Uma estranha calmaria.
Terminado macabro festival sádico para os convidados, que era o inferno para as prisioneiras cativas, vítimas das mais variadas crueldades e torturas naquele período. Aquele mar de vadias empaladas em pedaços de madeira, que estavam destruídas no pátio. Aquelas que não estavam cobertas de hematomas e outros machucados, estavam machucadas pelo Sol escaldante da África que queimou e inflamou a pele das prisioneiras. O longo tempo empaladas pelas estacas enfiadas em suas vaginas havia causado corrimento, e o peso do corpo cansado, a desidratação e a fome haviam tornado extremamente difícil aqueles dias intermináveis.
Uma a uma, as prisioneiras são descidas da madeira, e levadas em carrinhos para dentro da prisão, pois nenhuma prisioneira conseguia andar ou ficar em pé por conta própria. Aos poucos aquele mar de mulheres nuas e machucadas foi dando espaço a um jardim de estacas meladas de mulher e com muitas moscas. E as prisioneiras foram retomando suas posições no prédio da prisão, onde receberam pomadas de queimadura, cicatrizantes e uma refeição com comida de verdade. Ao final da retirada das prisioneiras do pátio, de todas as mais de seiscentas prisioneiras, apenas duas haviam morrido. E foram jogadas no riacho, virando comida de peixes.
Já nas dependências do prédio da prisão, as prisioneiras foram presas em ferros e madeiras, como grilhões e prensas, que tornavam elas presas fixas do lugar, e nenhuma prisioneira conseguiria andar pelo prédio ou se movimentar livremente. Nenhuma prisioneira recebeu mordaças, e suas bocas estavam livres para conversar e se conhecerem melhor. Durante quarenta dias, nenhuma presa recebeu castigo físico, nenhuma presa foi colocada nos muros, nenhuma presa foi ao pátio ou tomou Sol, e todos os dias elas recebiam uma refeição farta. Essa calmaria conflitava com a rotina que elas já tinham vivido naquele maldito lugar.
Mesmo livres para falar e sem fiscalização, as conversas eram mínimas e quando existia era muito baixa, com murmúrios e lamentos das prisioneiras que contavam suas histórias para as colegas de sofrimento. Diversas línguas e sotaques poderiam ser ouvidos, mas o silêncio era o que mais se notava. Pelos grilhões e por não poderem se movimentar, não existia sexo entre as prisioneiras, nem demonstração de carinho e compaixão.
Todas estavam estranhando aquele marasmo e aquela apatia de castigos, dor e sofrimento. Era um sonho para muitas, mas as mais experientes sabiam e sentiam o cheiro da tempestade que estava por chegar. E sabiam que após aquela calmaria, algo muito ruim iria acontecer.
Novas rotinas chegam.
Já fazia quase dois meses que o festival havia acabado, as marcas roxas já tinham sumido quase na integralidade das prisioneiras, apenas aquelas que ganharam cicatrizes ficavam apresentando suas novas decorações corporais. A ausência de Sol havia voltado a fazer as prisioneiras ficarem brancas e sem marcas de Sol. Todas estavam reestabelecidas de suas magrezas e desidratação, e nos últimos dias os guardas haviam cortados os cabelos e depilado todas as virilhas das presas. Mesmo as presas do quinto andar estavam muito melhor do que estavam ao final do festival, e exceto pelo fato da barra prisão, recebiam os mesmos mimos das prisioneiras de outros andares.
Foi então que uma movimentação diferente começou a ocorrer na prisão. Uma movimentação de guardas, e a chegada de enormes jaulas de metal, que pareciam as caixas de transporte para cães de Pet shop. Como sempre, nada foi dito as prisioneiras, mas elas sabiam que algo estava acontecendo.
As presas não sabiam, mas um bordel estava sendo construído na margem oeste da prisão, ligando o novo prédio a um vilarejo local, onde os homens locais poderiam pagar muito barato para usar uma prisioneira e satisfazer seus mais obscuros desejos. E as jaulas que haviam chegado, seriam usadas para o transporte das prisioneiras por várias vilas da região, onde serão leiloadas para noites de sexo e tortura de pessoas da região.
No novo normal da prisão, a prostituição das prisioneiras seria uma realidade marcante e aguardada por muitos.