Acordei na manhã seguinte, e apesar de conseguir dormir por toda a noite. Eu simplesmente não consegui descansar.
E ao abrir os olhos, todo o peso daquela realidade havia retornado, me deixando ainda pior do que estava quando fui dormir na noite anterior.
Mas não poderia deixar esse peso me derrubar, pois afinal de contas, precisaria resolver aquela situação, e para isso precisaria estar bem centrado.
Finalmente levantei, fiz minha higiene pessoal e fui tomar o café da manhã e segui para mais um dia de trabalho. Dia esse que se arrastou por horas que pareciam não passar.
Trabalhei completamente desconectado durante todo o dia. Dava respostas automáticas, não cheguei brincando e fazendo graça como sempre fazia. E ao ser questionado do motivo de estar tão aéreo e quieto, precisei inventar uma desculpa qualquer, como dor de cabeça.
Muitos de vocês devem pensar que eu fiquei assistindo e reassistindo aquele vídeo deplorável, que fiz como prova da traição da minha até então amada esposa e do meu querido melhor amigo, que eu novamente reforço aqui, que éramos como irmãos. Porém só de imaginar aquela cena, meu estômago embrulhava e a vontade era de socar o primeiro que eu via em minha frente, apenas como forma de externalizar aquele sentimento terrível que foi instaurado em mim após aquele flagrante.
Próximo ao meio dia, reuni todas as forças que eu tinha, engoli toda a vontade de vomitar que me surgia apenas de pensar que eu teria que ouvir a voz daquela traíra e liguei para aquele contato salvo como “Amor da minha vida” em meu telefone.
Quem diria eu um dia eu olharia para esse contato com ódio e nojo, e não com amor e cumplicidade, como era até o dia anterior.
O telefone discou e discou, e nada da Pamela atender a ligação. Liguei mais 2 vezes, e a mesma coisa. Após o fim da terceira tentativa, tive um inside de que poderia estar acontecendo para aquela traidora não atender o telefone. Então resolvi ligar para aquele traíra para que eu pudesse tirar a prova viva das minhas suspeitas. E ao ligar para o Waldeir, a mesma situação se repetiu. Conclui que esses filhas da puta estavam juntos.
Mas não tardou muito, e a Pamela entrou em contato comigo. Com uma voz animada, dizendo que estava com saudades (claro, imagino que saudades é essa) e perguntando quando iria voltar para casa naquele dia.
Como não estava com muito estômago para estender aquela ligação. Informei que estava trabalhando, e que na noite anterior tinha me surgido a ideia de realizarmos um jantar em casa, com meus pais, seus pais e que seria uma boa convidar Waldeir e esposa, caso eles já não tivessem planos para aquela noite.
Pamela achou ótima a ideia, mas quis entender o motivo desse jantar tão repentino. Onde eu apenas disse que tinha tido essa ideia na noite anterior, após uma conversa solta com um colega de trabalho, onde o mesmo compartilhou que recentemente viajou com a esposa, os sogros e os pais, e que foi ótimo poder estarem todos juntos em um momento de confraternização.
Dito isso, pedi a Pamela para preparar algo especial para aquela noite, que iria entrar em contato com todos para realizar o convite.
O único problema desse plano, é se caso Waldeir e esposa não pudessem comparecer ao jantar, tendo em visto que poderiam ter algum compromisso já agendado. Meus sogros e meus pais eu sabia que não teriam problemas, já que não era comum programas a noite para eles. Que no geral saiam à noite quando era algum compromisso familiar mesmo.
Por sorte todos puderam comparecer, e ficaram super animados com o convite. Mas mal sabiam eles que essa noite ainda teria muito o que acontecer.
Passei o resto do dia da mesma forma, aéreo e sem muito espaço para interação com quem trabalhava comigo. Finalmente às 19h estava se aproximando, e a grande maioria dos meus colegas de trabalho já tinha ido embora. Tirando os dias que tinha alguma reunião ou projeto a serem feitos, eu também ia embora junto a todos do escritório. Porém naquele dia, eu preferi ficar mais 1 hora ali, sem ter exatamente o que fazer, mas apenas para que eu não precisasse lidar com a Pamela em casa, pois sinceramente ainda não sei se conseguiria simplesmente não jogar tudo na cara dela assim que chegasse.
Porém precisei ser frio, para que tudo ocorresse como eu esperava.
Um pouco após às 20h, após receber algumas mensagens da Pamela, questionando minha demora.
Resolvi ir para casa, para aquela noite que minha vida mudaria drasticamente, e de forma definitiva.
O caminho para casa acabou se tornando mais longo que em geral demorava.
A vontade real era de nem voltar, de dali mesmo já seguir outro rumo, deixando aqueles dois traíras para trás, sem maiores ou menores explicações. Mas caso eu fizesse isso, eu sairia dessa situação apenas como o babaca que abandonou a esposa. E isso era o que eu menos era naquela situação.
Assim que cheguei em casa, e adentrei aquele que era nosso canto de amor, fui recebido por Pamela, que estava linda como sempre, trajando um vestido leve porém muito elegante, e uma sandália rasteirinha, que dava um toque de sensualidade e conforto, uma vez que o jantar seria em casa e com pessoas extremamente próximas, não sendo necessário grandes preparações para isso.
Em outra ocasião, provavelmente eu a teria agarrado ali mesmo, dado um beijo de tirar o folego e teria arriscado uma foda rapida, como ocorreu varias vezes em que eu me deparava com a Pamela se arrumando para algum evento, e pelo tesão enorme que eu sentia nela, já chegava agarrando e atacando seus pontos fracos. Mas naquele momento, eu apenas dei boa noite, e fui direto para o quarto, alegando que iria tomar um remedinho para dor de cabeça e um banho, para que eu estivesse preparado para nosso jantar daquela noite.
Ela estranhou um pouco, pois em geral eu chego dando um beijo e perguntando como foi seu dia. Mas nada disse, apenas perguntou se a dor de cabeça estava muito forte. O que eu neguei seguindo para o quarto.
Já no banho, não pude contar todos os sentimentos e sensações que tomavam conta de mim naquele momento. Raiva, mágoa, tristeza, abandono, incapacidade e medo, essa mistura de sentimentos, me fez cair em um choro que provavelmente não acontecia desde quando eu era criança. Mas precisava ser firme e seguir com tudo que estava acontecendo.
Logo pude ouvir a campainha tocando e escutei as vozes daqueles que até então eram meus sogros, e em seguida pude ouvir que o restante também havia chego (meus pais, o traíra e sua esposa).
Respirei fundo, busquei todo o cinismo possível que existia dentro de mim, e desci em direção aquele evento que muito prometia.
Recebi a todos com um sorriso forçado no rosto. Conversamos amenidades, até que o jantar fosse servido.
Durante todo momento eu tentava achar alguma brecha de algum contato visual entre Pamela e Waldeir, alguma tentativa de ficarem sozinhos juntos, alguma piada interna, qualquer coisa que pudesse denunciar a trairagem que estava acontecendo sobre meu teto. Mas nada. Eles agiam como sempre, sem nenhum deslize, nem sequer uma olhada mais longa ou algo do tipo. Se não fosse o fatídico dia que flagrei aqueles dois fudendo em minha cama, eu jamais poderia imaginar que aquilo estava ocorrendo.
Pois bem, conversamos, jantamos e por fim convidei a todos para que pudéssemos nos sentar na sala, para que fosse possível estender um pouquinho mais aquela noite, que para todos menos para mim, estava realmente agradável.
Mas não tinha como enrolar mais, eu apesar de conseguir até aquele momento, mascara tudo que estava sentindo, de controlar a vontade de gritar com meio mundo, de dizer o quanto ferido e magoado eu estava naquele momento, pelo o que aqueles dois traíram estavam fazendo.
Sentamos no sofá, e a conversa continuou a todo vapor. Meu sogro estava contando um caso que ocorreu com ele, e que acabou fazendo todos rirem.
Eu comecei a rir muito mais que todos, e dei início o que seria o fim daquela alegria que parecia envolver todos naquela sala.
Claudio - Hahahahahahahaha, essa história é maravilhosa. Eu tenho uma muito boa, que aconteceu nessa semana.
Eu acabei chegando mais cedo em casa, pois tive uma reunião cancelada no escritório.
E vocês não sabem a surpresa que eu tive, quando encontrei Pamela e Waldeir em uma conversa muito animada. O problema é que essa conversa estava acontecendo com os dois pelados, fudendo na minha cama. Hahahahahahahahahaha, muito boa essa história não é!?
Nessa hora todos estavam olhando sem acreditar no que eu tinha acabado de falar. Meu sogro logo veio querer satisfação daquilo que ele classificou como uma brincadeira de moleque. Mas antes de qualquer outro querer argumentar, eu simplesmente dei play no vídeo em meu celular, compartilhando na TV, aquela cena grotesca que presenciei dias atrás.
Depois disso, vocês podem imaginar o fuzuê que virou aquela noite, que tinha tudo para ser mais uma confraternização de família.
Pamela, chorando, pedindo perdão.
Waldeir em choque, sendo esmurrado pela sua esposa, que não parava de gritar como ele poderia ter feito isso com ela.
Meus sogros paralisados, sem reação alguma.
Meus pais olhando para mim com uma cara de piedade, que me fez ficar mais enojado ainda de toda aquela situação.
Enfim, não vou me estender muito. Depois daquela noite, eu simplesmente não falei mais nada com nenhum deles. Não acredito que tenha nada a ser dito.
Apenas informei aos meus pais que iria passar uns dias na casa deles. Até que toda questão do divorcio fosse resolvida.
Pamela, apesar de todo esforço em querer se explicar, não conseguiu sequer um olhar meu de atenção. Para mim aquela mulher não existia mais, não fazia a menor questão de sequer considerar sua existência. Inclusive, nem em nossa audiência de divorcio, eu fiz questão de olhar, falar ou reagir a qualquer tentativa dela de se aproximar de mim. Definitivamente, ela passou a ser menor que uma estranha, afinal, uma pessoa estranha a seus olhos, ainda que estranha, é vista. Pamela, nem isso receberia de mim.
Não fiz questão de saber nada da vida daquelas pessoas. Lamento muito que tenha me afastado dos meus ex sogros, que são pessoas maravilhosas, mas não existia motivos para qualquer contato ou algo do tipo.
Se fiquei mal? Com total certeza. Sofri muito, afinal sou humano. Mas não seria capaz de ir contra meus princípios, de ir contra a educação que me foi dada pelos meus pais, que sempre valorizaram o amor próprio.
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Bom é isso pessoal. Eu nem ia terminar esse conto, ou o outro que comecei. Por motivos de, não tenho tempo para ficar aqui escrevendo, e também pouquíssima paciência para investir tempo e energia, em algo que não me trará retorno nenhum.
Porém resolvi terminar apenas esse conto, para poder contribuir de alguma forma nesse site, que está infestado de cornos mansos, que aceitam tudo, deixam-se humilhar das formas mais ilógicas possíveis, e pior, usam da máscara do mundo liberal, para justificar as imbecilidades que venho lendo ao longo desses últimos anos.
O dia que vocês tiverem contato com o mundo liberal de verdade, vão entender o quão nojento são essas narrativas que vem sendo compartilhadas por aqui. Salvo alguns autores, que não preciso citar os nomes, que por mais que tenham contos mirabolantes, conseguem chegar a uma conclusão em suas narrativas, onde o personagem traído (seja o homem ou a mulher), ainda conseguem manter sua dignidade (mesmo que as vezes abalada).
Não vou pedir desculpas pelos erros ortográficos e gramaticais do texto, afinal de contas, não tive nem o trabalho de revisar. Demorei quase 2 meses para escrever esse capítulo final, dada a minha vontade enorme de escrever para esse site.
PS: Sou um homem cis, homossexual, que vive o relacionamento aberto na sua forma mais completa e respeitosa possível. Porém tenho um enorme tesão em homens heteros, que não trocam seu amor próprio, seu respeito por si mesmo, em troca de serem subjugados e desclassificados enquanto um ser humano.
PS2: Um enorme respeito a todos criadores do site. Pena que o espaço maravilhoso criado por vocês, esteja sendo levado para um caminho de desinformação tão grande.
Bjos de luz e feliz 2024!