¬_Ah, finalmente, né?_ falou Alice _Estão demorando demais. Vocês são homens, não precisam desse rodeio todo para fazer sexo.
Estávamos conversando sobre os planos de Rafael para o fim de semana.
_Acho que ele estava me dando espaço. Ele sabe que ainda não estou totalmente à vontade com o assunto._ respondi olhando em volta para conferir que ninguém prestava atenção no que falávamos.
_Sem comentários._ falou revirando os olhos.
_Estou nervoso. Lógico que eu quero, mas sei lá.
_Ai, que bonitinho, o Bernardinho está nervosinho porque vai dar pro carinha que ele ama.
_Alice!
Em vão, ela só ria. Eric passou por nós dois e nos cumprimentou com um aceno de cabeça, que respondi do mesmo jeito. Nada escapa aos olhos de Alice.
_O que foi isso?
_Isso o que?
_Você e o Eric.
_Nada, uai. Cumprimentei ele como cumprimentaria um colega de sala qualquer.
_Mas ele não é um colega de sala qualquer, você até pouco tempo odiava ele e não queria vê-lo nem pintado de ouro. Você mente muito mal, sabia?
_É que...
Comecei a engasgar com a resposta e ele sacou tudo.
_Bernardo, Bernardo... Aquele dia que você estava pensando em ir visitá-lo, você realmente foi?
Nem precisei responder, ela viu a resposta nos meus olhos.
_Bernardo! Por que você não me contou?
_Porque eu estava com vergonha. Não queria admitir pra ninguém além de mim mesmo que estava traindo Rafael assim.
_Vocês...
_Não! Não, de jeito nenhum. Trair no sentido de trair sua confiança, afinal ele não gostaria nada de saber disso.
_Quer dizer que ele não sabe?_ falou com o ar de mãe dando bronca.
_Não... Ainda não tive coragem de contar.
_Você sabe que está cavando a própria cova, né?
_Sei, mas é mais forte que eu.
_O que eu faço com você, Bernardo?
_Tenha muita paciência.
Eu ainda não tinha contado nada para Rafael. Eu continuava adiando sempre para o dia seguinte, que nunca chegava.
_E o Pedro, nada?_ perguntei já sabendo da resposta.
_Não, nada agora, e nada nunca mais.
_Você é muito cabeça dura, sabia?
_Não, você que é cabeça dura de ficar insistindo num assunto que eu já dei por acabado.
_Não está acabado para ele.
_Tenho que concordar com Rafael: você é muito burro de ainda defender o Pedro.
_Não preciso escutar isso de novo.
_Então não comece esse assunto.
O assunto Pedro e Alice estava em stand by, por mais que eu quisesse ajudar Pedro com isso, Alice estava irredutível, e não adiantaria forçá-la a nada. Ele teria que dar tempo ao tempo.
O grande dia havia chegado e eu estava uma pilha de nervos. De tão nervoso, acho que inconscientemente me afastei um pouco de Rafael e fui passar o intervalo com Alice. Ele pareceu não ter percebido.
Você tem que relaxar, Bernardo. Se você estiver todo tenso assim na hora vai estragando tudo.
_Sei lá, acho que eu gostaria que tivesse rolado naturalmente, sem marcar nada, de surpresa.
_Que bobagem! Não tem problema nenhum em marcar hora pra transar, deixa esse romantismo bobo de lado.
_É, eu sei...
_E quais os planos dele exatamente?
_A gente vai jantar em algum lugar, ele não falou aonde, disse que era surpresa. Depois a gente vai pra casa dele, os pais dele já vão ter viajado, e eu vou dormir lá.
_Humm... E seus pais?
_Falei que vou pra uma festa e dormir na casa de um amigo depois.
_Eles não sabem que você vai fazer a festa dormindo com um amigo?_ perguntou rindo.
_Muito engraçada a senhora.
_Obrigado!
[...]
Quando a noite chegou, eu mal me aguentava quieto. Andava de um lado para o outro do quarto. Milhões de coisas poderiam dar errado. Os pais dele poderiam voltar, a gente poderia brochar, ele poderia perder o interesse em mim e se arrepender de tudo. Eu estava inseguro, e era meu direito estar. Eu me entregaria ao cara que eu amo, uma coisa muito romântica na teoria, mas precedida por muito nervosismo na prática.
Eram nove da noite quando ele deu um toque no meu celular me avisando que me esperava na porta do meu prédio.
_Juízo, hein?_ recomendou minha mãe quando passei pela porta, mas não tive nem cara para responder.
Ao entrar no carro, meus pulmões foram tomados pelo cheiro do seu perfume e meus olhos foram se acostumando com a escuridão até o sorriso de Rafael começar a aparecer para mim. Ali todo o nervosismo já tinha desaparecido. Não tinha como alguma coisa dar errado. Era eu, era Rafael, tudo seria mágico, e eu tinha tanta certeza disso quanto do ar que eu respirava. Juro, minha vontade de beijá-lo ali mesmo, na porta da minha casa, quase foi maior do que meus medos.
_Oi._ falei sem conseguir conter meu sorriso.
_Oi. Você está lindo!
_Você também não está de se jogar fora.
_Vamos?_ perguntou já dando partida no carro.
_Claro. Aliás, vamos para onde?
_Eu fiz uma surpresa para você...
_Eu não me dou muito bem com surpresas...
_Dessa você vai gostar muito.
_Vê lá, hein.
Em poucos minutos chegamos em frente a um prédio numa rua claramente residencial. Rafael usou o controle para abrir a garagem e entrar com o carro. Tínhamos ido direto para a casa dele.
_Uai, não íamos jantar?
_E vamos.
Olhei para ele com cara de dúvida.
_Eu queria ficar à vontade com você, pegar na sua mão enquanto jantamos, essas coisas, mas você nunca me deixaria fazer isso em público. Então eu resolvi fazer eu mesmo o seu jantar.
_Você?_ perguntei meio surpreso, meio divertido.
_Sim, eu! Sou um ótimo cozinheiro.
_Isso que eu quero ver.
Chegamos ao quinto andar do prédio e ele abriu a porta me dando passagem. Não era um apartamento chique, mas se via que a família dele tinha boas condições financeiras, era tudo muito bem decorado. Mas o que se destacava era a mesa: estava cuidadosamente posta para duas pessoas, tudo pensado nos mínimos detalhes. Foi impossível não corar e me sentir lisonjeado pela sua atitude. Ele realmente não media esforços para me impressionar.
_Eu sei que está meio cafona, mas é meu jeito de ser romântico._ falou meio tímido me levando à mesa.
_Está lindo, Rafa. Fico pensando no que eu vou ter que fazer para te recompensar.
_Ah, você vai dar um jeito.
Ri e fingi que não notei seu tom malicioso. Eu estava decidido a relaxar e aproveitar aquele momento. Eu merecia. Ali só havia nós dois, nada de recriminações ou medos. Apenas nós dois.
O jantar estava delicioso, ele tinha feito um tipo de carne assada com um molho especial. Disse que tinha feito vários testes até conseguir acertar. Quando terminamos, ele me levou até o sofá, foi à cozinha e trouxe duas grandes tigelas com sorvete. Comíamos a nossa sobremesa em silêncio, mas olhando intensamente nos olhos um do outro. O próprio jeito como levávamos a colher à boca era muito malicioso. Não éramos assim naturalmente, claro, era o vinho do jantar que já tinha subido e feito efeito.
_Então..._ ele começou colocando a taça de sorvete de lado.
_Então..._ fiz o mesmo _Você ainda não me apresentou a sua casa...
_Não seja por isso.
Ele levantou me pegou pela mão e me puxou para dentro do apartamento.
_Esse é o banheiro social, esse é o quarto da minha irmã, esse...
_Você tem irmã?
_Tenho, nunca te contei?
_Não, Rafa. Não tem risco dela aparecer?
_Ter tem, mas acho muito difícil porque ela tá estudando nos Estados Unidos.
_Ah, bom, porque eu fiquei preocu...
_Então, aquela porta lá na ponta é a suíte dos meus pais._ ele falou apressado, mas se acalmou quando chegou na última porta restante _E esse... É o meu quarto.
Ele abriu a porta e eu vi o universo de Rafael pela primeira vez. O seu quarto era uma extensão dele mesmo. Apesar das cores sóbrias, era muito iluminado pelas luzes da cidade e cercado de prateleiras com brinquedos antigos de sua infância. Combinava muito com a personalidade solar e brincalhona do dono.
_É a sua cara!_ falei admirando.
_Você acha?
_Sim, não poderia ter um lugar melhor pra gente...
Me refreei no final da frase envergonhado. O álcool tinha o efeito de retardar o freio da minha língua. Devia ter ficado muito vermelho, pois Rafael começou a rir.
_Pra gente o que?_ falou trancando a porta atrás dele.
_É... É...
_Isso?
Ele me agarrou pela cintura e colou meu corpo ao seu. Nossos rostos ficaram a milímetros de distância. O seu hálito quente aquecia meus lábios. Simplesmente fechei meus olhos e abri um sorriso, apreciando aquele momento. Ele então tomou a iniciativa de, ainda segurando minha cintura, me beijar. Não era um beijo qualquer. Não era um beijo dentro do carro temeroso que alguém nos visse. Não era um selinho rápido e rotineiro. Não era um beijo calmo. Era um beijo furioso, inflamado, passional. Sim, era um beijo com amor, mas não era um beijo romântico, era beijo de desejo. Nós dois sabíamos o que aconteceria ali, e era tudo o que desejávamos. Nós roçávamos nossos paus duros um contra outra ainda sob a proteção das nossas roupas. Minhas mãos exploravam descontroladamente sua nuca e suas costas sob a camisa. Não me contive e a puxei com pressa, louco de desejo. Seu corpo era bem definido, mas macio. Não era como se ele se matasse na academia para ter um corpo trincado, parecia que ele tinha nascido daquele jeito, pronto. E para completar, seus pelos ralos desciam do peito por fina linha até se perderem dentro da sua calça. Eu olhava parado sem saber nem por onde começar a me divertir.
_Gosta do que vê?
_Uhum...
_Tem muito mais pra se ver.
_O que por exemplo?
Ele riu, me empurrou pela cintura até a cama onde caí de costas, ainda que apoiado sobre meus cotovelos. Sem tirar seus olhos dos meus, ele começou lentamente a tirar seus sapatos, meias e calça. Foi impossível não me lembrar de uma cena muito semelhante com Eric, mas tratei logo de sufocar. Ele era a última pessoa em quem eu queria pensar no momento.
_Então? Gosta do que vê?
O corpo do Rafael era lindo. Se Eric (era impossível não fazer comparações já que ele era o único outro cara com quem eu já havia chegado àquele ponto) tinha um corpo liso, branco, duro, talhado na academia, como uma estátua renascentista, Rafael tinha um corpo desenhado para o pecado. Sua pele era levemente morena e coberta por uma fina camada de pelos nas pernas, nos braços e no peito. Apesar de não ser trincado, suas formas eram muito bem definidas, naturais, com coxas grossas e hipnotizantes. E dentro da sua cueca branca, seu pau já se insinuava de um tamanho considerável. Minha boca se encheu de água, como uma verdadeira puta.
_Mas eu ainda não vi tudo._ respondi _Preciso ver tudo para emitir uma opinião.
_Sem chance, senhor Bernardo. Só vai ver o que quer quando me mostrar o que eu quero ver.
_O que você quer ver?
_Tudo!_ falou safado.
_Me ajuda a me livrar desse monte de pano, então._ respondi ainda mais safado.
Ele sorriu e começou lentamente a desamarrar meus sapatos, os tirando. Logo depois foram as meias, e ele completou o movimento apertando forte meus pés. Ele se ajoelhou na cama entre as minhas pernas e se concentrou em puxar meu cinto. Logo depois foi a vez de me despedir da minha camisa. E por último foi minha calça, que ele tirou com ferocidade, quase num movimento único.
Estávamos empatados, ambos de cueca admirando o corpo um do outro sem deixar se perder um sorriso no rosto. Foi dele a iniciativa dos próximos movimentos. Ele começou a subir com a boca lentamente pelo meu corpo. Primeiro mordiscando meus pés e minhas panturrilhas. Depois apertando com desejo minhas coxas enquanto as beijava. Não desgrudou sua língua da minha pele enquanto caminhava com ele sobre minha barriga e meu peito. Eu estava todo arrepiado e gemia baixinho com os olhos fechados. A sensação de sua língua quente em contato com minha pele me enlouquecia. Logo já estávamos novamente perdidos num beijo interminável. Nossas mãos exploravam livremente o corpo um do outro. Eu descobri que as coxas era minha parte favorita do corpo de Rafael, então as apertava com força. Minhas mãos então escorregaram pela sua cueca e, sem um pingo de timidez, apertei com vontade seu pau, que se seguiu por um gemido de Rafa. Sem me fazer de rogado, troquei de posição com ele e arranquei sua cueca com fúria. Seu pau era grande e grosso, perfeitamente desenhado com suas veias aparentes e a cabeça rosa exposta. Era suculento. Eu não conseguiria me fazer de tímido, de sem jeito, era magnético. Abocanhei num só movimento seu membro quase me engasgando. Ele urrou de prazer e o sentir pulsar dentro da minha boca. Ainda que não tivesse um gosto ou textura especial, a fantasia do momento, de colocar a boca numa parte tão íntima dele, me dava muito prazer. Seus gemidos altos só contribuíam.
_Ahh! Vai, não para, chupa tudo!
Obedeci sem facilitar. Eu caminhava com a língua por toda a extensão do corpo do seu pau e depois enfiava o que conseguia na boca. De vez em quanto descia pro seu saco, o que ele respondia com mais gemidos abafados. Durante todo o ato eu massageava toda a extensão das suas coxas, apreciando sua maciez, seu calor, a textura da sua pelagem. Sem muito planejamento, apenas me deixando levar pelos meus desejos, fui descendo a língua cada vez. Ele não se fez de rogado e se virou de bruços na cama expondo a sua linda bundinha. Ela era bem gordinha, avantajada, com uns poucos pelos na parte interna. Não sou cego, mesmo com roupa eu já havia percebido que Rafael era dono de um belo traseiro e ele sempre foi meu objeto de desejo. Eu intercalava beijos e lambidas com apertões. Rafa sufocava seus gemidos no travesseiro, mas sem dúvidas estava gostando. Me surpreendi quando ele se virou e me ofereceu uma camisinha.
_Tem certeza?_ perguntei.
_Sim, quero que você seja o meu primeiro.
Fiquei surpreso com aquela informação.
_Você nunca...?
_Já fiquei com outros caras, você sabe, mas nunca fui passivo.
_Tem certeza que você quer isso, a gente pode ir devagar.
_Tenho certeza absoluta._ falou sorrindo e me olhando nos olhos _Só seja carinhoso comigo.
Não me fiz de santo. Vesti a camisinha no meu pau, levantei suas pernas e comecei a penetrá-lo muito devagar. Era uma sensação tão indescritível aquilo, ir penetrando aquele lindo cara que eu amava. Seu corpo apertava o meu pau, me dando mais tesão ainda. Tive que me segurar para não fazer movimentos muito bruscos. Os olhos de Rafael estavam cerrados com muita força, ele estava sentindo dor. Fiquei parado até que ele se acostumasse. À medida que vi suas expressões se suavizando, fui aumentando a intensidade dos movimentos. Não demorou muito para que eu estivesse bombando com força dentro dele. Um desejo incontrolável tomou conta de mim. E ele gemia, gemia alto, arranhava meu peito e minhas pernas. Ali, mais do que nunca, eu tive certeza que ele era meu e eu era dele.
Vi o seu pau balançando duro como pedra na minha frente e, ainda guiado unicamente pelo desejo, peguei uma camisinha embaixo do travesseiro onde o vi pegar a primeira, a vesti no seu pau e sentei sentindo cada centímetro me rasgar por dentro. Doeu? Sim, muito, até porque seu membro era maior do que o de Eric e já fazia algum tempo desde a última vez, mas não me importava. Naquele momento, até a dor que eu sentia era prazerosa. Ele demorou um pouco a situar com a nossa troca de posições, mas logo já estava com a mão na minha cintura me guiando e forçando seu pau para dentro de mim, como que querendo afundá-lo cada vez mais, o que eu sempre respondia com gemidos. Depois de pouco tempo naquela brincadeira, seu urro alto e o pulso que seu pau dentro de mim, indicou que ele estava gozando. Foi o bastante para me fazer gozar também, sem mesmo tocar no meu pau, espirrando nas nossas barrigas e nos nossos peitos.
Foi tão intenso, tão inacreditável. Aquela brincadeira toda não devia ter durado mais do que quinze ou vinte minutos, mas me pareceu horas diante do prazer proporcionado. Estávamos exaustos. Caí sobre o seu corpo e com meu rosto ao lado do seu. Estava tão cansado que não conseguia falar nada, só nossas respirações ofegantes quebravam o silêncio do quarto. Ele me abraçou com tanto carinho, que senti como se minha alma estivesse sendo beijada. A última coisa que ouvi antes dos meus olhos fecharem foi:
_Eu te amo, Bernardo.
Era a primeira vez que ele me falava isso.
_Eu também te amo, Rafael._ respondi já sonolento, sem mesmo pensar muito sobre o poder daquela declaração.
Era a primeira vez na vida que eu dizia isso a alguém.