Meu pai sempre foi um homem viciado. Em álcool, drogas, mulheres e, principalmente, em apostas. Todo final de semana era a mesma coisa, ele chegava em casa maluco, totalmente transtornado e muito violento principalmente quando perdia apostas muito grandes ou arriscadas. Já tivemos que mudar não sei quantas vezes, até mesmo de cidades, porque ele havia apostado nossa casa, nos deixando sem escolhas quando batiam na nossa porta demandando as chaves. Inclusive, na última dessas várias mudanças por conta da irresponsabilidade dele, acabamos indo parar em uma cidadezinha no fim do mundo esquecida por Deus, mas que, por algum motivo que eu preferia não saber, era relevante para o agronegócio.
Um dia ele chegou tarde da noite e se sentou na mesa da sala e começou a chorar, e quando eu vi isso fiquei totalmente sem reação. Meu pai sempre fora um homem duro, pouco sentimental e, muitas vezes, até mesmo frio, contudo ali estava ele chorando e me pedindo desculpas sem aparente motivação alguma. Eu o ignorei, considerando que mais uma vez ele estava bêbado e falando coisas sem motivo porque estava em um estado totalmente desconectado da realidade.
Mas no dia seguinte, quando meu pai me acordou mais cedo que o necessário, as peças começaram a se encaixar. Minha mãe estava emburrada, arrumando malas, algumas com minhas coisas e outras com as dela. Meu pai parecia desolado e abandonado e não parava de me pedir desculpas. Pouco tempo depois uma buzina alta soou na frente de onde estávamos morando e quando meu pai abriu a porta dois homens entraram. Um era apenas um segurança que ficou parado ao lado da porta, silencioso, assim que entrou.
O outro, por outro lado, entrou como se fosse dono do lugar, com sua postura arrogante, nariz empinado e uma presença que dominava todo o espaço que havia disponível. Ele usava um terno azul-marinho que abraçava seu corpo enorme de tão musculoso com tanta perfeição que apenas muito dinheiro conseguia arcar, seus sapatos sociais marrons brilhavam como se tivessem sido recentemente engraxados e seu relógio grande no pulso esquerdo tinham detalhes em ouro. Seu cabelo preto com algumas faixas grisalhas pela idade estavam bem alinhados, cortados e belamente penteados e sua barba rente ao rosto emoldurava seu rosto angular, deixando-o mais rígido. E atraente.
– É esse o rapaz? – perguntou ele para meu pai, ignorando totalmente a minha presença e da minha mãe.
Envergonhado meu pai simplesmente assentiu, olhando para o chão. Ele, então, veio até mim e puxou a cadeira em que eu estava sentado e, com firmeza, me tirou dela me colocando em pé de frente para ele. Seus olhos negros olharam fundo nos meus azuis por alguns segundos, eu desviei, desconfortável e sem entender o que estava acontecendo. Ele pegou meu queixo com a mão calejada e começou a observar meus traços.
– Quantos anos você tem garoto?
– 18 – respondi de maneira abafada.
Assim que a palavra saiu da minha boca, a mão que segurava meu rosto o soltou e um tapa forte foi dado na minha cara que teria me feito cair se ele, surpreendentemente ágil, não tivesse novamente pego meu rosto e me obrigado a sustentar seu olhar.
– Aprenda a demonstrar o devido respeito. Me chame de senhor sempre e sem exceções.
– 18, senhor – respondo à contragosto e começando a sentir medo do homem.
– Ótimo. – Ele olha para meu pai e estende a mão. – Sua dívida está paga.
Minha mãe começa a chorar e me abraça, chorando desesperada. Eu, ainda meio desnorteado, não entendo muito bem nada do que está acontecendo. Minha mãe estende para mim a mala que ela havia me feito e o segurança parado à porta acaba soltando um riso que tenta abafar.
– Ele não vai precisar disso para onde ele está indo, senhora– disse o homem com uma gentileza que eu ainda não havia visto. – Na verdade, ele não vai precisar de nada disso.
Com um movimento rápido ele colocou as mãos na gola da minha camisa e a rasgou em duas metades, tirando-a de mim. Minha mãe gritou assustada, mas eu fiquei sem reação, assustado e em choque, o que permitiu que o segurança do homem viesse até mim e me levantasse pelas axilas, dando espaço para que ele colocasse suas mãos na barra da minha calça de moletom e cueca e arrancasse-as de mim, fazendo com que eu ficasse completamente exposto perante meus pais e aqueles desconhecidos.
– Mas que porr… – tentei começar a dizer quando saí do estado catatônico que havia entrado, entendendo pela primeira vez que eu tinha sido o objeto de aposta do meu pai, e ele havia perdido. Como se eu fosse um animal, ou um móvel. Insignificante para ele. Eu não consegui completar o pensamento, porque com um aceno de cabeça do homem mais velho, o segurança que facilmente era o triplo do meu tamanho me prendeu no chão com o joelho e amordaçou minha boca com um pedaço de pano, abafando qualquer protesto que eu tentava proferir.
O segurança me puxou pelo braço com força, porém sem me machucar e imediatamente foi em direção à porta enquanto o outro homem falava suas últimas palavras com meus pais que eu não fui capaz de prestar atenção porque eu estava desesperado, debatendo-me e tentando impedir que aquele brutamontes me levasse pelado, amordaçado, vulnerável e exposto para a rua. Contudo eu sequer dei trabalho para ele, com toda a minha fraqueza. Ficamos alguns minutos na rua, comigo sentindo o frio da manhã na minha pele lisa e tenra, que me dava calafrios. Quando o homem de terno saiu da minha casa o segurança abriu a porta do carro para ele e, assim que ele entrou, fui jogado lá dentro atrás dele com alguma rispidez.
– Não. Você fica aí no chão – disse o homem quando eu fiz menção de me assentar no banco ao seu lado. Ele suspirou, demonstrando alguma espécie de cansaço, e continuou. – Agora algumas regras, a partir de agora você só fala se falarem com você primeiro e nunca mais vai usar qualquer tipo de roupa a não ser que o seu mestre permita. Inclusive, a partir de agora você deve chamar todos os homens que falarem com você de senhor, exceto meu filho mais novo, a quem você chamará de mestre. Você, a partir de agora, é o escravo dele e sua obrigação é servi-lo em tudo que ele mandar e quiser, da forma que ele quiser nos mínimos detalhes que forem satisfazê-lo. Você é o presente de aniversário de 18 anos dele e você será dele para sempre, ou até que ele não te queira mais. Agora saia da minha frente.
Quando ele disse isso me surpreendi que já havíamos chegado ao destino, que era uma fazenda enorme, reclusa da cidade e que eu perdia no horizonte em todas as direções. Quando a porta do carro se abriu, dois homens que aparentavam ter por volta de trinta anos me receberam, eles estavam completamente nus além dos coturnos que usavam, não tinham pelos no corpo além dos cabelos pretos cortados curtos com um pequeno topete. Eles estenderam suas mãos para mim e me auxiliaram a me levantar, seus músculos dos braços, das pernas e do abdômen já suados mesmo que tão cedo no dia me informaram que eles eram algum tipo de trabalhadores braçais, mas eram tão escravos daquele homem quanto eu seria do seu filho. Eles me excitaram profundamente e eu senti um arrepio percorrer todo o meu corpo terminando na ponta do meu pau que se enrijeceu. Senti ódio por estar me excitando naquela situação, mas não tinha o que eu pudesse fazer, então mantive a postura de estar revoltado com tudo.
Um deles foi na minha frente e o outro me seguia, um me guiando e o outro me privando de desacelerar ou fugir. Quando eles me guiaram para dentro da mansão, através da cozinha, fomos adentrando na casa, seguindo por corredores que pareciam não ter fim tanto quanto pareciam ter interseções. Quando meus pés já doíam depois de já termos subido três lances de escadas e entrado em incontáveis corredores, os homens pararam em frente à uma porta e enquanto o primeiro me desejava boa sorte o segundo abriu a porta e empurrou gentilmente minhas costas para que eu entrasse. Fechando-me lá dentro sozinho, selando meu destino.
O quarto era grande e espaçoso, bem iluminado por causa das grandes janelas na parede à minha frente e ao meu lado direito, uma grande cama ocupava parte do canto esquerdo com uma porta ao lado, que supus levar para um banheiro. Tirando isso, havia uma escrivaninha completa, mas tudo parecendo meio sem vida e sem decoração, talvez como se o tal filho mais novo ainda fosse mudar para aquele quarto.
Sozinho e observando o quarto e a paisagem, eu até tinha esquecido que estava pelado, mas quando a porta se abriu e um jovem alto, musculoso e escultural, de olhos verdes e cabelo preto entrou no quarto eu fiquei subitamente consciente e envergonhado pela minha nudez. Eu tampei meu pau flácido com as mãos e só não tive forças para me mexer e tentar me esconder porque eu fiquei totalmente enfeitiçado por aquele sorriso perfeito e um tanto quanto safado que saiu dos lábios dele.
– Então é você a cachorra que meu pai me deu de presentes de boas vindas! – a risada que ele soltou, grave e potente, penetrou em meus ouvidos e fez com que cada parte da minha alma se revirasse e meu corpo se arrepiasse. – Sua vida acaba de ficar bem mais difícil, sua puta. você acabou de virar meu objeto de prazer.