Em 2022 achava que seria mais um ano sem grandes emoções como vinha sendo minha vida nos últimos tempos. Estava no mesmo emprego há oito anos, tinha eventuais ficantes, mas nada realmente sério, e uma vida relativamente estável. A única novidade recente àquela altura era ter firmado amizade com com Eliza, dona de um bar que conheci em um aniversário.
Ela tinha 40 anos e eu, 38. Era casada com o Mauri, dono de uma oficina e um pouco mais velho que nós duas. Havia conhecido o bar em uma festa de um colega de trabalho e ficamos ali batendo papo por um bom tempo. Acabei voltando outras vezes, já que quase toda sexta ela fazia churrasquinho e colocava mais mesas na calçada e também no quintal interno, que era bem grandinho para um estabelecimento quase humilde como aquele. Típico lugar de uma região amis periférica de cidade média do interior de São Paulo.
Ficamos amigas e, por tabela, também fiz amizade com sua filha única, Manuela, de 19 anos. Comigo, ela muitas vezes contava coisas que não conseguia falar para a mãe, desde inseguranças típicas de alguém que estava no primeiro ano da faculdade (e seria a primeira da família a ter curso superior) até as questões amorosas, com as paixões típicas da idade e outros dilemas.
Enfim, alguns meses depois era como se fizesse um pouco parte da família. Sempre era bem recebida por eles e pra mim também era uma experiência interessante e diferente porque minha origem é de uma classe média não alta, mas de situação confortável. Trabalhava em uma empresa do ramo agropecuário e tinha um bom salário, mas ali, mesmo com alguns valores distintos dos quais estava habituada, me sentia à vontade.
No bar da Eliza a patricinha que eu sempre havia sido, embora não esnobe, dava lugar a uma mulher mais solta e despreocupada. Curtia a noite com pessoas amigas, dançava samba e pagode, cantava e bebia com o pessoal que era muito acolhedor.
Claro também que eu chamava a atenção ali. Tenho 1,70, sou branca tipo falsa magra, cabelos castanhos mas tingidos de loiro. Corpo em forma e curvas, modpestia à parte, interessantes. Recebia olhares e cantadas, as menos discretas logo coibidas por quem já me conhecia e sabia que não era muitoa afeita a isso. Tinha medo de estragar o ambiente para mim caso me envolvesse com alguém e, de verdade, nenhuma pessoa tinha despertado meu desejo naqueles meses que frequentava o local.
Mas essa história iria mudar.
****
Manu um dia trouxe um amigo dela pra roda de sexta à noite. Era o Anderson, de 19 anos como ela. Rapaz moreno, quase mulato, era um pouco mais baixo que eu (1,67) e magro, mas daquele tipo definido. Ela nos apresentou e ficamos conversando um tempo. Era simpático, bem humorado, do tipo que cativa com o carisma. Mesmo assim, durante o tempo em que conversamos, que foi quase até o bar fechar, ele não avançou o sinal, e eu muito menos. Nunca gostei de homens mais novos, e, como disse antes, não queria me envolver com ninguém naquele momento.
Como já era madrugada, Eliza me ofereceu para dormir no quarto de Manu, que tinha uma bi-cama, na casa deles ao lado do bar. Como em algumas outras ocasiões, aceitei. Ajudei a arrumar as coisas e fui me preparar para dormir.
Já de luz apagada, Manuela puxou papo, como sempre fazia quando eu estava ali. Falamos daquele dia, que tinha sido bem animado, e ela perguntou o que havia achado do Anderson.
- Um amor de rapaz, Manu - respondi. Simpático demais, né?
Ela fez um barulho do tipo "hummm" e falou:
- Acho que ele gostou bastante de você também, Carol.
Dei uma risada contida e perguntei a ela o porquê do comentário.
- Ah, não viu o jeito que ele te olhava?
Puxando pela memória, ele de fato tinha me observado de um jeito diferente. Não somente me fitava nos olhos quando conversava, como também mirava com timidez meu decote (estava de vestido de alcinha, solto, realçando meus seios médios e firmes). Não havia achado nada demais, normal, foi bem educado até.
- Manu, ele tem metade da minha idade...
- E daí, Carol? eu também tenho e somos super amigas, não somos?
- Mas é diferente.
- Diferente no quê? Namoro e amizade às vezes são muito próximos, você que me disse isso uma vez. E você também sempre diz pra não termos preconceitos.
Agora ela estava usando minhas palavras contra mim. Ri. Manu era inteligente e sempre argumentava bem. Também por isso que nossa amizade era boa.
- Tá, Manu, mas a gente tá só aqui especulando, né? Você está supondo uma coisa e daí estamos falando de uma situação totalmente hipotética.
Ela riu:
- Mais ou menos, Carol.
- Como assim?
- Na hora que o Anderson veio se despedir de mim, ele disse: "nossa, sua amiga é uma princesa". Estava falando de você...
Ainda bem que a luz estava apagada porque ruborizei na hora. E nem sei por que. Afinal, sou experiente, vivi muitos relacionamentos. De fato, nenhum deles muito longo, o que durou mais havia sido de um ano. Sempre acabava terminando por motivos variados. Às vezes a chama daquela paixão incial sumia rápido demais, o que me incomodava, noutras vezes eram aquelas facetas que vão se descortinando aos poucos que me assustavam à medida que o relacionamento avançava. E, de verdade, não me fazia falta ter alguém por muito tempo. Gostava da sensação de liberdade, de ter opções e não ter ninguém me monitorando ou dizendo o que fazer.
Mesmo assim, fiquei vermelha na hora.
- Imagina, Manu, invenção sua. Vocês têm amigas lindas e bem mais novas.
- Sim, mas você é linda também, amiga! E o Anderson também achou. Ficou até meio bobo, coitado.
Manu riu e ri com ela. Minha auto-estima e meu ego inflaram com aquele comentário. Um jovem interessado romanticamente, digamos, era algo que já havia acontecido. Uma vez um estagiário de 20 anos havia se declarado apra mim, o que rechacei, com delicadeza, na hora. Mas agora, era diferente. E não consegui entender exatamente o motivo de ser diferente.
Daí percebi a razão: também havia simpatizado com o Anderson e o achado interessante. Mas não queria admitir. Busquei encerrar o assunto.
- Ai, ai, tá bom, Manu, fico feliz com o interesse dele. Mas já é bem tarde e precisamos dormir. Amanhã a gente conversa mais.
- Tá, Carol. Sonha com o Anderson, ops, com os anjos.
Gargalhamos. Mas fiquei pensando mesmo nele. Lembrava ali dos momentos da conversa, ressignificando alguns gestos, olhares e sinais com a informação que a Manu tinha dado. Sim, tínhamos flertado, mais ele do que eu, de alguma forma.
E pensando bem, eu gostei.
*****
No dia seguinte, tomamos café com Elisa e Mauri. Conversamos sobre a roda do dia anterior, demos risada, nos divertimos como quase sempre, mas, com os pais, Manu não falou do tema do nosso pré-sono. Era daqueles assuntos só nossos.
Também não tivemos oportunidade de conversar, chamei um motorista de aplicativo e fui para casa, que era a 15 minutos dali, um bairro considerado nobre na cidade.
No caminho, uma notificação do Instagram. Era uma solicitação de amizade do Anderson. Não tinha por que não aceitar.
Vi algumas fotos dele. Com os amigos, jogando bola, na praia sem camisa. Como já mencionei, ele era magro, mas com uma musculatura rígida, "todo duro" por assim dizer. A personalidade casava com o corpo, que era bonito.
E não era só eu que achava isso. Uma foto dele de sunga na piscina do clube era a campeã de curtidas e comentários. Ele sentado, as coxas salientes para alguém com aquele peso, abdome definido e peito idem. E um volume pouco discreto na sunga, alvo de muitos dos comentários da postagem.
Fiquei entretida vendo as fotos e quase não percebi que o motorista chegara ao destino. Agradeci, ainda um pouco absorta, desci e entrei em casa.
Ainda via o celular quando começaram a aparecer as notificações de curtidas dele em fotos minhas. Não, eu não tinha nenhuma de biquini, era bem discreta em relação à exposição. Mas ele parecia não se importar. Os likes iam surgindo enquanto ainda via as publicações do seu perfil. Resolvi deixar o celular na penteadeira o quarto para sair daquele looping mental.
Meu Deus, o que acontecia comigo? Seria a lua cheia da noite anterior, brinquei comigo mesma. Aquilo tinha mexido comigo de uma forma que não esperava. Estava lisonjeada, mas também curiosa. Curiosa não, interessada.
Tirei logo minha roupa para entrar no banho. Ensaboei meu corpo e vi que eu estava mesmo ótima. Minha pele continuava lisa, ainda firme nas partes mais notáveis. E depilação em dia, ri de novo sozinha.
Passei a reparar em meu corpo para saber o que havia despertado a atenção dele. Achei que merecia sim aquela atenção. Senti-me bem comigo mesma. Plena. Feliz.
Fiquei por 15 minutos ali no chuveiro, curtindo cada pedaço de mim e me amando um pouco. Saí e vi que havia uma mensagem do Anderson no celular.
Sentei na cama e li:
"Quem bom que aceitou. Adorei ter te conhecido ontem. Espero que possamos ser amigos." A mensagem terminava com um emoji sorridente.
"Amigos, é?", falei comigo mesma. Deite só de toalha na cama e fiquei olhando a mensagem pensando no que responder. Depois de dois minutos, achei melhor ser sucinta: "Também espero. Beijos".
Estava ali com o celular na mão imaginando o que ele pensava. Bem adolescente, né? Continuei vendo as postagens dele, lendo os comentários, seus textos breves...
Nem percebi quando segurava o celular com apenas uma mão, enquanto a outra deslizava no meu clitóris. Via o perfil dele e o imaginava ali comigo. Demorei naquela foto mais comentada e me tocava.
Fechei os olhos imaginando o beijo dele, o cheiro de perto... Nossas línguas unidas, nossos corpos juntos. Ele passeando com as mãos pelo meu corpo e eu pelo dele. Conhecendo seu sabor, sua virilidade, sua intensidade. Sabendo como ele se porta com uma mulher, de que forma busca prazer, descobrir o que gosta de dar e o que gosta de receber.
Pensei nele todo sendo um só comigo. Estava me tocando e logo gozei fortemente, abafei um grito e arfei na cama, deitada e satisfeita por aquele instante, sabendo já que não seria o suficiente. De olhos fechados, com minha vagina úmidade, só consegui pensar e falar baixinho:
- Anderson...