Crimes esquecidos com almas que precisam descansar. É o que norteia a vida de Bruno e sua equipe de investigadores após a resolução de um caso de 2010.
Estamos em Janeiro-24. Um dia chuvoso, complicado para os cidadãos de São Paulo. Mas não para Denise, uma mãe que busca justiça pela morte de seu filho, Christian. Ela entra na delegacia, molhada, com um semblante cabisbaixo. O delegado Paredes diz ao pé do ouvido:
- Coitada! Todo mês de janeiro, ela vem aqui para saber se o caso avançou. Não sei mais o que dizer.
- Mas, por qual motivo não avança?
- A antiga equipe não encontrou pistas, mesmo com várias diligências e interrogatórios.
Olá! Sou Bruno Alves, 28 anos. Acabei de passar no concurso para investigador. Escolhi a delegacia central de São Paulo para ser minha base. Novato mas com muita sede de justiça. Embora o delegado Paredes não saiba ou não se importe, a antiga equipe era conhecida pela incompetência e por usar métodos, digamos, estranhos para resolver os casos. Aquela mãe provocou algo dentro de mim. O Christian precisa descansar e a Denise seguir a vida.
Rapidamente, me dirigi à ela:
- Dona Denise, bom dia!
- Quem é você?
- Bruno Alves, sou o novo investigador chefe da delegacia.
- Ah, sim.
- Vou reabrir o caso do seu filho.
- Mas não encontraram nada.
- Não tem crime perfeito. Vamos encontrar alguma pista.
- Obrigado, filho. Mas não quero ter falsas esperanças.
- Não se preocupe, vou informá-la de tudo.
Ela saiu e o delegado disse:
- Vai causar mais problemas. Já não basta todo o sofrimento.
- Delegado, tem alguma ponta solta no caso. Vou achar.
- Por sua conta.
- Onde está o histórico do caso?
- No subsolo.
Sim, apesar de toda tecnologia, ainda temos muitos arquivos em papel. Além de provas recolhidas durante as investigações. Ao chegar naquele ambiente úmido, com forte odor de mofo, me deparei com uma pilha de casos antigos dentro de uma caixa sinalizada como “Não resolvidos”. Num instante, visualizei num canto escuro, a imagem de corpos empilhados e em choque, disse:
- Precisamos fazer alguma coisa. Essas almas precisam descansar. Esquecidos? Jamais!
*Fevereiro-10
Santana, bairro de São Paulo*
"Agora eu sei
Exatamente o que fazer
Bom recomeçar, poder contar com você
Pois eu me lembro de tudo irmão (...)”
- Mãe, surgiu uma oportunidade de trabalho. Finalmente, as coisas vão andar. - disse Christian, animado depois de meses procurando um emprego.
- Que benção, filho. Onde seria?
- No hotel muito chique, chamado Palácio Tangará. Tinha deixado uns currículos na agência e provavelmente alguém gostou do meu perfil.
- E qual é a vaga?
- Mãe, não é nada grandioso. Mas é pra ser arrumador.
- Filho, aprenda. É no chão que enxergamos o topo. Aonde queremos chegar. E ainda é seu primeiro emprego. Aproveite bastante, aprenda com os mais experientes e seja feliz.
- Obrigado mãe pelos conselhos.
Eles se abraçam e Christian comemora muito a oportunidade.
“(...)Toda positividade eu desejo a você
Pois precisamos disso
Nos dias de luta
O medo cega os nossos sonhos
O medo cega os nossos sonhos (...)”
*15 de fevereiro
23h45
Palácio Tangará*
“(...) Se a vida muitas vezes só chuvisca, só garoa
E tudo não parece funcionar
Deixe esse problema à toa
Pra ficar na boa, vem pra cá
Do lado de cá, a vista é bonita
A maré é boa de provar
Do lado de cá, eu vivo tranquila
E o meu corpo dança sem parar(...)”
Em meio ao baile de Carnaval do hotel, com as pessoas felizes e embriagadas encontra-se Christian caído de cara numa poça gigantesca de sangue. Havia uma garrafa quebrada em um quarto revirado. Ele estava amarrado com lençóis. Foi gravemente ferido na cabeça.
“(...)Do lado de cá, a vista é bonita
A maré é boa de provar
Do lado de cá, eu vivo tranquila
E o meu corpo dança sem parar
Do lado de cá, tem música, amigos e
Alguém para amar do lado de cá
Uh, do lado de cá, uh, do lado de cá(...)”
<(Continua no próximo episódio)>
