Eu e Heitor descobrimos nosso interesse em comum pelo BDSM ainda quando estávamos nos conhecendo, e temos praticado dominação e submissão desde o início de nossa vida sexual. Quando começamos a morar juntos, decidimos extrapolar essa dinâmica para fora da cama, e passamos a viver uma relação de dominação vinte e quatro horas por dia. Então já era normal para nós que ele me obrigasse a realizar certas ações. Ele controlava aspectos do meu dia a dia, me fazia vestir certas roupas, às vezes nenhuma, assistir filmes ou comer coisas que não gostava, idolatrar seus pés ou chupar seu pau a qualquer hora do dia, entre outros. Óbvio que isso era uma encenação. Todas as decisões importantes sobre a minha vida eu mesmo tomava, ouvindo conselhos quando achava que precisava. Heitor só dava ordens em momentos que não atrapalhariam outros aspectos da vida como trabalho, e o objetivo era que nós dois aproveitássemos. Eu curtia obedecer, me sentia muito bem em entregar algo de mim para fazer outra pessoa feliz.
Dito isso, eu já transei com outras pessoas por ordem de Heitor (o que está entre os momentos mais satisfatórios de nossa experimentada vida sexual). O que ia acontecer hoje era a mesma coisa, mas havia um detalhe novo para apimentar mais a sessão: o homem que vinha hoje me daria dinheiro em troca do sexo. Sim, o fator novidade era que eu agiria como um prostituto, e ele como um cliente. Me prostituir era uma fantasia que eu já tinha. Como já disse, eu gosto de me dar, e a ideia de proporcionar prazer a um estranho que me buscava para aquilo era muito excitante. Heitor se dispôs a realizar essa fantasia e escolheu para isso um dom com quem ele já vinha conversando e planejando chamar para uma noite de sexo comigo. Heitor propôs a ele acrescentar o elemento da prostituição, e o homem aceitou. Assim, os detalhes foram combinados, e ali estava eu, esperando a chegada do meu “cliente”. Eu estava nervoso. É sempre uma surpresa quando alguém que não conheço vem transar comigo, o que me dá ansiedade.
No horário marcado, eu e Heitor estávamos na sala de nosso apartamento, esperando o homem, que se chamava Bruno. Eu vestia a minha roupa mais vadia, um shortinho e cropped, enquanto Heitor vestia roupas normais e sem graça para um cafetão. Bruno era pontual, pois o interfone tocou na hora esperada. Pouco depois, ele estava em nosso apartamento. Tinha a nossa idade, era bronzeado, nem alto, nem baixo e tinha uma barriguinha. Vestia camiseta polo e calça sarja. Tinha um charme, mas não era exatamente o meu tipo. Ao entrar, deu uma olhada no ambiente e quando me viu seus olhos foram da minha cabeça aos pés e de volta ao meu rosto. Me senti com a dignidade afetada, ele mal tinha chegado e já estava me olhando como um pedaço de carne. Mas eu já sabia que isso era excitante para mim, no fundo eu estava louco pra ser tomado por aquele canalha. Engoli, tentando conter os meus sentimentos conflitantes, sorri e convidei Bruno a me acompanhar. Dei as costas para ele e atravessei a sala e o corredor para chegar ao quarto de casal. No caminho, tentei ignorar a sensação forte de que ele estava olhando para a minha bunda metade exposta pelo shortinho. Abri a porta do quarto, dei espaço para ele entrar e o acompanhei, fechando a porta. Ele já começou a desabotoar a camisa e disse secamente “Tira a roupa.”
Fiquei um pouco sem jeito com a ordem repentina, mas logo me recompus e arranquei o cropped. Meu pau estava firme. Tirei o short e a cueca, e ao ver minha ereção, Bruno resmungou:
— Cê gosta de fuder, né, seu puto?
Quem você é pra falar assim comigo, seu babaca? Foi o que pensei, mas não deixei transparecer o que estava pensando, entrei no jogo dele. Dei um risinho afetado e respondi:
— Se eu gosto? Putaria é meu nome do meio.
Bruno riu. Enquanto conversávamos, ele tinha terminado de ficar pelado. Confesso que o corpo peludo de urso dele era atraente. Seu pau era mais escuro que o resto do corpo e longo, porém fino, o que era uma pena. Me perguntei se Heitor tinha escolhido um pau fino propositalmente para me atazanar, mas não tive muito tempo pra considerar esse pensamento porque Bruno disse com a voz dura:
— Fica de quatro na cama.
Meu queixo quase caiu. Mas já? Não ia ter nenhuma preliminar? Eu não ia nem chupar aquele pau fino? Queria contestar, mas o olhar firme me fez aceitar. Subi na cama e assumi a famigerada posição do cachorrinho. De costas para Bruno, eu ficava muito exposto. Esperei com ansiedade o que viria, com meu pau bem firme. Ouvi o barulho da embalagem da camisinha rasgando e, poucos instantes depois, ele cuspiu no meu cu e a sensação da umidade tocando pela primeira vez na pele me deu um sobressalto, mas logo relaxei. Respirei fundo quando o pau dele tocou na minha entrada e foi empurrando, abrindo a passagem de uma vez. Ele não foi muito fundo, esperou meu cu pulsante se acostumar à nova largura e então continuou a entrar bem fundo. O tempo pareceu se suspender, parando num momento único em que tudo que eu sentia era meu ânus preenchido. Mesmo um pau fino não é de se jogar fora. E então ele foi tirando até sair quase tudo… e colocou tudo de uma vez, e ficou repetindo isso. Ele apertou meu quadril com uma mão firme, e com a outra agarrou o meu cabelo e puxou minha cabeça para trás. Eu mal conseguia pensar, só sentir meu corpo se torcendo aquela piroca me invadindo.
Ele bateu na minha bunda como se eu fosse uma cadela. O ritmo da penetração aumentou e eu senti minha próstata gritar de alegria, ao mesmo tempo que o impacto dos seus quadris contra meu corpo me jogava pra frente. Eu me sentia como um drink sendo agitado por um barman. Gradualmente, os gemidos graves de Bruno foram ficando mais fortes. Não era possível que ele já fosse gozar. Mas era possível, ele gozou soltando gritos do fundo da garganta e me macetando forte. Quando ele acabou, saiu de mim e me deixou sozinho na cama. Eu me deitei de lado, e fiquei olhando ele se vestir, enquanto meu íntimo estava em rebuliço. Ele tinha me usado para obter prazer para ele, relegando o meu, não ao segundo plano, mas à insignificância. Eu me sentia frustrado, mas esse sentimento alimentava um outro mais forte, a submissão. Eu gostei de ser um puto, eu odiava me sentir assim, mas eu gostei.
Já vestido, Bruno tirou a carteira do bolso da calça. Observei ele pegar algumas notas, contar elas, dobrar e jogar na beira da cama. Me sentei e peguei as notas, continuando o nosso teatro. Ele se aproximou, segurou minha cabeça e deu um beijo na minha testa, o que foi muito doce da sua parte. Sorrindo, ele me disse:
— Até mais.
— Até — respondi, sorrindo com muita facilidade.
Ele foi embora, fechando a porta atrás de si. Olhei para o dinheiro na minha mão e pensei que até que não era nada mau ter ganhado ele. Guardei-o e pouco depois, Heitor entrou no quarto e eu lancei um olhar fulminante a ele. Eu sabia que ele tinha planejado tudo o que tinha acontecido. Ele deu um sorrisinho safado, como quem confessasse. Ele sentou ao meu lado na cama e disse:
— Ele já foi? Como você está?
— Estou bem — disse eu, e coloquei minhas mãos na cintura dele — , exceto pelo fato de que foi tão rápido que eu não senti nada.
— Mas não era esse o objetivo. Era você dar prazer pra ele. E pela cara que ele tinha quando saiu daqui, acho que você conseguiu.
Heitor sabia que tinha vencido no argumento e expressava seu contentamento no rosto. Tive vontade de quebrar aquela cara metida.
— Mas como você se comportou — continuou ele— , e deu muito prazer ao seu cliente, você merece uma recompensa.
— Era o que eu tava esperando!
— Como se diz?
Droga! Tinha escorregado. Me corrigi:
— Obrigado, senhor.
— Muito bem! — disse, e me puxou para junto de si para me beijar.