<<<<<<Keyla>>>>>>
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Eu conheço bem meu amor, ela raramente se chateia com algo mas quando Naty falou de contar as histórias eu vi que ela se chateou um pouco, eu imaginei que era por ter que contar sua história de novo em tão pouco tempo, sei que ela não importa de ninguém saber mas mesmo hoje em dia ela conseguindo falar sobre a perca de Jessica e do meu pai sem chorar eu sei que isso a deixa bem triste
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Eu resolvi ajudar, quando me ofereci olhei para ver sua reação e percebi que fiz a coisa certa, ela me olhou com uma carinha linda, como as meninas concordaram eu comecei a contar a história dela, contei até o momento que eu contei minha história para ela fiz o mesmo ali, contei minha história e depois a nossa até no momento que Gabi apareceu, eu resumi muito a história, contei só as coisas importantes e resumi elas também mas assim mesmo foi bem demorado
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Enquanto eu contava notei as reações das meninas, vi sorrisos, lágrimas, caras de espanto, a cada parte da história se notava uma reação diferente, Aline e Luciana já conhecia a história quase toda, Gabi só o início e Naty só sabia dos últimos dias mas todas prestaram atenção a cada palavra que eu falava e se emocionaram com o que ouviram
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Naty sugeriu uma pausa antes de Gabi começar a contar sua história, me pediu um copo de água, Patrícia se ofereceu para buscar e trouxe logo duas jarras de água gelada e um copo para cada, eu falei que se alguém quisesse ir no banheiro lavar o rosto podia ficar a vontade, todas resolveram ir ai falei que tinha outros banheiros na casa e mostrei a elas
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Patrícia: Obrigado amor!
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Keyla: por nada amor, eu percebi que você não gostou muito da ideia
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Patrícia: É pelo motivo que você falou amor, eu contei nossa história para Rita no hospital, você sabe o quanto isso mexe com meu emocional por causa da Jessica e do seu pai
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Keyla: Eu sei amor, por isso resolvi ajudar
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Patrícia: Obrigado, e você daria uma boa contadora de história viu 🤭
As meninas voltaram e Gabi então se sentou e disse que ia contar o que houve com ela e começou a falar
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Gabi:
Antes de começar eu quero primeiro deixar umas coisas claras, eu e Patrícia namoramos sim, mas tenho certeza que nunca nos amamos como namoradas, esse brilho que ela tem nos olhos hoje quando olha para a Keyla ela nunca teve por mim e da minha parte nunca houve esse amor também, acho que por isso nunca chegamos nos finalmentes, nosso namoro tinha muito carinho e respeito mas faltava algo, hoje vejo que Patrícia encontrou e que faltava no nosso relacionamento e fico muito feliz por ela de verdade
Mas isso não quer dizer que eu não gostava muito dela, pelo contrário, eu gostava muito da Patrícia, acho que ela de mim também, tínhamos muita em comum, duas adolescentes descobrindo sua sexualidade, que não gostava de chamar a atenção e infelizmente com problemas familiares, a gente não era só namoradas, a gente era o apoio uma da outra, éramos acima de tudo grandes amigas
Estou dizendo isso para não entenderem errado o que vou contar a seguir
Bom depois que fui colocada para fora da casa de Patrícia eu fui para minha casa chorando, eu estava desesperada de medo do que ia acontecer com ela e comigo também, eu não era assumida na época, meu pai era bem rígido, mas minha mãe sempre foi muito amorosa comigo, era uma mãe perfeita, eu já tinha pensado várias vezes em contar para ela mas por medo não contei
Quando cheguei em casa fui direto para meu quarto só que minha mãe me viu e estranhou eu não ter ido até ela dar o abraço e o beijo no rosto que eu sempre dava quando chegava de qualquer lugar
Ela foi ver o tinha acontecido, quando ela entrou eu estava chorando na minha cama, ela como sempre foi perfeita comigo, me abraçou e deixou eu chorar a vontade nos seus braços, depois que me acalmei um pouco ela perguntou o motivo do meu choro, eu não sei o porque mas resolvi contar toda a verdade, respirei fundo e fui soltando tudo de uma vez, minha mãe disse que já desconfiava porque eu era muito bonita e nunca tinha arrumado um namorado, ultimamente vivia grudada na Patrícia e também vivia falando muito no nome dela
Mas ela disse que a gente iria ter um problema para enfrentar, meu pai provavelmente não iria aceitar bem, eu já imaginava porque meu pai é um homem rígido, daqueles das antigas que tem a cabeça muito fechada para certos assuntos, homossexualidade para ele era algo muito errado
Bom minha mãe ficou ali comigo um bom tempo, eu acabei dormindo e só acordei com os gritos do meu pai, ele estava discutindo com minha mãe, ou melhor, gritando com ela, o pai da Patrícia tinha ligado para ele, eu ouvi coisas horríveis saindo da boca do meu pai sobre mim, acho que ele só não veio me bater porque minha mãe não deixou, mas ele deixou claro que não tinha mais filha
Bom o clima na minha casa ficou mais ruim do que já estava, nessa época os gritos do meu pai com minha mãe não era novidade para mim, já tinha ouvido algumas vezes, na época os negócios da empresa não estavam indo bem e ele andava descontando sua frustração na bebida e na minha mãe, agora provavelmente iria descontar em mim também
Os dias foram se passando, Patrícia não atendia minhas chamadas ou respondia minhas mensagens, depois de um tempo minha mãe me contou que o pai dela tinha jogado ela na rua, eu e minha mãe procuramos ela por tudo lugar que eu podia imaginar que ela estaria mas não tivemos sucesso, ligamos em hospitais, delegacias e nada, parecia que a terra tinha a engolido
Eu chorava toda noite com saudades da Patrícia e com os gritos do meu pai com minha mãe e comigo, minha vida tinha virado um inferno, no início do ano minha mãe veio me falar que iria me mandar para o Canadá morar com minha Tia, eu não queria ir de jeito nenhum mas minha mãe me convenceu pelo menos a pensar no assunto, ela disse que seria o melhor para mim porque eu ficar ali dentro daquela casa seria muito ruim, que ela infelizmente não podia abandonar meu pai justo no momento ruim da vida dele, que apesar dos gritos ele não agrediu ela e tinha certeza que quando as coisas melhorasse ele voltaria a ser o bom marido que ele era antes
Ela me prometeu que continuaria procurando saber sobre Patrícia e se tivesse qualquer noticia me contaria, eu conhecia minha Tia e sua família, eles eram muito gente boa, eu fiquei de pensar até o final de Janeiro, nada mudou nos últimos dias a não ser a saudade de Patrícia e a esperança de encontrar ela que foi diminuindo
No final de Janeiro eu acabei aceitando os conselhos da minha mãe e fui morar com minha Tia e estudar no Canadá
Bom minha vida lá era ótima a não ser pela saudade da minha mãe e de Patrícia, eu chorava muito a noite de tanta falta delas, no meio do ano pensei em desistir mas minha mãe veio passar as férias comigo e me convenceu a ficar, infelizmente na minha casa nada tinha mudado, minha mãe não achou Patrícia e nem teve notícias dela, nessa época minha mãe teve uma briga feia com a mãe da Patrícia que foi falar mal de nós duas para minha mãe, então as duas não se falavam mais, meu pai ainda era amigo do pai de Patrícia mas minha mãe nem olhava na cara dele de raiva do que ele tinha feito
O tempo foi passando e eu fui me acostumando com minha nova vida, minha mãe sempre vinha nas férias, no início do ano passado ela disse que meu pai estava mais calmo, que a empresa estava indo bem, eu fiquei feliz por ela
Em Setembro daquele ano caiu uma bomba no meu colo, minha mãe me ligou choramos e contou que descobriu que meu pai estava traindo ela com uma funcionária 15 anos mais nova que ela, colocou ele para fora de casa e entrou com o pedido de divórcio
Meu pai tentou no início se desculpar e abafar o caso mas minha mãe não o perdoou e fez questão de contar para todos da ciclo de amizade dela o que meu pai tinha feito
Muitos se afastaram dele porque minha mãe sempre foi muito querida por todos, os amigos mais próximos sabia que meu pai só tinha construindo a empresa por causa do dinheiro da família da minha mãe, não que ele não tivesse algum dinheiro, ou que não tivesse dado o sangue ali mas sem o dinheiro da minha mãe ele nunca teria conseguido
Eu queria voltar para ficar com minha mãe mas ela disse para eu esperar até o final do ano assim o divórcio já teria sido concluído e tudo estaria mais calmo, acabei concordando
O divórcio dos meus pais foi uma guerra nos tribunais mas minha mãe arrumou uma das melhores advogadas da cidade e depois de várias audiências ela saiu satisfeita com o acordo, ela ficou com tudo, casa, carros, casa de praia, 4 apartamentos e mais 30% da empresa, meu pai não queria perder o comando da empresa e cedeu todo o resto para ficar com a maior parte, minha mãe odiava aquele empresa, foi por causa dela que meu pai começou a beber e a gritar com ela, foi lá que ele conheceu sua amante que ainda trabalha lá e estava agora com meu pai morando no mesmo quarto de hotel, minha mãe não pensou duas vezes e vendeu a sua parte para um empresário do mesmo setor que meu pai odiava, ela disse era o presente dela de despedida para meu pai
Bom no fim do ano eu voltei para morar com minha mãe, mas infelizmente o final do casamento, a traição e as brigas do divórcio deixaram minha mãe muito mal, ela começou a ter crises de ansiedade, não saia de casa, passava a maior parte do tempo triste e as vezes eu ouvia ela chorando a noite, então eu ficava com ela o tempo todo tentando ajudar como eu podia, eu só saia do seu lado para ir para faculdade mesmo
Quando voltei para o Brasil a saudades de Patrícia voltaram a me machucar, eu queria muito saber onde ela estava, se estava viva, se estava bem mas não descobri nada, como nem eu e nem ela tínhamos amigos e não vi ninguém da nossa antiga escola na faculdade eu não tinha nem para quem perguntar
Bom mas nós últimos meses as coisas começaram a melhorar, eu sempre ficava no meu canto na faculdade, não conversa com ninguém e ninguém me notava até que um belo dia a garota mais popular da sala e provavelmente da universidade resolveu vir falar comigo, era Naty, não sei o porque mas ela começou a conversar sempre comigo nos intervalos, no fim trocamos números de telefone e ela começou a tentar levantar meu astral com suas risadas e brincadeiras, me chamando para sair um pouco de casa, ela acabou se tornando uma boa amiga em pouco tempo
Minha mãe depois de algumas idas ao psicólogo começou a melhorar, já sorria mais, estava com uma carinha bem melhor, no último final de semana saiu para ir no cinema com algumas amigas, o clima foi melhorando e hoje quando Naty ligou eu resolvi aceitar o convite dela porque eu estava precisando me divertir um pouco, ainda mais que ela disse que era um almoço com dois casais de amigas lésbicas, eu achei que seria um bom lugar para eu fazer amigas e ter um bom papo, eu só não sabia que aqui eu encontraria a pessoa que eu tanto procurava e que ainda me fazia sentir um vazio no peito, agora eu acho que posso dizer que o pior já passou e que vou poder a voltar a ser feliz como eu era antes daquele maldito dia que a mãe da Patrícia nos flagrou juntas
Bom é isso, se alguém quiser perguntar algo pode falar, qualquer coisa
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Não vou negar que a história da Gabi me deixou emocionada mas Patrícia estava mais, era nítido até porque seu rosto estava todo molhado de lágrimas, eu fui até seu ouvido e disse para ela parar de chorar no meu ombro e ir dar um abraço na amiga dela, ela olhou para mim e sorriu, se levantou e foi até Gabi e deu um abraço muito apertado nela, Naty também se levantou e abraçou as duas, depois Aline, no fim aquilo virou um abraço coletivo
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Acho que esse vai ser um daqueles dias que vai ficar marcado na nossa história, não sei o que nos aguarda dali para frente mas eu estava muito feliz por ter um relacionamento tão incrível e eu sabia que ali naquele abraço eu estava cercada de boas pessoas que com certeza faria parte da minha vida dali para frente
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Continua