Voltei para casa. Seu Paulo me ligou e pediu para eu estar no escritório da empresa em São Paulo na parte da manhã de segunda-feira, pois eu assinaria um contrato de trabalho com a matriz e seria levada até o consulado americano para validar meu visto.
O final de semana se arrastou. Quando tentei contato com o Mark para saber notícias deles, o máximo que recebia foram alguns frios “estamos bem”. Eu não podia culpá-lo. Rick, como eu já imaginava, me procurou no sábado de manhã, pedindo para conversarmos e acabei aceitando ter uma nova última conversa. Depois de muitos floreios, galanteios, declarações, etc e tal, decidimos jantar juntos num restaurante numa cidade longe da minha cerca de cinquenta quilômetros. Era um restaurante bem legal, nada muito chique, nem muito comum, jantei um delicioso talharim ao molho rosé com tons de manga, acompanhado de um bom vinho. O clima de sedução estava acima dos parâmetros normais e, naturalmente, após algumas taças, acabamos na suíte matrimonial de um motel badalado.
Assim que entramos, ele me abraçou com uma vontade, um tesão que lembrava bem o Mark no início de nosso relacionamento. Deixei me levar e aceitei aquele contato. Na verdade, eu me entreguei toda. Meu vestido, que já não era longo, ficou ainda menor quando foi puxado e repuxado por aquelas mãos grandes e braços fortes. Fui desnudada em segundos, só não plenamente porque ele quis admirar minha micro calcinha preta rendada que mal cobria minha rachinha, mas sua admiração durou pouco, pois pouco depois ele caiu de boca e me chupou muito, mas muito bem, sinal de que havia aprendido bem as lições que eu havia dado.
Eu já havia me deixado levar ao inferno, então decidi abraçar o capeta! Grudei em seus cabelos com raiva e literalmente passei a esfregar sua cara em minha boceta. Pensei que, se ele queria a Nanda, ele teria a Nanda, mas em todo o seu potencial. Ele já estava se afogando em mim, ficando sem ar, mas só o soltei quando me dei por satisfeita:
- Porra, Nanda, o que foi isso!? - Perguntou, sorrindo.
- Cala a boca e deita na cama!
Ele me obedeceu e tirei sua calça e cueca em segundos, deixando-o nu. Depois passei a chupá-lo como se fosse o último pau duro que eu veria em minha vida. Ele não gemia, urrava, quase gritava nas minhas mãos. Só parei quando me dei por satisfeita novamente, bem quando ele estava quase gozando, mas, lembrando da lição da Laura, pressionei a base de seu pênis, acalmando a fera para meu bel prazer:
- Camisinha, Rick, cadê?
- Para quê? A gente já transou sem, lembra?
- Camisinha, agora, ou nada de bocetinha!
- Mas eu não trouxe…
- Se fudeu, então, mermão.
- Não! O que é isso!? Pega uma ali, ó. - Indicou uma camisinha à venda dentre diversos outros produtos do motel.
Peguei e encapei seu pau, sentando em seguida. A penetração não foi fácil, afinal ele era muito bem dotado. Ele estava surpreso, mas naturalmente curtindo muito tudo o que eu estava fazendo. Após algumas leves sentadas, eu já rebolava, subia e sentava, ia para a frente e para trás, ficava de cócoras, fiz e desfiz do coitado e só parei quando eu quis parar:
- Por favor, continua, eu vou gozar…
- Se gozar antes de mim, eu te capo! Você está me entendendo, Rick!? Eu arranco o teu saco no dente! - Falei alto, fazendo-o arregalar os olhos e mandei: - Vem me comer de quatro, porque eu quero!
Posicionei-me e arrebitei a bunda, deitando meu tronco no colchão e abrindo minha boceta com as mãos. Ele se posicionou e me penetrou até o fundo. A ideia acabou não se revelando muito boa, porque ele realmente era bem dotado e a pancadaria no meu útero correu solta. Me fiz de forte, mas chegou numa hora que a dor me venceu:
- Ai, para, Rick... Chega, caralho. PARA, SEU FILHO DA PUTA!! - Falei e me joguei de lado, rolando na cama para conseguir escapar de seu pau.
Ele me olhou inconformado e, deitada de costas, abri minhas pernas e mandei que me fodesse no clássico “papai e mamãe”. Só assim pude controlar melhor as penetrações e passar a curtir um pouco. Seus beijos ajudaram, mas seus gracejos já pareciam não fazer tanto efeito. Ele começou a gemer cada vez mais e mais alto, logo anunciando que não conseguiria aguentar muito tempo:
- Vai me deixar na mão, Rick?
- Nanda, eu faço o que você quiser, é só me falar como você quer gozar.
- Me beija e continua me fodendo assim, mas um pouco mais lento e mais profundo, com jeitinho, bem gostoso… - Falei.
A verdade é que eu não estava conseguindo me excitar com ele e nada do que ele fazia parecia me dar tesão suficiente para gozar. Pior ainda é que a imagem do Mark me levando às alturas não me saía da mente. Acho que estava entendendo o que o doutor Galeano disse sobre quem, por que e para que: sempre fora o Mark, porque eu o amava e porque, ao lhe dar prazer, eu também o recebia de volta. O Rick começou a gemer novamente e decidi fingir que estava quase gozando, acompanhando-o quando ele finalmente gozou. Fui uma atriz, merecia um Óscar, mas tudo o que ganhei foi uma trepada sem muito prazer. Não vou mentir dizendo que não gostei, claro que sim, mas não gozei. Acho que a única coisa boa que tirei dessa vez foi que tudo ficou ainda mais claro para mim.
Pernoitamos no motel naquela noite e na manhã seguinte trepamos novamente. Exatamente isso, uma simples trepada, sem amor, consideração ou prazer da minha parte. Usei ele novamente, tentei extrair o máximo de prazer, mas novamente não consegui gozar e fingi outra vez. Ele saiu de lá todo feliz e senhor de si, mas, chegando em seu apartamento, sem que ele visse, liguei o gravador de áudio do meu celular e fui objetiva:
- Foi a última vez, Rick. Acabou!
- Nanda, o que é isso? Foi uma noite maravilhosa! Você foi maravilhosa!
- Mas você não! Eu fingi ter gozado nas duas vezes. Acho que a nossa química acabou, se é que existiu, e não quero mais continuar com nada disso. Vou seguir a minha vida e você vai seguir a sua.
- Fiz alguma coisa que te desagradou?
- Não. Você é sempre cavalheiro, gentil, atencioso… O erro foi meu! Eu sou uma mulher casada, ou era, não sei, e eu não deveria ter te dado esperança alguma. Era para ter sido só sexo, só isso! Poderíamos até ter repetido algumas, várias vezes, sempre com a permissão do Mark que não me negaria, mas só pelo sexo, só que a burra aqui complicou tudo…
- Poxa, Nanda, mas eu te amo.
- Sinto muito por isso, mas eu não te amo e agora tenho certeza disso.
- Nanda…
- Se você me procurar novamente, eu tomarei medidas contra você. Foi bom, mas acabou, aliás, foi bom nada, foi uma grande merda e eu só me ferrei. Chega! Vou recomeçar minha vida longe de você.
Saí de seu apartamento e desliguei o gravador, pegando o primeiro táxi que encontrei. Cheguei até minha quitinete e, pela primeira vez em muito tempo, tive orgulho de mim mesma. “O doutor Galeano estava certo. Eu precisava decidir por mim mesma. Gostei!”. Não sei se ele tentou me ligar, porque eu o havia bloqueado, mas quando o porteiro avisou que ele estava me esperando na entrada do prédio, não tive dúvidas, liguei para a Denise e expliquei tudo o que havia acontecido e o que eu havia decidido. Ela me pediu o telefone dele e disse que tentaria resolver à distância. Deu certo, pelo menos, ele foi embora pouco depois, conforme o porteiro me avisou. Fiquei feliz comigo mesma e decidi compartilhar as novidades com quem mais me importava, minha família:
Eu - “Oi, mor!”
Eu - “Posso te ligar?”
Bons segundos, minutos depois, ele me retornou:
Mark - “Não!”
Mark - “Estou ocupado.”
Eu - “Eu queria te contar uma novidade boa, muito boa mesmo!”
Mark - “Parabéns, felicidades, tudo de bom, mas não estou interessado.”
Mark - “Passar bem!”
- Puta que pariu! Que homem difícil! - Falei em voz alta para mim mesma e comecei a rir: - Mas te amo de montão, seu bobo.
Na segunda, de madrugada, peguei um ônibus e fui para São Paulo. Lá fui de metrô até a estação da Avenida Paulista e ali, a pé mesmo, até o prédio onde funciona o escritório da empresa. Ali fui orientada por um despachante como proceder no consulado e lá fomos. Minha entrevista foi rápida e, com toda a documentação em dia, meu visto foi validado. Retornei para a empresa e o Paulo me convidou para almoçarmos juntos. Aceitei. Durante o almoço, sua curiosidade foi imensa e tive que saciá-la:
- Não estamos nada bem, seu Paulo. O divórcio é certo e minhas filhas estão muito magoadas comigo.
- Credo, mas vocês se gostavam tanto…
- Pois é, mas a burra aqui sempre queria mais e extrapolou muito os limites que ele sempre pediu para eu guardar. Daí uma sequência de coincidências acabou ferrando com a minha imagem na minha cidade e o meu nome acabou caindo na boca do povo.
- Coincidências?
Expliquei para ele tudo o que havia acontecido, desde o flagra na churrascaria até o novo flagra dentro do carro, quando eu estava terminando com o Rick. Ele me ouviu atentamente e depois opinou:
- Quanta coincidência, você não acha?
- Pois é. Azar demais o meu.
- Olha, eu não acredito exatamente em azar, muito menos em coincidências. Você me desculpe, mas tudo isso tem um cheiro muito forte de armação.
- Ah, que é isso, Paulo!? - Comecei a rir nervosa, mas depois continuei, séria: - Ele não teria como imaginar que o Mark e as meninas estariam na churrascaria. E no outro dia então, como imaginar que um fofoqueiro de um blog local estaria passando na rua, bem naquele momento, para nos dar um flagra.
- Pois é, né!? Como?
Paulo, que agora cultivava um sinistro cavanhaque e bigode, ambos brancos, bem no estilo mosqueteiro, começou a coçá-lo enquanto pensava algo, sem olhar para mim. Pouco depois, me encarou e continuou:
- Você notou que os flagras só aconteciam quando você tentava terminar com ele? Nunca aconteceram quando vocês estavam de bem, aconteceram? - Balancei negativamente a cabeça: - Pois é. Parece que só aconteciam justamente para te deixar mais isolada e evitar o rompimento, mas é só a minha opinião.
- Ah, não é! O Rick não faria isso. - Resmunguei, tomando um pouco de um branco frisante geladinho: - Ou será que faria?
- Você, apaixonada, fez loucuras; porque ele, apaixonado, não faria?
Calei-me com aquele raciocínio, porque havia lógica; talvez não houvesse elementos para prová-lo, mas a possibilidade era real:
- Sabe que o meu terapeuta chegou a cogitar que o Rick pudesse ter me dopado num dia em que transamos, no mesmo do primeiro flagra?
- Mas isso é crime, Fernanda!
- Sim. Então, eu até cheguei a fazer alguns exames toxicológicos, mas acabou dando em nada. Ainda assim, meu terapeuta disse que alguns calmantes poderiam ter causado aquele efeito e não aparecer no exame.
- Olha, por que você não me passa o nome completo desse tal Rick e deixa eu dar uma investigada nele? Só para a gente ter certeza de que ele não é nenhum maníaco da luz vermelha. O que você acha?
- Mas o que o senhor vai fazer?
- O Senhor está nos céus. Glórias ao Todo Poderoso. - Brincou, fazendo-me ficar vermelha.
- Você, você. Desculpa…
- Eu tenho alguns conhecidos na polícia. Só quero me certificar que ele não vá fazer algo contra você, ou suas filhas, ou até mesmo ao Mark. Só isso.
Aquilo me chocou, porque eu nunca imaginei que o Rick pudesse tramar algo contra a minha família. Minha surpresa, aliada ao medo, devem ter ficado estampados no meu rosto, porque Paulo insistiu:
- Calma, Fernanda, eu não estou dizendo que ele é um bandido ou que fará algo. Vamos apenas nos certificar, ok?
Concordei e lhe passei todas as informações que eu tinha do Rick: nome completo, endereço, celular, tudo! Depois passamos a conversar assuntos mais amenos e não pude desviar de minha família. Paulo, homem maduro, levou a conversa para minhas boas lembranças e acabei mostrando várias fotos de nossos melhores momentos para ele. Ele fez o mesmo com sua família e o almoço foi maravilhoso, um momento para eu relembrar para sempre.
Depois ele me levou ao terminal rodoviário, mas um problema qualquer com a empresa que eu utilizaria, havia cancelado duas linhas daquele dia e o próximo sairia bem tarde, fazendo com que eu chegasse quase à meia noite em minha cidade:
- Durma aqui, oras. Se quiser ficar em meu apartamento, será um prazer. - Ele falou, mas se corrigiu em seguida: - Um prazer pela companhia, nada sexual, se você me entende.
Sorri naturalmente, porque, mesmo que não houvesse interesse sexual, a frase comportava uma clara dupla conotação. Recusei gentilmente e ele me levou em um hotel próximo, onde me hospedei e pernoite naquela noite.
Na manhã do dia seguinte, após meu café da manhã, chamei um Uber e fui para o terminal rodoviário e dali para minha cidade. Chegando, fui direto para o escritório do Mark, onde sua secretária, agora ciente dos boatos, recebeu-me com olhos arregalados:
- Bom dia, Elisa. O Mark já chegou?
- Dona Fernanda, desculpa, mas o doutor Mark pediu para não deixá-la entrar.
- Não vou entrar à força, querida, mas não saio daqui sem falar com ele. Pode avisá-lo que o estou esperando, por favor?
Ela ligou para ele e o avisou. Pela forma como conversaram, notei que ele não queria me receber, porque ela se justificava dizendo que eu não sairia dali enquanto não conversassem. Assim que ela desligou, ele abriu a porta e, vendo que eu estava apenas com ela ali na sala de espera, foi objetivo:
- Você está louca, Fernanda!? Quer sair presa daqui?
- Quero conversar com você.
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO E OS FATOS MENCIONADOS SÃO, EM PARTE, FICTÍCIOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL NÃO É MERA COINCIDÊNCIA, PELO MENOS PARA NÓS.
FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DA AUTORA, SOB AS PENAS DA LEI.