Oi amigas e amigos, estive fora por causa do natal por isso atrasei a publicação em 2 dias. Espero que tenha recebido muita coisas gostosas neste Natal. Beijos amigas e gatos!
Capítulo 10
Acho que estava muito boba pois minhas lagrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e abracei minha amiga queria. Bruna ficou observando e vi que ela se emocionou também.
- Vamos comer algo porque estou com gosto de porra na minha boca. - disse Marcella e começou a dar risada.
Pedimos a tal da chapa com picanha e mandioca e ficamos conversando até pouco mais da meia noite. Voltamos para casa e dormimos cedo pois deveríamos estar prontas para ir para o churrasco do domingo. A amiga de Bruna nos buscaria no apartamento.
Marcella já acordou disposta fazendo seu atributo de nos servir café. Era muito gostoso ser acordada por ela e sentir sua boca na minha rola. Bruna chamou a gente e mostrou nosso look. Eram três vestidos iguais de alcinha sendo um azul claro, um rosa claro e outro branco. Ela disse que era um tributo a bandeira trans. Escolheu também três anabellas de salto alto pra gente. Como ela disse era um look bem adequado para um churrasco. Fizemos uma maquiagem leve combinando com as cores dos vestidos. Fiquei com o branco, Bruna com o azul e Marcella com o rosa.
A campainha tocou e um senhor disse que veio buscar a gente. Na saída Bruna pediu para Marcella se controlar e não chupar o motorista. Marcella se assustou e perguntou como ela sabia que ela estava pensando nisso e deu uma gargalhada. Bruna me disse que a amiga era Paula, que estava de passagem pelo Brasil e não a via a bastante tempo. Fiquei curiosa em conhecer uma das afilhadas de Bruna.
A casa ficava em um condomínio fechado. Não era uma casa, era uma mansão. Linda. Toda moderna, com muito vidro e linhas retas de extremo bom gosto de um jeito clean e minimalista. Então apareceu a dona da casa, Paula. Uma mulher linda, ninguém acharia que era uma mulher trans. Chic e poderosa. Ela usava um vestido de voal rosa claro, solto e leve. Via-se claramente que era um vestido de alta costura. Ela calçava um scarpin clássico preto que nesse caso reconheci como um Louboutin legitimo que deveria custar por baixo uns 5 mil reais. Ela nos recebeu super bem e claro deu atenção especial a Bruna e a chamava de madrinha.
Paula apresentou a Stephanie que era uma espécie de secretária executiva dela no Brasil a ajudava nas suas questões pessoais e financeiras no Brasil. Era mais uma mulher que se apresentava de forma muito elegante e empoderada. Em um determinado momento Paula virou para ela e pediu para buscar algo e Stephanie respondeu "Perfeitamente, Madrinha!". Olhei para Marcella e ela não entendeu. Então enquanto Paula e Bruna conversavam eu consegui explicar a relação das duas e também informa-la que tanto Paula como Stephanie eram mulheres trans. Ela ficou de boca aberta e brincou dizendo que queria ser assim quando crescer. Stephanie chegou com três sacolas pequenas e entregou para Paula. Paula entregou para cada uma de nós e disse que era um presente para uma grande amiga e para as aprendizes dela. Marcella começou a abrir e eu cutuquei ela dizendo que é falta de educação abrir e que depois a gente abriria.
A tarde foi muito agradável foi servido champagne Dom Pérignon, sucos de fruta, carnes muito bem assadas e saladas diversas. Paula com toda riqueza e glamour nos tratava de forma simples e estava super interessada no nosso processo de feminização inclusive contou todo o processo que viveu. Ela hoje estava com 29 anos e se descobriu mulher a um pouco mais de 3 anos graças a Bruna. E foi nos dando conselhos explicando que o processo é uma caminhada de descobrimento e as vezes de dor. Contou que muitos amigos se afastaram, mas ao mesmo tempo surgiu novas amizades. Ela contou que os pais já tinham falecido, mas ela tem um irmão que até hoje não conversa com ela, mas tem uma irmã amada que a deu muito suporte emocional e que sempre que elas se encontram é muito bom. Vi que quando ela contava isso ela se emocionou um pouco.
Sobre a gente ela disse que devemos seguir nosso coração e que o tempo deve ser de cada uma, ela conta que no caso dela ela se assumiu mulher em uma semana, e olhou para Bruna e deu um sorriso. Já a Stephanie demorou cerca de 6 meses até ela teve o suporte emocional de Bruna para poder começar a transição. Marcella perguntou se elas tinham um companheiro ou companheira. Paula disse que já teve dois relacionamentos estáveis, mas no momento ela está bem sozinha. Stephanie diz que já se relacionou com um home por um pouco mais de seis meses apenas e depois ficou com uma mulher trans por um ano e terminaram a dois meses atrás. Paula brincou que Stephanie era uma mulher dominadora e que não aceita receber ordens de homens. Marcella sorriu ao ouvir aquilo.
O tempo passou rápido foi tudo muito bom e de excelente gosto. Ela orientou o motorista em nos levar e disse que lembrancinha que recebemos tinha um cartão com os contatos dela e de Stephanie e qualquer coisa que a gente precisar as duas fariam o possível em ajudar. Pedi ao motorista para me deixar em casa e Marcella disse que ainda tinha que voltar para o apartamento de Bruna para trocar de roupa com suas roupas masculinas. O motorista me deixou primeiro e despedi das minhas amigas agradecendo muito ao feriado maravilhoso que tivemos. Foi bom ter chegado em casa pois ainda era 7 da noite então dava tempo de descansar sem antes ter que passar um relatório completo para Dona Miriam.
Consegui dormir que nem uma pedra. Foi bom ter um tempinho para colocar o corpo no lugar. Me arrumei para ir para o trabalho. Fiz uma inspeção detalhada para ver se algo feminino estava muito aparente, as unhas já estavam limpas, já tinha passado demaquilante na noite anterior, o cabelo consegui pentear de uma forma masculina as únicas coisas femininas eram as sobrancelhas que com os óculos não apareciam tanto e a calcinha pois já tinha abolido minhas cuecas.
Coloquei uma roupa masculina e desci com a mochila do trabalho, dei um beijo na minha vó e perguntei se ela via algo que deixasse transparecer meu lado feminino, ela disse que estava tudo bem que eu estava bem macho kkk.
Cheguei no trabalho pontualmente a 8 da manhã. Alberto já estava lá tomando um café. Perguntei como foi de viagem ele disse que foi bom rever a família. Logo a seguir Olavo chegou e estava bem feliz.
- Pelo jeito o feriado deve ter sido bom, olha a alegria do Olavo.
- Foi mara... quer dizer foi muito bom.
Alberto achou meio estranho o jeito do colega, mas ficou de boa. Quando tive a oportunidade de conversar como Olavo as sós pedi pra ele se segurar pois ele estava dando muita bandeira. Ele disse que para o Alberto em algum momento ela vai ter que ficar sabendo porque senão ia ficar insustentável a convivência no dia a dia. Eu falei com ele que por mim tudo bem, já que eu tive coragem de me apresentar pra você não via problemas em fazer o mesmo com ele.
- Vamos esperar uns 10 dias e na quarta-feira da semana que vem a gente convida ele para ir ao apartamento da Bruna. O que você acha?
- Concordo, mas porque esperar 10 dias? Vamos fazer nesse próximo fim de semana.
Concordei e decidimos chamar ele para um rolê com duas amigas que conhecemos.
Contamos que no feriado conhecemos duas garotas e na sexta feira iramos ao apartamento delas na sexta que vem e se quiser ir com a gente ele seria bem-vindo. Ele ficou bolado querendo saber se elas tinham uma amiga senão ele ficaria segurando vela. Eu disse que a gente ia falar com elas e com certeza elas teriam. Ele perguntou o nome delas e eu e Olavo respondemos ao mesmo tempo, só que nomes diferentes, eu disse Fernanda e Marcella e Olavo disse Bruna e Paula. Então Alberto ficou nos olhando sem entender nada e consegui dá uma contornada e disse que Olavo estava lesado e falei que deixa a Marcella ficar sabendo que ele está errando o nome dela.
A semana passou rápido. Tentamos marcar as 8 da noite, mas acabamos marcando as 10 porque Alberto tinha que resolver algumas coisas antes. Eu e Marcella passamos no salão, fizemos as unhas, o cabelo e um make. Passamos lá em casa e terminamos a produção, vovó disse que a gente estava linda. Fizemos uma brincadeira no look. Eu estava com vestidinho preto curto com meia calça preta também, um sapato meia pata salto 14 pink e bolsa da mesma cor que o sapato. Marcella estava o oposto vestidinho e meia calça pink e sapato e bolsa preto.
Demos um beijo na vovó e chamamos o uber, vovó se aproximou de Marcella e disse que estava muito feliz por ela e que sempre que ela precisar ela e a casa estava de portas abertas. Ela ficou muito feliz e disse que não podia chorar pois ia arruinar a maquiagem e se abanou com a mão de forma bem feminina, cada dia mais adorava ver a evolução de Marcella.
Chegamos as 9, tinha uma hora para esperar. Estava ansiosa. No apartamento da Bruna abrimos um espumante e ficamos as três bebendo. Bruna tentava nos acalmar.
- Será que ele vai ficar muito desapontado com a gente? Ele agora vai ter que sair sozinho para pegar mulher. - falei pensando alto.
- E só tenho medo de uma coisa. Que ele fique violento com a gente.
- Eu não vou deixar Marcella. Eu protejo minhas afiliadas. E outra coisa eu posso ser trans, toda linda e delicada, mas se preciso eu dou porrada que nem homem. - Bruna engrossou a voz no final da frase. A gente riu demais.
Eu ainda estava muito ansiosa, estava com dor de barriga de ansiedade. Estava mais ansiosa hoje que no dia de Olavo, acho porque o Olavo sempre foi mais tranquilo e até mesmo submisso, então não acreditava de violência da parte dele, mas Alberto sempre foi meio marrento e mais agressivo por isso me dava muito medo da reação dele.
Alberto tocou o interfone e abri o portão eletrônico para ele. Os minutos que faltavam para ele subir para o apartamento passaram lentamente. Eu ouvia as batidas do meu coração. A campainha tocou. Fui abrir a porta. Marcella falou baixinho "Ai meu Deus, seja o que Deus quiser."
Quando abri levei um susto.