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Guilherme estacionou o carro em frente ao condomínio, descemos e quando ia seguinte a entrada do portão dei de cara com o casal que morava ao lado, eles estavam com algumas caixas de papelão na mão, o que achei estranho.
Eu - Boa noite! - Disse sorrindo.
Yuri - Boa noite!
Cleiton - Boa!
Eu - Mudança?
Cleiton - Sim, vamos nos mudar essa semana, mó correria. - Disse ele abrindo o portão.
Eu - Deve ser mesmo, bom, qualquer coisa que eu puder ajudar, só gritar!
Yuri - Valeu!
Entramos em casa e Guilherme já foi tirando o tênis e comentando.
Guilherme - Puts, a casa aí então vai ficar vazia.
Eu - Pois é, chato porque eles são tão quietos, não queria um vizinho novo.
Guilherme - Quietos? Lembro do dia em que ouvi eles metendo. - Disse ele rindo
Eu - Verdade né? Tirando isso e algumas brigas, até que eles são de boa.
Guilherme - Tem um amigo meu da academia que queria alugar uma casa, vou avisar ele que essa vagou.
Eu - Aff, vizinho hetero que ouve pagode de manhã... Não mereço.
Guilherme - Exatamente assim.
Eu - Deus que me livre. Fala nada não - Disse tirando a camiseta e colocando uma bermuda mais leve.
Guilherme estava sentado na mesa da cozinha, abri a geladeira, peguei uma cerveja e dei para ele.
Eu - Ta preocupado com a Dê?
Guilherme - Na verdade sim. - Disse ele sério.
Eu - Vamos conversar com ela juntos?
Guilherme - Seria uma boa, mas vamos pensar nisso amanhã? Coloca uma música aí - Disse ele abrindo a cerveja.
Eu gostava da companhia de Gui, ele era engraçado, aquele jeitão dele de macho me dava um tesão, óbvio, mas eu sabia que dalí não saíria nada além de dormir juntos e ter uma intimidade que poucos héteros teriam com um gay, disso isso sem parecer vitimista, mas é a realidade... O machismo é algo tão over, como se dois homens dormindo na mesma cama torna-se automáticamente os dois gays.
Falando em dormir, ta aí algo que não consegui fazer, Guilherme se mexia muito e aquilo fez eu levantar e ir até a varanda da casa. Acho que não mencionei, mas nos fundos da casa havia uma varanda pequena, eu colocava minhas plantas e uma cadeira de praia alí, as vezes eu sentava e ficava brisando. A vista era de mato hahaha um derreno baldio que futuramene seria um supermercado. Mas alí batia sol as vezes e era gostoso de ficar.
Saí um pouco e fiquei olhando para o céu, entrei, peguei uma cerveja e voltei para a varanda, estava pensando em como o Bruno me fazia bem, ter um cara 10 anos mais velho que eu me passava uma sensação de segurança, de proteção mas ao mesmo tempo eu me sentia um pouco ''inferior'' a ele, como se ele pudesse conhecer um cara mais maduro que eu, com mais conquistas na vida... Pensamentos tristes de uma madrugada, disse para mim mesmo enquanto ria.
No dia seguinte tomamos banho, comemos algo e partimos para a casa de Denise, aquela conversa com ela seria importante mas ao mesmo tempo tanto eu quanto Guilherme encontravamos palavras dentro do carro.
Quando chegamos na casa de Dênise a vimos na varanda, ela nos olhou e deu um sorriso. Subimos as escadas e ao encontrar ela, era nítido que ela estava de ressaca.
Dênise - To podrissima. Morrendo de dor de cabeça
Eu - Imagino haha... - Disse olhando para Guilherme que estava sério.
Guilherme - Temos que conversar.
Denise - O que aconteceu?
Eu - Na verdade queremos conversar contigo para entender se está tudo bem.
Guilherme - Vamos lá para a cozinha.
Sentamos na mesa, estavamos sozinhos e conversamos com Denise de uma forma direta, que se ela precisa-se de ajuda nós estariamos alí, que ela poderia ser sincera com a gente e estariamos em uma posição de não ter julgamentos mas sim de apoiar a melhora dela. No final das contas ela achou aquilo uma loucura e que estavamos exagerando, que não estava acontecendo nada e que era puramente coisas da nossa cabeça.
Eu e Guilherme nos olhamos e só pelo olhar dele deu pra entender que estavamos perdendo uma amiga...
*
*
*
2 semanas depois.
Estava sentado na cama jogando video game quando recebi uma ligação de Guilherme.
Guilherme - Tu tem o contato da dona das casas de aluguel daí?
Eu - Se for pra você, não
Guilherme - É pro teu cu, ele perguntou aqui se você tem.
Eu - Aaaaa se for pro meu cu, tenho sim, pera aí. - Disse rindo.
Guilherme - Essa casa do lado ta vaga ainda?
Eu - Está sim, mas você vai querer vir pra cá?
Guilherme - Não, lembra que eu tinha um amigo da academia pra indicar? Ele ainda está precisando e falei sobre essa casa aí, é perto do serviço dele.
Eu - Entendi, entendi... Bom, ta vaga, fala pra ele ligar para ela.. Vou te mandar o número dela por sms.
Guilherme - Beleza! Vlw menó - Disse ele desligando sem esperar eu me despedir também, essa era nossa piada interna, se não era eu fazendo isso e deixando ele puto, era ele fazendo e me deixando puto.
Eu - Que filho da puta - Disse rindo enquanto mandava o número para Gui e jogava o celular na cama, voltando para o meu jogo.
1 semana depois.
Estava em casa me arrumando para o ano novo, já estava vestindo minha camisa social branca e passando perfume quando o interfone tocou.
Eu - Oi?
Gui - Ô viado, vem logo que ainda tenho que pegar a Denise.
Eu - To indo, to indo. - Disse desligando e indo ao quarto pegar meu celular. Olhei na tela e nada de alguma mensagem de Bruno.
Coloquei o celular no bolso e corri para o portão. Avistei o carro de Gui do outro lado da rua e quando ia em direção à porta de trás a porta da frente abriu sozinha.
Gui - Entra aí. - Disse ele de dentro do carro.
Entrei e a visão que tive foi de Guilherme com uma camiseta branca que ficava apertada no seu braço, uma calça jeans escura e um boné preto.. Estava lindinho.
Eu - Finalmente um dia bonito né.. - Disse enquanto colocava o cinto.
Guilherme - Não fode caralho, ta atrasado.
Eu - E quando não estou? - Disse rindo
Guilherme me olhou e mostrou o dedo do meio enquanto começava a dirigir.
Eu - Denise nem deve estar pronta ainda.
Guilherme - Eu sei, ela é pior que você... Vou buscar o Fernando antes.
Eu - Fernando? Quem é esse?
Guilherme - Um amigão meu que não tinha a onde passar o ano novo e chamei ele para ir com a gente. Ele quem vai alugar a casa ao lado.
Eu - Aaaa legal. - Disse olhando o celular e procurando algum sinal do Bruno que não me respondia a 12 horas.
Combinamos, eu, Bruno, Guilherme, Denise, Manu e Nicolas junto a seu namorado, de alugarmos uma casa em Buzios para passar a virada do ano.
Guilherme - Nada do Bruno? - Disse ele me encarando.
Eu - É.. Pelo jeito não.. - Disse olhando para fora do carro.
Guilherme - Não ta nada bem as coisas né?
Eu - Acredito que não.. Mas eu estou de boa. - Disse olhando para a estrada.
Guilherme - Porra André, chora... Coloca pra fora, pode desabafar.
Eu - O que me mata é ele não ser sincero, sabe? - Fala que não quer mais ou simplesmente fale o que está incomodando, sei lá.. Só não me trate com desprezo... - Disse já deixando o choro cair.
Bruno - Ano novo, decisões novas, se não parte dele tem que partir de alguém.. - Disse ele passando o dedo no meu rosto.
Eu - Obrigado pelo apoio... Fez bem chorar.
Bruno - Tu não chora normalmente... Pode isso não em... Agora coloca aquele pendrive que só você gosta! - Disse ele rindo.
Eu peguei o pendrive ''Musicas de vidado'' e já começou a tocar ''Deja vu'' da Beyoncé.
Estavamos chegando próximo ao bairro de Candelária, Fernando morava próximo ao museu do amanhã, um ponto turistico do Rio, imaginei que morar por alí seria caro mesmo e entendi o motivo dele querer se mudar.
Guilherme estacionou o carro em uma rua e ficamos esperando o amigo dele descer do prédio em que morava. Estava olhando o celular e nem percebi quando a porta de trás abriu e o carro foi invadido por um cheiro amadeirado, aquele perfume era bom demais.
Fernando - Opa! Desculpe o atraso! - Disse ele com uma voz grossa, mais grossa do que o normal.
Guilherme - Relexa irmão, ta todo mundo se atrasando hoje.
Eu - Vai se foder - Disse olhando para a cara dele após pescar a indireta.
Olhei para trás e vi Fernando parado mexendo no celular, um cara alto, branco, o corpo parecido com o de Guilherme, na realidade era um Guilherme branco básicamente, estava usando uma bermuda de tactel e uma regata, era um tesão de homem que chamava a atenção de qualquer pessoa.
Fernando levantou a cabeça e notou eu encarando ele, logo em seguida deu um sorriso.
Fernando - Opa, prazer, Fernando! - Disse ele levando a mão até a minha direção.
Eu - André, prazer! - Disse apertando sua mão.
Guilherme observava nós dois com uma cara estranha, ligou o carro e partimos para buscar Denise e Manu.
Fernando - Desde quando você ouve essas músicas de viado? - Disse ele rindo
Guilherme - Eu curto as vezes, aprendi até umas músicas por causa da Denise e do André.
Fernando - Aa.. Desculpe, não quis ofender - Disse ele sem graça me olhando.
Eu - De boa kkkkkk
Chegamos na casa de Denise que desceu com uma mochila nas costas junto a Manu.
Eu - Olha, vai acampar?
Denise - Sim, dentro do teu cu cabem umas 3 barracas.
Eu - Vai se foder sua nojenta
Manu - O amor de vocês é lindo
Guilherme - Porque o Fernando não vem pra frente já que ocupa mais espaço e vocês que são menores vão atrás?
Eu - Tudo bem. - Disse saindo do carro.
Estava abraçando Denise e Manu quando Fernando desceu do carro também e tive a noção do tamanho do rapaz, devia ter uns 1.85 e seu corpo era muito definido, era realmente um cara grande.
Nos acomodamos no carro e seguimos viagem.
Quando chegamos em Buzios o carro de Matheus já estava lá e de longe vi Nicolas no quintal.
Denise - Nem em final de ano essa gay se veste bem, porra..
Ninguém aguentou e começamos a rir.
Descemos do carro e já fomos nos acomodando, haviam 2 quartos e a divisão foi tensa, no final foi decidido que em um ficaria Denise e Manu e em outro Nicolas e Matheus, sobrando o sofa cama e colchonetes pra mim, Fernando e Guilherme.
Eu e Denise revolvemos começar a beber enquanto Gui e Fernando já cidavam do churrasco, Manu e Matheus estavam na cozinha fazendo arroz e algumas saladas e Nicolas? Bom, Nicolas ficou sentado em uma cadeira na cozinha a noite toda praticamente.
Já tinha passado da meia noite do dia, Denise á estava dançando ''Boladona'' em cima da mesa de bilhar junto a Manu que também estava loucona, Gilherme estava sentado na piscina conversando com Fernando e Matheus e como eu já estava bem alterado, resolvi encarar o leão.
Fui até a sala onde estava Nicolas sentado mexendo no celular sozinho.
Eu - Não bebe? - Disse oferecendo um copo de caipirinha
Nicolas me olhou assustado, acredito que pela minha audácia, já que as únicas palavras que trocamos a noite toda foi ''Boa noite'' quando chegamos.
Nicolas - Bebo mas não quero.
Eu - Deveria, está uma delicia. Disse bebendo um pouco do copo - Ta vendo? Não tem veneno, pode provar rs
Nicolas deu uma risada de canto de boca e pegou o copo.
Eu me sentei no sofa e fiquei olhando para TV enquanto bebia no meu copo.
Nicolas - Onde o Mathe\us está?
Eu - Não sei, deve estar lá fora, porque você não vai lá?
Nicolas - Nós estamos brigados. - Disse ele sério
Eu - Entendo, não estou passando por uma boa com meu relacionamento também.
Nicolas - O Matheus comentou que você estava namorando mesmo, mas não acreditei.
Eu - Porque? Sou tão feio assim? kkkkkkk
Nicolas não esperava por essa resposta, deu para ver em sua cara que ficou sem graça.
Resumo, Nicolas bebeu mais e mais e mais, já eram 4 da manhã e estavamos conversando e desabafando um com o outro na beira da piscina.
Matheus - Desculpa atrapalhar os novos amigos, mas preciso do meu boy na cama comigo, disse ele atrás da gente
Eu - Vai lá aproveitar! - Disse olhando para Nicolas que deu um sorriso e seguiu Matheus.
Quando vi, todos já tinham ido dormir e só estava eu vendo o luar da madrugada, estava distraído quando meu celular tocou e era Bruno.
Quando eu atendi não dava para ouvir bem ele, tinha um barulho de música muito alto... E aquilo me emputeceu.