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Patrícia:
Levantamos na segunda e começamos nossa semana bem animadas. Não teríamos aulas e poderíamos aproveitar esse tempo a mais para descansar, sair um pouco à noite e nos curtir sem ter que ter pressa para ir dormir. Por falar em dormir, isso era algo que eu queria fazer bastante, porque nos últimos 6 meses foi rara a noite em que dormi mais de 7 horas seguidas.
A semana foi bastante produtiva. Na segunda mesmo, Rogério transferiu o dinheiro para a conta da Keyla. Na terça, fomos a uma agência bancária e abrimos nossa conta conjunta. Keyla fez questão de transferir todo o dinheiro para ela, até mesmo o dela.
Logo teríamos os cartões de crédito para usar. Na terça à tarde, Cristina me mostrou o contrato, explicou com detalhes cada cláusula e pediu para eu levar para casa e ler ou levar a um advogado, se quisesse. Eu peguei o contrato, pedi uma caneta, assinei e devolvi a ela. Eu confiava em Cristina; não a conhecia há muito tempo, mas Keyla a conhecia desde criança e confiava nela de olhos fechados, então eu também confiava.
Ficou combinado que a sessão de fotos seria no sábado, então fui liberada de ter que trabalhar, e Keyla também, já que ela iria comigo. Na sexta, no final do expediente, fomos a uma autoescola e Keyla se inscreveu para começar suas aulas para tirar a CNH. Depois saímos e passamos em uma concessionária para olhar um carro. Queríamos um carro confortável e econômico, porque, mesmo que tivéssemos dinheiro para comprar um carro muito bom, não queríamos um que gastasse muito.
Olhamos vários. Eu até gostei de alguns, mas Keyla se apaixonou por um Onix Plus vinho. Como ela seria a principal usuária do carro, deixei a escolha final ser dela e acabamos comprando. Pagamos via transferência bancária, e ali ficou quase 100 mil do nosso dinheiro, mas ver a felicidade que Keyla ficou valeu cada centavo. Ficamos de pegar o carro na segunda, já com todos os documentos arrumados.
Dali, passamos em uma concessionária da Honda. Eu queria olhar uma moto nova. Eram várias motos bonitas, mas gostei muito de uma CB 300F vermelha e preta. Keyla disse que ela era linda, e acabei comprando. Ali ficou mais 40 mil do nosso dinheiro, e combinamos de pegar a moto na segunda também.
Perguntei a Keyla se ela estava precisando de mais alguma coisa. Ela disse que não, então finalmente fomos para casa. Já era quase 22 horas quando chegamos, e Keyla disse que tínhamos que descansar, pois eu tinha que amanhecer com a cara boa no outro dia para tirar as fotos.
Só tomamos banho, colocamos ração e água para Becky e fomos dormir. A noite passou voando, e às 8 da manhã eu já estava terminando de fazer o café, enquanto Keyla se arrumava para a gente sair. Eu achei que estaria mais nervosa, mas Keyla parecia mais do que eu.
A moça responsável pelo marketing estava nos esperando na porta da loja. Deixamos a moto ali e fomos no carro dela. Ela era bem simpática, se chamava Lorena. O estúdio era um pouco longe, e chegamos lá quase às 10 da manhã. O fotógrafo já estava lá com o pessoal que trabalha com ele. Fiquei mais aliviada porque só vi outro homem ali, e pelo jeito os dois eram amigos íntimos.
O fotógrafo me explicou tudo, me mostrou o lugar e depois me levou até a maquiadora, nos apresentou e me mostrou as roupas que eu iria usar. Achei meio exagerado, era muita roupa. Fui maquiada e vesti a primeira roupa que iria usar. O fotógrafo foi me explicando como tudo iria funcionar, disse que as primeiras fotos eram só para eu me acostumar com a câmera. Quando olhei para Keyla, os olhos dela até brilhavam naquele ambiente.
Fiz algumas fotos. Sinceramente, tentei me soltar, mas não fiquei muito à vontade. Ele me mostrou as fotos e disse que até ficaram boas, mas podiam melhorar. Keyla, que não saía do meu lado, veio ver as fotos e me deu algumas dicas, tentando me deixar bem relaxada também.
Fui vestir outra roupa e Keyla me acompanhou. Quando fui entrar na cabine, Keyla segurou meu braço, disse que eu era linda e que estava indo bem, mas que provavelmente, com o tempo, eu iria me acostumar com as câmeras e as próximas ficariam melhores ainda. Dei um sorriso para ela, agradeci por ela estar ao meu lado, a abracei e dei um selinho nela antes de ir trocar de roupa.
Quando saí, o fotógrafo me chamou. Keyla estava ao lado dele. Ele me mostrou umas fotos que tirou quando eu e Keyla estávamos conversando e disse que era aquele sorriso e aquela espontaneidade que ele queria. Eu disse que, olhando para o rosto de Keyla, era muito mais fácil do que olhando para a câmera, e sorri. Ele ficou olhando a foto, olhou para nós duas, pediu um minuto e saiu. Vi ele falando com Lorena, e logo ela fez uma ligação, depois chamou Keyla e passou o celular para ela. Eu só observava. Logo Keyla chegou até mim e disse que iria fazer as fotos comigo, que o fotógrafo achou muito boas as fotos nossas juntas e conversou com Lorena e Cristina, e as duas gostaram da ideia.
Eu gostei ainda mais. Keyla foi se preparar. Quando ficou pronta, veio até mim. Nossa, que mulher linda eu arrumei! Ela estava radiante. O fotógrafo disse para a gente se divertir durante as fotos, trocar sorrisos e carinhos suaves, que podia até dar uns selinhos, mas nada vulgar. Eu ri dele nessa hora pela pose que ele fez.
Dali em diante, o negócio rendeu. Eu realmente comecei a me divertir posando para aquelas fotos, mas no final estava morta de cansaço. Minhas pernas doíam de tanto ficar de pé. Nem lembro quantos tipos de roupas diferentes usei, mas foram várias. Depois de tudo pronto, o fotógrafo falou que ia escolher as 5 melhores fotos de cada visual, iria descartar as outras e perguntou se a gente tinha um e-mail para ele mandar as fotos. Keyla passou o dela, e ele disse que na segunda mesmo mandaria. Se tivesse alguma que a gente não quisesse que fosse publicada, era para a gente avisar. Cristina e Lorena iriam escolher as que seriam publicadas.
Concordamos com tudo e saímos dali direto para casa. Eu estava mais cansada do que em um dia de trabalho normal. Keyla estava toda feliz, disse que depois iria perguntar se poderiam colocar algumas das fotos no Instagram dela e perguntou se eu realmente não queria criar um. Eu disse que não. Ela tentou me convencer, mas eu disse que não gostava e que só tirei as fotos e concordei com tudo porque era para Cristina. Que eu não iria fazer de novo e que não importava se ela postasse as fotos no Instagram dela, mas eu realmente não tinha interesse em ter um.
Voltamos para casa, curtimos nosso final de semana, e saímos no domingo junto com Aline e Luciana para ver um filme. Foi bem divertido sair na companhia delas. Keyla contou a elas cada detalhe da sessão de fotos. Ela realmente ficou bem entusiasmada com aquilo. Em casa, fizemos amor gostoso e descansamos.
Na segunda, fomos para o trabalho de Uber, já que voltaríamos nos nossos novos veículos. Keyla foi ao escritório assinar um contrato igual ao meu. Na hora do almoço, ela recebeu o e-mail com as fotos, mas deixamos para ver com calma em casa. Ela mandou um e-mail para o fotógrafo perguntando se podia publicar fotos no Instagram dela. Ele disse que podia sim, mas as que não fossem escolhidas para divulgação, e pediu para ela esperar as publicações saírem primeiro antes de postar e pediu para ela marcar ele nas fotos.
Eu esperei ela fazer a sua primeira aula na autoescola. Depois do trabalho, aprontei e já fui buscar minha moto nova. Comprei dois capacetes novos para nós. Depois que ela saiu da autoescola, levei-a até a concessionária e ela pegou o carro. Fui na frente para olhar se não tinha nenhum perigo dela ser parada pela polícia.
A semana foi passando, as fotos ficaram ótimas, eu realmente gostei de todas, e Keyla também amou. Na quinta-feira, Cristina avisou que na sexta já sairiam as primeiras publicações em algumas revistas e que alguns outdoors já estariam com a nossa cara. Se Keyla quisesse, podia postar as fotos que quisesse no Instagram. Ela nos mostrou as fotos escolhidas; eram muitas. Aí ela disse que em duas revistas teria uma matéria sobre a loja e usaria algumas fotos, que seriam 8 outdoors pela cidade e iria colocar três na frente da loja.
Eu sinceramente não achei que iria ser tanta coisa, mas não liguei também. Eram fotos lindas e não tinha nada demais nelas, só duas em que estávamos dando um pequeno selinho, mas algo fofo mesmo. Por sinal, eu amava uma delas; era minha foto favorita. Até pedi para Keyla me enviar, pois eu iria usar como papel de parede no meu novo celular, que Keyla me deu. Era até bom, mas resolvi comprar um novo, nada muito caro, já que eu nem usava muito.
Na sexta, vimos um pessoal trabalhando em frente à loja, colocando as fotos. Na hora do almoço, já dava para ver a primeira foto: era uma minha sozinha com um conjunto social lindo. À tarde, estavam todas no lugar. A do meio era uma minha e de Keyla, e a outra do lado, uma de Keyla com um conjunto de moletom lindo.
Keyla foi fazer sua aula na autoescola. Ela pediu para eu olhar na banca de jornal para ver se alguma revista já estava lá. Eu achei duas das que Cristina falou. Uma tinha a matéria sobre a loja, várias fotos nossas e uma entrevista com Cristina. A outra só tinha duas fotos nossas, eram as duas páginas centrais com a propaganda da loja.
Keyla saiu e eu falei para ela das revistas, mas pedi para a gente ir embora e ver em casa. Chegamos, e ela viu as revistas e leu a entrevista de Cristina e a matéria sobre a loja. Eu aproveitei para ler também. Jantamos e ela foi postar as fotos no Instagram. Disse que tinha colocado 5 na página principal e 3 nos stories, e que marcou o fotógrafo e o Instagram da loja.
Depois, fomos para a cama. Keyla comentou que as fotos tiveram várias curtidas e muitos elogios. Elogiaram bastante as fotos e as modelos. Eu só ri, mas ela quis me mostrar. Eu vi e realmente tinha muitos comentários com elogios, mas vi alguns que não gostei. Ela tinha até muitos seguidores e a maioria era homens; aí já viu o tipo de comentário que tive que ler. Uns chamando a gente de gostosas, outros dizendo que se a gente estivesse na cama deles, acabariam com a gente, e outros dando indiretas que iam se masturbar pensando nas fotos. Havia outros que foram diretos, era dois comentários desse tipo no meio de 10 com elogios, mas fiquei com nojo daquilo.
Perguntei a Keyla por que ela deixava aqueles caras no Instagram dela, e ela disse que era assim mesmo, que sempre tinha uns babacas, mas era só ignorar, porque ela não gostava de bloquear ninguém. Eu realmente achei meio sem noção, mas ignorei para não deixar aquilo virar uma briga. Se eu já não gostava de rede social, passei a gostar menos ainda.
Ela ficou mexendo no celular por um bom tempo. Na verdade, nem vi quando ela parou, porque acabei dormindo. Naquela noite, algo iria mudar nas nossas vidas. Eu só iria perceber depois, mas foi exatamente naquela noite, um pouco antes da gente dormir, que eu tinha começado a perder minha namorada. Ali começava o meu inferno.
Continua…
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper
