- Tenho um último pedido para fazer, se você me permite, dorme aqui comigo hoje, se você puder, dorme aqui.
- Claro que durmo, Raquel, deve ter uns 10 anos que não tenho um encontro como este, que a pessoa está pensando em me agradar genuinamente e não em me ter na cama, se bem que você pensou nesse final, não é?
- Tenho que admitir que pensei, disse rindo, mas o que eu pensei desde o dia que te convidei foi em te fazer feliz aqui, te deixar leve, tranquila.
Raquel beijou o pescoço de Carol, fazendo um carinho. Elas saíram da banheira e se enrolaram em toalhas, Raquel rapidamente chamou Carol para secar o cabelo e vestir um pijama. Elas se aninharam, antes de adormecer Raquel pensou em como tinha sorte de encontrar Carol mesmo depois da separação desagradável com Oliver, e se lembrou do dia que se viram no mercado como ele estava esquisito, se aninhou em Carol e dormiu.
Oliver não podia acreditar no que estava vendo, Carolina saindo da casa de Raquel, ele só poderia estar ficando louco. Mas lá estava Carolina saindo da casa de Raquel, com roupas de sair, elas dormiram juntas!? Isso era o fim, se contassem para ele não acreditaria, não é possível não pode ser. O que Raquel estava pensando? E a Carolina aquela puta!
Ele não ia deixar barato, estava muito fácil vida de marmanjo, Raquel dando pra Carolina achando que é quem? E a fodona comendo, não tinha como deixar baixo. Começou a imaginar o que iria fazer, como deveria puni-las e como o faria. Teve uma ideia. Pegou o celular e ligou:
- Oi, Façanha, aqui é o Oliver, estou precisando da sua ajuda...
Foi numa loja de material e comprou tudo que precisava: cordas, fita e algumas algemas de plástico, amanhã seria o dia. Organizou tudo numa mochila e colocou no carro que alugara.
Raquel chegava em casa depois de uma corrida matinal, de fones de ouvido não percebeu que ele se aproximava, rapidamente a encurralou na porta de casa e a empurrou para dentro.
- O que é isso?! Você está ficando maluco, Oliver, saia já daqui.
Ele saca a arma e aponta para a sua cabeça: cala boca sua vadia, fica bem quieta ou vai encontrar a vovó hoje mesmo.
- O que você quer? Eu pensei que nosso assunto estava resolvido.
- E eu sou homem de deixar advogado decidir minha vida? Cala boca e me dá seu celular.
Raquel entrega sem fazer objeções.
- Desbloqueia e manda uma mensagem para a Carolina, pedindo pra te encontrar com urgência aqui, eu quero ver a mensagem, sem gracinhas ou te despacho agora mesmo.
Trêmula, Raquel digita uma mensagem simples: Oi, Carol, pode me encontrar aqui em casa? É importante, te espero.
- Já tem toda intimidade com ela, né, vagabunda, com a mão que segura a arma dá uma coronhada no rosto de Raquel que cai ao chão, quando ela vira a rosto o sangue escorre por sua face.
- Você vai fazer o quê!? Me matar? Saiba que eu já posso morrer porque tudo que eu queria já tive na vida, até a Carol. Mete uma bala na minha cabeça e acabe logo com isso! Foge por aí sabendo que você não me tirou nada!
- Cala a boca e senta nessa cadeira. Oliver a amarra com a corda que trouxe e coloca uma algema de plástico para garantir.
- Agora nós vamos ficar quietinhos enquanto aquela puta chega, se você a avisar de qualquer forma as duas morrem.
Os minutos passavam e nem sinal da Carolina, até que eles ouviram uma porta de carro bater. Oliver se pôs atrás da porta olhando ferozmente para Raquel. Carolina bateu na porta e Raquel respondeu:
- Pode entrar. Bem baixinho.
Carolina distraída entra e não percebe a presença de Oliver, até que vê Raquel sentada e amarrada com um corte no rosto.
- O que houve, o que é isso!?
- Não é nada, por favor, fique calma.
- Não é lindo ver as duas pombinhas cuidando uma da outra?
Carolina se vira e atordoada vê Oliver empunhando uma arma.
- O que está acontecendo aqui, Oliver? O que você fez?
- Você vai ficar mais interessada no que eu vou fazer.
- Por favor, Carol, faça o que ele diz.
- Isso, Carol, faz o que a sua namoradinha pede.
- O que você quer?
- Como vocês prejudicaram a minha vida eu vim me divertir um pouquinho, mas olha só eu esqueci de te amarrar!?
Ele me posiciona atrás de Carolina e a amarra assim como fez com Raquel e lhe algema.
- Pronto, agora vocês vão me ouvir, Raquel como você pode trazer essa desqualificada para a nossa casa e ainda foder com ela? Muito me surpreendeu essa sua opção em ser sapatão, mas tinha que ser com a minha amante? E você Carolina tinha que pegar a minha ex-mulher? Não vou mentir que quando eu descobri fiquei puto, mas agora estou mais relaxado. Se gritarem ou chamarem atenção é bala na cabeça das duas.
Raquel olha, tentando manter a calma, para Carolina e diz: vai ficar tudo bem. Carolina assente enquanto Oliver vai para o quarto retira um quadro da parede e abre o cofre, sua senha ainda funcionava. Retira o dinheiro e algumas joias guardadas ali, retorna para a sala e guarda na mochila.
- Agora que eu peguei o que eu queria, posso ir embora, tranquilamente e deixar as duas esperando por horas até alguém aparecer. Lembrem-se eu sou um homem sem nada a perder posso pegar vocês duas quando eu quiser. Salve sua namoradinha, Carolina, olhe como eu a marquei direitinho. Toda vez que essa vadia se olhar no espelho irá lembrar de mim!
Carolina perde o controle se levanta e joga seu corpo para cima de Oliver que se desequilibra e atira. Raquel sente uma fisgada quente no ombro e percebe que foi atingida.
- Sua idiota, olha o que você fez! Eu não iria atirar!
- Não importa, vá embora! Vá! Grita Raquel.
- Raquel, me desculpe, Raquel... Carolina chora copiosamente enquanto Oliver se mete em seu carro e foge como o bom bandido que ele é.
- Não se preocupe, chame por ajuda nos vizinhos.
Com dificuldade Carolina se levanta e sai pela porta, Raquel sente o sangue pulsando pela ferida aberta, está tonta, mas segue tentando controlar a sua respiração. Após breves minutos Carolina volta desamarrada acompanhada por dois vizinhos de idade, ela vai até a cozinha, pega uma faca e usa para cortar as algemas e a corda que imobilizava Raquel.
- Por favor, se sente aqui, a conduz para o sofá, com todo o cuidado do mundo, a ajuda vai chegar a qualquer minuto. Me perdoe, Raquel, eu não queria feri-la, ele estava armado não pensei direito.
- Meu amor, não se preocupe com isso, está tudo bem eu tenho certeza que tudo acabará bem, por favor, não se preocupe, não mesmo. A culpa é do doido do Oliver que trouxe uma arma para cá, somente dele.
Carolina chorou baixinho enquanto a ajuda não chegava, cerca de alguns minutos depois os paramédicos entraram e levaram Raquel para o hospital, Carolina foi com ela na ambulância.
Carol observava Raquel ser atendida e reagia a cada uma de seus sinais de dor: diga, por favor, senhor, vou precisar de cirurgia?
- Senhora, só tem como saber depois dos exames para verificar, não se preocupe, relaxe agora, preciso de uma pressão boa para seguirmos bem.
Raquel chega ao hospital e é levada, se despede de Carolina: não se preocupe, estou bem, te vejo já! E Carol respondeu, fique bem, meu amor, estou lhe esperando. Passaram cerca de uma hora e meia quando o médico apareceu para falar com Carolina que estava aflita e olhava o relógio a cada minuto.
- A senhora é a acompanhante de Raquel Mancini?
- Sim, sou, como ela está?
- Fora de perigo, a bala entrou e saiu por trás, já a operamos e a senhora vai poder acompanha-la no quarto daqui alguns minutos. Por favor, não a canse ela estará grogue da anestesia e precisa descansar.
- Sim, doutor, sim. Muito obrigada, Dr. Carolina o abraça e as lágrimas vertem sem controle. Muito obrigada minha santinha, muito obrigada.
Ela entra em silêncio no quarto, Raquel está dormindo, ainda, não voltou da anestesia. Carolina se senta na poltrona ao seu lado e lhe admira. Raquel está deitada com a cabeça virada para Carolina, ela dorme profundamente, o corte em seu rosto tomou pontos, Carolina continua chorando em silêncio.
Após esperar por alguns minutos, Carolina acaba adormecendo na poltrona exausta pelos fatos passados e Raquel aos poucos desperta, levanta o braço, toca a cabeça e sente os sensores em suas mãos. Abre os olhos e vê Carolina com a pele manchada de lágrimas e pensa: tadinha, está se sentindo culpada por algo que não teve o menor controle.
Uma enfermeira entra e vê que Raquel está acordada.
- Como está se sentindo, Raquel?
- Um pouco tonta ainda e com sede, posso beber água?
- Claro, mas devagar.
A enfermeira pega uma jarra de água e serve um copo para Raquel que bebe agradecida.
- Ela é sua acompanhante?
- Sim, minha namorada.
- Tudo bem, vamos esperar para ver como você se sente nas próximas horas, mas pelo que vi o pior já passou.
Raquel respira fundo e pensa sobre como teve sorte, tomou um tiro, isso foi péssimo, mas não foi num local tão letal assim, como pode Oliver ir até sua casa armado daquele jeito e o pior, ainda, estava solto, chamou a enfermeira:
- Com licença, preciso falar com a polícia.
- Não se preocupe, Raquel, em casos de ferimento a bala sempre comunicamos as autoridades, não deve demorar muito para que venham lhe ver, mas será uma entrevista rápida você precisa descansar.
- Ok, obrigado, mas eu poderia usar meu celular, preciso avisar meus pais.
- Não será necessário eles já estão aqui no hospital, lhe viram sair da cirurgia e foram para a capela. Muito religiosos, não é?
- Oh, sim, somos italianos e apreciamos os cuidados de Deus, minha família especialmente.
- Eles não devem demorar muito, lembre-se você precisa descansar, depois de ver seus pais aconselho a tentar dormir, uma anestesia geral não é brincadeira. Seu acesso está apertado?
- Não, está confortável.
Mal Raquel se calou seus pais chegaram, Anitta e Massimo Mancini entram com expressões de preocupação no olhar.
- Minha filha o que aconteceu? Indaga sua mãe.
- Mamãe foi uma loucura, uma insanidade imagine que ele me abordou na porta de casa armado e me obrigou a chamar Carolina.
- É esta jovem que dorme, minha pequena? Pergunta Massimo.
- Sim, papai, é Carolina, ela cuidou de mim até chegarmos aqui.
- Então ela já tem minha admiração.
- Papai, a polícia deve estar vindo pra cá, quando eles chegarem contarei tudo, mas estou cansada.
- Claro, minha pequena Raquel, descanse as emoções foram fortes, ele a beija na testa com cuidado como se pudesse quebra-la.
Raquel percebe o olhar aflito de sua mãe que segura o terço: mamãe vou ficar bem, o médico disse que a cirurgia foi um sucesso.
- Eu sei minha filha, mas o medo de te perder dominou meus pensamentos por algumas horas, ainda, estou impactada.
- Não quero ninguém triste por aqui, ninguém morreu e nem vai morrer.
Passados alguns minutos dois policiais entram no quarto, se identificam e pedem para falar com Raquel em particular, até mesmo a moça adormecida deveria se retirar.
Anitta com toda delicadeza encosta a mão no ombro de Carolina que desperta: minha querida, nós temos que sair, a polícia chegou. Carolina levanta, olha rapidamente para Raquel que lhe manda um beijo e sai.
- Senhora Mancini, o que houve esta tarde?
Raquel explica ao policial com detalhes o ocorrido, sinalizando que Oliver foi embora com algumas joias, dinheiro e sua ameaça de retorno.
- Estamos monitorando seus passos, ele não voltou ao apartamento e nem na empresa, não aconselhamos o seu retorno para casa enquanto ele não for preso.
- Eu já imaginava, não tem problema.
- Enquanto a senhora está no hospital podemos garantir sua segurança, depois indicamos contratar uma empresa especializada.
- Eu entendo, muito obrigada. E os policiais vão embora.
Anitta e Massimo entram curiosos e Raquel conta brevemente da conversa com os policiais:
- Nós 4 iremos para um hotel com uma equipe de segurança e não quero pensar mais nisso.
- Claro filha, claro. Pode deixar que cuidarei disso.
- Quero falar com Carolina, a sós por um momento, sim...
Carolina entra senta-se ao meu lado e me fita curiosa, ela está com uma cara de quem não dorme há 20 anos, passo a mão em seu rosto e as lágrimas caem: por favor, não chore, não é tempo de chorar. Tudo de ruim que nos aconteceu não resultou em nada permanente, talvez só meu rosto, mas isso não é uma preocupação para agora, há procedimentos a serem feitos, soluções, então, por favor, não chore mais.
- Eu preciso de você bem para poder me curar. Seja cautelosa, mas me beije, preciso sentir seu calor perto de mim. Carolina se inclina cuidadosamente e beija Raquel, um beijo casto e rápido.
- Esse não é o tipo de beijo ao qual eu me referia, sem estourar meus pontos, mas com mais paixão. Carolina chega perto de Raquel e a beija novamente com mais atrevimento.
- Escute, vamos ter que tomar providências pela nossa segurança, eu falei com os policiais e eles recomendam isso então nós quatro vamos para um hotel e teremos uma equipe de segurança. Eu não queria isso, mas ele conhece a casa de madame Zoraide e eu não deixaria você ir lá de forma alguma, então vamos ficar no hotel até ele ser pego.
- Tudo bem, minha maior preocupação é você, seu bem estar eu juro que pensei que iria morrer ao ver você baleada e por minha culpa.
- Não foi sua culpa, ele te provocou e ele levou a arma, ele provocou tudo isso. Não se martirize por algo que você não fez, me dê um último beijo enquanto meus pais não voltam.
Carolina se aproximou de Raquel e a beijou, um beijo apaixonado, diferente do primeiro, caloroso.
- Eu vou te apresentar meus pais, eles são tranquilos e gente boa vão, logo, gostar de você, é uma novidade para eles vamos ver como vão reagir a Raquel divorciada e namorando uma mulher, ela riu baixinho.
