“Porra, como posso aceitar minha esposa com outro?!”, pensou, transtornado, mas não tinha jeito, o tesão naquele momento era muito grande e ele acabou gozando ali, lembrando-se de como Vivian tinha gozado na rola do Francisco. Após sair do box e se secar, sentou-se sobre o vaso sanitário e chorou. Bem nesse momento, mensagens de um número não identificado, mas bem conhecido, chegaram em seu celular:
“Espero que tenha ficado ao seu agrado.”
“Desculpe se algo fugiu ao planejado, mas são situações tensas que, às vezes, fogem ao controle.”
“Quando quiser falar, estou à disposição.”
(CONTINUANDO)
Um sentimento estranho, forte, devastador, depressivo mesmo o abateu e Leonardo começou a se crucificar por ter feito aquilo. Lá, na Casa de Swing, ele tinha a desculpa de que talvez, tivesse sido levado pelo álcool, mas ali não, eu já não estava mais tão tonto assim e sabia bem o motivo que o tinha levado a fazer aquilo. Aceitar aquele estranho tesão não estava em seus planos. Leonardo assimilou que estava demorando muito no banheiro e pensou se talvez Vivian pudesse ter se arrependido. Ao mesmo tempo, o conhecimento de fatos nos dias que antecederam sua viagem o faziam duvidar bastante de um arrependimento honesto e sincero. Novamente, confuso, sentiu ciúmes e medo de que talvez ela pudesse querer continuar com aquilo. Por mais que doesse a traição, ele ainda amava muito a esposa.
Vencido pelo cansaço, saiu enfim do banheiro e foi se deitar, mas não conseguia dormir, só ficava remoendo o acontecido e rolou pela cama a madrugada toda. Pensamentos confusos vinham e embaralhavam sua mente e inconscientemente aquilo começava a excitá-lo novamente. “Caralho! Corno, eu!?”, pensava e se recriminava. Ele já havia lido a respeito do tal “tesão de corno”, mas nunca imaginou se ver em tal situação e o pior, gostar daquilo! Acabou que seu pau estava de pé novamente, poucos minutos após aquela solitária gozada no box do banheiro e ele pensou em tentar uma aproximação com Vivian, mas antes de tocá-la, recuou. Pensou que provavelmente ela não aceitaria, devido ao fato de ainda estar com a buceta vermelha e inchada, como ele próprio tinha constatado minutos atrás, além de estar sexualmente satisfeita:
- Não posso aceitar isso! Como posso sentir tesão em ver minha mulher com outro? - Ele murmurava baixinho para si mesmo, tentando se convencer do absurdo daquele sentimento.
E foi assim, murmurando, resmungando, sofrendo e se excitando que algum tempo depois, acabou pegando no sono.
De manhã ao acordarem, estranhamente continuaram sem conversar. O silêncio o incomodava e certamente também a ela. Ele decidiu quebrar o silêncio e conversar, para tentar entender o que tinha acontecido naquela noite, como se ele não soubesse:
- Amor, o silêncio não está fazendo bem e ficarmos como se fôssemos estranhos aqui, não vai ajudar em nada. Acho que precisamos conversar, em relação ao que aconteceu. - Ele começou, enquanto tomavam seu café da manhã num vazio restaurante de hotel.
Ela o encarou surpresa e com um semblante de quem não parecia disposta a conversar, mas deu de ombros e respondeu, também o olhando:
- Tudo bem, amô, pode falar.
- Quero primeiramente dizer que não estou com raiva de você pelo acontecido, até mesmo porque quem inventou essa história de Casa de Swing fui eu, mas que não pretendo visitar mais, nunca mais na minha vida. Mas e você, o que você está sentido agora?
Ela tomou um pouco de seu iogurte natural, sem tirar os olhos dele. Depois olhou em volta porque não queria correr o risco de alguém ouvir aquela conversa imprópria para menores e falou:
- Tudo bem Leonardo! Eu… eu acho só que não soubemos conduzir direito a situação, mas realmente a principal culpa foi sua mesmo e fico feliz que você esteja ciente disso. Eu não sei o que estou sentindo, é tudo tão confuso que eu… eu somente… Sei lá, eu só não sei. Sinceramente, eu até gostei de sentir outro homem depois de tanto tempo, mas acho que eu não quero mais fazer isso de novo. Isso poderia destruir nosso relacionamento. - Disse e desviou o olhar.
O fato de Vivian ter dito que gostou, Leonardo já desconfiava, afinal, ela gozou não uma ou duas, mas três vezes e isso o deixou com um ciúmes mortal, não queria ter ouvido isso dela naquele momento, mas ele já desconfiava, aliás, tinha certeza. Ele então tentou abafar, dizendo:
- Tá… Então, vamos tentar esquecer isso e seguir com a nossa vida, ok? Como se nada tivesse acontecido. - Disse e suspirou fundo: - Ah, e saiba que eu te amo!
- Tudo bem, amô. Também amo você!
O clima entre eles ainda era desconfortável. Durante a tarde, Leonardo tentou um primeiro contato mais íntimo que foi negado por Vivian com a desculpa de que estava assada, seguido de um “ainda não estou me sentido bem”, acompanhado de um pedido de desculpas. Ele resolveu respeitar e não forçar a barra. O dia correu e tentaram fingir que nada tinha acontecido. Conseguiram, bem ou mal, aproveitar o restante de suas férias e retornaram para sua cidade natal.
Passaram-se alguns dias e tudo parecia ter voltado ao normal, mas às vezes, alguns pensamentos ainda assombravam Leonardo. Aliás, nos primeiros dias foi difícil evitar que pesadelos com o ocorrido naquela noite o atormentassem e o pior, seguidos de uma excitação que o incomodava.
Envergonhado com tudo aquilo, Leonardo procurou um psicólogo, pois queria entender, se curar de uma mal que estava corroendo sua alma. Foi assim que, por indicação de um amigo, conheceu a doutora Idalina Fortunato Pinto, uma conceituada psicóloga de sua cidade.
O primeiro contato não foi fácil. Leonardo se sentou, deitou, andou e não conseguia falar. Idalina era uma mulher madura e sabia que se não fizesse alguma coisa, aquela conversa sem falas não chegaria a lugar algum. Foi dela o primeiro passo:
- Você é casado, Leonardo?
- Sou. Sim, sou… Por que?
- Foi traído, não foi?
- Eu… É… Não, não… - Suspirou fundo e se abriu: - Tá. Fui, fui e não sei mais o que fazer.
- Por que não me conta o que você sabe e juntos poderemos chegar a alguma conclusão. O que acha?
Leonardo não queria, mas sabia que precisava se abrir com alguém e se abriu inteiramente com ela. Dessa vez falou “como o homem da cobra”, não parou sequer para respirar. Idalina deixou que falasse e anotou o que interessava e o que ainda gostaria de entender melhor, mas deixou que ele se desse por satisfeito para que ela depois se satisfizesse também. Quanto ele terminou de falar sobre a noite na Casa de Swing, uma vergonha o tomou e ele não quis continuar, mas Idalina sabia que estava ali a chave de todo o seu incômodo:
- Não pare agora, Leonardo. Coloca tudo para fora para que eu possa te ajudar.
- Eu não sei… Acho que estou doente. Às vezes, quando eu lembro de tudo o que aconteceu, que eu vi, fico… Ah, meu Deus…
- Fica excitado?
- É… - Resmungou de uma forma quase inaudível.
- Olha, escuta… Você não está doente. - Ela falou como se fosse sua mãe, num tom que acalmava a alma: - Você só está confuso por tudo o que aconteceu: a traição, vê-la com outro, sua excitação… Nada do que você me relatou indica uma doença. A excitação é normal, porque somos animais antes de tudo, Leonardo, ela é instintiva e nem sempre a gente controla. A única questão que precisamos apurar é se esse seu tesão pela prática “cuckold” está te fazendo mal, porque se for esse o caso, essa parafilia que é o nome que damos para uma prática sexual fora do comum, passa a ser um transtorno parafílico e aí sim necessita de um tratamento.
- Remédio!? Vou ter que tomar tarja preta?
- Não, não, não… Claro que não! Bem, acredito que não, porque dificilmente chega a esse ponto. É mais uma troca de ideias, conhecimento e experiências para que você entenda tudo o que está em jogo e decida qual a melhor forma se seguir o seu caminho. - Ela respondeu com um sorriso tenro nos lábios, mas me advertiu em seguida: - Entretanto, a questão da traição que você relatou, me deixou bastante preocupada e você precisa se sentar e resolver isso com a sua esposa. Traição é falta de honestidade, transparência e cumplicidade entre o casal e isso não tem nada a ver com os relacionamentos liberais, no qual um fetiche de “cuckold” poderia se inserir.
- Conversar? Com a Vivian!?
- Sim, meu caro, você precisa enfrentá-la. Mais cedo ou mais tarde, você precisará fazer isso. Então, por que não fazê-lo já? Uma vez que você terá que resolver essa sua questão pessoal com você mesmo, resolva também a que relaciona sua esposa.
A tensão na conversa era imensa e a própria Idalina depois pensou que pudesse ter dado informações demais para Leonardo, mas ele, no final da consulta, demonstrava estar muito mais leve e efusivo, a ponto de abraçá-la quando se despediam. Voltou para casa muito mais leve e Vivian notou:
- Que foi? Parece que viu um passarinho verde? - Brincou, animada com o próprio ânimo do parceiro.
Leonardo sorriu grandemente para ela, pensado que não era exatamente caso de passarinho, mas de uma periquita que, meio fujona, não sabia permanecer na sua gaiolinha. Dormiu melhor nessa noite e não teve pesadelo. Ele voltou a se encontrar com Idalina mais três vezes naquela semana e as conversas se aprofundaram ainda mais. Ele já assumia sem tanto medo que talvez a ideia de ceder a sua esposa a outro o excitava, mas que ele também achava justo ter o mesmo direito:
- Então, você não quer ser corno exatamente…
- É… Não sei. Acho que não.
- No seu caso, seria um relacionamento aberto, ou uma cornitude bilateral. Acho que a sua vontade é mais voltada para o swing, sabe? Troca de casais…
- É acho que é isso!
- Falei isso para ela, então, meu caro.
Leonardo voltou a sentir aquele frio na espinha. Não tivera a coragem de enfrentar sua esposa ainda quanto as puladas de cerca, quem dirá de propor uma abertura mais radical em seu relacionamento. Chegou em casa decidido e preparou um jantar caprichado para abrir um canal de comunicação com Vivian. Banhou-se, perfumou-se, vestiu um traje esporte fino e ficou aguardando sua chegada ansiosamente. As horas se sucediam sem perdão. Dezenove, vinte, vinte e uma horas, e nada de Vivian chegar em casa. Tentou ligar para ela algumas vezes, mas a ligação caía em sua caixa postal. Mandou mensagens no WhatsApp, mas ela sequer chegava, comprovando que o aparelho estaria desligado:
- Não acredito que vai começar tudo novamente!? - Resmungou para si mesmo, irado.
Infelizmente, uma prática até então abandonada por Vivian havia recomeçado no dia anterior: o de fazer horas extras ou dar plantões fora do horário. Inclusive, fora assim que, alertado por um amigo comum, Leonardo havia descoberto que Vivian vinha se encontrando às escondidas com um médico de um hospital em que trabalhava. Ele relutou e muito para acreditar, e não acreditou no começo, mas cansado de ser alertado, foi um dia fazer uma visita à esposa e conseguiu flagrá-la saindo com um homem alto, loiro e bastante forte. Ambos entraram no carro do rapaz e seguiram diretamente para um motel. O que fizeram lá? Prescinde de explicações…
Ele agora estava mais esperto e ligou para o amigo em comum, a fim de saber se Vivian ainda estava no hospital, mas a resposta o desanimou de imediato:
- Ah, cara, eu sinto muito, mas ela já saiu daqui faz um tempo. Acho que nem eram sete horas ainda…
- Acompanhada, aposto? - Perguntou Leonardo.
- Olha, não, ela saiu sozinha, mas o Vítor saiu na mesma hora.
- Filha da puta!... - Resmungou Leonardo, sentindo a galhada crescer forte e frondosa em sua testa.
- Nenhuma notícia é ruim que não possa piorar… - Avisou o amigo, calando-se em seguida.
- O que foi? Já caí na boca do povo!?
- Não, Léo… É que o Vítor saiu acompanhado do Garrincha… Sabe aquele enfermeiro negão, três por quatro, que foi transferido para cá há pouco tempo? Então, saíram os dois e eu ouvi de relance que ambos estavam indo para uma festinha de arromba.
Leonardo encerrou a chamada sem sequer se despedir do amigo. E surtou! Passou a ligar insistentemente para Vivian e também a mandar mensagens, cobrando o seu paradeiro, mas nada conseguiu. Só parou quando totalizou cento e três mensagens perguntando onde ela estava. Nisso verificou que havia gastado mais de uma hora e meia, já sendo quase vinte e três horas da noite. De repente, as mensagens começaram a chegar todas de uma vez no celular de Vivian e deve ter sido um verdadeiro samba do crioulo doido, com bips sem parar. Em instantes, ela ligava para ele:
- Amô, o que aconteceu? Por que tem tanta mensagem sua no meu celular?
- Porque não consigo falar com você há mais de uma hora e meia! Oras…
- Poxa, mas eu estou trabalhando! Você não pode ficar me ligando assim, amô.
- Trabalhando, né?
- É…
- Tem certeza!?
A entonação de Leonardo deixou Vivian muda. Naquele momento, seu sangue congelou e ficou com medo de ter sido descoberta. Leonardo não podia ver, obviamente, mas naquele justo momento, ela estava nua e montada no pau do Garrincha, sem fazer um movimento sequer, preocupada que seu castelinho estivesse desmoronando. Ela tinha que agir rápido, mas Vítor, comedor experiente de casadas, saiu em sua frente:
- Doutora Vivian, doutora Vivian. - Falou em voz alta, na intenção de ser ouvido por Leonardo: - O paciente do cento e cinco precisa da sua atenção imediata, doutora.
- Ah… Hein!? Do cento e cinco?
- Sim, doutora, do cento e cinco, aquele menino de cor. - Disse e olhou para Garrincha que sorriu, cúmplice: - Agora, já, doutora. Vamos perder o paciente.
Vivian voltou a sua atenção para a chamada de Leonardo e corroborou a suposta “emergência”, despedindo-se dele rapidamente e encerrando a chamada. Logo em seguida, foi direta:
- Tenho que ir embora. Meu marido já está desconfiando de algo.
- Embora? Agora, mas eu ainda nem gozei a segunda. - Resmungou Garrincha.
- Ai… Então anda logo, negão, goza que eu preciso ir!
Vítor já havia descido da cama e se dirigiu ao reservado para tomar uma ducha. Em coisa de minutos, um urso urrava na cama ao lado, encerrando uma trepada que nem deveria ter acontecido, mas aconteceu. Logo, Vivian e Garrincha vinham disputar espaço com ele. O negro alto a trazia quase carregada e vazando quase um copo americano de porra de uma buceta surrada, vermelha e inchada de uma trepada clandestina com dois homens.
Enquanto Vivian se lavava, tomando o cuidado de não molhar os cabelos, embora já estivessem desgrenhados, Leonardo ardia em febre, tomado por um ódio que nunca sentira em sua vida antes. Se em algum momento teve tesão em imaginar sua esposa com outro, naquele ali apenas a ira lhe cegava. No mesmo instante, pegou novamente seu celular e quase pôs tudo a perder numa mensagem que intencionou mandar para Vivian, pedindo que não voltasse para casa porque já descobrira suas traições, mas decidiu ser mais maligno e a descartou.
Leonardo lamentou ter que dispensar os ensinamentos e conversas com Idalina, mas já era hora de agir por impulso. Aliás, fora ela própria que disse que somos animais instintivos antes de tudo, então a vingança seria por puro instinto primitivo: “Me fudeu? Vou te fuder também, sua biscate!”, pensou. Discou um certo número e uma voz já conhecida o atendeu:
- Fala, meu querido. Eu já tinha imaginado que estivesse bravo comigo e nunca mais fosse me ligar.
- Eu estava resolvendo algumas questões aqui, cara, e cheguei a pensar que não precisaria mais da sua ajuda.
- Ah é!? Se resolveu com a patroa? Vai curtir junto?
- Não! Curtir!? Com aquela filha da puta? Nem em sonho! Vou fuder de vez com a vida da biscate, mas vou precisar de você novamente.
- Ué! Se eu tiver a chance de fuder aquela boca e a bucetinha de novo, eu topo fácil. Tô dentro, nos dois sentidos… - Respondeu Francisco, gargalhando do outro lado da chamada.
- Vamos além. Se ela quer tanto trepar, está na hora de estourar o rabo da vadia!
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO E OS FATOS MENCIONADOS SÃO TOTALMENTE FICTÍCIOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL É MERA COINCIDÊNCIA.
FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DOS AUTORES, SOB AS PENAS DA LEI.