Na mesa, eu me sentei. E ali eu fiquei por minutos a fio, evitando olhar na cara do meu pai. O quão enojado ao fiquei, chega a ser hipócrita da minha parte, mas não podem me entender errado. Estou com ódio pela traição e não por que os dois pombinhos são pai e filha.
Estou com ódio por quê acho que mereço isso, pelo que wue faço o Hélio toda vez que fico com o Tadeu. Fico até me perguntando se a reação dele vai ser igual a minha; o quanto vai me odiar quando finalmente descobriu o que o melhor amigo dele faz nas horas vagas.
Também estou com ódio e nojo, pois passei anos me martirizando por sentir isso, por ser perdidamente apaixonado pelo meu pai. Me senti errado, orei a Deus para mudar esse sentimento, pensei em procurar ajuda psicológica. E todo esse tempo sentindo a do ter esse amor doentio, os dois transavam na cara dura.
Era nauseante o cheiro de sexo e perfume de mulher que vinha do peito desnudo de meu pai. Evitei observar o seu tronco marcado, também corri do seu olhar analítico, ou também dos traços de alívio misturados ao de preocupação, de quem teve uma boa foda na noite anterior, mss foi descoberto pelo filho.
Agora entendo todo o estresse dele durante essses dias. Não ouvi gemidos, provavelmente não estavam transando pois eu não saí de casa durante a semana quase toda.
Mirela preparou alguns biscoitos pré-aquecido, no forno e depois levou para mesa. Lá ela começou a comer como se não tivéssemos um assunto importante para conversar. Meu pai suspirou algunams vezes, parecendo tomar coragem:
— Temos que falar sobre uma coisa séria, por isso, não nos julgue sem antes ouvir a história toda...
— "temos que falar sobre uma coisa séria". — forcei uma voz cômica e fina, agi igual a uma criança fazendo birra. — Ontem eu vi o seu pau, entrando na boceta da minha irmã, ouvi vocês gemendo e sentindo prazer com isso. Então, sem enrolação, papai.
Fui bem debochado, o que causou uma carranca nele, mas não me importei. Estou magoado e não me importo com as consequências:
— Certo... Já que é assim — Mirela me interrompeu com sua postura de vadia. — Eu e o papai nos amamos. Nosso amor vai muito além da relação pai e filha. É amor de verdade!
Vi meu pai assentir com um sorriso no rosto, deixou um beijo de língua molhado na boca dela, depois se virou deparando-se com minha feição nada boa:
— Filho, sei que é uma coisa nova. Entenda, pode parecer estranho no início, mas quem sabe você não se acostuma? Eu ainda sou eu pai e ela ainda é sua irmã. Pouco importa se nos beijamos, ou transamos. Ainda somos uma família, entendeu?
— Tem certeza? Alguns diriam que a Mirela agora é minha madrasta... Sinceramente, pouco me importo se vocês se fodem, se matam ou fazem orgia. Na verdade, eu nunca nem me importei com a existência de vocês — vi meu pai ficar magoado com minhas palavras e Mirela sorrir em ironia. — O que eu fico besta, é por quê não me contaram antes. Faço parte dessa família, merecia saber... Na verdade, quando ido começou?
— Tem um ano e meio. A primeira vez foi no seu aniversário de dezesseis.
Não contive minha feição magoada, meu pai percebeu e de levantou para tentar chegar mais perto:
— Não chega perto de mim! Vocês deviam ter me contado, ou pelo menos tentado. Eu sou seu filho... Eu sou seu irmão, sua...
— Sabe por que não contamos? Por que não é da sua conta, seu babaca! Não te contamos por que nós sabíamos, que mesmo você sendo um viado e não podendo julgar ninguém já que faz sexo pelo intestino grosso, iria apontar o dedo para o nosso amor e falar o quanto é errado. Como está fazendo agora!
Balancei minha cabeça, perdi o controle da minha raiva:
— Quem é você para comparar ser gay a transar com o próprio pai, sua vagabunda?!
— ESTÁ VENDO? — berrou olhando para o meu pai. — ELE IA NOS JULGAR, ESSA BICHA NOJENTA E TARADA QUE ESTAVA OLHANDO A GENTE FAZENDO SEXO, ESTÁ APONTANDO O DEDO PARA O NOSSO AMOR.
Olhei para meu pai e me arrependi. Seu olhar em minha direção é um misto de ódio, decepção, preocupação e tristeza.
Quem ele pensa que é para me olhar assim?
— PROVAVELMENTE, VOCÊ BATEU UMA PUNHETA OLHANDO A GENTE — Mirela berrou outra vez, agora atraindo total minha atenção.
Hora de destilar veneno:
— Não se iluda, meu anjo... Qualquer pessoa com as faculdades mentais em perfeito estado, brocharia ao ouvir seus gritos de cadela no cio. Você grita mais do que puta bem paga para agradar senhor de idade rico.
E então que um impacto me faz dar dois passos para trras. Mirela foi rápida na hora de atirar a xícara de vidro contra minha cabeça, tão rápido o sangue escorreu de minha testa em direção ao meu queixo. Peguei um pano de prato mesmo, usei para estancar o ferimento.
Meu pai botou as mãos na cabeça, gritando com Mirela, perguntou se ela estava louca ou coisa do tipo.
— Filho, desculpa, deixa eu ver como isso tá! — Tentou aproximar, mas me afastei bruscamente.
— Não me toca! Eu odeio vocês dois. Podem ficar tranquilos, o segredo de vocês está guardado, mas de hoje em diante me tratem como um homem invisível. Vocês são uns malditos egoístas... E você, você Mirela, ainda vai comer o pão que o diabo amassou na minha mão.
Ande para meu quarto, segurei o pano em minha testa que aos poucos parou de fluir sangue. Me enfiei debaixo do chuveiro e Fiquei lá curtindo um pouco da água fria lavando minha alma.
Saí do banho, senti a ferida latejar em minha testa. Engoli alguns comprimidos redondos para dor e me joguei na cama, sendo embalado pelo doce sono do cansaço emocional.
Mas logo fui acordado com os dois entrando no quarto de meu pai. Levantei-me instintivamente, e fui em direção a minha porta. Saí na ponta dos pés, me esgueirando em direção ao quarto dele, ou deles, seja lá como eles se enxerguem a partir de hoje. Ouvi os sussurros cheio de ânimos e raiva deles:
— ... Seja lá como for, temos que dar um jeito nele para que ele não saia por aí espalhando.
— Dar um jeito nele? — a voz de meu pai tinha incredulidade. — O que está dizendo? Que devemos machucar o seu irmão?
— Se for necessário... — Ela riu em deboche.
— Você só pode ter enlouquecido! Ele é o seu irmão porra, meu filho, lembra disso?
— Pouco me interessa... Temos que dar um jeito para que ele não conte nada. Uma garantia. E por quê se preocupa tanto? Está todo cheio dedos com ele, aquele veadinho! Você me disse que não gostava de veado, aí começou a ficar cheio de "mimimi".
Meu pai soltou um suspiro e houve uma longa pausa:
— Independente, ele é meu filho. Vou amar ele, é o certo.
— Ama ele? Pensei que me amasse — sua voz se elevou mais e meu pai pediu silêncio. — Você sempre disse que me amava, e agora está dizendo que o ama.
Vi que houve uma luta corporal e depois um beijo, meu estômago se revirou. Eles estavam brigando, mas então ele conseguiu beija-la.
— Desculpa, meu amor. Desculpa! Me expressei errado. Eu tenho afeição pelo seu irmão, até por quê eu criei ele, mas mal vejo a hora dele ir embora, sabia? Para apoder ficar sozinha com você, curtir você, amar você. Você é amor da minha vida.
E mais beijos, esses beijos se tornaram barulhos de sexo emocionado.
E eu só pude chorar.
Chorar e chorar.