Alguns anos depois......
As gêmeas, assim que viram as duas gritaram de alegria e foram correndo para cima delas. Muitos abraços e brincadeiras com as crianças intensificando a necessidade de atenção e deixando quase impossível começarmos uma conversar para colocar os assuntos em dia. Dona Filomena então, entra trazendo deliciosos refrescos de cupuaçu e deliciosos cookies de chocolate que ela tinha acabado de fazer. Ela era sensacional, já conhecia a todos naquela sala e sabia exatamente o que fazer para deixar todos a vontade. Ela sabendo que aquele momento seria interessante para uma confraternização entre adultos ela se antecipou e chamou as crianças para dar uma volta no parque que tinha em frente a nossa casa. Cada uma pegou sua bicicleta de rodinhas e satisfeitas foram com ela.
Em fim silencio, pensei rindo. Estava formado o ambiente perfeito para nossa confraternização em família.
Voltando ao passado....
Acordei com a campainha tocando. Olhei no relógio eram 6 da manhã. Me lembrei da Dona Filomena, só não imaginava que o “de manhã” dela seria minha madrugada ainda. Levantei ainda tonto e tropeçando. Abri a porta e me deparei com uma senhora sorridente. Pensem em uma avó das antigas. Nem gorda nem magra. Vestido comprido e rendado, Cabelo quase todo grisalho preso em um grande coque, quase sem maquiagem, apenas um batom discreto. Ela ainda sorrindo falou:
-- Bom dia Sr. Jorge. Me chamo Filomena. Nos falamos pelo telefone.
-- Bom dia Dona Filomena, é um prazer conhece-la pessoalmente. Disse.
Após apresentações, mostrei a casa dela, dei alguns detalhes sobre nossa rotina e falei:
-- A casa é sua, coloque ela nos eixos, confio na senhora.
Tinha excelentes recomendações e referencias dela. Nosso santo bateu na hora. Me senti de alguma forma seguro em dizer aquilo para ela. Acordei minha filha e a apresentei para nossa nova administradora. Ela também se encantou com ela. Sai para o trabalho, me preparando para a consulta com o advogado. Nesta consulta eu frisei que não tinha intenção deixar minha esposa desamparada, e que, caso nossa união tivesse que ser interrompida, ela deveria ter um bom respaldo financeiro. A casa já era minha, mas durante 15 anos ela trabalhou naquela casa e a manteve como um ninho familiar perfeito. Ele me passou todas as opções e orientações que existiam nas leis. Eu agradeci e falei que assim que tomasse a minha decisão iria contata-lo para que ele providenciasse tudo. Ele entendeu e se colocou à disposição na hora que eu precisasse.
A semana foi passando. Não ouvimos mais nada sobre Monique e Marcelo. Patrícia não faltava a nenhuma sessão de terapia. Ela parecia cada vez mais integra em seus pensamentos. Eu percebia isso pela sua voz nas ligações que ela sempre me fazia para contar como tinha sido seu dia. Em casa tudo perfeito. O entrosamento de Dona Filomena comigo, com a casa e com minha filha era coisa de outro mundo. Parecia que ela já nos conhecia há décadas. O relacionamento entre Rebeca e Patrícia estava às mil maravilhas. Elas se encontravam sempre para algum tipo de evento. No aniversário dela de 15 anos, promovemos uma grande festa para ela. Coisa de princesa mesmo. ela fez questão de todos estarem presente. Durante a festa fomos apresentados por ela a um rapaz Alto, magro, impecavelmente vestido e bem simpático e com uma cara de milico nerd devido ao estilo de corte de cabelo e óculos. Fiquei de cabelo em pé, já imaginava o que vinha por aí. Ele nos cumprimentou e falou:
-- Senhor Jorge, senhora Patrícia, boa noite. Me chamo Rafael Mendes e Oliveira. Tenho 18 anos. Estou no momento cursando o primeiro período de Engenharia Civil no IME. Conheci Rebeca a um ano quando ainda estudava no mesmo colégio que ela. Sempre gostei muito dela, mas nunca tive a chance de me declarar para ela. A uns três meses a encontrei em uma festa e trocamos número de celular e com o tempo fomos trocando mensagens e disse que gostaria de namorar com ela. Ela me falou que tinha que pedir para os pais dela. (Que orgulho dessa menina). E devido a isso estou aqui para pedir autorização para namorar a vossa filha.
Senti o golpe como e fosse um chute no saco seguido de um sentimento de alívio imediato. Falei que devido a forma que este pedido foi feito, eu não tinha como negar, mas falei que precisava ter uma conversa com ele e a Rebeca iria ter uma conversa com a mãe. Eles concordaram, deram as mãos e foram se divertir na festa. Olhei para Patrícia e falei:
-- Tá vendo, esse é o motivo para convivermos em harmonia, independentemente do que o futuro nos reserva.
Ela concordou com um sorriso meio amarelo.
Naquele dia tudo era alegria. Estávamos muito felizes por nossa filha. A festa seguia a todo o vapor em nossa casa. Quando a festa acabou, minha filha falou se a mãe poderia dormir com ela, pois queria muito conversar com ela. Como o quarto de hospedes ficou reservado para meus sogros eu disse para ela dormir na mesma cama que a filha que era grande o suficiente para as duas. Paguei um Uber para a Filomena ir para casa. Era o mínimo que eu podia fazer por ela ter ficado até tão tarde nos ajudando. Mesmo a festa sendo feita por uma empresa contratada, ainda assim precisávamos de sua ajuda para que tudo voltasse aos seus devidos lugares. Deitei na cama para descansar um pouco e acabei pegando no sono. Acordei algum tempo depois. Ainda estava de roupa e resolvi tomar um banho. Durante o banho, ouvi a porta do quarto ser aberta e fechada em seguida. Antes que eu pudesse pensar, eis que surge na porta do banheiro Patrícia, completamente nua...esplendorosamente nua seria mais correto dizer. Quando eu ia dizer alguma coisa ela entra no box, coloca o dedo indicador em minha boca e fala:
-- Shhhh!!!. Não resista. Você sabe que precisamos disso. Deixe simplesmente acontecer.
Eu estava na seca a um tempão, subindo pelas paredes, feliz pela forma que minha vida estava e, naquele momento com uma mulher que deixaria qualquer eunuco cego com tesão. O que eu poderia fazer? O cheiro do perfume dela me inebriou de uma forma intensa. Mas mesmo com muito tesão me sentia meio sem jeito, como se eu tivesse tendo aquela mulher pela primeira vez, fazendo algo indevido ou traindo meus, princípios, projetos e pensamentos. Ela iniciou um beijo muito gostoso, mas bem inferior a intensidade de tempos atrás. Eu me esforçava de todas as formas, mas sentia que alguma coisa não estava igual. Ela parecia que também percebia, mas não perdia o ritmo. Bocas e línguas trocavam saliva a todo o momento. Os toques me despertavam tesão, seu boquete foi incrível como sempre. Ainda molhados saímos do boxe e fomos para a cama. Bocas, línguas e dedos se esforçavam para agradar de todas as formas. Nossos sexos se fundiram de forma suave e prazerosa, nosso orgasmo surgiu uma única vez, mas foi muito forte. Independentemente de ter gozado forte, sentia que alguma coisa estava errada. Não foi amor que fizemos e sim sexo, não houve a nossa já conhecida química. Isso me incomodou um pouco, mas me despertou para uma realidade que eu ainda queria que não fosse real. Sentia que alguma coisa entre nós tinha se quebrado. Pode até ser que pudesse melhorar com o tempo, mas havia a chance de piorar também. Essa chance existia e era grande, já que eu sabia que as imagens dela com outra pessoa iriam me acompanhar indefinidamente. Neste momento ela olha está deitada olhando para mim com uma expressão triste e fala:
-- Quebrou né? Não era você hoje. Parecíamos dois estranhos com tesão.
-- E verdade, me perdoe. Foi bom, mas não foi ótimo como era. Fizemos sexo e não amor. Repeti o que tinha acabado de pensar.
-- O que eu fiz? Estraguei o que estava perfeito. Nunca vou me perdoar por isso. Sinto que hoje não éramos um só. Parecia que não queríamos a mesma coisa e que estávamos indo em direções contrárias. Lamentou ela.
Lembrei do meu sonho, e minha resposta à pergunta que me fiz naquela noite “sonho ou premonição” foi respondida. Continuamos conversando como dois amigos na mesa de um bar e chegamos a dolorosa conclusão de que nossa amizade e respeito deveria ser preserva, do que tentar algo mais e transforma-la em algo que iria nos prejudicar e consequentemente a nossa filha. Percebi, mesmo sem ela me falar, que as sessões de terapia tinham deixado ela mais segura e madura e que tinham dado a ela algumas das respostas que precisava. Ela me confessou que em uma das seções a sua terapeuta falou que nossa mente esconde desejos que podem ficar adormecidos por tempo indeterminado e podem ser despertados por gatilhos imperceptíveis no primeiro momento. Que ao menor sinal dessas mudanças radicais de pensamentos ou de comportamentos, principalmente quando eles vão de encontro ao que julgávamos correto até o momento, devemos procurar respostas para que possamos interpretar e conviver com esses desejos e mudanças sem interferir em nosso cotidiano e sem prejudicar ou magoar outras pessoas. Ela hoje, com certeza, sabia o que pensou, o que queria e o que foi despertado naqueles dias e o motivo que a fizeram se deixar influenciar e manipular por Monique. Senti que o sexo de hoje foi algo que ela precisava tentar, como fase de uma etapa do tratamento. Poderia até ser uma espécie de fechamento. Mais qual fosse o motivo, não importava agora. Tínhamos chegado a uma conclusão que achávamos ser a ideal para nós. Eu cheguei a uma conclusão que não valeria o risco de perder a sua amizade e insistir em uma relação incerta, que poderia nos custar mais tempo de nossas vidas. Ela compartilhou do mesmo medo. Ficamos de conversar com nossa filha e juntos decidir uma alternativa, onde ninguém fosse prejudicado. Após isso sugeri que fossemos ao advogado para discutir os termos de um divórcio não contestado e justo. Ela falou que confiava em mim e que ela aceitaria o que eu decidisse. Ela se levantou, me deu um último beijo, me agradeceu pelos 15 anos maravilhosos e saiu me deixando com uma sensação de fracasso, mas também de alívio. Afinal, depois de tudo o que passamos nos últimos dias, chegamos a um fim, que se não foi o melhor que esperávamos, foi o melhor que poderíamos ter.
No dia seguinte, reunimos nossa filha e meus sogros na sala e comunicamos a nossa decisão. Explicamos os prós e contras de todas as alternativas que tínhamos e depois de muito tempo de conversa, lágrimas e preocupações com o futuro chegamos ao fim com abraços e promessas de não nos distanciarmos. Falei com meus sogros que não os chamaria mais assim e perguntei se poderia chamá-los de pais, porque eles poderiam ter perdido um genro, mas eu continuaria me considerando filhos deles. Mais lágrimas derramadas, só que dessa vez de alegria. O processo de divórcio, foi concluído de forma rápida e tranquila. Compramos um confortável apartamento para ela. Ela ficou com o carro que já usava. Não precisou de pensão alimentícia, pois ela ganhava bem no seu emprego. Nossa filha ficou morando comigo devido à proximidade de sua escola, mas ia sempre visitar a mãe. O namoro dela ia de vento em popa, mas sempre focada em sua formação. Queria ser igual a mãe, independente financeiramente. Meu relacionamento com Patrícia era de amigos realmente. Nunca mais tentamos uma reaproximação, pois achávamos que poderia estragar a relação saudável que tínhamos. Ela continuava a frequentar a terapia. Ainda tinham muitos demônios para exorcizar.
O tempo foi passando. Eu e Patrícia sempre nos dedicando as nossas carreiras e a nossa filha. Já tinham se passado um tempo enorme de nossa separação. Era tanta dedicação que esquecemos de viver nossas vidas. Minha filha precocemente se formou no ensino médio e prestou vestibular para medicina. Não sei porque escolheu a USP. Como morávamos no RJ eu não me sentia à vontade e seguro de deixa-la morar sozinha em uma cidade grande. Patrícia então se prontificou a pedir transferência para lá e ficaria com Rebeca. Assim foi feito. Minha casa ficou ainda mais vazia. Mas estava feliz pela Rebeca. Estaria se formando em medicina numa das melhores faculdades do ramo no Brasil. Sozinho, de casa para o trabalho, do trabalho para casa, resolvi aceitar um convite de um colega de trabalho para uma confraternização da empresa em um conceituado clube de nossa cidade. Eu era um homem separado e já tinha me conformado com a solidão. Na festa cumprimentei vária pessoas conhecidas e fui apresentado a uma quantidade ainda maior de pessoas que não conhecia. Já me preparava para ir embora quando percebo entrando pela entrada principal do evento uma pessoa que me chamou muito a atenção. Ela era alta, pelo menos parecia. Hoje com o tamanho dos saltos você pode se enganar com isso. Mas ela era imponente. Morena, cabelos castanho claro bem compridos e perfeitamente escovados. Olhos verdes, vestia um vestido extremamente comportado, mas muito elegante. Um andar elegante, um rosto delicado e um sorriso de cair o queixo. Desisti na hora de ir embora. Fiquei meio que hipnotizado por ela. Pela primeira vez uma mulher mexeu de verdade comigo depois de Patrícia. Esperei ela se deslocar pelo salão para ver com quem ela interagia. Via que ela se conversava muito com o Seu Adamastor que era um de nossos vendedores mais antigos. Sem medo do perigo, cheguei perto dos dois e falei:
-- Boa noite seu Adamastor, como vai?
-- Boa noite Sr. Jorge. Falou simpaticamente. Eu vou bem e o Sr.?
-- Vou bem obrigado. Está gostando da festa? Perguntei para estender a conversa.
-- Está linda demais. A propósito esta é Cecilia, minha filha. Falou redirecionando o assunto para ela.
-- Um prazer Srta. Cecília. Seja muito bem vinda a nossa festa. Espero que esteja gostando. Falei, estendendo a mão para ela e sem parar de olhar para aqueles olhos penetrantes.
-- O prazer é meu, mas é apenas Cecília, por favor. Não estou acostumada a essas formalidades. Me corrigiu docemente.
--A festa está linda, nunca estive em uma festa tão linda. Obrigado pela oportunidade Sr. Jorge. Agradeceu.
-- Jorge... só Jorge por favor....
Continua......