---
Daynna:
Meu nome é Daynna, mas meus amigos íntimos me chamam de Day. Tenho 21 anos, sou loira, com cabelos lisos um pouco acima dos ombros e pele clarinha. Tenho 1,68 m de altura, cintura fina, seios de médio a grande, coxas grossas, bumbum médio e arrebitado, e pernas torneadas. Frequento a academia, mas nem sempre; quando dá, eu vou.
Tenho um rosto bonito, e é o que mais gosto em mim. Meus olhos são azuis bem claros, herança da minha avó materna. Sou filha única de pais separados. Meus pais se casaram muito jovens e, depois de oito anos juntos, descobriram que eram mais amigos do que marido e mulher. Separaram-se amigavelmente e, após dois anos, meu pai casou-se novamente. Nada mudou; meus pais continuaram amigos, e minha madrasta se tornou uma amiga pessoal da minha mãe.
Nunca me faltou nada na vida, nem dinheiro nem amor. Tive uma vida muito boa, que ficou ainda melhor quando entrei no colégio e conheci minha melhor amiga, Karen. Nós éramos muito diferentes, porém nos dávamos muito bem; foi uma amizade instantânea. Depois de alguns anos, conheci Pedro, um garoto simples e meio tímido, de quem acabei gostando. Com a ajuda de Karen, nos aproximamos e logo começamos um namoro que durou cinco anos; na verdade, foram quatro de namoro e um de noivado.
Nós nos dávamos muito bem, e eu era muito apaixonada por ele. Mas, depois que ficamos noivos, as coisas começaram a dar errado. Primeiro, nossa rotina sexual estava acabando com meu tesão. Pedro era carinhoso, mas carinhoso demais na hora H, e aquele lance de sempre no mesmo lugar, fazendo as mesmas coisas, estava se tornando chato. Falei com minha mãe, e ela sugeriu que eu tentasse conversar com ele ou provocá-lo um pouco, que talvez ele se soltasse. Grande erro.
Nesse mesmo dia, me produzi toda, coloquei uma lingerie sexy, preparei um jantar, escolhi um vinho e esperei por ele no apartamento. Quando ele chegou do trabalho, adorou o jantar. Bebemos um pouco de vinho e acabamos na cama. Quando as coisas começaram a esquentar, fui provocando-o, pedindo para ele me fazer gostoso, para meter forte. Ele até começou a fazer o que eu pedia, mas quando pedi para ele me xingar, ele ficou muito bravo. Disse que nunca me xingaria, que eu era sua futura esposa e não uma puta, e mais um monte de coisas. Nossa noite acabou ali, e eu fiquei muito mal.
Para piorar a situação, a culpa caiu sobre a Karen. Ela era minha melhor amiga e falava muita besteira. Não era do tipo que ficava com todo mundo, mas quando se interessava por alguém, não estava nem aí para a opinião dos outros. Como ela era bi, isso servia tanto para homens quanto para mulheres. Pedro já implicava com minha amizade com ela por causa disso; achava um absurdo ela ficar com outras mulheres. Ele jurava que era ela quem estava enchendo minha cabeça com aquelas ideias e disse que não queria mais me ver com ela.
Discutimos muito por causa disso, mas eu o amava e acabei me afastando de Karen. Não queria perdê-lo, então aceitei o que ele pediu.
No dia em que fui conversar com Karen para explicar a situação, foi complicado. Ela ouviu tudo em silêncio e eu disse que iria me afastar por um tempo, mas que futuramente poderíamos voltar a nos aproximar. Ela olhou bem nos meus olhos e disse que tudo bem, que aceitaria minha decisão, mas estava muito decepcionada comigo por deixar um homem mandar em mim. Levantou-se com os olhos cheios de lágrimas e disse que eu iria me arrepender muito daquela decisão. Isso me deixou muito mal, mas deixei-a ir sem dizer nada.
Nessa época, eu já morava no meu apartamento. Tinha saído de casa com o apoio da minha mãe, pois queria aprender a andar com minhas próprias pernas. Estudava de manhã e trabalhava do meio-dia até às 20 horas com minha mãe, que agora era dona de um dos maiores salões de beleza da cidade. Pedro trabalhava o dia todo na empresa do meu pai e estudava à noite. Estávamos há um ano economizando dinheiro para o nosso casamento. Ele não ganhava muito bem e ainda pagava aluguel e os estudos, então não sobrava quase nada para ele. Eu ganhava mais do que ele porque era uma das melhores designers de unhas da cidade. Além disso, meu pai pagava meus estudos e meu aluguel, que era mais barato, porque meu apartamento era bem pequeno e em um bairro de classe média baixa.
Com quase um ano de noivado, já tinha uma boa grana. Economizava em tudo, só gastava o que realmente precisava. Planejamos que no ano seguinte iríamos nos casar. Como eu estava trabalhando o máximo que podia e Pedro também, nos víamos praticamente só nos finais de semana. O sexo continuava chato, mas eu pensava que sexo não é tudo em um relacionamento.
Em uma sexta-feira, houve um acidente perto do salão e ficamos sem energia. Minha mãe pediu para desmarcar toda a agenda para o resto do dia, pois a previsão da companhia elétrica era que só teríamos energia no dia seguinte. Era umas 17 horas e, como eu sabia que Pedro não iria para a faculdade, resolvi ir naquele dia mesmo para seu apartamento. Geralmente, eu só ia aos sábados à noite, mas decidi aproveitar e passar a noite com ele.
Peguei meu carro, estacionei e subi para seu andar. Quando saí do elevador e entrei no corredor do apartamento, vi uma mulher parada na porta do apartamento de Pedro. Já fiquei com a pulga atrás da orelha, então voltei e fiquei olhando de meia esquina. Não dava para ver o Pedro, provavelmente ele estava parado na porta, mas logo vi ele tirar o rosto para fora e dar um selinho nela. Quando ela virou o corpo para sair, parei de olhar. Não sabia o que fazer; muitas perguntas estavam na minha cabeça, mas de uma coisa eu tinha certeza: Pedro estava me traindo.
Mesmo com aquela dor horrível no peito e a vontade de chorar e ir lá xingar ele, tentei pensar. Voltei para a porta do elevador e fingí que estava esperando ele. A garota chegou e parou ao meu lado; ela era linda, parecia uma modelo. Olhei para ela e algo me chamou a atenção: roupas bem curtas, maquiagem pesada naquele horário. Ela parecia estar indo para uma balada com a roupa provocante que escolheu, e aí minha ficha caiu: era uma garota de programa.
O elevador chegou e ela entrou, eu também. Estava olhando muito para ela, com cara de choro. Ela provavelmente achou estranho e me perguntou se eu estava bem. Eu disse que sim, mas minha voz saiu muito baixa. Quando fui tentar repetir, não consegui; me deu um nó na garganta e algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto. Ela viu e me perguntou o que tinha acontecido, se podia me ajudar. Eu só balancei a cabeça, dizendo que não. Levei as mãos ao rosto para limpar minhas lágrimas, e naquele momento ela percebeu algo.
GP— Me desculpe pelo seu noivo, mas eu só estava fazendo meu trabalho.
Respirei fundo e tentei me acalmar. Depois, tentei despistar; estava com raiva, mas também com vergonha.
Day— Do que você está falando?
GP— O rapaz que estava lá em cima tem uma aliança igual a essa no seu dedo. Eu realmente sinto muito!
Ela viu a aliança no meu dedo. Era uma aliança de prata com detalhes em ouro; nossas alianças eram bem bonitas e únicas. Não tinha mais como eu negar.
Day— Tudo bem, é verdade sim, mas ele não é mais meu noivo, não depois do que acabei de descobrir.
Ela ficou calada e, assim que o elevador parou, saiu rápido. Eu saí atrás dela e a chamei. Ela parou e me esperou.
Day— Posso te fazer umas perguntas, por favor? É que preciso entender umas coisas.
Ela me olhou e disse que sim, mas não queria problemas. Eu disse que não ia causar problemas a ela, só precisava entender.
GP— OK, pode perguntar.
Day— Primeiro, quanto você cobra?
GP— No caso dele, que é apenas uma hora e é cliente fixo há algum tempo, eu cobro trezentos reais.
Day— Então não é a primeira vez?
GP— Infelizmente não, sinto muito.
Day— Tudo bem. Há quanto tempo ele é seu cliente e quantas vezes por mês você o atende?
GP— Já tem quase um ano e normalmente é duas vezes por mês, mas já aconteceu de ser mais de duas.
Day— Entendi. Só mais uma coisa: que tipo de sexo vocês fazem? Ele tem alguma fantasia ou é só o básico mesmo?
GP— Ele nunca me pediu nada estranho, mas gosta de dar tapas, puxar meu cabelo, me xingar, fala muito palavrão, principalmente quando está me pegando por trás. E quando me pega por trás, tem que pagar cem a mais.
Day— Filha da puta!!!
GP— Sinto muito, mas estou sendo sincera com você.
Day— Tudo bem, você só me ajudou falando isso. É mais um motivo para eu mandá-lo pro inferno.
Agradeci pela sinceridade e voltei para o apartamento dele. Eu tinha a chave, mas preferi bater na porta. Quando ele abriu, soltei um tapa na cara dele e disse que ele podia casar com a garota de programa com quem ficou. Ele tentou falar algo, mas não deixei; xinguei-o de todos os nomes ruins possíveis, joguei a aliança no peito dele e saí dali para nunca mais voltar.
A caminho do meu apartamento, entre lágrimas, liguei para Karen. Assim que ela atendeu, pedi mil perdões a ela, nem deixei que respondesse e desliguei. Chorei muito, mas muito mesmo. Depois de mais ou menos uma hora, ouvi a voz de Karen me chamando. Fui e abri a porta. Quando ela me viu, não disse nada, só me abraçou e me levou para a cama. Ela ficou comigo a noite toda, cuidando de mim, sem dizer nada e nem me encher de perguntas.
No dia seguinte, contei tudo para ela. Pedi desculpas novamente e ela só disse para eu esquecer isso, mas que da próxima vez ela iria me dar uns tapas.
Foram seis meses de sofrimento. Pedro tentou várias vezes vir atrás de mim, mas eu não quis nem ver a cara dele. Karen me ajudou muito a passar por tudo aquilo e, em um dia que estávamos no meu apartamento, ela me convenceu a ir a uma boate bem perto. Meio a contragosto, eu fui.
Entramos e nos sentamos em uma mesa. Resolvemos beber duas doses de vodka e duas cervejas. Ela pediu para eu buscar, eu disse que era ela quem deveria ir. Ficamos naquela de "vai você, não vai você", até que ela resolveu fazer uma aposta. Eu e ela sempre fazíamos essas apostas idiotas; eu, por ser mais tímida, quase sempre perdia. Perguntei como seria a aposta.
Ela disse que iríamos marcar 30 segundos no relógio e a primeira pessoa que passasse na nossa frente bebendo cerveja com uma peça de roupa preta teria que beijar. Se ela fizesse isso, eu iria; se não, ela iria. Concordei com ela, marcamos os segundos no cronômetro do meu celular e, quando deu, começamos a olhar. Logo veio um rapaz de camiseta preta com uma latinha de cerveja. Ele não era muito gato, mas não era feio. Ela só sorriu, levantou-se e foi atrás do rapaz. Logo deu um beijo nele, falou algo e voltou sorrindo. Fui eu buscar as bebidas, e ela ficou me zoando um bom tempo.
Depois de um tempo, resolvemos beber mais uma rodada. Aí eu disse que era a vez dela buscar. Ela disse que não, que era melhor apostar, mas dessa vez eu seria quem ia beijar ou desistir. Acabei concordando, queria mesmo beijar na boca.
Marcamos o tempo e, quando terminou, começamos a olhar. Logo ela começou a rir e me mostrou uma morena muito gata vindo com uma cerveja na mão, vestindo uma jaqueta preta. Eu disse que não valia porque era uma garota, mas ela disse que falou "pessoa" e não "um homem". Droga, ela estava certa! Não sei se foi pela vodka fazendo efeito ou pela raiva dela estar rindo de mim, mas eu nem esperei a garota passar na nossa frente. Levantei e fui. Olhei seu estilo e agradeci a Deus que ela era com certeza lésbica.
Parei na frente dela, respirei fundo, pedi desculpas e colei meus lábios nos dela. Ela não se moveu no início, acho que pelo susto. Levei minha mão na nuca dela e segurei. Senti ela mover os lábios; ela estava correspondendo, e aquele beijo foi ficando intenso e muito gostoso. Senti suas mãos nas minhas costas, puxando meu corpo contra o dela. Esqueci do mundo e continuei naquele beijo como se dependesse dele para viver.
Infelizmente, precisávamos respirar. Nos separamos, olhei para ela e ela me olhou nos olhos, mordendo os lábios. Nossa, ela era mesmo linda! Mas logo me toquei do que tinha acontecido e fiquei com muita vergonha. Pedi desculpas e saí andando, nem fui para a mesa. Não queria encarar a Karen, que com certeza viu tudo. Fui direto buscar as bebidas.
Enquanto esperava para ser atendida, tentei pensar no que tinha acontecido, mas não consegui raciocinar direito. De uma coisa eu tinha certeza: aquele beijo foi o melhor beijo da minha vida.
Continua…
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper