Estava em uma operação policial, havíamos descoberto algo grande. pelo menos 1500 quilos de cocaína sendo transportadas pela BR-116, em um caminhão. Iríamos interceptá-lo no trevo de Bonsucesso, um pouco antes da ponte. Eu era o líder da operação, havia pelo menos mais dois agentes federais comigo, e mais três ali em pontos estratégicos para nos dar cobertura. O caminhão não estava sendo escoltado, os traficantes tentaram fazer desta operação algo como mais comum possível. Quando o caminhão passou pelo ponto em que colocamos como linha, sair de uma esconderijo junto com os outros policiais apontamos nossos fuzis para o caminhão, mandando o motorista descer.
— Desce do caminhão, devagar. — Dou a ordem, o motorista então desce do caminhão, e logo sou interceptado por um tiro.
Me escondi atrás do caminhão, os tiros pareciam tentar acertar o próprio motorista, provavelmente ele estava sendo seguido e o atirador tinha ordens para matá-lo caso algo desse errado. Traficantes para mim eram pessoas sem alma, matar seus próprios aliados era uma coisa que eu não consegui entender. Os tiros pareciam vir do outro lado da pista, quando eu vi um carro estacionado em outra mão e um cara com fuzil escondido atrás do carro. Os disparos continuavam, insistentemente queriam acertar o motorista e de quebra nós. Meu aliado acabou sendo ferido na perna, acabou correndo atrás da viatura. Acabei tendo o cara na mira e precisei de apenas um único disparo para alvejá-lo. Acertei ele um ponto vital mas ele continuava vivo. Solicitei a ambulância e fui correndo atrás para conseguir informações, mas quando me viu, sacou sua pistola e deu um tiro na própria cabeça. Agora só tinha o motorista para interrogar.
— Pois é amigo, parece que é seu dia de sorte, ou não. Você vem comigo. — Digo ao motorista, o levando de custódia para a delegacia, pois ele tinha muitas coisas a esclarecer sobre aquilo.
— Eu não vou falar nada, você pode me levar preso, mas de minha boca nada sai. Não quero ser morto.
—Então eu posso deixá-lo solto, e aí sim você será morto. Se falar, posso arrumar um jeito de te proteger. Temos um ótimo programa de proteção à testemunha, se você cooperar pode receber uma vida nova. Pense nisso enquanto estou te levando preso.
Consegui então interceptar a mercadoria que estava sendo transportada na HR, junto com alguns outros produtos que serviam apenas como máscara. Na delegacia, o motorista foi interrogado e depois de uma boa prensa, ele resolveu entrar para o programa de proteção a testemunhas e assim nos revelou tudo sobre o esquema de drogas. O responsável era um cara conhecido como Argentino. O tal do Alberto também estava dentro desse esquema, tive certeza ali que havia irritado muito aquela quadrilha. Afinal de contas acabei interceptando mercadoria e além disso matei o irmão daquele Alberto. O motorista terminou seu interrogatório assim que ele foi preso. Estava finalizando meu trabalho quando recebo a ligação de Pepe, e aquilo realmente me surpreendeu. Rapidamente atendi o meu irmão, e nem deixei ele começar a falar. Tratei te pedir desculpas por tudo que eu havia feito, pois estava me sentindo culpado pelo sentimento ruim dele.
— Pepe, meu irmão! Eu ia procurar você agora à noite. Eu preciso te pedir desculpas, Você precisa acreditar em mim. Eu não sabia que você era namorado dela e que ela era sua namorada, eu conheci ela na boate e ela me dizia que era solteira. Descobri apenas uma semana atrás que vocês estavam juntos porque acabei flagrando os dois, eu estava pensando em uma maneira de unir nós três e falar tudo mas ela tinha a chave do meu apartamento e ontem me interceptou ali. Não resisti e acabamos. — Naquele momento fui interrompido por Pepe, que me deu a pior notícia que podíamos receber naquele dia.
— Olha meu irmão, depois discutindo sobre isso, sim? Tenho uma coisa para te contar, Beatriz está internada. No mesmo hospital que o pai, eu encontrei na casa dela.
— Como assim internada? O que ela tem, me diz Pepe!
— Ela teve uma overdose.
— Overdose? Não vai me dizer que ela?
— Irmão, você estava com ela e nunca percebeu que ela era viciada? Eu já sabia que ela era viciada Eu já flagrei ela tomando pílula. Já falei para ela procurar tratamento e ela estava até parando de usar, provavelmente depois de ontem ela teve uma recaída.
— Ela é uma... Drogada? Minha nossa, as coisas só estão piorando com essa menina.
— Irmão, independente do que ela usa ou não, isso não muda o caráter dela. Apesar de que hoje eu percebi que o caráter dela não é tão bom assim.
— Irei ao hospital. Precisamos conversar, além do mais acredito que ela precisa de nós dois aí agora.
Fui ao hospital e logo encontrei o Pepe me esperando. Ali eu dei um abraço muito forte em meu irmão, eu nunca vi bebe tão vulnerável quanto naquele momento. Abraçado a mim ele me confidenciou quanto tinha medo de Beatriz morrer, e que realmente estava apaixonado por ela. Eu também era apaixonado por ela, mas não tanto quanto meu irmão, que praticamente não se importou com nada do que ela fez quando viu ela ali na cama daquele hospital. Não posso dizer que coisas ali estavam me balançando. Ver a Beatriz naquele estado me deixava desarmado, porém estava completamente decepcionada pelo fato dela ser uma... Drogada. Afinal de contas eu era policial federal e praticamente todos os dias participava de alguma operação para tirar essas coisas das ruas. Para impedir que pessoas como Beatriz continuem se drogando e destruindo a própria vida. Contei para Pepe tudo que havia acontecido, ele me perdoou e disse mais uma vez que éramos irmãos e que nada poderia abalar aquilo.
— Diego, você é meu irmão. Sei que você não faria nada pra me magoar, tudo bem que você acabou pegando ela já sabendo em que estávamos juntos, mas também é muito difícil resistir uma mulher daquela. Mas assim que ela acordar nós precisamos resolver isso, ela claramente gosta de nós 2 e nós não podemos viver numa situação dessa.
— Pepe, não tenho que decidir. Ela começou a namorar primeiro com você, você é muito mais namorado dela do que eu. O que tínhamos ali era muito mais sexo e contato do que todo esse carinho que eu vejo que você tem por ela. É você que tem que ficar com ela, além do mais... Ela é drogada.
— Sim, ela é drogada. É doente, ela não é algo ruim só por que é drogada. Ela precisa de tratamento, escuta. Quando ela acordar, nós dois, juntos, precisamos convencer ela a procurar ajuda. Ok?
— Claro. Conte comigo meu irmão.
Nos abraçamos, e ficamos ali o restante da noite preocupados com Beatriz. Pepe me pediu para ir até sua mãe, ver como ela estava e aproveitar para dar notícias. Me despedi de meu amigo e prometi que iria sim até a casa da mãe dele. Na verdade tinha algo em mente com relação a dona Joana, estava pensando em pedir para ela morar lá em casa com o meu pai. A casa de Pepe estava com as luzes acesas e o portão aberto quando cheguei, e desconfiei que algo tinha acontecido. Entrei na casa, e tudo estava revirado, como se alguém procurasse algo, e dona Joana também não estava. Tudo que encontrei, foi um celular em cima da cama, que era óbvio não ser dela. Vi ali um pouco de sangue no chão, eu chamei a polícia para vir ao local.
Examinei o celular e não havia exatamente nada ali, nenhum vídeo ou imagem que foi deixado. Era um celular smartphone barato, provavelmente fruto de roubo e que depois foi formatado. Peguei seu número e encaminhei para a área responsável solicitar à operadora a quebra de dados para saber de quem pertence esse número. Mas eu sabia que não iria conseguir muita coisa, bandidos usam um CPF falso e dados gerados para criar contas fictícias de números pré-pago e eu sabia disso. Provavelmente aquele celular foi deixado para que as pessoas que levaram dona Joana pudessem se contatar. Ela claramente foi sequestrada.
Pepe já estava sobrecarregado com relação a Beatriz, não poderia deixava ainda mais carregado com essa situação com a sua mãe, pelo menos hoje. Tudo o que podemos fazer é esperar, esperar uma ligação. Havia se passado praticamente 6 horas e já estávamos no período da madrugada e ninguém ligou. Estava ainda na casa de dona Joana, quando Pepe apareceu. Por ver policiais ali, e principalmente a mim, ele se desesperou.
— Vim pegar algumas coisas, estou a muito tempo com Beatriz no hospital. Onde está a minha mãe? — O Olhei naquele momento, não tendo coragem de falar nada, apenas pensando na melhor forma de contar o que aconteceu. Ele se aproximou de mim, agarrando meus braços, e me olhou com um olhar totalmente já ciente do que aconteceu, gritando muito. — Onde está minha mamãe, Diego!?
— Foi levada. Eu cheguei aqui e a casa estava desse jeito. Deixaram esse celular, Eu Acredito que eles, seja lá quem foram, sequestraram a sua mãe.
— Foi aquele desgraçado! O tal do cara que disse que era meu pai. Eu vou matar ele, eu juro que se ele fizer algo contra minha mãe, eu vou matar ele!
— Como assim, o cara que disse que era seu pai? Do que você está falando Pepe, quem disse isso?
— Ontem, quando eu estava indo na sua casa era pra dizer que eu encontrei ele. O meu pai. O cara que tem desgraçado a vida da minha mãe e a minha. Ele quer matar Diego, a ela e a você. Você matou o irmão dele naquele dia. E eu não vou deixar isso acontecer.
Pepe naquele momento levantou sua camisa, e eu vi ele portando uma pistola que estava escondida entre sua calça e camisa. Eu o repreendi.
— Você está louco, irmão? Esta arma eu aposto que nem tem registro, onde foi que você conseguiu isso? Eu preciso que você me dê essa arma, você pode conseguir uma com registro para se defender, mas não cometa nenhuma besteira Pepe. Você pode perder até sua OAB por isso.
— Diego, não se preocupe tudo bem? Como eu disse, isso aqui vai ser só se eu precisar.
Naquele momento recebemos uma ligação. Recebemos uma chamada de vídeo naquele mesmo telefone que foi deixado para trás, eu e Pepe atendemos o telefone. Ali, vemos a dona Joana completamente ensanguentada, parece que ela foi espancada e torturada por quem levou ela. Ela tinha uma arma apontada ali na cabeça, e a pessoa que estava apontando a arma para ela foi bem clara.
— Sei que está assistindo isso, policial. Você e sua equipe possuem algo que pertence a nós, e eu quero a minha droga de volta. Mas não só ela, eu também quero você. Então vamos fazer uma troca? Eu solto esta puta traidora, e deixo ela viver por enquanto. Em troca eu quero você e a minha droga. Se vira como você vai conseguir, mas eu quero ela de volta.
— Você acha que pode negociar? Quero dona Joana de volta. — Nisso, Pepe tomou o telefone, e reconheceu como sendo o tal Alberto do outro lado da linha. Pedi ao pessoal para rastrear a ligação. Levaria alguns segundos. Contava com Pepe para fazer a ligação durar.
— Você é um puto homem maldito, por que você não procura um homem de verdade para brigar ao invés de fazer mal para minha mãe? Eu quero que você escute, se acontecer alguma coisa com a minha mãe eu busco você até o inferno seu desgraçado e encho você de bala.
— Tá corajoso agora é? Você não passa de um erro, eu já falei. Nem me importo se veio do meu saco. Você tem sangue de uma puta traidora, mas eu vou adorar ver se você tem realmente coragem de vir atrás de mim. Agora sabe o que eu vou fazer com sua mãe traidora?
Naquele momento observamos ele levar água até a nuca de dona Joana, que muito fraca fechou os olhos e implorou para não morrer. Ele olhou para a Câmera novamente e disse que estava com muita vontade de ver a nossa cara ao ver ela morrer, mas ainda queria sua droga. Nos deu então 24 horas para resolver isso. Assim ele desligou o telefone, e olhei o pessoal, que informou que conseguiu rastrear parte de sua localização. Vi Pepe saindo da casa e fui atrás dele, precisava acalmá-lo, ou ele faria besteira.
— Onde você vai, irmão?
— Vou achar minha mamãe, antes que matem ela. Você vem comigo? Tem a localização, não? — Pepe estava disposto a ir, ele tinha a arma na mão, ele queria arriscar tudo, até mesmo sua vida para salvar sua mãe. Eu não podia permitir isso, pelo menos não sem um plano. Eles tinham uma refém, eu não podia arriscar a vida de dona Joana.
— Pepe, sua mãe que está lá. Você não tem experiência com armas, está sozinho. Além do mais, você é civil, isso é um problema para nós. Vamos esperar ordens superiores, só assim poderemos invadir lá. Tenha calma Pepe, vou recuperar sua mãe.
— Vai recuperar ela morta? — Disse ele, se preparando para ir, enquanto me dizia. — Acha mesmo que eles vão continuar no mesmo lugar por muito tempo depois de ter ligado pra você? Ele sabe que vocês são federais, que vocês podem rastrear a chamada. Temos que ser rápidos antes que eles vão embora.
—Fique aqui, Pepe! Isso não é mais um amigo, irmão que está pedindo, e sim uma autoridade policial! Senão...
— Se não o que? Vai me prender? — Pepe estava de uma forma que eu nunca vi na minha vida. Ele segurou no colarinho de minha camisa, e olhou firme em meus olhos. Uma coisa eu tinha que admitir, apesar de ser muito impulsivo, Pepe tinha muita coragem e muito pouco medo da morte. Hoje vejo que a profissão de policial teria caído muito mais bem para ele. Pepe depois aquilo continuou sua fala. — Diego, se você não quiser me ajudar não tem problema. Eu vou sozinho. Afinal de contas a mãe é minha! Se cuida.
— Você venceu, Pepe. Eu vou com você, mas precisamos ter um plano. Me dá só vinte minutos, e venha para a van, vou te dar colete à prova de balas e uma arma. Mas lembre-se, vamos apenas resgatar, sem mortes desnecessárias.
— Como você quiser, irmão. Obrigado!
Concordamos então formar um grupo alternativo para ir até o local onde conseguimos identificar. Todos fomos com coletes à prova de balas e com armas leves para conseguir escapar de lá. Cada um de nós carrega um fuzil, minha única preocupação ali era Pepe. Ele não tem experiência, nunca participou de nenhum tipo de missão como essa. Mas ele insistia em ir, mas não podia negar que estava apreensivo com relação ao meu irmão. Entramos em uma van caracterizada à paisana e fomos até o local, era uma periferia próxima à região da Vila Prudente. O único lugar suspeito que conseguimos encontrar no raio de 10 km do rastreio foi um ferro velho. Era um lugar altamente suspeito ver o clã pois parecia abandonado mas tinha vários carros SUV estacionados naquela rua. Orientei então como deveríamos agir, um sniper subiu o telhado da casa ao lado e se posicionou escondido para nos dar cobertura, enquanto íamos entrando na surdina. Estávamos em quatro, eu, Pepe, Marcelo e Igor. Quebramos o cadeado que fechava o portão, enquanto ouvimos barulhos ali, parecia vozes.
Um dos homens estava circulando pela área, parecia comer alguma coisa enquanto o outro estava discutindo com ele com relação a alguma coisa de futebol. Olhei para Pepe e também para os outros dois e fiz o sinal de que devíamos nos aproximar sem matar ninguém. Sem atirar, apenas nocautear aqueles dois. Quando ambos se aproximaram, eu e Marcelo avançámos e cada um de nós aplicou um mata leão na dupla, fazendo com que eles ficassem desacordados. Avançamos um pouco mais fundo, dentro do ferro velho e finalmente achamos o que estávamos procurando, mas a cena ali não foi boa. Dona Joana estava sentada em uma cadeira, totalmente ensanguentada e praticamente desmaiada. Contando havia praticamente 6 pessoas ali, todas fortemente armadas sendo que o último, o que estava sentado dando ordens parecia ser o chefão. Revisei o plano.
— Pepe, quero que você fique na nossa retaguarda e nos dê cobertura, comece a atirar na direção de quem estiver atirando em nós enquanto tentamos criar uma abertura para onde nós avançar e salvar dona Joana. Se alguma coisa der errado, use aquilo e saia correndo. Peça reforços, tudo bem?
— Entendido. Muito obrigado irmão, eu não vou esquecer isso.
— Ok. Vamos! Vamos! Vamos!
Avancei junto com os outros três e tomamos cuidado para que nenhum deles soubesse a localização de Pepe, que era o elo mais fraco. Um dos capangas tentou levar dona Joana, mas acabei dando um tiro em sua perna, e ele caiu no chão. A ordem era priorizar o resgate dela, apenas atirar se for necessário. Porém, aquela situação era completamente necessária para um enfrentamento, já que os outros 5 que sobraram começaram a descarregar seus fuzis em cima de nós, enquanto nos escondemos em qualquer canto e começamos a revidar. As provocações se iniciaram de ambos os lados.
—São os Federais! Estes porcos sarnentos. — Disse um dos capangas ali.
— Perderam a coragem, seus merdas? Vem de peito, quero ver me encarar. — Disse, para provocar todos eles ali.
As balas de tiros continuavam a voar para ambas as direções, e quando eu me dei por mim fui atingido no ombro. Uma dor insuportável que não conseguia sequer pegar minha arma com aquela mão, a mesma pessoa que atirou no meu ombro estava praticamente pronta para me matar. Quando vejo ela ser alvejada por quatro tiros à queima roupa, e olho para o Lado, era Pepe. Ele me olhou, e me deu um sinal de positivo. Vi meu irmão continuar a atirar, e acertar a perna de outro, havia então sobrado apenas três, e um deles era Alberto, o chefe da quadrilha. Ele ordenou, enquanto continuava a atirar.
— Levem a mulher daqui e finalizem ela em outro lugar. Não quero mais resgate.
Um dos capangas foi resgatar a mulher, mas meu colega sniper acabou atirando, matando em seguida. Com apenas dois do outro lado, pudemos finalmente resgatar dona Joana, onde eu mesmo a peguei e sai correndo, segurando ela com o meu braço livre, sendo ajudado por meu colega Marcelo. Igor infelizmente também foi atingido ali, e caiu morto. Foi uma baixa lamentável, mas morreu como um herói. Enquanto estava com dona Joana, estava desarmado e era alvo fácil. Mas Pepe apareceu novamente, acionando uma Granada e lançando contra os dois ali, explodindo o local e fazendo ambos saírem voando, se chocando ao chão e escombros. Não ficamos para ver se sobraram vivos, nossa missão estava completa. Pegamos Igor, e levamos para o lado de fora, e logo uma viatura da polícia civil chegou. Mandei Pepe se esconder, afinal era civil, eu iria lidar com meus superiores sozinho com relação a esse episódio.
O mais importante naquele momento era dona Joana e por isso chamamos a emergência que vem em menos de 10 minutos. Ela foi então colocada na emergência, e Pepe seguiu junto com ela dentro da ambulância. Acabei ficando para trás para servir de bode expiatório de tudo o que aconteceu. Eu estava muito preocupado com o que Pepe estava pensando naquele momento, mas principalmente com dona Joana. Pepe acabou salvando minha vida naquele dia, e ele salvaria minha vida mais uma vez posteriormente.
(Pepe)
Estava dentro da ambulância com a minha mamãe, a pobre estava desacordada e cheia de sangue, cortes pelo braço e pelo corpo, e hematomas. Me cortava o coração ver ela daquele jeito, olhei para o medidor de batimentos cardíacos e seu coração estava fraco. Ela estava recebendo uma bolsa de sangue dentro da ambulância enquanto prestavam alguns primeiros socorros. Estava sendo levada para a Santa Casa, o enfermeiro que estava comigo na ambulância, já havia me dito que o estado dela era grave. De repente a mão dela se moveu, e foi direto até a minha mão. Minha mamãe estava me olhando, e assim ela me disse:
— Pepe, meu amor. Que bom que você está aqui e sua mamãe pode te olhar uma última vez. — Ela dizia quase sem forças, baixinho. Isso não era verdade, não seria a última vez!
— Não fale isso, mamãe, não será a última vez. Ainda vou comer aquele bolinho de chuva que você faz que eu gosto tanto... Vai ver seus netos nascer, crescer, vai ver só!
— Filho... Não busque jamais o caminho da vingança. Eu vou embora, mas lembre-se que você sempre terá Diego com você. Ele também é meu filho, assim como você.
Naquele momento vi minha mãe fechar os olhos e ela nunca mais os abriu. Seus batimentos chegaram a zero, minha visão ficou preta, e eu estava sentindo uma pressão de dentro para fora. A única coisa que eu podia sentir eram as lágrimas que estavam caindo em meu rosto. Naquele momento eu só conseguia falar uma única coisa:
— NÃO, MAMÃE! NÃO, POR QUE!?