Ricardo estava com o pendrive em mãos e não sabia direito o que fazer com aquilo. Tinha feito assim como seu pai pediu e foi diretamente à biblioteca no momento em que Tércio saiu com Olga, onde o mesmo disse que passaria boa parte do dia fora, viajando para o interior do Paraná para apresentar Olga aos parentes dele. Ricardo acabou não indo junto, pois Tércio disse que seria melhor que seu filho assistisse logo o conteúdo do pendrive, pois era algo completamente importante. Foi então que Ricardo acabou espetando o pendrive em um conector onde iria refletir toda a imagem na televisão de 50 polegadas, que era ligada a uma CPU de computador.
Quando Ricardo acessou o conteúdo do pendrive acabou encontrando 3 pastas, uma nomeada como vídeos, outra nomeada como arquivos, e uma terceira nomeada como áudio. Ricardo também encontrou um vídeo ao lado das 3 pastas com o nome " Me assista antes de tudo". Curioso, ele acessou o vídeo, e assim apareceu seu pai, sentado naquela mesma biblioteca, o cumprimentando.
—Olá meu filho. Se você está assistindo esse vídeo agora é porque nós já conversamos na biblioteca a respeito entre você e Olga, e assim reforço mais uma vez que para mim não existe problema nenhum com relação a isso. Mas existem muitos problemas com relação a você e a sua noiva, e neste pendrive eu preparei um verdadeiro dossiê para que você decida se vai destruir a vida dela ou não. Primeiramente dê uma pausa nesse vídeo e vá até a pasta arquivo e assim abra os arquivos que eu deixei na subpasta de número 1.
Ricardo fez exatamente como seu pai mandou, abriu então a pasta um e assim encontrou alguns documentos em PDF. Quando o Ricardo abriu tais documentos, encontrou diversos contratos com a assinatura dele que ele jamais tinha assinado, documentos estes que passavam valores pequenos e às vezes até médios para uma conta que ele desconhecia. Depois disso, Ricardo acabou abrindo um outro documento, que era um contrato de uma conta aberta em um banco em um local conhecido como um Paraíso fiscal, esta conta estava em benefício da própria Aline que recebia valores ali. Todas as notas e documentos no final somavam os valores de mais ou menos 15 milhões de reais, desviados nos últimos 3 anos. Ricardo então, voltou ao vídeo, pois queria saber mais.
— Pois é meu filho. Você tem uma esposa ladra, que praticamente falsificou a sua assinatura e está passando valores da sua empresa para ela em contratos que não existem. Mas não é só isso meu filho, até porque Aline não poderia fazer isso sozinha. Ela tem um amante e se você quiser ver esse amante vá no vídeo um que existe uma bela gravação ali.
Ricardo foi então ao vídeo um, e ali ele assistiu uma gravação que não era muito boa devido ao ângulo que foi feito, mais parecendo que tivesse sido gravada por alguém que estava seguindo o casal, mas dava para ver claramente Aline apoiando as mãos na janela e sendo enrabada por trás por outro homem em um motel barato, o rosto era claramente o dela, mas o que evidenciava mais era a placa do carro que estava a situação nado naquele motel, que era praticamente o carro dela até o ano passado, quando ela acabou trocando de carro pelo anterior ter segundo ela sofrido sinistro.
— Pois então, meu filho. Quando eu descobri que a safada da sua noiva possuía um amante e estava te roubando usando ele para falsificar suas assinaturas entre outros documentos, coloquei alguém para começar a investigar o passado dessa mulher, acabei descobrindo coisas bastante interessantes. Essa mulher tentou destruir o casamento de um ex patrão dela, mandando fotos bem comprometedoras dos dois para sua ex-esposa. Porém uma coisa que eu gostaria de mostrar pra você está no álbum fotos, ali estão alguns prints de conversa pelo WhatsApp.
Ricardo aproveitou então e acessou a pasta informada e realmente ali tinha várias conversas pelo WhatsApp onde Ricardo começou a olhar a imagem por imagem e tudo o que ele estava ali parecia ser surreal. Eram realmente conversas entre Aline e uma suposta pessoa, onde Aline mandou uma foto da assinatura do próprio Ricardo e assim perguntou para a pessoa se tinha como falsificar. A pessoa em questão disse que sim, que para um profissional que ele conhecia não era tão difícil fazer isso, porém sairia um pouco caro. já o homem em questão parecia querer apenas sexo. Ricardo observou então nas conversas, que Aline chegou a mandar algumas fotos para o rapaz, que parecia bem empolgado ao vê-la pelada. Apenas aquilo já fez Ricardo ficar completamente enjoado de tudo o que teve conhecimento até ali, porém o vídeo principal ainda tinha mais 6 minutos e meio de duração. Ricardo sabia que não tinha acabado ali.
— Porra, isso não pode estar acontecendo... Pai, o que significa isso? — Se perguntou Ricardo, pretendendo deixar de assistir tudo aquilo, porém sua curiosidade falou mais alto. Ricardo então resolveu olhar um pouco mais os prints das conversas no aplicativo, e notou que o homem em questão que estava junto de Aline nesse roubo na empresa era o mesmo cara que ela apresentou para ele alguns meses atrás para trabalhar na área de marketing da empresa junto com ela. Aline insistiu para que ele fosse contratado, o que acabou não acontecendo por conta da falta de currículo do cara, porém agora tudo parecia fazer sentido.
— Meu filho, foi bem nessa época em que a sua esposa resolveu jogar um jogo, que até eu mesmo me surpreendi desde o começo. Foi em um dia em que eu estava dando carona para ela a seu pedido para o hospital onde estava o pai dela internado. Foi exatamente ali que vi aquela mulher se insinuar para mim pela primeira vez. — Pois foi naquele momento em que Ricardo não pôde acreditar no que acabou de ouvir. Aline, se insinuando com o seu pai. Pensou, mais uma vez, em parar o vídeo ali, pois sabia que poderia acabar escutando coisas que ele não gostaria de ouvir. Parou para respirar mais alguns minutos, e assim voltou a dar play.
— Sim, a realidade é que quem começou a me procurar para se insinuar, foi a sua noiva. Ela disse que você não dava conta dela, e sabia que eu era um garanhão. Eu pensei em repreendê-la, mas eu já sabia que ela tinha um amante desde aquela época, então eu "entrei no jogo". Essas putas não sabem que jamais devem subestimar um Montovani vivido como eu. Mas eu me perguntei, o que ela queria tanto, afinal. Foi ai que veio o lance da casa. E outras coisas também, e para tudo aquilo, ela prometeu sexo. Eu percebi que ela não passava de uma puta. Foi então que eu sinto muito meu filho, mas acabei comendo a sua noiva. — Naquele momento, Ricardo pegou um copo de uísque vazio, e lançou de uma só vez contra a porta. Não era nem pelo seu pai ter feito aquilo, mesmo ele sentindo ódio, mas pela Aline. Era algo que ele não poderia perdoar.
— Desgraçados! Não pode ser... — Ricardo se ajoelha no chão e começa a cair em prantos, suas lágrimas começam a sair de seus olhos, onde ele não conseguia se recompor. Ele então fez o impensado, resolveu dar play e continuar dando sequência aos vídeos.
— Sei que ao ouvir isso deve estar chateado e puto com o seu pai. Filho, poderia não ter feito isso, mas eu queria saber até onde iria essa história, e acredite, ela vai muito mais longe do que você pensa. Depois que fodemos uma primeira vez, eu viajei, e ali, voltei com Olga. Não a procurei mais depois disso, e ela ficou com raiva e começou a me pressionar, sobre a ajuda que eu tinha prometido dar pra convencê-lo a aceitar se mudar. Eu fiquei muito cabreira sobre o que ela tanto queria de fato com uma casa, se mudar e tudo mais, sempre me mantive muito curioso sobre isso. Foi então, que uma vez, eu vi uma conversa entre ela e o tal amante, em um app espião que um grande colaborador do meu plano havia colocado em seu celular, foi assim que inclusive eu consegui os prints do WhatsApp. Por favor, vá à pasta de áudios, antes de continuar.
Ricardo então foi até a pasta de áudios, e ali tinha alguns áudios extraídos do WhatsApp. Ali, ele ouviu sua noiva, Aline, comentar sobre a casa, e o desejo de se manter sozinha com Ricardo ali, sem a influência da família, pois seria mais fácil depois de tomar uma boa grana dele, se livrar, colocando ele na cadeia por algum motivo ou até algo pior. O que mais doeu a Ricardo, é que ali, ficou claro que Aline se aproximou dele desde o começo, para tirar seu dinheiro e arruiná-lo. Ele voltou ao áudio de Tércio para ouvir os últimos trechos.
— Meu filho eu peço desculpas por ter acabado comendo a sua noiva, mas seu velho pai precisava mostrar pra ela que estava caindo na lábia dela para ter oportunidades de realizar certas coisas, inclusive por exemplo de dizer pra você que nesse exato momento em que você está assistindo esse vídeo muito provavelmente ela está na casa de vocês transando com o seu amante. Se você quiser ir até lá para dar o flagra, a chave reserva está dentro da minha gaveta da própria biblioteca. Realmente acabei fodendo mais uma vez com sua noiva, foi nessa viagem, enquanto você estava ai comendo minha esposa. Se eu fiz isso para reparar? Não. Na verdade, quando liguei para Olga, disse para ela, me trair com qualquer pessoa que ela sentisse tesão, para sei lá, estarmos quites com relação a minha traição a ela. Mas ela escolheu você, e eu achei justo. Sei que foi Aline que mandou aquelas mensagens, já que ainda espiono ela pelo app espião que meu contratado instalou em seu celular. Peço perdão meu filho, seu pai nunca teve a intenção de machucar você, apenas quero que você use esse episódio e cresça como homem, nunca mais deixe nenhuma mulher fazer você de idiota, você tem o meu sangue. Nunca se esqueça disso!
Ricardo ouviu então as últimas palavras de Tércio antes do vídeo terminar, que eram as seguintes : — Eu espero que você me perdoe, meu filho. Olga e eu vamos voltar amanhã, se não encontrar você aqui amanhã então imagino que você realmente não me perdoou, mas saiba que se eu encontrar você aqui amanhã, irei dar pra você todos os melhores abraços e apoios que um pai pode dar. Eu te amo.
Sem demora, Ricardo então abriu a gaveta do escritório de Tércio e pegou a chave da residência que havia sido comprada para os dois. Com o endereço em mãos, Ricardo acabou pegando seu carro e assim saiu dirigindo até o casarão que ficava em uma área nobre de Curitiba, e assim que chegou no local estacionou o seu carro e pôde ver o carro de Aline estacionado na vaga de estacionamento do casarão. Ele então acabou entrando na casa, e assim acabou pegando a sala de estar já totalmente mobiliada vazia, mas com 2 taças de vinho pela metade em cima da mesa da sala de estar. Algumas peças de roupas jogadas nas escadas, e então ele começou a subir e encontrou ali mesmo o quarto aberto e numa cama de casal bem espaçosa, estava ali Aline literalmente cavalgando e rebolando com a sua bunda em cima do pau de algum homem que Ricardo não conhecia. Eles pareciam então trocar de posição, e Aline resolveu então ficar de quatro de costas para a porta do quarto, enquanto o homem começou a meter bem gostoso nela de costas para o quarto também.
Carregando um pedaço de pau, Ricardo então apontou e assim desferiu um golpe com um pedaço de pau próximo do pescoço do rapaz, onde o pedaço de pau praticamente se quebrou ao meio. O homem então literalmente desmaiou, enquanto Aline olhou para trás e totalmente pelada na cama, viu Ricardo cheio de ódio e totalmente desesperada, ela tentou se aproximar dele assim dizia.
— Amor, calma... Não é isso... — Aline não conseguiu terminar de falar, devido a um tapa que Ricardo deu em sua cara. Ela olhou pra ele com raiva, e assim dizia.
— CALMA AI, VOCÊ TA MALUCO? EU POSSO TE DENUNCIAR POR VIOLÊNCIA!
— Denuncia, sua vagabunda. Denuncia, e eu te denuncio por falsidade ideológica, por falsificação de documentos, por desvios de rendimento da empresa para a sua conta pessoa física em um paraíso fiscal, além de outros crimes que eu já fiquei sabendo sobre você. Estão todos aqui, sua puta. Todos vão parar na polícia. Com certeza irei adorar mostrar os conteúdos disso.
— Calma, amor! Calma, quem foi que mostrou isso pra você, isso é mentira! — Gritou ali Aline, enquanto Ricardo pegou em seu pulso com força e jogou ela contra a cama. O homem que estava desmaiado ali, acabou recebendo uma boa pisada de Ricardo nas genitais, enquanto ele acordou com aquilo morrendo de dor.
— Você, filho da puta. Tava com ela esse tempo todo não é? Bando de malditos. Eu vou acabar com a vida de vocês dois, estão me entendendo? Principalmente a sua, Aline. Você me paga. — Naquele momento, Ricardo foi embora. Saiu daquela mansão, porém acabou mudando de ideia e assim voltou, pegando os amantes já começando a se trocar e assim ele disse.
— Saiam os dois da minha casa. E Aline, quero as chaves do carro, do meu carro, que eu comprei pra você. Agora! Ou quer que eu chame a polícia aqui?
Aline acabou não tendo alternativa se não entregar as chaves do carro para Ricardo, onde em seguida os dois acabaram se trocando e saindo da casa, com Aline tentando olhar para Ricardo mais uma vez e pedindo perdão, enquanto ele apenas riu da cara dela. Ricardo depois disso acabou levando ambas as mãos para a sua camisa e a rasgou de tanta raiva que estava sentindo, se colocou para se ajoelhar no meio daquele gramado tão bem feito do casarão e assim gritou, estufando o peito e deixando a voz sair para qualquer um conseguir ouvir, afinal de contas só queria gritar e extravasar. Porém, depois da raiva, veio o sentimento de tristeza e dor, uma coisa que passaram a consumir o rapaz, e do casarão, ele acabou indo direto para o único lugar que pensou em estar naquele momento.
Ricardo acabou indo para o parque Batel, onde naquele dia em especial havia poucas pessoas devido ao Natal. Ricardo então começou a caminhar até um banco, onde acabou se sentando e ali ele estava um completo trapo, com os olhos inchados de tanto chorar, e com a sua camisa rasgada em alguns lugares. Qualquer pessoa que olhasse ele naquela situação, poderia achar que ele era algum mendigo, se não fosse pelo tênis caro que ele estava calçando. A verdade é que Ricardo não estava nem um pouco com vontade de voltar pra casa, estava completamente perdido tanto em seus pensamentos quanto em qualquer coisa que estava pensando naquele momento. Acabou pegando o seu telefone assim ligou para o único amigo que ele conseguiu pensar naquela hora.
— Pedro, você está aí?
— Fala amigo, estou sim, tudo certo? — Dizia Pedro, do outro lado da linha.
— Foi mal te ligar, eu estou sem dinheiro, pois deixei todo dinheiro, cartões, qualquer coisa de valor em casa, e estou só com meus documentos na carteira, e também não quero voltar pra lá, não quero nada daquela família hoje... Posso passar o dia e noite na sua casa até amanhã?
— Pô, você é amigo, claro que pode. Mas... O que aconteceu? — Perguntou Pedro para Ricardo.
— Eu briguei com meu pai, com Aline, com todos, eu... Te conto quando chegar aí. Qual o endereço?
— Não se preocupe, eu dou uma passada onde você tá e te busco, deve tá sem nada.
— Não, o carro tá comigo pelo menos. Posso ir ai.
— Mesmo assim, eu dou uma passada aí, aproveito e vou com a Júlia e com meus dois filhos, hoje a pequena veio comigo aqui passar o dia, a mamãe dela vai ficar com ela no ano novo. — Disse Pedro.
— Tudo bem, estou aqui no Batel, em frente ao Shopping. No Parque, estou te esperando...
Ricardo então desligou o telefone e assim ficou por mais 5 minutos ali sentado no banco, refletindo sobre tudo o que aconteceu naquele dia. Deveria perdoar o pai? Para Ricardo, seu pai poderia ter evitado ter relações sexuais com a noiva dele, afinal de contas Ricardo sabia das intenções nobres do pai, mais isso foi muita sacanagem. Principalmente ter escondido isso dele por tanto tempo e mostrar justo agora. Naquele momento, Ricardo acabou pegando em sua carteira uma foto de Tércio e ele quando o próprio Ricardo era mais novo, acabou se lembrando do dia em que foi convidado pela primeira vez para participar de um jogo de futebol Inter classe, com os pais podendo assistir à partida. Apesar de Ricardo hoje ser bem playboy, em sua infância ele era um garoto muito tímido e retraído, quase não tinha muitos amigos a não ser aqueles que queriam algum tipo de favor ou dinheiro dele. A verdade é que Ricardo sempre teve como único grande amigo o seu pai, que desde a morte de sua mãe se dedicou praticamente 100% ao filho.
Olhar aquela foto deixava Ricardo completamente triste, principalmente por todo o contexto que aconteceu agora com relação ao dossiê. Ricardo então estava se preparando para ir ao ponto de encontro, quando ele sentiu uma mão tocar seu ombro, e ao levar a própria mão para tocar aquela mão, sentiu dedos pequenos e quentes que deslizavam pelo seu próprio ombro, além de uma voz em que ele não escutava um bom tempo, perguntando se ele estava bem.
