Virna não retornou nem aquela noite, nem na outra, nem na seguinte. Dagoberto estava mais que arrependido pelas palavras, precisava se desculpar e notar o quanto estava fora de si naquele fatídico dia. Com que roupas estava indo trabalhar? Onde estava hospedada? Na casa de Helen? Estaria com Galo? Foi então que se deu conta de que quem comprou sozinha um AP de mais de um milhão, pode muito bem comprar um guarda-roupa novo e se hospedar uns tempos num hotel sem nem arranhar a conta bancária. Era verdade que Virna era um fenômeno no mundo financeiro. E que ela conseguiu o posto com honra e merecimento. Mas uma hora o machismo nosso de cada dia fala mais alto e derrama seu ódio e misoginia quando está acuado e encurralado, como ele ficou após ver a cada dia sua mulher, passo a passo, ir escalando a montanha dos negócios bancários. E ele claramente regredindo. Agora via que tinha que ter hombridade. Era pedir desculpas e começar de novo. Era um aprendizado e ele estava afim de cumprir, custe o que custar.
Uma semana sem notícias de sua amada, ele acabou descobrindo em um site especializado em economia que havia um fórum econômico acontecendo em Buenos Aires. Virna estava lá, óbvio. Todas as financeiras tinham representantes, evidente que ela estava lá. Com Galo, o representante de outra financeira de sucesso. Vê-la na companhia daquele bosta era o que mais o chateava. Odiava ele. Se ele fosse o diretor, faria o possível pra se afastar dele. Não teria convênio, parceria, o escambau, que o fizesse ter qualquer companhia daquele ogro.
Finalmente, após 15 dias, ele acorda numa sexta de manhã e dá de cara com Virna tomando café na cozinha enquanto lia um jornal. Não cabia perguntar a ela onde estava essas semanas. Só deu bom dia, no que ela não retornou o cumprimento. Mas estava serena. Não parecia emburrecida. Já ele, não perdeu tempo.
- Virna, sei que está chateada, e não quero estragar a sua refeição, mas queria me desculpar sinceramente por minha atitude egoísta. De fato, fui imaturo, covarde, e aquelas palavras foram de alguém que estava P da vida consigo mesmo, pelo erro que cometi, pelos prejuízos que lhe causei. Eu sinto muito, muito mesmo por minha burrice, de ter duvidado de sua competência. Nunca tinha passado por isso na vida e tenho certeza que consigo me reerguer. Quero dizer que você merece estar onde está e estou pronto pra recomeçar. Tive tempo demais pra isso e vou reconquistar meu espaço por esforço próprio.
Enquanto ele falava, Virna estava em outra dimensão. No dia anterior, ela estava em Brasília acompanhando uma audiência sobre taxação de off-shore, deu uma entrevista pra uma revista especializada, e a noite estava num animado jantar, na companhia de uma jornalista, um assessor parlamentar, e um diplomata alemão. No fim da noite, os quatro estavam num quarto de hotel numa trepada animal. O companheiro tentando se redimir com palavras, e ela rindo por dentro, lembrando as loucuras daquela noite intensa. Mal dormiu. Pegou um voo de volta, chegou às cinco da manhã em casa e já ia trabalhar. Ganhava um bônus atrás do outro e isso a fazia forte o suficiente pra fazer tudo isso sem estar exausta e ainda curtir aquela noite.
- Vi, você tá me ouvindo?
- Sim! Ouvi tudo. Bom, ganhei dois ingressos pra boate Elite Charm essa noite. Podemos nos divertir muito! Pena que não juntos. Eu vou me encontrar com a executiva de uma agência de riscos e vou ficar no camarote VIP. Você pode ficar na pista e vou deixar um voucher pra consumo de bebidas. Cinco mil tá bom pra você? Dá pra beber à beça! Agora tenho que ir. O dever me espera. Quanto a possíveis encontros com Galo, como você mencionou naquela nossa conversa, posso ter “cruzado” com ele por aí.
A palavra “cruzado” saiu de forma enfatizada e maliciosa. Tomou uma última golada e foi pra porta de saída. Antes de fechá-la, virou-se e deixou uma última mensagem.
- Ah, tem umas mulheres bem bonitas que costumam ir lá. Se encoraje e pegue uma pra dar uma foda. Você tá precisando.
Deu uma risada curta e saiu. O chão parecia se abrir sob ele. Deu até tontura. Virna o ridicularizou. E agora? O que aconteceria? Não sabia o que fazer. De repente, pensamentos terríveis o assaltaram. Ficou mal. Resolveu sair dali. Deu voltas por vários locais e a única coisa que pensava era o que fazer dali pra frente. Jamais imaginava Virna naquele sarcasmo todo. Voltou pra casa e já era noite, Não se deu conta do tempo passando. Se entocou num quarto vazio e de lá não saiu mais. No sábado de manhã, acordou com uma mensagem de Virna enviada logo cedo.
“Oi. Esqueci de lhe falar. Não estarei ai no fim de semana. Vou pra um passeio marítimo no iate de um ricaço e devo ficar velejando até o fim da tarde. Depois, atracaremos numa ilha particular de um grande banqueiro onde ficarei até domingo. Tem biscoito e banana pra você fazer vitamina. Bom apetite!”
Mais deboche. O que estava acontecendo? Após essas zoações de quem está curtindo uma vida nababesca, ele pirou o cabeção. Começou a beber intensamente. Comprou metanfetamina. Ligou o som nas alturas. Parecia um doido, perdido, naquele vasto apartamento, dançando alucinado. Já pela tarde, estava faminto. Devorou tudo o que via na geladeira. Lembrou do voucher e conseguiu trocar por dinheiro. Contratou uma garota de programa. Quando ela chegou, já era noite e quando viu aquele bagaço humano, riu. Ele ofereceu uma bebida. Verificou que ele estava chapadão e trôpego.
- Bebe aí... e tira a roupa... vou fuder você, gostosa!
Ela então resolveu curtir com a cara dele.
- É você que sustenta esse AP?
- Não é da sua conta! Quem tá pagando aqui sou eu!
- Tudo bem, tudo bem... desculpa.
- Tira a roupa! TIRA, PORRA! ANDA!!
- Ei, perai. Se for pra me humilhar, tem que pagar mais caro!
- Tire minha calça.
Ela obedeceu. Ao arriar, notou que ele estava muito ereto, provavelmente auxiliado por algum viagra. Ela abriu as pernas.
- Vem logo.
- Me chupa, puta!
Ela mais uma vez foi. Mal pagou o boquete, ele a segurou pelos cabelos a ajeitando e foi logo meter.
“puta que pariu, esse cara tá muito doido!”
Ela colocou a camisinha. Ele foi logo enfiando e logo estava metendo. Alucinado. Começou a arfar, arfar, e depois gozou. Ele que ouviu tanto deboche, ouviu mais um.
- Parabéns. Gozou em tempo recorde. Nem um ancião diabético e hipertenso goza tão rápido. Nem um minuto!
Ao ouvir isso foi tomado pela raiva
- Sai daqui!!! Sua puta, sai daqui, vaza!!
Ela pegou a roupa e quando estava se levantando ele ia pegar uma garrafa pra talvez atirar nela. Só que parou, cambaleou, e vomitou um monte. Ela saiu logo, levando dois mil reais no mole. A verdade é que ele não estava no seu normal, tava muito, muito chapado.
Enquanto ela ria daquele otário, recebeu uma ligação.
- Amiga, cê tá aonde????
- Sai de um programa bom! E aí? Qual a boa?
- Vamos pra marina! Um helicóptero vem pegar a gente! Chamaram GPs e michês pra uma festança numa ilha particular! Vamo faturar!!!
Enquanto Dagoberto começava a viver aquele sábado desastroso, Virna estava em alto mar, num iate enorme, com Helen, Galo, e mais algumas pessoas, incluindo celebridades (atrizes e cantoras conhecidas) e subcelebridades (influencers e ex-participantes de reality shows), bebendo, dançando, tirando fotos, se bronzaando, e se divertindo muito. Rolou boas piadas.
- Virna, encontrei seu marido agora no cais do porto vendendo café, ahahahahaha
Todos riram muito. Virna pareceu não gostar a princípio, mas logo emendou, embalada pela gandaia.
- Ah, eu soube! Só que disseram que ele estava servindo água quente! Esqueceu de coar o café!
Todo mundo caiu na gargalhada.
Após o pôr do sol, desembarcaram na ilha. O proprietário veio os receber totalmente pelado, ao lado da belíssima esposa, também sem roupa.
- Sejam bem-vindos! Não sei se informaram a vocês, mas todas as praias aqui são de nudismo! Portanto, só entra na minha propriedade sem roupa!
A maioria sabia, Virna não. Ficou surpresa, mas nada demais. Um fim de semana que prometia como aquele, ficar sem roupa no meio de desnudos não era nada! Lá estava ela e mais umas 50 pessoas todos como vieram ao mundo. Rolava rave na praia, DJ’S, comida e bebida à vontade. E a festa adentrou a noite. Havia casais, porém, começou uma pegação e ninguém era de ninguém. Enquanto uns curtiam pelos cantos, outros se enturmavam e rolavam pequenas orgias. Virna estava frenética. Dançou, pulou, usou drogas, beijava quem passava pela sua frente. Quando a putaria pegou pra valer, mamou peitos, chupou várias picas, bucetas, sentou, cavalgou, foi socada de todas as formas. Assim que o helicóptero chegou com seis profissionais do sexo – três homens, duas mulheres, e uma travesti – a folia se engrandeceu. Os profissionais se apresentaram, fizeram streap, shows, se enturmaram com os convidados e a coisa pegou fogo. Todos estavam eletrizados com aquele carnaval endinheirado numa ilha paradisíaca. Sexo, drogas, e muita música davam uma sensação de liberdade imensa para aquele povo. Uma loucura.
Enquanto Dagoberto estava desmaiado, rodeado de garrafas vazias e poças de vômito, Virna curtia uma orgia gigantesca e se acabava de gozar enquanto era ferozmente socada por um negro enorme, tipo Shaquille O’ Neil. Quando ele gozou, mirou na cara dela enquanto outra mulher se aproximava para receber aquela carga de esperma. Juntas curtiam a chuva de porra, as duas se acabando de rir. Quem era a outra mulher? A mesma prostituta que foi contratada por seu marido, que a tratou mal e não deu conta daquele monumento que estava ali do lado de sua companheira unindo o útil ao agradável. Ao fim daquela putaria, já de madrugada, ela subiu no farol da ilha e gritou para o oceano, em meio aquele céu estrelado.
- Mamãe!!! Estou no topo do mundoooooooooooooooooo!!!
(continua)