Cicatrizes #37

Da série Cicatrizes
Um conto erótico de Stella
Categoria: Lésbicas
Contém 1502 palavras
Data: 06/10/2023 18:17:31
Última revisão: 28/12/2024 23:48:13

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Meus amigos se formaram e, com isso, houve uma grande mudança em nossas vidas. Rute se formou em Administração e queria seguir carreira. Ela trabalhou os últimos anos em um hotel, então resolvi fazer uma proposta para ela.

Eu era sócia de uma rede de hotéis, um deles em Portugal, na cidade do Porto, onde também ficavam a sede e a diretoria. Desde que recebi minha herança, não dei muita importância a essa sociedade. Entrei em contato com eles, e o presidente me tratou muito bem, informando que eu teria direito a uma cadeira na diretoria e voz ativa em qualquer decisão, já que possuía 30% da rede. Éramos três sócios: dois com 30% e um com 40%. O sócio com a maior parte era quem começou o negócio. Disse que deixaria tudo nas mãos deles e que, talvez no futuro, colocaria alguém da minha confiança na diretoria.

O presidente me disse que era só eu ligar e que qualquer dúvida que eu tivesse poderia falar com ele. Agradeci, mas não dei muita importância a isso. No entanto, quando começou a cair minha parte dos lucros na minha conta, comecei a prestar atenção; era muito dinheiro.

Decidi dar mais atenção ao hotel. Pesquisei sobre ele e descobri que era lindo e muito grande. Achei que era algo simples, mas era um hotel cinco estrelas e tinha mais sete espalhados pela Europa. Resumindo, era meu maior patrimônio e eu não fazia ideia disso. Mesmo assim, deixei tudo como estava, pois estava recebendo o dinheiro e as planilhas explicando todo o movimento anual.

Então, resolvi colocar alguém da minha confiança na cadeira que eu tinha direito. Ninguém melhor que Rute para isso. Eu também queria que Liandra fosse minha assistente pessoal, alguém para resolver todos os problemas burocráticos e me deixar mais tranquila para focar no meu último ano de estudos. Bruno poderia trabalhar comigo e com Rute; ele poderia ser nosso motorista/segurança. Primeiro, falei com Rute, que achou muita responsabilidade, mas eu disse que era para ela aprender como tudo funcionava, pois meu plano era viver no Brasil e levar todos comigo. Ela poderia comandar um hotel lá, mas precisava ganhar experiência e aprender como as coisas funcionavam. Precisávamos também convencer os outros sócios a construir um hotel no Brasil.

Dessa ideia, ela gostou. Falamos com Liandra e Bruno, que toparam trabalhar para mim. Porém, teríamos que nos mudar para outra cidade. Todos concordaram, mas ainda faltava a Maria. Rute falou com ela, e ela disse que iria onde nós fôssemos. No fim do ano, nos mudamos para a cidade do Porto. Comprei outro apartamento e vendi o da cidade de Braga. Foi uma correria, pois ainda tinha que transferir meus estudos para lá, mas no fim deu tudo certo.

Rute se adaptou muito bem ao seu cargo, graças à ajuda do presidente, que era uma ótima pessoa. Liandra se saiu melhor do que eu esperava como minha assistente pessoal, e Bruno adorou o carro que comprei para nos levar aos lugares. Maria, como sempre, cuidava da casa, fazia compras e cozinhava, mas nesse novo apartamento contratei outra pessoa para ajudar.

O ano foi passando, tudo correndo bem. Eu me formei, mas ainda estava terminando minhas aulas de espanhol, que comecei depois de concluir as de inglês. Fiz apenas o básico, mas estava ótimo. Nas férias de fim de ano, resolvi não ir ao Brasil porque em breve iria morar lá.

Ainda lembrava da Ká e sentia saudades dela, mas não doía como antes. Achei que aquele amor de mulher tinha morrido e que só restava o sentimento de amizade que sempre tive por ela. Resolvi mandar um áudio para a Tia avisando da minha volta e pedi para ela contar para Ká sobre meu retorno e o motivo da minha volta. Não queria problemas com Ká e deixei isso bem claro no áudio.

Conversei muito com minha psicóloga sobre isso, e ela me deu alguns conselhos. Eu estava pronta para voltar, e era isso que eu faria. Quando faltava um dia para minha volta, Rute pediu para eu trazer Bruno comigo. Eu não queria, pois eles estavam de casamento marcado, mas ela disse que, pelo menos nos primeiros meses, gostaria que ele estivesse comigo. Depois, resolveríamos o que fazer. Rute disse que já estava muito ativa na diretoria e estava meio sem tempo para Bruno, e que esse tempo longe seria bom para os dois também. Rute realmente estava trabalhando muito, e já tínhamos até convencido os outros sócios de que seria um bom negócio abrir uma filial em BH.

Bom, eu nunca vou me esquecer do dia em que cheguei aqui novamente. Eu estava de volta para ficar. Estava longe de ser aquela menina magrela, toda machucada, que foi expulsa daqui. Agora eu era uma mulher com vários objetivos traçados, independente e com uma empresa para comandar. Tinha pensamentos totalmente diferentes daquela época, e o principal era que me tornei uma mulher muito forte; não era mais frágil como antes.

Nada poderia me abalar. Eu pensava assim até o surto da Ká acontecer e o beijo dela depois. Não adianta; ela tem o dom de virar minha vida de pernas para cima. O resto do que aconteceu depois que cheguei, acho que todos aqui sabem. Então, essa é minha história: triste no início, porém muito necessária para eu me tornar quem sou hoje.

Sei que não contei tudo; algumas partes ficaram vagas, mas não eram importantes para o contexto da história. Porém, foram muito significativas para mim. Quantas noites Liandra saiu da sua cama e veio para a minha porque eu a acordava com meu choro! Como esquecer os conselhos de Maria, que foram muitos? A força que Bruno sempre fazia questão de me passar nos momentos em que eu me sentia fraca; os puxões de orelha e carinho que Rute sempre me dava. Eu fui amada e protegida por eles. Não contei aqui metade das coisas que eles fizeram por mim, das noites ruins e divertidas que tivemos. Nos tornamos família durante esses anos, e amo cada um deles. Com o tempo, vou contando mais, e eles também, porque logo vou reunir todos ao meu redor novamente.

Poxa, esqueci de algo importante: o vídeo que fiz e jurava ter perdido. Na época, eu era muito alienada com esse lance de celular, aplicativos e essas coisas tecnológicas. Quando ganhei o celular da Tia, abri assim que cheguei em casa. Achei lindo! Tirei meu chip do antigo e coloquei nele, liguei e fui seguindo as instruções. Deu tudo certo. Às vezes, apareciam mensagens na tela para eu ativar algo ou outro, e eu sempre ativava tudo por achar que era importante. A maioria provavelmente só servia para acabar com a bateria, mas eu não sabia.

Bom, há alguns meses, estava olhando meu diário, que na verdade nem é um diário, mas sim onde anoto coisas que considero importantes, como senhas, números de telefone, datas de aniversário, e escrevo algumas coisas que gosto ou acho bonitas. A maioria das páginas era o nome da Ká com um monte de corações desenhados.

Mas nele, encontrei o e-mail e a senha que coloquei naquele celular em que gravei o vídeo que a Ká quebrou no banheiro. Eu nem lembrava que tinha anotado aquilo. Porém, já faz um tempo que entendo bem melhor de celulares e tecnologia, então pensei que talvez eu tivesse um aplicativo de nuvem nativo naquele celular e que poderia ter ativado sem saber. Era muito possível que isso tivesse acontecido.

Para tirar essa dúvida, tive que comprar um celular da mesma marca daquele, porque o que uso hoje é de outra marca. Comprei e coloquei o mesmo e-mail e senha para ativá-lo. O aplicativo de nuvem já vem pré-instalado; nem precisei baixar. Quando entrei, descobri que minha desconfiança estava certa: tinha um monte de fotos, imagens e vídeos daquela época salvos na nuvem, e um deles era o bendito vídeo que poderia ter mudado totalmente o rumo de muitas histórias aqui. Salvei-o no meu notebook e fiz uma cópia para a nuvem do meu celular atual.

Passei o dia pensando nesse vídeo e imaginando como seria diferente se eu tivesse conseguido mostrá-lo para a Ká. Talvez eu não tivesse sofrido tanto, mas também não teria conhecido as pessoas que são praticamente minha família hoje. Não poderia ter ajudado a Maria, eu não teria me tornado quem sou, e muita coisa séria seria totalmente diferente hoje, provavelmente.

Então, se eu pudesse voltar ao passado e mudar aquele dia, sinceramente, não mudaria nada. No fim, tudo deu certo. Eu sofri muito, muitos sofreram também, mas, como eu disse, tudo deu certo no final.

Bom, era isso. Preciso tomar um ar e desculpe ter escondido o que escondi de alguns de vocês, mas eu precisava. E desculpe ter feito vocês chorarem! Vou ali fora e já volto. Preciso mesmo tomar um ar. Me desculpem.

<<FIM DA HISTÓRIA DA STELLA>>

Continua...

NO PRÓXIMO CAPÍTULO VOLTAMOS À NOSSA PROGRAMAÇÃO NORMAL 🤷🏻‍♂️🤣🤣🤣

Criação: Forrest_gump

Revisão: Whisper

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Foto de perfil de Forrest_gumpForrest_gumpContos: 391Seguidores: 87Seguindo: 62Mensagem Sou um homem simples que escreve história simples. Estou longe de ser um escritor, escrevo por passa tempo, mas amo isso e faço de coração. ❤️Amo você Juh! ❤️

Comentários

Foto de perfil de Jubs Oliver

Que história, viu?!

A Stella virou um mulherão da porra, tinha td p se revoltar c a vida mas a sua boa essência permaneceu

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Foto de perfil de Forrest_gump

Ela passou por muita coisa, a mairia ruim mas mesmo assim seu bom coração nunca mudo.

Com certeza ela virou um mulherão da porra sim 👏🏻👏🏻👏🏻

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Foto de perfil de JESSICA ALVES

🥲linda a história da Stela, aiai Lala assim vc me mata

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Foto de perfil genérica

Basicamente é uma história dentro da história mesmo... Muito bom.

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Foto de perfil de Paulo Taxista MG

Concordo uma história, que todos nós queríamos saber, depois que Stella foi embora, foi ótimo ver que esa mudança querendo ou não, foi importante pra personagem, não teria todo esse desenvolvimento dentro da história.

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Foto de perfil de Forrest_gump

Ela fui expulsa e voltou praticamente outra pessoa, só o bom coração que não mudou 🤷🏻‍♂️

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Foto de perfil de Forrest_gump

Valeu, é praticamente outra história mesmo, achei melhor fazer assom do que ir contando as duas juntas

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