Ricardo não havia recebido qualquer ligação de Aline no dia seguinte daquele fatídico jantar, e também não apareceu na casa dele. Ricardo também não se importou, afinal para ele aquela vingança já tinha acabado. Fora que não conseguia mais olhar para a cara de Aline, depois de todas as coisas que aconteceram.Todas as vezes em que pensou se vingar de Aline conseguia ver no fundo daquela escuridão o sorriso de Clara, e percebeu que estava perdidamente apaixonado por aquela mulher. Pegou suas coisas e assim saiu, montou em sua moto e acabou indo único lugar onde ele queria estar nesse momento. Já não podia mais tentar se enganar ou tentar não pensar em outra coisa, a verdade é que sua mente coração já estava em outro lugar, e era neste lugar que ele queria estar nesse momento.
No meio do caminho, ligou para seu pai, onde iniciaram uma longa ligação, e Ricardo confessou.
— Pai! Eu estou me apaixonando.
— Sério? Eita porra, mal virou solteiro e já vai estacionar a carroça. E eu queria te levar pra Fernando de Noronha...
— O único lugar que eu quero estar agora, é com a Clara.
— Ah, essa aí eu gosto. Me trouxe você de volta. Aliás, já falou com ela sobre jantar aqui em casa? Quero conhecer a Olga também. Aliás, eu te falei?
—O que pai?
— Ela começa hoje, os ensaios e gravações da coleção verão da Montovani Store! Vai ser um espetáculo, imagina, essa ruiva gostosa aparecendo na tv?
—Ora pai, e você não tem ciúme?
— Com a verdinha caindo no meu bolso por causa do comercial? Jamais querido, negócios são negócios.
— Está certo então. Irei falar com ela sobre o jantar. Te amo, pai.
Desligou então o telefone, e depois de montar em sua moto, seguiu rumo a casa de Clara. Se lembrava muito bem onde Clara morava, então, ao chegar lá, pediu para ser recepcionado, e logo teve sua entrada autorizada. Assim que chegou no andar, o elevador mal se abriu, e a primeira pessoa a vir correndo abraçar Ricardo, foi a pequena Isabella, feliz por ver o "titio" mais uma vez.
— Titio! — Disse a pequena Isabela, que corria até Ricardo com os bracinhos abertos, logo dando um abraço nele, que retribuiu todo carinho. Era uma pequena toda encantadora, impossível de não gostar. Clara também veio até ele, e assim o abraçou, super apertado.
— Clara, eu decidi, por você, e por ela. De agora em diante a minha vida vai se dedicar a vocês duas, aos poucos vocês estão me ensinando o que é verdadeiramente se importar, amar e até mesmo deixar para lá mágoas e coisas ruins. Eu não aguentei, precisava te ver e falar isso.
— Ah, Ricardo... — Clara então não perdia tempo, e beijava aquele homem, unindo seus lábios aos dele. Ricardo também beijava os lábios dela, como se fosse a última coisa que ele faria, mesmo sabendo que suas bocas iriam se encontrar muitas vezes, a vontade e sensação de desejá-la era tanta, que cada encontro era cheio de intensidade, carregado com uma extrema paixão e desejo. Os dois estavam ali, aproveitando o máximo de tempo juntos, se desejando e tomados por um desejo extremo de estarem próximos.
Claro que a pequena Isabela acabou interrompendo o beijo puxando sua mãe, falando com aquela voz manhosa que quer atenção. Todos então entraram dentro da casa de Clara e assim Isabela aproveitou para mostrar ao seu titio seus presentes de natal. Mostrou que ganhou da sua titia um vestido novo, e de seu papai, um jogo de montar. Ricardo que estava com um pacote na mão, disse que também tinha trazido um presente para ela e quando ela pegou para abrir, era o último modelo da Barbie cantora, lançado especialmente no ano anterior e que já havia sido recolhido das lojas, onde foi vendido por uma edição limitada. Isabela vibrou com o presente, mas Clara ficou desconfiada como que Ricardo havia conseguido algo tão difícil assim de conseguir. Ricardo então abriu o jogo para ela.
— Eu acho que você deve ter pensado que esse tempo todo eu estava desprovido de dinheiro, mas na verdade eu sou um Montovani, sou herdeiro da Montovani Store, além de outras coisas investidas por aí. Então para mim foi muito fácil conseguir isso.
— Pera... Então o seu pai é o... Tércio?! Meu Deus, então você é o Ricardo Montovani. E seu pai, aquele que você falou que havia traído com a sua ex-noiva é o Tércio Montovani. E sua ex-noiva é aquela morena que eu vi uma vez.
— Não vai me dizer que você conhece ela também?
— Não, de jeito nenhum! Mas eu já vi ela aparecendo uma vez em algumas propagandas da sua loja, e minha irmã, acho, falou que ela era nora do dono. Minha nossa... Mas ela tem uma cara de biscate mesmo, hein amor. Eu sou mais bonita. Hahaha!
— Repete o que acabou de falar.
— Que ela é uma biscate? Porque?
— Não! Amor... Você me chamou de amor.
— Ah, Ricardo, seu bobo! Amor, meu amor. — Clara finalizou suas palavras e abraçou Ricardo mais uma vez. Voltaram a se beijar, era inevitável e linda a conexão dos dois, enquanto Isabela estava distraída ali, brincando com sua nova boneca, adorando o presente do titio.
Do outro lado da cidade, Tércio segue a sua saga de transformar Olga, na modelo de sua empresa. Ele tinha contratado uma empresa de imagem e de Marketing, para um novo comercial, onde a atriz da propaganda seria sua esposa. Olga já era familiarizada em atuar, pois fez algumas pontas na Rússia, mas no Brasil era uma coisa bem diferente, atuar.
— Senhor Tércio, sua esposa é linda e muito talentosa na parte de atuação, mas tem um português, digamos... Arranhado. Eu sugiro a ela melhorar mais nisso. —Disse Josias, o diretor do comercial que estava ali junto dos dois, comentando que o russo de Olga, misturado com seu português atrapalhava um pouco a pronúncia e entendimento, mas teve total desaprovação do velho.
— Então você achar que russa meu atrapalha para pessoas entender? — Perguntou Olga, enquanto estava esperando mais um take de gravação, sobre o grande chroma key, vestida com um biquini bem sexy, para o novo comercial do projeto verão da franquia.
— Não está não, gostosa. Esse cara aí, que parece que não entende que é pra fazer como EU quero, afinal sou EU quem pago. Como você tem mal gosto, em querer deixar artificial uma pessoa que exala naturalidade igual minha esposa? É pra deixar assim.
— Tudo bem então, sr. Tércio. Vamos iniciar as gravações novamente.
Então as gravações se iniciaram mais uma vez, onde o diretor deu a ordem, e assim os holofotes e luzes foram diretamente até Olga, que fazia uma pose no chroma key, enquanto segurou uma bola de praia, enquanto um editor de imagens colocava a imagem dela transparente em um fundo de praia, colocando todos os efeitos possíveis enquanto iniciaram a gravação.
— A Montovani Store convidar você para os lançamenta da linha de verão especial. Vejam só! Temos desde protetor solar, a barracas, toalhas, termos e tudo para sua viagem, para curtir o verão com família! — Olga seguia o que havia estudado no roteiro, andando de um lado ao outro, e mostrando as ofertas e variedades das lojas. O diretor ainda se incomodava com alguns sotaques russos que ela colocava dentro do português, porém roteirista, o próprio Tércio, o fotógrafo e o cameraman tinham gostado do improviso ali. Assim que terminou as gravações, o diretor mandou cortar, e todos ali aplaudiram Olga por sua desenvoltura e principalmente calma ao estar de frente a uma câmera.
— Eu achei bom esse, mesmo com aquilo que... Enfim, não é, acho que pra melhorar, devemos gravar agora na praia mesmo, onde ela finaliza dizendo algo para finalizar.
—Eu poder dizer assim: Montovani Store, conquistando corações dos brasileiros, e agora, até das russas. — Disse Olga.
— Porra, genial isso. Porra, adorei, essa minha mulher é um espetáculo mesmo. Pronto, agora ela vai poder falar em russo a vontade no comercial, depois ela vai se declarar uma cidadã russa, apaixonada pela minha loja. Ver gringo apaixonado por loja de brasileiro traz uma credibilidade muito grande.
Ficou então acordado que ficaria exatamente assim o comercial, então Olga gravou mais algumas vezes para eliminar todos os possíveis e deixar o melhor vídeo para então passar pela última etapa antes de ser divulgado nas emissoras e também no streaming. Ali se iniciava a trajetória de Olga que iria se tornar um grande rosto na empresa de Tércio.
Ricardo passou praticamente o dia todo com Clara, os dois passaram boa parte do tempo ali assistindo filmes com Isabela, enquanto ficavam ali encarando um ao outro. Ricardo estava adorando aquela vida nova que estava levando, ao lado das duas, e decidiu que era aquilo que ele queria. No final do dia, ele se despediu.
— Não esquece, o aniversário da Belinha é sábado agora, no salão.
—Não vou esquecer, e ainda vou dar presente! — Pegou a pequena no colo, que deu um beijo na bochecha de Ricardo.
— Meu presente maior é ter o titio e o papai na festa! — Ricardo então ficou sem graça e assim olhou pra Clara, e disse.
— Papai é? Olha que o titio pode ficar com ciúmes! hahaha
— Para, amor. Eu já desencanei do meu ex faz 1 ano e meio. Hoje ele está muito bem casado, e agora eu tenho o meu mais novo namorado. — Nisso, Clara dá mais um beijo em Ricardo, que dá uma leve mordida em sua boca, antes de colocar a pequena de volta ao chão, e se despedir.
— Pode ser, pode ser. Mas eu tô só brincando. hahahaha! Embora seja meio embaraçoso estar sei lá, no mesmo lugar que um ex seu, eu nem o conheço.
— Garanto que se brincar, até amigos vocês se tornam. Ele também gosta dessa parada de meio nerd que você gosta, ou já se esqueceu que acabamos de assistir anime, e não era só a Belinha que ficou ali vendo os desenhos?
— Não, não. Eu não curto essas paradas de ex não. Mas enfim, meu pai quer que você e a Isabela vão pra nossa casa amanhã. Ele quer conhecê-la.
— O que?! — Disse Clara, enquanto Ricardo se despede e ela fica ali, assustada, por conhecer ao vivo o grande Tércio Montovani. — Mas, pera, conhecer seu pai, o Tércio Montovani? Minha nossa...
— Calma, relaxa, é só um jantar. Vou indo, beijos!
Ricardo voltou para sua casa completamente empolgado e entusiasmado, parecia até mesmo com as suas energias renovadas depois de passar um dia todo praticamente com Clara e sua filha. Ele estava realmente apaixonado, e aquilo estava até mesmo o fazendo esquecer de tudo o que havia acontecido ali. Porém, ele teria um teste de fogo, quando chegasse no casarão, pois tinha alguém ali à sua espera. Ricardo, assim que chegou na mansão, estacionou o carro, e notou que o lugar estava em um completo silêncio. Não tinha ninguém ali, pelo menos a dona Helena, nova contratada deveria estar lá, mas não estava. Subiu então até seu quarto, e ali ele teve uma surpresa.
— Você demorou... — Estava ali Aline, vestida com aquela roupa de empregada, sem calcinha, de quatro e com a bunda à mostra para ele, e com aquele chicote ao lado da cama. Ela encarava Ricardo ali, enquanto rebolava a bunda pra ele, e assim dizia.
— Eu estou sendo uma mulher muito levada ultimamente, como você pode ver ontem eu fiz muitas coisas ruins e agora cabe você me punir para purificar este meu corpo para que depois você possa usar da maneira que você quiser.
— Você está louca, que merda é essa? — Disse Ricardo.
— Oras... Você tem me punido e humilhado todos os dias já faz uma semana e meia... E eu aprendi a gostar. Você está diferente, está mais macho, mais viril. Não é o mesmo Ricardo. Eu nem me importo com seu dinheiro mais, eu só quero você, seu pau, sua punição.
— Aline, você não pode estar falando sério. Eu fiz aquilo naquele dia, por. — Logo, ele foi interrompido por Aline, que dizia.
— Por que você me ama! Você é louco por mim, exatamente pelo motivo de você ser louco por mim que você é louco para se vingar de mim. Você e seu pai me tiraram tudo, eu nunca vi um homem fazer isso comigo. Eu não sabia que eu gostava tanto de ser submissa, de ser a sua puta. Vem Ricardo, me pune por favor.
— Escuta, não existe mais isso de vingança. Eu acho que eu já fiz o suficiente contra você, eu estou desistindo desta vingança agora mesmo, não vale a pena continuar. Se eu continuar eu só vou conseguir provar para mim e para você que você importa, quando você deixou de importar a partir do momento em que eu descobri tudo o que você fez contra mim. Você teve coragem de me trair até mesmo quando a gente iniciou o namoro!
—Como assim? — Perguntou Aline, enquanto ela saia da posição, e ficava ali encarando Ricardo, perplexa com tudo que estava acontecendo. — Você não pode fazer isso comigo, não pode simplesmente usar e abusar como você tem feito esses dias tudo e agora me jogar fora como se eu fosse um brinquedo. Eu aguentei todos esses dias porque eu quero você de volta, ou melhor, não quero você de volta, aquele Ricardo era fraco, mimado, pouco interessante sem nenhum tipo de ação. Mas você é másculo, viril, eu olho pra você agora e me enche de tesão. Vem, fode comigo. — Disse Aline, que avança até Ricardo, o agarra e dá um beijo nele, praticamente grudando seu corpo ao dele, enquanto começa a esfregar seus seios em seu corpo. Ricardo a empurra, fazendo Aline cair em cima da cama, e a olha com total desaprovação. Aquilo não pode, e nem deve ser feito.
— Você tem noção das coisas, Aline? Depois de tudo o que você fez comigo, você ainda tem coragem de falar que tem algum tipo de sentimento por mim. Eu vou repetir mais uma vez, eu não quero mais você, eu deixei de querer você. Eu estou apaixonado por outra, ela consegue me dar tudo o que você jamais conseguiu me dar. Você entendeu agora? Não existe lugar pra você na minha vida, ela me fez enxergar o quanto eu estava sendo tolo em ficar dando atenção pra você. Portanto acabou, eu não quero sequer me vingar de você mais. Se você quer um conselho pegue o resto das coisas que você tem e vá embora do Paraná, porque eu tenho certeza que o meu pai vai querer colocar você na cadeia, então vá pra longe pense na sua vida. Por que a qualquer momento a polícia vai colar na sua vida e não vai ser tão gentil quanto eu.
— Outra? Quem é a biscate? Me fala, me fala! — Aline, descontrolada, segurou os braços de Ricardo, que a jogou novamente na cama, e naquele momento, perdeu totalmente a paciência.
— ESCUTA! Minha futura namorada não é biscate igual você. Ela é muito melhor que você, então vejo suas palavras antes de falar dela. E outra coisa, eu quero que você vá embora desta casa, embora da minha vida. Se você não for embora agora eu chamo a polícia entrega aquele pendrive para eles eu mesmo!
Aline então completamente derrotada, pegou então as suas coisas e assim fui até o banheiro se trocar, colocar uma outra roupa para poder ir embora. Do banheiro deu para ouvir a mesma começar a chorar, Ricardo achou totalmente estranha aquela atitude e para ele não passava de teatro. Desceu então para a cozinha para preparar alguma coisa, e quando ligou para dona Helena, ela informou que havia sido dispensada no dia por Aline, que disse que foi ordem do próprio Ricardo. Ricardo e claro desmentiu Aline e disse que ela já não era mais bem-vinda naquela casa, dando ordem inclusive aos seguranças para não deixar ela entrar mais. Ricardo voltou para o seu quarto e não viu mais Aline ali. Mas claro, aquilo estava muito longe de acabar.
Depois de alguns minutos Aline já estava de volta em sua casa, mas nem teve tempo de entrar. Pois quando cruzou a esquina viu duas viaturas da polícia civil, junto da polícia militar entrando e saindo da casa. Pensou na hora que tudo aquilo era coisa do Tércio, que provavelmente já sabia do rompimento e já estava tratando de acusá-la. Aline estava em maus lençóis, pois grande parte do seu dinheiro estava dentro da casa, é um compartimento secreto na parede do quarto, dinheiro que ela nunca revelou para ninguém que havia sido desviado da empresa de Tércio. Fora suas roupas, documentos, tudo o que ela iria precisar para escapar. Pensou que seria melhor entrar quando os policiais fossem embora, porém depois de meia hora eles continuavam ali.
Tudo o que Aline pensou naquele momento era de alguma forma fazer algo contra a família Montovani, aqui no fim das contas resolveram colocar ela na cadeia. Mas ela também tinha outros objetivos pessoais, estava na hora da Aline agir. Depois de mais 2 horas os policiais desistiram de ficar na casa e foram embora, Aline resolveu não dar muita Bandeira e entrou pela janela atrás da casa. Usando a lanterna do celular, ela resolveu andar pelos cômodos para que ninguém notasse alguma luz da casa acesa. Pegou a sua mochila juntamente com alguns pertences, dinheiro e mais algumas coisas e novamente foi embora.
Aline sabia que não poderia fugir por muito tempo, então precisamos deu um plano rápido. Para iniciar, ela iria para a casa de uma velha amiga, uma que era tão trambiqueira quanto ela para pedir algum canto para dormir e uma cozinha para poder cozinhar. O próximo passo de Aline agora seria descobrir mais sobre Ricardo e principalmente o que o motivou a falar tudo aquilo e desistir dela. Tinha outra na jogada, e mesmo que Aline tivesse perdido de vez as chances com Ricardo, não podia permitir que outra ficasse com ele. Algo havia mudado em Aline, depois de uma mulher que não se interessava em nada pelo Ricardo apenas pelo seu dinheiro, agora ela estava louca e obcecada por ele. Aquele estava se tornando um jogo perigoso demais.