Esse pensamento me assustou tanto quanto me excitou.
Definitivamente eu tinha que pensar sobre minha sexualidade.
“e se eu realmente for gay?”
Fiquei muito inquieto e resolvi entrar na net para procurar pelo tal do Tsubasa.
Encontrei os scans do mangá e comecei a ler. Apaixonei pela história!
No dia seguinte quase caí para trás quando saí de casa e encontrei o Alex sentado na mureta da casa em frente à minha.
- Bom dia, Renato!
- Bom dia, cara! – eu mal conseguia disfarçar minha alegria, e perguntei pra ele: – O que você está fazendo aí?
- Não está na cara? Estava te esperando pra gente ir junto pra escola; vamos?
Eu com um sorriso de orelha a orelha comecei a andar e e puxei assunto:
- Ontem eu li os primeiros capítulos de Tsubasa. Realmente incrível. Uma história que tem tudo pra dar certo; um casal perfeito, no caso a Sakura e o Sayoran... Ela perde todas as memórias e corre risco de perder a própria vida...
-E o Sayoran, para salvá-la paga um preço muito alto. Mesmo que ela recupere todas as memórias, ela nunca vai se lembrar dele...
- Como eu disse, tem tudo pra ser o melhor mangá da Clamp.
- Dessa história eu achei legal ver o Toya e o Yukito juntos (esses dois são um casal gay) - falou o Alex.
Fiquei vermelho pimenta de novo... E gaguejei...
- Eu também gosto de ver o Toya e o Yukito juntos. Mesmo sem nunca dizer com palavras, a gente percebe que eles se amam. Desde de Sakura Card Captors.
- É, realmente... A gente simplesmente percebe que eles se amam... “More Than Words”
- O quê?
- “More Than Words” - Significa mais do que as palavras conseguem dizer... Eles nunca dizem “eu te amo”, mas a gente percebe em cada atitude.
Dizendo isso ele coçou o topo da minha cabeça... E, Meus Deus! Eu sentia o calor vermelho pulsando no meu rosto!
Chegamos à escola e fomos para nossa classe.
A sala já estava meio cheia e como sempre ninguém falou comigo.
Alguns meninos vieram falar com o Alex sobre o time de futebol da turma.
Algumas garotas assanhadas vieram puxar assunto, saber de onde ele era, onde tinha estudado, se tinha namorada...
Eu queria esganar cada uma delas!
E me peguei pensando “sai vagaba que eu vi primeiro” enfim... - MEEEDO dos meus pensamentos.
No intervalo o Alex saiu primeiro da sala e cercado de admiradoras e futuros colegas de time...
Eu fui lanchar sozinho e pra ser sincero... Eu nunca tinha tido um amigo como ele... E agora que eu tinha e ele não estava colado em mim, me senti mais sozinho do que nunca...
Então eu ouvi a voz dele atrás de mim:
- Você parece o Capitão Nemo, isolado no Náutilo (personagem deLéguas Submarinas) e distante do restante da humanidade.
- Engraçado você falar isso... - eu disse triste e assustado com a capacidade dele de se sintonizar com a minha mente... Eu sempre me senti como ele mesmo. - Mas o Capitão Nemo se isolou por vontade própria... Eu fui isolado.
- Será mesmo? Olha cara... Em dois dias eu já percebi que nós dois vivemos no mesmo mundo de Livros, Romances e Mangás... E eu adoro esse mundo... E nunca conheci alguém que entendesse tão bem dele quanto você. Você me fascina, cara!
Meu coração começou a galopar novamente e meu rosto a corar, entregando meus sentimentos.
- Você não precisa falar que também está fascinado... Você não precisa de palavras pra dizer isso.
Eu fiquei mais vermelho do que um dia jamais imaginei que fosse possível ficar.
- Mas tem uma coisa que você precisa entender: nosso mundo faz parte do mundo das outras pessoas, dê uma chance ao outros e eles vão te dar uma chance também!
- Será mesmo? - eu perguntei colocando toda a carga de ceticismo possível na minha voz, naquela situação... O resultado não foi bom... Pareceu quase um suplício...
- Eu posso provar que é. - ele disse sorrindo e chamou o Carlos da nossa turma pra conversar.
- Ei cara; eu andei pensando e acho que vou entrar no time de vocês.
- Legal cara! Nosso time é meio perna de pau e ter alguém com alguma experiência vai ser legal.
- Olha, eu aceito entrar no time, mas será que o Renato pode entrar também?
- Claro que pode, cara! Um perna de pau a mais, um a menos, que diferença faz?
Eu fiquei tão chocado com a conversa dos dois que perdi a cor que eu não tinha.
- Ei cara, se você queria entrar pro time por que nunca pediu? - o Carlos me perguntou.
- Porque nunca achei que fosse ser aceito.
- Bobagem cara!
- É; bobagem. - Alex completou rindo.
NOVA VIDA
As semanas seguintes foram passando como se não fizessem parte da minha vida... E não faziam... Agora eu tinha uma nova vida... Uma vida onde o Alex era o meu sol e o promotor maior do meu bem estar...
A cada dia nós fomos ficando mais próximos.
Ele veio aqui em casa, jantou comigo, minha mãe e o tio João.
Na escola, além de falar com ele, agora eu falava com o time de futebol...
O Carlos não mentiu quando disse que eles eram ruins.
Na verdade eles eram péssimos.
O Alex, além do melhor jogador, era também o treinador do time. Ele teve que ensinar coisas básicas pra gente, como passar a bola e técnicas de ataque e defesa.
Eu descobri certo talento para a coisa e isso me rendeu novas amizades, bem como fãs.
Vocês se lembram das meninas que eu chamava a atenção, às vezes?
Agora que eu conversava com as pessoas, elas voltaram a me cercar. Na verdade elas cercavam a mim e ao Alex.
Nós éramos, sem dúvida, os caras mais bonitos do time... E eu juro que tentei me interessar por uma delas... Até a levei pra tomar sorvete, mas não dava, meu coração só galopava por um tal rapaz de cabelos castanhos, desarrumados e óculo negros.
Eu cheguei à conclusão de que estava apaixonado pelo Alex.
Tentar negar isso era mentir para mim mesmo, porém eu era homem e se me apaixonasse por outro homem a sociedade ao meu redor, que eu estava aprendendo a me inserir, iria cobrar seu preço.
Eu precisava conversar com alguém e eu sabia exatamente quem.
Peguei meu celular e liguei para o consultório do tio João e disse que precisava conversar com ele.
Cheguei lá já tremendo nas bases.
Mesmo sabendo que ele entenderia e me daria força, eu ainda tinha medo e principalmente preconceito comigo mesmo.
Entrei no consultório dele e ele estava sentado atrás da mesma mesa de sempre, todo de branco com o estetoscópio no pescoço.
- Eu preciso falar com você, tio João.
- Pode se sentar aqui. - ele disse apontando para a cadeira à sua frente - Já faz um tempo que você não vem aqui para a gente ter uma conversa esclarecedora.
- É verdade. Na última vez você me explicou como não engravidar uma mulher... kkk.
- É, é verdade, mas me diz... por que você quer conversar comigo?
- Bom...
Eu contei a ele toda a história desde que vi o Alex pela primeira vez... Sobre o banheiro... E todo o resto.
Ele escutou tudo com calma, sem me interromper.
Quando eu acabei dizendo que achava que era gay ele disse:
- Meu filho, é preciso muita coragem para me contar tudo que você contou. Mesmo sabendo que eu entenderia... Antes de mais nada, eu quero que você saiba que vai sempre poder contar comigo e com a sua mãe. Eu vou te ajudar a ter essa conversa com ela e eu tenho certeza que isso não vai mudar nada entre vocês. Embora eu ache que ela não precise saber do banheirão que você fez!
- Banheirão?
- É; é assim que a gente chama o ato de se masturbar com alguém no banheiro. Você fez muito bem de não ter feito sexo oral com aquele desconhecido. Existe uma série de doenças transmitidas assim, e agora eu estou te falando como médico.
- Sim tio.
- É claro que eu já fiz isso também. O homossexual que nunca fez um banheirão que atire a primeira pedra, mas evite fazer isso. Você se expõe gratuitamente e pode ser preso ou agredido por alguém. Meu filho, não se vulgarize, se respeite! Independente da sua opção sexual, seja hétero, homo, independente do rótulo, seja sempre íntegro nas suas relações. E se você diz que ama o Alex, valorize esse sentimento. E se você quer o conselho de “um bicha velha”, digamos assim, a sua opção sexual diz respeito só a você e às pessoas que você ama e confia. O que você faz entre quatro paredes não interessa ao resto do mundo, então se você gosta mesmo desse rapaz, agarre-o com unhas e dentes.
- Depois que você se chamou de bicha velha, pensei que fosse me dizer para agarrar ele com “unhas postiças e glóss”. kkk...
- Me respeita, moleque! - ele disse rindo.
No mesmo dia eu falei com minha mãe e ela, claro, me deu todo o apoio do mundo e pediu ao tio João que ele sempre continuasse me ajudando.
Eu tirei um peso gigante das minhas costas.
Agora eu podia amar o Alex, o meu sol, sem me sentir culpado.
O próximo passo era seduzir ele.
No dia seguinte, quando saí de casa para ir ao colégio, encontrei o Alex sentado na mureta de sempre, me esperando. Meu coração começou a galopar.
Mas nesse dia havia algo diferente com ele. Estava sem óculos, o que destacava ainda mais os seus olhos verdes.
- Sem óculos hoje?
- É; hoje é um dia especial, então estou de lentes.
Foi só aí que eu reparei que ele carregava um violão.
- Você vai tocar hoje?
- Vou sim. Hoje é a seletiva do show de talentos da escola e eu faço questão que você esteja lá pra me ver cantando.
- Eu vou estar. - eu disse corando e ele coçou minha cabeça como sempre faz quando eu coro perto dele.
Fomos o caminho todo conversando sobre Tsubasa e ele me disse algo muito interessante: depois que a Sakura acordou e não lembrava mais de nada, muito menos do Sayoran, ela ainda o amava, mesmo sem ele dizer nada.
- Mas ele não precisa dizer nada, Renato... Tudo que ele faz para recuperar as memórias dela e mantê-la segura é o suficiente para ela saber que ele a ama.
- Você saberia se alguém te amasse?
Ele se virou para mim no meio da rua, ficou na minha frente, segurou meu queixo, abriu o sorriso mais lindo do mundo e disse:
- É claro que eu sei quem me Ama!
Minha face queimou vermelho pimenta.
Ele chegou bem perto de mim e por um momento no qual a terra pareceu se abrir e o céu descer, eu achei que ele fosse me beijar.
Mas ele só chegou bem perto do meu ouvido para falar:
- Assiste minha apresentação hoje e você vai saber quem te ama...
Minhas pernas tremeram e eu jurei que não perderia essa apresentação por nada.
O restante do caminho até a escola nós completamos em silêncio.
Apenas trocando olhares envergonhados.
Mal consegui assisti as aulas pensando nos testes.
Quinze minutos antes do intervalo os alunos que se inscreveram para o concurso de talentos, saíram das salas e foram para o auditório da escola.
Eu fiquei na sala angustiado.
Quando o sinal tocou fui correndo até o auditório sentei na primeira fileira.
A Professora Karina chamou os inscritos por ordem alfabética. E o primeiro candidato era o Alex.
As cortinas vermelhas se abriram e no centro do palco o Alex estava sentado em um banquinho com o violão nas mãos e um suporte de microfone ajustado na altura do rosto dele.
Quando ele tocou as primeiras notas eu reconheci a música imediatamente. Era “More Than Words” e ele tocou olhando pra mim.
Meu coração pulsava mais rápido do que nunca.
Mais do que palavras...
Ele me amava! Agora eu tinha certeza disso.
Eu estava quase chorando quando ele terminou a música. Meu coração estava vibrando dentro de mim e a felicidade tomou conta de todo o meu ser.
Todo mundo aplaudiu de pé e eu não preciso nem dizer que ele foi escolido o melhor do dia e ia se apresentar na feira de atividades da escola.
Os talentos dos outros candidatos eram meio duvidosos.
Teve uma menina que adestrou um cão para ele correr em círculos e pular em bambolês; teve um outro cara que cantou “Não Sei Viver Sem Ter Você” e um louco que achava que era mágico.
Aff...
E esses eram os melhorzinhos.
Fui atrás dele na salinha atrás do auditório.
Ele estava guardando o violão na capa e pela primeira vez ficou vermelho quando me viu.
Isso me encheu de coragem e eu disse:
- Vem comigo, preciso fazer uma coisa.
Ele me seguiu até o corredor do terceiro andar, onde tinham várias salas vazias, sem dizer nenhuma palavra.
Entrei na última das salas e me virei para ele.
- O que você quer fazer? - ele perguntou.
- Isso.
Segurei suas mãos, aproximei meu rosto do dele, ainda meio tímido; ficamos bochecha com bochecha. Ele me abraçou de um jeito firme, porém carinhoso. Eu senti todo o calor que emanava dele. Como eu sempre dizia ele era meu sol e agora ele estava me aquecendo.
Deslizei meu rosto pelo dele até que ficamos nariz com nariz.
Eu pude então olhar dentro do mar que eram os olhos dele e quando ele os fechou eu fechei os meus e nossos lábios se tocaram carinhosamente.
Foi o início do meu primeiro beijo.
Como os lábios dele eram macios e quentes...
O seu hálito era adocicado e eu tremi quando senti a sua língua.
Foi um beijo que eu nunca vou esquecer!
Eu sentia em cada célula do meu corpo que nós dois nos amávamos e aquele beijo era o início de uma linda história de amor.
NAS NUVENS
Depois que os nossos lábios se separaram, nós ainda ficamos abraçadinhos por algum tempo.
O pescoço dele tinha um perfume delicioso e eu poderia passar a eternidade nos braços do Alex e nunca sentiria fome, sede ou frio porque o amor dele seria tudo para mim.
Mas infelizmente na vida real "momentos perfeitos" ainda são só momentos e um barulho no final do corredor fez a gente se separar por puro reflexo.
Olhamos um para o outro e começamos a rir. Eu ainda estava vermelho pimenta e as orelhas do Alex estavam queimando.
Saímos da sala e voltamos para a nossa classe.
Não me perguntem que aula eu estava assistido ou qual matéria foi dada depois do intervalo.
No meu mundo agora só cabiam duas pessoas: Eu e o Alex.
A gente voltou juntos para casa e antes de nos despedirmos eu pedi para ele entrar.
Mal ele fechou a porta atrás de si e a gente se beijou de novo.
Era o nosso beijo de despedida (os casais héteros podem fazer o que quiserem no meio da rua, mas se dois gays se beijam é um escândalo...), o meu segundo beijo foi tão bom quanto o primeiro, só que menos desajeitado.
Depois disso, Alex foi embora e eu corri para o meu PC para procurar na minha PlayList a música "More Than Words".
Coloquei para tocar, deitei na minha cama e passei horas sonhando acordado com o dia incrível que eu tive.
No dia seguinte quando saí de casa, lá estava ele, lindo como um anjo, sentado na mureta em frente à minha casa.
Minha mãe já tinha saído para o trabalho, então tive uma ideia:
- Bom dia, Alex!
- Bom dia!
- Ei cara, eu estava pensando... Por que a gente não falta aula hoje e fica aqui em casa conversando...
- Normalmente eu não concordaria com isso, mas acho que a gente realmente tem que conversar.
Eu abri bem a porta e fiz um gesto exagerado pedindo para ele entrar.
Com um sorriso maroto ele entrou.
Assim que eu bati a porta ele me abraçou forte e me beijou. Eu retribuí com todo o calor que eu guardei dentro de mim aquela noite.
Agora eu sabia exatamente como os amantes em meus livros se sentiam. Não havia nada melhor do que ser recebido pelo seu amor e por isso valia à pena as grandes jornadas.
Depois do beijo, a gente foi para o sofá e eu perguntei:
- Como foi seu dia ontem depois que a gente se despediu?
- Na verdade, eu não fiz muita coisa além de pensar em você!
- Eu também não. - eu disse com meu rosto queimando. Dei um beijinho nele e disse perto do seu ouvido: - Aquela música foi a coisa mais linda que alguém já fez pra mim!
-Eu sabia que você ia gostar! Eu sempre senti que entre a gente existia mais do que amizade; na verdade eu me apaixonei por você desde o dia em que a gente se encontrou na loja do Japa.
- De um jeito desengonçado, eu acho que sempre soube. Conhecer você mudou muito a minha vida, Alex... Eu nunca me entendi direito, sempre me achei diferente dos outros caras, mas nunca imaginei que eu um dia ia beijar outro menino.
- E você não gostou?
- É claro que eu gostei! Beijar você foi a melhor coisa que eu já fiz na minha vida!
- Acho que você está precisando de outra dose de beijos.
E dizendo isso ele novamente me beijou e com muita vontade.
- Ufa! Esse foi dos bons.
Eu disse para ele, enquanto me olhava com uma cara sacana... E meio rindo ele falou:
- Então foi por minha causa que você se descobriu?
- Acho que posso dizer que sim.
- E o cara do banheiro do lado da loja não te ajudou também?
Eu fiquei branco ouvindo isso.
- Aquilo foi muito estranho! Mas eu tenho que admitir que fiquei muito excitado.
- É, ele me excitou também... Mas preciso te dizer que eu já tinha feito banheirão umas quatro vezes antes daquela!
- É verdade; o cara me disse que tinha te masturbado.
Alex ficou meio sem graça.
- Então você sempre soube que eu...?
- Desde o começo.
- Fiquei sem graça agora.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Já está fazendo, mas eu deixo você fazer outra.
- Como você descobriu que gosta de meninos?
- Na verdade, eu não sabia que gostava de meninos, vamos dizer assim. Você é o primeiro garoto de quem eu gosto. O primeiro homem que eu amo. Eu nunca achei que isso fosse possível. Sempre achei que amor era coisa de “homem e mulher”. Na verdade o que eu sentia por meninos era desejo.
Ele disse essa última frase ficando vermelho. E continuou:
- Olha Renato, eu só tenho quatorze, mas desde os doze eu sentia algo estranho quando via outros meninos; sempre achei alguns bonitos e com outros eu tinha, digamos assim, “vontades”.
- Vontades é ótimo! - eu disse rindo. Engraçado, comigo sempre que eu ia, você sabe, bater uma - ele riu - eu olhava fotos de sacanagem nas revistas e me excitava não só com as mulheres, mas com os homens também. Sempre achei que isso era meio que normal. Agora sei que não é tão normal assim.
- É normal sim Renato! Por que a gente é que tem que ser anormal? Tem tanta coisa ruim no mundo, isso sim é anormal...Tudo o que a gente faz é sentir gostar e desejar outros caras...
- Você está certo, Alex.
- Eu sei que estou e você vai ter que ter certeza disso se quiser enfrentar as pessoas fora dessa porta.
- Por você eu enfrento.
- É muito bom ouvir isso de você, mesmo você não precisando dizer “More Than Words”
- “More Than Words”... E dizendo isso nos beijamos e, meu Deus... Cada beijo ficava mais quente!
- Me conta Renato - ele disse com um olhar sacana. - então você gosta muito de bater vendo sacanagem, né?
- Eu não disse que gosto muito. - eu falei rindo.
- Todo mundo gosta muito, Renato. E isso é fato.
- Tá bom, eu gosto; e você, gosta?
- Adoro! Mas me diz, já que a gente está conhecendo esse outro lado um do outro... Quem te ensinou?
- Você vai rir se eu te contar...
- Não vou rir não.
- Vai sim!
- Por favor!
- Tá bom, eu conto. Aprendi sozinho lendo um manual de punheta na internet.
- kkk
- Eu disse que você ia rir...
- Manual... Existe isso?
- Existe sim... Na verdade eu sempre tinha ouvido falar, mas não sabia exatamente como fazer, então um dia eu estava lendo “O Alquimista” e tinha uma frase na qual o protagonista se lembrava da sua “primeira e solitária experiência sexual”... Aí fiquei cheio de “vontades” - disse rindo - e fui procurar um jeito de aprender na internet e finalmente achei um manual. Depois descobri que a coisa era bem fácil e viciei.
- kkk - sempre os livros... Quando eu li “O Alquimista” percebi que ele estava falando de uma punheta também, mas como já sabia fazer isso sozinho, não me prendi a esse detalhe.
- Agora me diz... Quem te ensinou?
- Meu pai
- Mentira! - eu disse, horrorizado... Eu mal me lembrava do meu pai e com certeza não conseguiria imaginar ele me ensinando bater punheta.
- Sério... Quando eu fiz onze ouvi falar da punheta na escola e cheguei em casa e perguntei pra ele o que era.... Ele me disse que era masturbação, uma coisa que todo homenzinho fazia e ele achou até que eu já soubesse porque ele começou a bater com dez.
- Nossa, seu pai te falou tudo isso?
- E muito mais... Me disse que a coisa toda era muito fácil e era a única coisa que impedia um homem viúvo como ele de gastar todo o salário com puta...
- Meu Deus, eu ficaria traumatizado de ouvir meu pai falando assim!
- Ah, você se traumatiza com muito pouco.
- Pouco! Meu, se meu pai me falasse que batia punheta para não gastar com puta, eu certamente ia procurar um psicólogo.
- Meu pai é psicólogo...
- kkk... Isso certamente explica muita coisa .
- Muita. - ele disse concordando com a cabeça. - Ele disse que ia me ensinar. Foi até o quarto dele, tirou uma caixa de cima do guarda-roupas, que estava cheia de fitas e DVDs pornôs, além de algumas Playboys. Disse que de agora em diante não haveria mais necessidade de esconder aquilo lá em cima porque eu também ia usar e eu inocente perguntei “usar como” e ele disse “você já vai entender”.
- Cara, essa história é inacreditável!
- Mas acredite e eu ainda nem cheguei na melhor parte. Ele colocou um DVD no vídeo e disse que ”agora a gente assiste e espera o pênis endurecer”. Era um filme pornô meio tosco de uma sereia e tals...
- kkk.
- Aí foi incrível... Logo na primeira cena de sexo meu pau endureceu e o papai olhou para a minha bermuda e falou “acho que já dá". Ficou em pé, pediu pra eu ficar de pé também e abaixar a bermuda... Ele também abaixou a dele e me mostrou o negócio dele.
- Cara, você viu o pinto do seu pai... Que nojo!
- É; agora que você está falando é nojento mesmo. O fato é que ele botou o pinto pra fora começou a bater bem devagar e disse para eu imitar ele. E assim eu aprendi rapidinho...
- Cara, como era o negócio do seu pai?
- Agora você está me assustando. Eu não quero te falar como era o pinto do meu pai, né...
- Desculpa, me empolguei!
- É, eu já percebi por essa barraca armada aí.
Pensa em alguém sem graça... Esse era eu.
- Mas terminando minha história... Papai gozou e me explicou o que era aquele negócio branco e disse que eu ia demorar um pouco pra gozar que nem ele... Depois disso foi tomar banho porque ia trabalhar e me deixou lá me deliciando sozinho.
O Alex fez uma cara muito engraçada quando terminou a história.
- Agora é a sua vez. Me conte algo vergonhoso e potencialmente traumatizante do seu passado.
- Mamei até os três de idade. Sua vez.
- kkk... Isso sim é traumatizante.
- Me fala sobre o seu primeiro banheirão.
- Nossa! Também vou querer saber do seu passado sexual.
- Sou virgem! Ponto, fim da minha vida sexual. Agora é sua vez .
- Eu também sou virgem. Eu só me masturbei com outros caras, mas nunca chupei nem me deixei ser chupado... Muito menos transei com alguém.
Essa confissão tirou um peso do meu coração.
- Mas me conta como foi esse primeiro banheirão.
- Na verdade eu tinha ido levar uma garota ao cinema...
- Que safado! Quem é ela, nome, endereço e telefone...
- Relaxa; era só uma ex-vizinha que gostava de mim e o papai me fez levar ela ao cinema... Ou melhor, ele nos levou até lá e foi nos buscar depois. Na verdade teria sido até engraçado... Então no meio do filme eu sai e fazer xixi. Chegado no banheiro do cinema tinha um coroa. Devia ser pedó**** porque eu só tinha e quando eu fui no mictório ele me mostrou o pau dele e aí eu fiquei de pau duro na hora e comecei a bater olhando o pinto dele. Esse eu vou falar como era: era grande, devia ter uns vinte centímetros, sei lá... Nunca tinha visto um desse tamanho até porque o único pinto além do meu que eu já tinha visto, era o do meu pai. Enfim... Bati punheta até gozar; tremendo de medo de alguém chegar e pegar a gente. Depois fiquei tremendo, me sentindo culpado, sujo, o de sempre...
- É; eu me senti assim naquele dia do banheiro público...
- Mas com a gente não vai ter esse sentimento. Quando a gente se tocar vai ser mágico... Eu tenho certeza...
- Eu tenho certeza disso também.
E dizendo isso nós nos beijamos muito.
Demos uns bons amassos no sofá e eu senti o pau dele roçando no meu pela primeira vez.
Na época eu achei bem grande.
Algum tempo depois eu confirmei minha suspeita, mas essa é outra parte da nossa história e vai ser contada mais pra frente.
O fato é que eu amava o Alex cada vez mais.
Talvez a madrinha dele estivesse certa lhe chamando de Alexander como a bebida... Porque ele era inebriante; os beijos dele me levavam ao delírio e as nossas conversas, como vocês viram, nós podíamos falar de tudo um com o outro, quero dizer, isso só é possível com meninos, afinal de contas quantas meninas te falam quem as ensinou a se masturbar?
Ele me entendia de um jeito que ninguém mais conseguia.
Falávamos de livros, sexo, mangás , animes, livros, sexo, amigos, filmes, sexo, futebol (eu já estava gostando), esportes em geral, sexo, músicas, cantores, sexo... kkk, a gente se completava.
Naquela manhã antes der ir embora ele me pediu em namoro. Oficialmente.
Chorei de alegria...
Como eu disse e agora vocês podem ver, era muito fácil amar o Alex...