Quando as engrenagens do destino giram, o curso dos movimentos já não pode ser revertido, para o bem de uns e o azar de outros. Que bom seria ter um desfecho feliz, um brilho de luz em meio à escuridão, a crença no amor e na cumplicidade entre as pessoas afastando a sordidez dos desencontros e das vinganças vazias.
Mas nem sempre isso acontece, aliás, raramente as coisas se dão desta maneira. Por isso, Fabrizio pegou o telefone e pediu para Donatela vir ao restaurante naquela noite, pois precisavam conversar.
Sua namorada chegou vestida com uma calça bege bem cortada de caimento perfeito e um tallerzinho na mesma cor, tendo somente um top negro sobre os seios pontudos e deixando os longos cabelos loiros sobre seus ombros, um visual que deixava a jovem vinte anos mais nova que ele ainda mais tentadora do que já era.
Donatela vinha com o coração na mão, pois, apesar de ser um tanto comum que Fabrizio a convidasse para o restaurante, não podia deixar de pensar na conversa que tivera com Roberto na noite anterior, quando o sócio de Fabrizio baixinho e meio calvo jurou que iriam fazer sexo e que seria o namorado dela quem, além de solicitar a ela esse favor, pagaria para que eles o fizessem durante um encontro de influencers num resort do nordeste ao qual ela desejava muito comparecer.
Havia muito em jogo ali, Donatela pensava que Fabrizio era uma fraude mas, quando isso lhe ocorreu, ela já havia postado fotos nas redes sociais anunciando seu namoro com o italiano, de forma que estava arriscada a passar vexame se alguém soubesse que o homem não era um grande empresário do setor gastronômico, quando na verdade seria só um embusteiro, um sócio sem-talento de uma pizzaria onde ele não mandava nada e só obedecia ao homem que comandava, Roberto, esse sim o grande cérebro por trás daquele italiano de fachada.
Assim que ir ao tal encontro naquele resort exclusivíssimo era a última cartada de Donatela para limpar essa mácula no seu currículo e manter-se na expectativa de um dia chegar a ser uma grande influencer, ou tudo mais estaria perdido, sua carreira que sequer arrancara, a possibilidade de namorar um coroa endinheirado que lhe desse presentes e também todo o resto de sua vida sem sentido.
Numa breve olhada entre os clientes daquela noite, pôde ver a Fabrizio sentado bebericando um chianti na famigerada mesinha discreta aos fundos, onde eles costumavam sentar-se quando se encontravam. Donatela caminhou cheia de dúvidas até lá, puxou uma cadeira e se acomodou, sem beijinho nem nada, limitando-se a olhar para a cara de pau do italiano e tentar não transparecer o ódio que sentia pela situação em que ele a colocara.
- Oi Donatela, tudo bem? O que foi? Você parece diferente…
- Nada não, Fabrizio. É que tem um encontro lá no nordeste que eu queria muito ir, mas estou sem grana.
- Ah, uma viagem ao nordeste? Gosto muito de lá!
- Que bom pra você. Eu não conheço e, pelo visto, nem vou conhecer.
- Calma garota. Tô achando você meio pra baixo. Será que eu posso ajudar?
- Ajudar como? Você vai pagar a viagem pra mim?
- Bem, podemos pensar nisso…
- Sério mesmo? Você nem imagina o quanto seria importante para minha carreira!
Fabrizio agora era quem fazia um silêncio misterioso. Ele já encontrara uma maneira de entrar no tal assunto delicado com sua namoradinha, mas, ainda assim, tinha que tomar fôlego para fazer-lhe uma proposta descabida como a que Carminha lhe havia exigido.
Contudo, se Donatela quisesse realmente ir ao tal encontro e isso verdadeiramente fosse importante para sua carreira de influencer, era bem capaz dela aceitar ao menos fingir que ia dar para o Roberto, tal como o sócio havia lhe aconselhado.
A sua vez, Donatela via o rumo da conversa com bons olhos. Ela talvez descolasse de Fabrizio sua ida ao nordeste de graça, sem ter que dar para o Roberto - e muito menos ter que fazer sexo anal com aquele homem baixinho, feinho e meio careca!
Isso era bom demais para ser verdade - e era mesmo, mas ela ainda tinha um fio de esperança que assim fosse!
- Vejamos, Donatela… Uma viagem ao nordeste, para ir a esse encontro, deve sair o quê? Uns mil dólares?
- Fabrizio, o encontro é num resort exclusivo, lá no nordeste, vai ter influencer do país inteiro, só os mais famosos. Eu necessitaria dar uma renovada no guarda-roupa para ir, acho que eu preciso de pelo menos uns dois mil! - Respondeu Donatela já gananciosa, posto que ela mesma havia calculado uns mil dólares, mas, já que ele estava pensando em pagar tudo…
- Dois mil? Nossa Donatela, isso é muita grana!
- Foi você quem perguntou, eu não pedi nada!
- Tá certo, tá certo. Olha só, eu até posso pagar pra você ir, passagens, guarda-roupa, hospedagem e essas coisinhas. Mas, por dois mil dólares, eu queria que você me fizesse um pequeno favor em troca.
- Um favor? Depende. Qual seria esse favorzinho que custa dois mil dólares? Olha lá, hein? Não venha me propor nenhuma bizarrice, que eu sou uma mulher de respeito!
- Não, minha linda, é algo um tanto estranho para eu pedir, mas não é nenhuma bizarrice. Quer dizer, pra falar a verdade é um pouco bizarro sim, mas só um pouquinho.
Fabrizio suava frio, não acreditando que estava sendo capaz de propor tal coisa à sua namoradinha. Donatela também suava, pois agora a conversa parecia tomar exatamente o rumo que Roberto havia previsto - e as consequências disso terminaram com ela perdendo uma aposta e tendo que se submeter àquele desejo especial de Roberto por seu traseiro.
- Olha só, é o seguinte. Você conhece o meu sócio, o Roberto? Pois bem, nós vamos a um jantarzinho em sua casa dele para você conhecer a Carminha, a esposa dele.
- Um jantarzinho? É só isso? Tá bem, eu aceito. Daí você paga a viagem pro encontro?
- Calma, Donatela, nós estamos falando de um monte de dinheiro. Então, nesse jantarzinho, eu queria que você… Digamos eu queria que você fosse muito agradável com meu sócio, digo, agradável mesmo, só pra esposa dele ver que o cara tem lá suas qualidades.
- Sei, ir ao jantar e ser agradável. E onde é que a bizarrice começa? Sim, porque você mesmo disse que era um pouquinho bizarro.
- Então, minha linda, veja bem, são dois mil dólares e tal… Durante o jantar, eu preciso que você se ausente por uns minutos com o Roberto pra mulher dele ver, só isso.
- Só isso? Não sei não, Fabrizio, aí tem coisa e você não está me contando tudo.
- Bem, durante esse minutinhos ausentes, digamos que o Roberto queira um pouquinho de atenção. Só um pouquinho, sabe? Ele anda meio carente e uma mulher como você poderia melhorar o astral dele, entende?
- Não sei se eu estou entendo. Me diga você, porque até agora não teve nada demais nesse seu pedido. Tô achando essa conversa toda muito estranha.
- Donatela, eu estou falando de dar uma atenção pro meu sócio, entende? Só um pouco de carinho, um pouquinho, pegar na mão dele, quem sabe um pouco de intimidade… Talvez até um pouco mais, um beijinho ou outro, sei lá, e se o clima esquentar, ir um pouco além …
- Fabrizio, você está pedindo pra eu dar para o seu sócio, durante um jantar, com a mulher dele presente? É isso? Você está pedindo isso pra sua namorada, uma mulher como eu?
- Desculpe, Donatela, me desculpe mesmo, mas isso é bem importante pra mim, você nem imagina o quanto! Se não fosse, eu jamais te pediria tal coisa!
- Tá bem, Fabrizio, eu topo. Mas agora eu quero cinco mil dólares, afinal o que você está pedindo é muito mais que um simples favorzinho. E não se fala mais nisso! - respondeu Donatela, lembrando-se da quantia que Roberto a aconselhou a pedir quando Fabrizio lhe fizesse o pedido.
Bem, dessa maneira nós finalmente chegamos ao ponto em que este narrador os havia deixado no primeiro capítulo, quando descrevi tudo o que aconteceu durante o fatídico jantarzinho e as terríveis consequências que se abateram sobre nossos personagens após aquele momento.
Mas… Será mesmo?
Durante o jantar, já sabemos que a atenção da jovem e atraente Donatela para com Roberto causou um surto de ciúmes em Carminha - e que por isso a esposa não aguentou e terminou fazendo sexo em pé com Fabrizio no lavabo elegante da entrada, enquanto o marido havia levado a Donatela por alguns minutos para ver a vista do terraço do apartamentamento.
Os leitores mais atentos perceberão que há uma certa nuvem cinza sobre esta passagem, o que é compreensível, porque quem as narrou foi Roberto, e acontece que o dono da pizzaria, propositalmente, forneceu duas versões diferentes sobre o ocorrido.
À Carminha, o marido cometeu um exagero, dizendo que havia sido algo diferente e especial pois Donatela o havia convidado a comê-la por trás, uma coisa que o casal nunca fazia. Já ao contar para Fabrizio, namorado de Donatela, obviamente que Roberto disfarçou os acontecimentos, dizendo que eles sequer haviam feito sexo e que ele nunca chegara nem perto do traseiro da jovem.
Pois bem, não foi uma coisa nem outra e, a bem da verdade sobre os fatos, creio que vale esclarecer. Naquela noite durante o jantar, Donatela trazia um vestido bege plissado, curto e diáfano, o qual a fazia parecer estar flutuando entre as nuvens enquanto caminhava sobre o par de saltos, exalando beleza e uma graça descomunais.
Enquanto Roberto subia as escadas rumo ao terraço acompanhado da jovem, ele nem podia acreditar que, caso seu plano desse certo, poderia ter a oportunidade de possuir uma mulher como aquela.
Já no terraço, em meio à noite morna de um outubro que mudaria suas vidas, enquanto Donatela admirava a vista do parque da cidade iluminado, Roberto apreciava cada curva do corpo de sua acompanhante, lembrando-se com deleite do quase stip-tease que ela havia feito para ele em seu pequeno e sofisticado apartamento.
Entregue a devaneios desejosos, Roberto terminou se postando atrás de Donatela e, com as mãos na murada que separava o terraço do vazio logo abaixo, encostou seu quadril nas nádegas de namoradinha do sócio, tentando imaginar como seria quando finalmente pudesse usufruir de seu corpo. Contudo, como se um clarão de lucidez o atingisse ele tentou recuar, pois sabia que agora não era o lugar nem a hora para isso.
Não, definitivamente não, apesar de todo o romantismo do momento e do quão sedutora se via Donatela, ele desejava possuí-la sem pressa nem risco, num resort de alto luxo nas praias do nordeste, com os dois entregues àquele momento, sem Fabrizios nem Carminhas que pudessem interrompê-los. Ele só não contava que, ao tentar afastar-se, a mulher retivesse seus punhos sobre a murada e o impedisse.
- Espera, Sapinho. Não sai daí não, que está gostosinho.
- Donatela… Ah, Donatela… Não, hoje não, aqui não… Pare de me tentar. Meu plano está dando certo e em breve a gente vai poder se amar.
- Mas querido, não era isso que você queria? Que eu me entregasse a você? Então, não precisaríamos mais esperar para isso, você pode me comer agora mesmo se quiser.
- Não, eu quero que ele pague por haver me traído. E homens como ele só sentem dor quando são atingidos no bolso!
- Sapinho, você precisava ver a cara dele quando teve que pedir que eu desse pra você. Fabrizio estava arrasado, um lixo, nem de longe parecia o galã que ele gosta de aparentar.
- Então, ele fez o pedido, não foi?
- Não só pediu como também já transferiu pra minha conta os cinco mil dólares que você me aconselhou a exigir para aceitar essa proposta.
- Sério mesmo? Ele já pagou? Donatela, você sabe o que isso significa?
- É claro que sim, Sapinho. Desde hoje de manhã, eu acordei pensando nisso. Você ganhou nossa aposta e agora eu tenho que te dar o prêmio!
- É mesmo? Isso quer dizer que você vai… Quer dizer, vai mesmo fazer aquilo comigo? Jura?
- Sim, você vai me comer por trás, tal como apostamos. Até já vim para o jantar preparada, de corpo e mente, sente só!
Nesse momento, Donatela retirou as mãos de Roberto da murada e as levou até a parte posterior de suas pernas, logo abaixo de suas nádegas. À medida que foi subindo-as, surpreso, o homem constatou que ela não trazia calcinha!
Era demais para suportar, Donatela, seu sonho de consumo, estava ali de pé, de costas para ele, fazendo com que suas mãos sentissem a nudez de suas nádegas e dizendo que realizaria seu sonho de tê-la por trás naquele exato momento, ante a brisa morna da noite, olhando para a vista do parque desde o terraço onde, no andar de baixo, os aguardavam Carminha e Fabrizio.
Administrando suas mãos com destreza, enquanto Roberto apertava e acariciava os volumes posteriores de pele tão suave da jovem, Donatela conseguiu abrir a calça dele só o suficiente para libertar o membro ereto que clamava por aquele momento.
Agora a surpresa era dela, apesar de ser meio baixinho, Roberto tinha um membro até grande, algo um tanto inesperado. Donatela veio trazendo-o mais e mais para perto, puxando pelo membro, até posicioná-lo entre suas coxas, logo abaixo de seu sexo.
Ao sentir aquela parte do corpo de Roberto tesa e cálida logo abaixo de seu sexo, ele começou a gemer e ensaiar movimentos calculados, indo e vindo sobre o membro, apertando e afrouxando-o entre as pernas e fazendo-o sentir o contato de seus lábios se umedecendo logo acima.
Subindo as mãos, Roberto as introduziu no decote da jovem, podendo agora acariciar e sentir na palma das mãos o belo par de seios perfeitos de Donatela, enquanto ela seguia por conta própria os movimentos do quadril, tendo o membro de Roberto já no limite de penetrá-la, roçando a ponta por toda a extensão de seus grandes lábios, acolhido entre suas pernas e fazendo com que ela sentisse um prazer diferente causado por toda aquela expectativa de ambas as partes.
Donatela agora se entregara, não importava que Roberto fosse feio, baixinho, barrigudinho ou mesmo até meio calvo, ele a conquistara com seu plano ardiloso e impecável para conseguir comê-la e aquele momento entre os dois estava tão perfeito que ela desejava mais do que nunca que o homem a possuísse sem demora.
Contudo, quando ela desceu uma das mãos para posicionar melhor o membro e iniciar a penetração em suas intimidades, Roberto, como se acordasse de um transe e caísse de uma espaçonave na terra sem aviso, jogou o corpo para trás e afastou-se com o olhar assustado, fechando as calças.
- Sapinho? O que foi? Não era isso o que você sonhava?
- Ah Donatela, você é perfeita demais, linda demais, gostosa demais e safadinha demais! Eu quase não resisti! Mas me desculpa, querida, eu não posso fazer isso aqui.
- Mas Sapinho, é o momento perfeito, eu estou no clima, você ganhou a aposta e eu estou louquinha para pagar o prêmio!
- Olha, minha linda, talvez você não entenda, mas… Fazer isso aqui em casa, com seu namorado e minha mulher esperando lá embaixo, sentados à mesa… Não, fazê-lo assim me tornaria igual a eles!
- Sério mesmo que você vai me dispensar?
- Se formos até o fim agora, isso faria com que nós dois sentíssemos culpa por viver o que desejamos! Não quero isso para a gente, agora que eu te conheço e sei do que você é capaz. Eu quero mais, muito mais que um breve encontro! Donatela, eu quero você e nossa primeira vez tem que ser só entre nós, sem mais ninguém no meio!
- Ai, Sapinho, jura? Que fofo, você pode ser feio por fora, mas é muito lindo por dentro! Droga, eu queria tanto fazer amor com você agora…
- É só uma noite, querida, só uma noite! Amanhã a gente viaja pro encontro de influencers no nordeste e poderemos nos dedicar um ao outro, eu juro!
E foi assim que aquele estranho casal de futuros amantes embarcou rumo ao resort no nordeste já na manhã seguinte, enquanto Carminha estava enfurecida acreditando que Roberto havia se deleitado entre as nádegas de Donatela durante o jantar, o que à sua vez fez com que ela chamasse a Fabrizio de última hora, exigindo que ele fosse lá dar-lhe o mesmo tratamento que a namorada tivera de seu marido na noite anterior, como uma maneira de ficar quites com a concorrente.
E então foi quando ocorreu esta estranha coincidência do destino: Enquanto Donatela estava de quatro diante de Roberto e enfiando dois dedos lá, preparando-se para o que ele faria com ela naquele resort do nordeste, a milhas dali, era Carminha que estava de quatro sobre sua cama matrimonial, esperando que Fabrizio consumasse com ela o mesmo ato do outro casal de amantes, movida por uma mistura de ciúmes e vingança.
Na matemática, diz-se que a ordem dos fatores não altera o produto. Contudo, quando se tratam de seres humanos ocupando as variáveis da equação, o produto é sempre imprevisível, como vocês poderão constatar.
Lá no resort, Roberto olhava para a cena daquela bela mulher disposta a fazer o que ele pedira, quando uma ponta de lucidez o atravessou. Foi algo rápido, não durou mais que um segundo, mas foi muito esclarecedor.
Naquele instante, ele teve a plena realização de que já havia conquistado sua vingança, Carminha realmente acreditava que Donatela o tinha convidado a possuí-la por trás e Fabrizio estava sendo enganado por ele, quem estava de fato na cama com a namorada do italiano sem que o sócio sequer desconfiasse.
Assim, consumar aquele ato era completamente desnecessário e só faria Donatela ter um mal momento que talvez deixasse marcas na cumplicidade que haviam construído entre eles. Tudo o que vivera ao lado da jovem, suas conversas francas, o strip-tease no apartamentinho sofisticado e aquele momento de entrega no terraço durante o jantar em sua casa, enfim, tudo mesmo, havia sido agradável, prazeroso ao extremo, mas ocorrera num nível de igualdade onde um não se sobrepunha sobre o outro.
Com essa nova consciência dos fatos, Roberto pegou a mão de Donatela e retirou seus dedos de onde estavam, mas ela entendeu que era chegada a hora de ser penetrada e, com a outra mão, trouxe um travesseiro à boca, para abafar os possíveis gritos que a tomariam durante o ato. Ver isto somente deixou Roberto mais consternado ainda.
- Não, Princesa, não é necessário que façamos isso. Só agora me dei conta de que, na verdade, não é justo que você pague essa aposta. Eu já tive o queria, a minha vingança não era contra você, mas sim contra os outros.
- Mas Sapinho, o que você quer dizer? Não vai mesmo me comer por trás?
- Jamais, se for contra sua vontade. Eu não desejo fazer-lhe nada cujo objetivo não seja dar-lhe prazer, Princesa.
- Céus, você sabe mesmo como encantar uma garota… Para dizer a verdade, eu preferia ter um momento mais romântico com você. Não é que eu não gostaria de dar tudo de mim agora, mas da forma como vínhamos fazendo estava tão bom…
- Então, porque a gente simplesmente não segue como estávamos? Ainda teremos uns dias aqui no resort para ver o que acontece!
Entre a surpresa causada por aquele gesto e a admiração pelo sentimento que Roberto nutria por ela, Donatela pôs-se de joelhos na cama em frente a Roberto e o abraçou, colando seu corpo escultural ao dele e beijando-o longamente. Esse beijo se tornou intenso de tal forma que Roberto a deitou sobre os lençóis e buscou com seu membro as intimidades da jovem.
Os dois continuaram beijando-se enquanto ele a possuía e ela se permitia. Os movimentos de ambos eram suaves e compassados, recheados de uma intensidade a cada investida de Roberto acompanhada do vigor com que Donatela mexia sua pélvis recebendo-o dentro de si. Agora, sentiam-se conectados para além da carne e daquele quarto no resort, havia algo mais profundo nessa entrega que somente o sexo: estavam apaixonados.
Já sobre a cama matrimonial de Carminha, as coisas correram de uma maneira um tanto diferente. Fabrizio era bruto quando se tratava de sexo e acreditava ser essa uma de suas melhores qualidades, enquanto Carminha era totalmente inexperiente na modalidade anal e se esforçava para entender como aquilo podia ser prazeiroso para quem quer que fosse.
Quando Fabrizio veio por trás tentando colocar tudo de uma só vez, só conseguiu introduzir a pontinha e a amante travou lá trás como se estivesse apertando um taco de baseball entre as nádegas, enquanto dava um grito capaz de ser escutado lá no nordeste e agarrava o fino lençol egípcio de mil fios até quase rasgá-lo.
Contrariado, Fabrizio insistiu segurando seus quadris, tentando investir novamente e fazendo Carminha bufar e ver estrelas cadentes no teto da suíte, arquear a coluna e jogar o tronco para trás, tentando escapar do impiedoso membro de Fabrizio, o que fez com que seu membro escapasse dali sem sequer ter avançado um milímetro. O clima entre os dois virou a antítese do que deveria ser, em se tratando de dois amantes na cama.
- Porra Carminha, vê se relaxa aí atrás, assim eu não vou conseguir!
- Mas Fabrizio, isso dói demais! Você ao menos podia ser um pouco mais gentil!
- Mas Carminha, eu pensei que você gostava quando eu te pego de jeito!
- Sim, seu idiota, eu gosto, mas eu nunca dei por aí! É diferente de tudo o que costumamos fazer, você entende? Dar o cú dói e machuca!
- Sei lá, Carminha, eu nunca dei por trás, como ia saber? E agora, o que a gente faz então?
- Olha Fabrizio, eu tentei, mas sinceramente não vai rolar. Eu nunca mais vou querer dar o cú. Você consegue viver com isso?
- Eu? Ora bolas, é claro que sim! Afinal, eu só tentei te enrabar porque você exigiu, mulher!
- Tá bem, mas você bem que podia ter se negado e evitado que a gente passasse por essa situação esdrúxula!
- E desde quando você escuta alguém quando deseja alguma coisa? Ia ser inútil argumentar, você sabe bem disso!
- É verdade… Nossa, você já me conhece a esse ponto?
- Carminha, você é marrenta, vingativa, ciumenta… Isso porque você é uma mulher forte, que batalha até o fim para conseguir as coisas e que não mede esforços quando o assunto é defender quem está com você. É por isso que eu te amo e que eu te venero!
- Jura? Você… Você me ama, mesmo eu sendo assim?
- Querida, eu passaria o resto dos meus dias contigo, se você me quisesse! Só você é capaz de me dar essa cumplicidade que eu sempre busquei numa mulher!
- Ai, italiano, você falando desse jeito comigo… Sei lá, me deixou até mexida por dentro! Mas você acha mesmo que a gente pode dar certo?
- Eu tenho certeza, basta você querer. Sejá lá o que decidir, é só me dizer que eu sigo.
- Tá bem, italiano, eu vou pensar. Mas agora basta de frescura, eu fiquei arretada com essa conversa toda! Vem cá me comer, que vou conseguir dar o cú nem que termine no pronto-socorro sendo costurada depois!
Considerando tudo o que passou, chega quase a ser desnecessário que nossa história chegue ao fim com uma definitiva troca de casais.
Fabrizio se mudou para o apartamento do sócio junto à Carminha e começaram a morar juntos logo após o divócio amigável entre ela e Roberto. Os dois viviam às turras pela manhã, brigando por qualquer motivo, para que quando chegasse a noite pudessem se entregar um ao outro rindo e fazendo as pazes.
Carminha agora tinha o homem lindo que queria, enquanto Fabrizio conseguira a tão sonhada cumplicidade com uma mulher que sempre buscara.
Os dois sócios permaneceram juntos na pizzaria, mas agora trocando os turnos, Fabrizio de dia e Roberto à noite, pois a nova esposa de Roberto tinha hábitos noturnos e queria sempre estar junto a ele para não dar chance ao acaso: para uma jovem ciumenta como Donatela, Roberto era o melhor dos homens e qualquer biscate poderia tentar roubá-lo se não cuidasse do seu investimento.
Assim, quem fosse no Boccaccio Restaurante e Pizzaria à noite veria o casal apaixonado, sempre sentado numa discreta mesinha ao fundo, dividindo uma garrafa de vinho branco gelado e trocando carinhos como dois pombinhos - e também ficaria imaginando o que uma mulher daquelas fazia com um sujeito feio, baixinho, barrigudinho e até meio calvo.
Contudo, essa harmonia toda durou somente um ano, durante o qual os dois casais foram muito felizes, cada um à sua maneira.
Então, chegou aquela fatídica noite quando a filha de Roberto com Carminha, que possuía a mesma idade que Donatela, apareceu na pizzaria e confessou ao pai que, ultimamente, seu padrasto italiano andava da galanteios para cima dela, uma coisa impressionante, um assédio envolvente ao qual ela já estava ao borde de ceder e entregar-se.
Roberto queria matar a Fabrizio, não bastasse o sócio haver-lhe roubado a esposa, agora ele andava querendo comer a sua filha? Mas afinal, esse italiano não tinha limites? Não, definitivamente não, isso não podia ser, Roberto deveria tomar uma atitude imediata para colocar um fim no assanhamento de Fabrizio!
Foi aí então quando ele pensou que Fabrizio também tinha uma filha em seu primeiro casamento, uma garota da mesma idade que Donatela, a quem Roberto nunca tivera o prazer de conhecer… Mas isso já é uma outra história!
FIM
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