Havia se passado 4 meses desde praticamente toda aquela confusão no litoral paranaense. A vida de todos os envolvidos mudou de uma forma que nem eles, talvez, planejam. Pedro não teve mais contato com Clara, apenas com o advogado, que deu entrada no processo de divórcio, que foi assinado por ela, no fim das contas, sem que um tivesse contato com outro. Ele estava livre, depois de praticamente três meses e duas semanas, fazendo assim duas semanas que Pedro e Clara estavam oficialmente divorciados. Pedro seguiu sua vida normalmente, não trabalhava mais na pizzaria, pois havia dedicado exclusivamente sua vida aos treinos, pelo menos até as olimpíadas, que iriam começar no dia seguinte.
Pedro, algumas vezes, tinha sempre aquele mesmo sonho, onde ele estava na condição de entregador de pizza, e era puxado para dentro de casa. Ali, tinha suas roupas completamente despidas por duas mulheres, que ele conhecia muito bem. De um lado, Clara arrancava sua cueca, e partia pra cima, chupando seu pau, e Júlia, passou a beijar seus lábios com vontade, tocando seu peitoral nu. Clara movimentou sua boca naquele cacete, enquanto Júlia puxa o cabelo dela, empurrando a boca dela contra o caralho de Pedro. Logo, Clara o larga, e Júlia parte para chupar em seguida, batendo uma punheta deliciosa para ele, enquanto agora, Clara passou a beijá-lo. Pedro não estava conseguindo se conter, jogava ambas na cama e ali, as vendo empinadas pra ele, sem hesitar, passou a comer Júlia, metendo naquela bucetinha deliciosa, enquanto esfregava a de Clara usando seus dedos ali. Clara passou a gemer gostoso, olhou para trás e mordia o próprio lábio, vendo Pedro ali brincando com sua bucetinha apertada, enquanto se deliciava, comendo Júlia. Passou a comer as duas por um bom tempo, sempre mudando de buceta, e quando sentiu que ia gozar, o mesmo tomou um susto, acordando dentro de um ônibus, que estava indo para o Rio de Janeiro, no meio da Dutra, passando o trevo de Bonsucesso, já na região de Guarulhos.
— Caralho, eu preciso parar com esses sonhos, puta merda. — Completou Pedro. De fato, já tinha algum tempo tendo sonhos eróticos desse tipo, e eles começaram justamente na entrega de pizza onde viu Júlia de lingerie da primeira vez. E estavam ficando mais sensuais, e intensos. Pedro permaneceu acordado o restante da viagem, fazendo qualquer coisa pelo celular, ou conversando com um e outro colega, qualquer tipo de aleatoriedade, antes da chegada no Rio de Janeiro.
Passaram algumas horas, e Pedro estava finalmente no Rio de Janeiro. Toda a delegação desembarcou, e ele foi junto, se alojaram nos quartos do antigo hotel olímpico do Pan e das olimpíadas que haviam acontecido no Rio de Janeiro. Tomou banho, descansou, e se preparou para o dia seguinte. Nas Olimpíadas Nacionais, o Paraná já havia ganhado 2 medalhas de ouro, 3 de prata e 2 de bronze até o momento. O Estado estava em quarto lugar no quadro de medalhas, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Era uma grande responsabilidade para Pedro, pois sua equipe era muito qualificada e uma das favoritas a ser medalhista e, não apenas representar o estado no Pan-Americano, como também uma grande oportunidade para a ascensão de Pedro na modalidade Olímpica.
Depois do café da manhã de preparação, Pedro e toda a delegação saíram do hotel olímpico e foram direto para o estádio Engenhão, onde era realizado os jogos. Era um evento criado pelo comitê olímpico brasileiro para revelar novos nomes do cenário esportivo brasileiro, e melhor, a entrada para assistir aos jogos era muitas vezes apenas uma doação de alimentos não perecíveis para ajudar pessoas mais necessitadas. Faltava meia hora para a prova de atletismo, e Pedro juntamente com a delegação estavam no aguardo, completamente ansiosos.
— Fala, campeão! Tá focado em levar a medalha? — Disse seu treinador.
— Com certeza, Falcão! Hoje essa medalha será minha!
Pedro estava inscrito em 3 provas. Ele iria participar da prova de 100 m rasos, 200 m com Barreira e corrida de 1500 m. Ele já estava preparado, seriam praticamente 5 horas de prova para definir todos os classificados para as 3 etapas, os melhores pontos iriam conseguir ganhar a medalha.
Pedro conseguiu o melhor tempo entre todos os 26 competidores nos 1500m e o segundo melhor tempo nos 100 m rasos, conseguindo também o melhor tempo nos 200 m. Porém isto apenas na primeira etapa, como houve eliminatória, Pedro iria participar agora da segunda etapa. Na segunda etapa ele voltou a repetir o tempo nos 1500m agora continuando em primeiro lugar, no 100 m rasos ele acabou perdendo um pouco mais de tempo e ficou em quinto lugar, porém manteve a melhor prova nos 200 m. Mesmo com o tropeço nos 100m rasos, por ter ficado em quinto lugar, ele conseguiu se classificar e estava disposto a participar da prova final. Notou que boa parte da sua família estava no estádio Nilton Santos naquele dia, que possui uma grande estrutura para o atletismo no Rio de Janeiro devido aos últimos jogos Pan-Americanos ali. Toda a família de Pedro estava torcendo por ele, claro que Pedro não poderia decepcionar ninguém ali.
Em sua última prova, conseguiu ser medalhista de ouro nos 1500m, conseguiu a medalha de ouro também nos 200m e foi medalhista de bronze nos 100m rasos. Pedro estava completamente orgulhoso dele mesmo por ter conseguido chegar até ali, ele vibrou e torceu junto à sua família que estava na torcida na área vip, por serem parentes de um competidor, alguns torcedores que foram assistir a prova também estavam torcendo por Pedro devido a toda a história que foi narrada para torcida pelo narrador da competição, uma história de superação, de um homem que trabalha duro para ajudar a sua família no Paraná, e que agora estava disposto a conquistar o Brasil! Porém, ao se virar, Pedro viu um rosto familiar, um rosto que ele nunca mais pensou em ver, uma mistura de sensações passou por sua mente naquele momento. Logo, foi chamado para as premiações, levando assim a sua medalha, juntamente com todos os louros da vitória.
A pessoa que estava assistindo Pedro, e havia se escondido quando ele olhou, reapareceu no mesmo lugar, e uma lágrima caia de seu rosto. Ela sorriu, e disse, para o ar.
— Eu disse que iria te acompanhar nesse momento da sua vida, não disse? Só não como você talvez esperasse... — Naquele instante, ela apenas olhou para uma "região" especial, e foi embora, feliz pela conquista de Pedro.
Pedro dispensou a comemoração com a delegação e resolveu ir para o hotel. Dormiu lá por mais um dia, e logo acabou voltando para Curitiba, mas sabia que sua vida agora não seria a mesma. Seus treinos agora seriam mais intensos, pois agora queria alcançar voos mais altos, já que ele possivelmente faria parte da Seleção Brasileira no próximo Pan-Americano.
Alguns dias depois ele já estava de volta em Curitiba. Ele passou a voltar a morar na antiga casa em que ele vivia com Clara, já não sentia mais todo aquele peso em seu coração por estar no mesmo lugar ao qual viveu com ela nos últimos 3 anos e meio. A primeira coisa que fez foi andar novamente pelo parque, o mesmo ao qual ele sempre fazia seus treinamentos. Ele começou a caminhar e a cada lugar que ele visitava, uma lembrança do seu passado vinha, mas o que antes era apenas dor e machucado para ele, agora não passava de uma boa lembrança.
Sua mãe então acabou ligando para ele, pedindo ajuda para que Pedro fosse ajudar na questão das entregas. Um dos funcionários que ela contratou acabou ficando doente e não veio trabalhar, e como Pedro de vez em quando ajudava na pizzaria, acabou que pensou ser uma boa ideia o ter ali. Claro que Pedro não negava de forma alguma um pedido de sua família. Logo, ele botou aquele velho uniforme de entrega que ele tinha, e sua moto, e passou a fazer as entregas pelo bairro. Em uma de suas entregas, ele parou em frente ao prédio onde Rafael e Júlia moravam.
— Foi aqui que tudo começou... — Dizia Pedro, enquanto olhou por cima do apartamento e inúmeras lembranças vieram à tona naquele momento. Passou a se lembrar de Clara mas principalmente de Júlia e viu o quanto o coração ficou apertado de saudades dela, por mais que não tenham conversado muito, lembrou daquele dia na praia e se deu conta do quanto eles tinham coisas em comum. Resolveu então fazer a sua primeira entrega, que era num lugar próximo ali, e assim ele seguiu com mais uma e outra entrega, até um pouco mais das nove da noite.
Tinha ficado encarregado de fechar a pizzaria e no dia seguinte, e claro que Pedro se prontificou a ajudar a família. Depois de mais uma entrega, voltou para a pizzaria e assim fechou as portas dela, se sentiu como nos velhos tempos. Montou em sua moto, e sentiu algo estranho, talvez uma sensação de estar sendo observado. Ignorou completamente, e foi embora. Chegou em sua casa, como sempre, e abriu sua porta. Logo que entrou, viu seu telefone tocando. Quando atendeu, teve uma surpresa inesperada, e talvez triste.
— Oi, Pedro.
— Clara? Mas é você? Que estranho me ligar depois de meses, aconteceu algo? — Perguntou ali Pedro a ela. A Jovem respondia.
— Não, na verdade não é nada demais... Eu só queria dizer que eu estou muito feliz de ter conseguido as medalhas, eu sabia que... Que você ia conseguir!
—Não posso ser injusto, em partes você me ajudou. Afinal foi minha treinadora por anos, não é? — Depois da fala de Pedro, o ambiente ficou em silêncio por uns segundos, e um choro talvez foi ouvido do fundo. Clara então disse.
— Eu estive lá, eu te assisti. Você deve ter notado. Eu sempre vou te assistir, e te observar. Antes de mais nada, você sempre foi meu amigo. Podemos não estar mais juntos, mas um fragmento seu, sempre estará comigo. — Clara então se colocou a chorar novamente. Pedro então dizia.
— Clara. Você mentiu pra mim e também me traiu, você não me traiu apenas carnal mas emocionalmente. Muitas pessoas podem julgar e dizer que eu deveria odiar você pro resto da vida, mas o que eu ganho com isso? Quero que você fique em paz Clara. Você tem meu perdão, embora eu espero que você saiba que não existe chance pra nós por que na verdade nunca existiu da sua parte. Eu acredito que seja tarde demais pra você agora começar a gostar de mim, mas em mim você terá sempre um amigo. Até porque eu nunca te achei uma pessoa ruim, apenas alguém que fez mas escolhas. Seja feliz Clara, está bem?
—O-O... Obrigado! Você não sabe o quanto isso significa pra mim. — No outro lado da linha, Clara voltou a chorar, e Pedro pediu calma a ela. Não precisava mais disso. Clara se acalmou, e antes de desligar, ela disse.
— Pedro, Júlia ama você de verdade, talvez com o amor que você realmente merece. Para de ficar perdendo tempo aí na sua cidade e vai procurar ela. Eu garanto que você vai ficar muito feliz com a surpresa que ela tem pra te mostrar.
Clara então encerrou a ligação antes de Pedro falar alguma coisa. Ela então desligou seu celular e foi caminhando devagar para dentro do seu carro, que estava estacionado na mesma rua em frente à casa onde ela e Pedro moraram. Clara olhou bem aquela casa uma última vez, e assim deu Adeus, a Pedro, a casa, e a Curitiba. Levou suas mãos a teu ventre, e sorriu, feliz, antes de entrar em seu carro, e finalmente ir embora dali.
No dia seguinte, Pedro acordou logo de manhã e foi fazer seus exercícios matinais, e ficou com aquilo que Clara disse sobre Júlia. Mas a verdade é que ele não fazia nenhuma ideia de onde encontrava, único endereço que ele sabia onde ela vivia era o apartamento de Rafael, mas se lembrou que ela falou há muito tempo que havia se separado dele. Talvez só existiria uma pessoa que pudesse ajudar ele naquele momento seria o próprio Rafael, e sinceramente não gostou nada de pedir ajuda para ele.
À noite, na pizzaria, estava naquele momento no balcão dos pedidos delivery, pois um dos irmãos havia saído para fazer uma entrega. Logo ele ouviu uma ligação, e assim que atendeu, pegou o seu papel e caneta e começou a anotar o pedido em questão.
— Pizzaria Bella Donna, a melhor da região, boa noite!
— Boa noite, tudo bem? Eu queria pedir uma pizza com vocês, quero uma de calabresa com bastante cebola, borda de catupiry, e uma fanta uva dois litros, pode ser?
— Pode, tranquilo. Estou anotando seu pedido, qual seu nome?
— Pode entregar no nome de Milena.
— Ok então, Milena. Endereço?
Assim que anotou o endereço e estava com o mesmo em mãos, mandou o pedido para a rede, aguardou a pizza ficar pronta e logo em seguida seu irmão estava voltando com a moto. Este acabou tirando o capacete e entregando para Pedro, porém Pedro o informou que teriam mais um pedido. Ele retrucou.
— Porra Pedro, vou tirar um mijão, vai lá pra mim, piá.
Pedro então foi entregar a pizza naquele endereço informado. Era aquele prédio onde tudo começou. Estava com a caixa de pizza na mão, e entrou na recepção, deu o seu nome e informou que estava esperando a dona do apartamento 503 descer para pegar seu pedido. O entregador então informou que era para ele subir até o quinto andar, ela morava sozinha e estava grávida, não podia fazer tanto esforço. Pedro então foi, não era o mesmo apartamento das outras vezes então ele estava tranquilo. Subiu então até o quinto andar e foi direto até a porta, e quando ele abriu a porta, Pedro acabou tendo praticamente a melhor surpresa que ele poderia ter em sua vida.
