AVISO
De forma a acalmar o leitor que possa pedir por uma continuação, alerto que o presente conto já está finalizado e será postado em três partes. Ele é sobre um jovem tímido chamado Daniel que, em uma falta de sorte incrível, acaba totalmente exposto e humilhado na frente de seu amigo Octávio enquanto eles estão em um bosque. Eu tive a ideia de escrever esse conto quando me deparei, vagando pela internet, com um vídeo de um rapaz que, ao tentar subir em uma árvore, cai e é despido por um de seus galhos na frente de seus amigos que riem da vergonha que ele passa no momento (https://shorturl.at/cgjlW).
Eu gosto de escrever histórias nessa temática, envolvendo extremo embaraço e humilhação; principalmente com personagens que enxergam na nudez um tabu, mas que são, de alguma forma, despidos, envergonhados e ficam indefesos frente à outro(s) vestidos. Todavia, minha escrita é lenta, mas bem detalhada, sendo que o lado mais sexual demora a surgir ou não é muito intenso. Isso pode ser interpretado por alguns de vocês como "enrolação", mas ainda assim, há quem goste. O conto está devidamente tageado e, com essa informação, você sabe o que esperar. Assim, por favor avalie meu esforço deixando seu comentário. Um beijo a todos(as) e uma excelente leitura.
(Não possuo assinatura no site ainda. Para qualquer contato privado: extremeexhib@gmail.com)
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A juventude é uma experiência tão carregada de emoções e vigor quanto de inseguranças e desafios. Quando adolescentes e jovens adultos, gostamos do risco que nos faz sentir mais fortes do que somos e, olhando em retrospecto, percebo o quanto me aventurei inconsequentemente quando eu, Daniel, tinha apenas 18 anos.
Eu certamente não estava só em minhas loucuras de jovem, mas sempre acompanhado de meu amigo Octávio. Nós dois éramos inseparáveis e, na época, gostaríamos de adentrar as florestas de nossa cidade para fazer trilhas. Otávio era meu amigo de infância e colega de classe. Ele era alto, com cerca de 1,90m de altura, de cabelos pretos e queixo quadrado onde, na época, tentava desesperadamente crescer uma barba cheia.
Eu, com meus 1,75m, tinha inveja de sua altura e fisionomia. Meu melhor amigo fazia mais sucesso com as garotas, mesmo que eu fosse loiro e de olhos verdes. Na academia em que malhamos, eu via também como ele tinha facilidade para se aproximar das mulheres. Ele tinha desenvoltura e as abordava sem qualquer pudor, sempre conseguindo, com suas incríveis habilidades de fala, pelo menos um número de telefone.
O treino intenso e a bateção de perna tinham seus resultados, eu percebia. Octávio andava ao meu lado sem camiseta, apenas protegido naquele calor por uma fina camada de repelente de insetos misturado com protetor solar. Seu peitoral era invejável e sua pele tinha uma facilidade bem maior que a minha para pegar um bronzeado saudável e bonito. É claro, eu tinha minhas qualidades também, embora tivesse uma leve vergonha de ficar sem camiseta em público. Apesar disso, todos aqueles anos de academia construíram em mim um físico bastante atraente.
Octávio às vezes me elogiava, daquela forma que homens héteros fazem as vezes de brincadeira, mas com um claro fundo de verdade. Ele dizia que eu era o cara mais gato que ele conhecia, que se eu fosse uma menina, não se aguentaria, falava do meu rosto com traços angelicais, do meu sorriso que mostrava covinhas em minha bochecha, de como meu shape estava cada vez mais bonito e, eventualmente, me dava um tapa na bunda de brincadeira e dizia que queria ter uma igual. Eu não considerava ter uma bunda farta um atributo positivo para um homem, apenas se voce fosse homossexual, talvez, coisa que eu e Otávio certamente não eramos.
Talvez meu único problema seja mesmo a timidez. Pensei enquanto olhava para meu amigo ofegante dando passos na grama e pedras. Sim, eu não era tão bom com as palavras quanto Otávio e, no fundo, ainda não tinha desenvolvido tanto desprendimento com relação ao meu corpo quanto ele. Sempre que íamos a praia, meu amigo usava uma sunga apertada para mostrar ao mundo o máximo que podia, enquanto eu, sem tanta coragem, vestia shorts de natação e evitava entrar na água para não remover minha camiseta regata; no vestiário da academia, ele, assim como eu, não tinha coragem de ficar nu em minha frente, mas conseguia manter uma conversa descontraidamente usando apenas uma cueca boxe, enquanto eu, entrava em qualquer cabine disponível para trocar de roupa. Eu devo admitir, sempre que Octávio usava pouca roupa em minha frente, era difícil não reparar em como era volumoso o que ele tinha por debaixo da cueca, o que certamente levantava minha curiosidade para saber como era meu melhor amigo ali em baixo.
– Gostou do que está vendo, né? – Me perguntou Otávio subitamente com um sorriso no rosto. Merda! Pensei. Eu o estava olhando demais naquela trilha. Fiquei tão absorto em pensamentos que abri aquela brecha para que ele me zoasse.
– Vai se foder. – Respondi e ouvi sua risada. Era simplesmente assim que nos comprimentamos. Meu amigo tinha essa personalidade sacana e não perdia uma oportunidade para brincar comigo assim. Octávio sabia que eu era tímido e, quando podia, fazia questão de me ver com vergonha. Como tínhamos intimidade para tal, eu rapidamente fingia não sentir embaraço e tentava reverter a situação o zoando de volta.
– Daniel, você está suando muito. Tira logo essa camiseta cara. – Disse Otávio após dar um gole em sua garrafa d’água e era verdade. Por mais que a sombra das copas das árvores bloqueasse boa parte da radiação solar, ainda estava insuportavelmente abafado naquele dia. – Deixa de ser tímido. Só tem a gente aqui. – Argumentou em seguida.
– Eu não sou tímido. – Falei, o que certamente o fez rir do fato de ser óbvio que eu estava mentindo. Entretanto, Octávio estava certo. Não tinha problema ficar sem camisa com ele naquele lugar, afinal, só ele e eu estávamos presentes. Eu já estava acostumado com a presença de meu amigo enquanto usava poucas roupas, já tinha ido à praia com ele em outras ocasiões. Sendo assim, tirei minha mochila das costas, tirei a camiseta e a guardei. – Viu? – Disse a ele em seguida. Otávio tinha um sorriso satisfeito no rosto.
– Ótimo! Tá vendo? Não tem porque um cara gostoso assim ter vergonha de ficar sem camisa. – Comentou ele com divertimento após percorrer meu peitoral com os olhos.
– Eu acho que é você quem está gostando demais do que está vendo. – Retruquei, o que tirou de Octávio, mais uma vez, uma sonora risada.
– Se eu olhar demais, posso ficar cego com tanta brancura. – Comentou ele em seguida em meio a seus risos. Eu o fuzilei com os olhos. Meu amigo estava se referindo a minha falta de bronzeado, resultado de muito tempo escondendo meu corpo do sol com as roupas. Nisso nós éramos certamente diferentes. Octávio tinha o tom de pele próprio do verão e eu, o vendo apenas com aquela bermuda que pouco cobria, me perguntava se ele possuía marcas de bronzeamento como eu. Aquilo me deixava muito curioso. A cor de sua pele era diferente da minha, certamente seu pau devia ter outra tonalidade também. Eu nunca vi outro penis que não fosse o meu e seria muito esclarecedor para mim, em minha insegurança e sede de saber púbere vislumbrar outro cara que apresentava uma fisionomia tão diferente da minha.
Nós andamos um pouco mais após essa pequena pausa. O caminho que Otávio escolhera era certamente desafiador. O chão, eventualmente, se escondia debaixo do mato e, ora, era coberto de pedregulhos manchados de musgo. Era com certeza mais confortável andar debaixo daquele calor todo sem a parte de cima de minhas vestes, sentindo a brisa no peito que tanto nos refrescava. As vezes eu olhava para Octávio. Era impossível não o fazer. Eu sempre me perguntava durante a trilha como meu amigo tinha coragem e confiança de sair de casa daquele jeito. Ele usava, além de seus tênis esportivos, apenas um short de tecido muito fino e que não chegava aos joelhos em comprimento. Em suas costas, a pequena mochila onde ele guardava sua garrafa de água era tudo o que cobria a parte de cima de seu corpo. Era óbvio também, para qualquer um que olhasse, pela falta do elástico em sua cintura e nítido formato balançando enquanto ele andava em sua virilha que meu amigo, além disso tudo, sairá sem qualquer roupa de baixo.
Ele não tinha medo que reparassem que ele estava sem cueca? Perguntei-me enquanto reparava muito no formato de seu longo membro flácido por debaixo do tecido. Não temia ter uma ereção involuntária em público? Como a esconderia se isso ocorresse? Também me questionei. Eu era talvez mais curioso sobre aquilo do que deveria e, embora nunca tivesse visto meu amigo pelado, sabia que algo impressionante ele guardava ali. Não só o volume em sua bermuda moletom me dizia isso, mas ele mesmo, em outra ocasião já havia feito propaganda sobre seu dote para mim.
Naquele dia, eu e Octávio bebíamos em sua casa e, tanto eu quanto ele, nos encontrávamos bastante embriagados. Como bons jovens do sexo masculino, obviamente começamos em algum momento a falar sobre putarias e fomos, cada vez mais, contando vantagens um para o outro sobre nossos feitos sexuais. Em dado momento, Octávio me disse que as garotas sempre elogiavam seu tamanho. Eu fiquei morrendo de inveja por nunca ter ouvido nada assim na cama vindo de alguma menina, mas menti e disse que também era frequentemente elogiado dessa forma.
Era aquele um momento em que eu não podia demonstrar fraqueza. Eu e Octávio, afinal, éramos muito competitivos em tudo o que fazíamos. A gente competia para ver quem levantava mais peso na academia, quem fazia mais barras, quem tinha mais experiencias com o sexo oposto e, é claro, certamente competiríamos para saber quem tinha o maior dote. Na mesma hora em que essa questão foi levantada, era notório em seu olhar o quanto meu amigo ficou interessado naquele assunto em específico. Ele era curioso, assim como eu. Em dado ponto da conversa, meu amigo foi bem direto e me questionou:
– Você já mediu também, né?
– Não… Nunca. – Menti. Eu só estava com medo de deixar ele saber do óbvio: que me derrotaria se eu dissesse a verdade. Meu pau não era pequeno e eu o medira várias vezes, constatando, por mais que eu tentasse me enganar afundando a régua em minha virilha, em todas as ocasiões, que meu penis tinha invariavelmente 16cm de comprimento. Eu nunca contaria isso para Octávio. Se ele soubesse que era maior que eu ali embaixo, jamais me deixaria esquecer desse fato.
– Vamos medir então! Aposto que meu pau é maior que o seu. – Me desafiou Octávio com o mais sincero sorriso de bêbado. Eu não podia acreditar que ele estava propondo aquilo. Eu conhecia meu amigo e, por mais que soasse que ele estivesse brincando, sabia muito bem pelo seu tom de voz que ele estava jogando um verde. Se eu aceitasse, ele certamente iria em frente fingindo o fazer só por diversão, mas, no fundo, saciando uma curiosidade latente.
– Cara, não vou medir meu pau com você. Para de viadagem. – Disse a ele em uma vã tentativa de desarmá-lo atacando sua masculinidade para dissuadi-lo.
– Não tem nada a ver Daniel. – Falou ele dando de ombros. Eu parecia ter tido sucesso em tirar essa ideia da cabeça dele. – Tá bom então, já que você é tímido demais para isso, me responde só uma coisa. – Pediu ele voltando a ter aquele sorriso sacana em sua face.
– O que dessa vez seu maluco? – Perguntei tentando parecer indiferente. Eu sabia que uma bomba se aproximava e não podia demonstrar fraqueza.
– O seu tem mais de 20cm também, né? – Questionou-me atento. “Também” ele tinha dito e, com essa informação, por mais que ele pudesse estar mentindo, eu sabia que meu amigo ganharia se eu aceitasse mesmo ir para o ringue contra ele.
– Claro. Deve ter. – Falei sem pensar e era a única resposta que eu podia dar. Se eu titubeasse, daria muito na cara a realidade que eu queria esconder e, pela reação de meu amigo, ele parecia ter comprado minha lorota bem mais do que eu gostaria.
– Eu sabia Daniel! – Exclamou Octávio com muito ânimo. – Você é pauzudo igual a mim! Sabia que meu amigo não me decepcionaria! – Concluiu falando cada vez mais freneticamente.
– Fala baixo cara. – O alertei olhando para os lados. Não tinha qualquer real necessidade, afinal, só nós dois estávamos naquele dia em sua casa. Talvez por isso meu aviso não tivesse surtido qualquer efeito.
Houve mais alguma insistência de Octávio naquele dia. Ele dizia que, agora que sabia que eu era bem dotado “também”, estava ainda mais curioso pra comparar comigo, que tinha certeza que ganharia de mim, nem que fosse por mais 1cm. Droga! Praguejei mentalmente. Se tudo aquilo era verdade, então meu amigo e constante rival tinha realmente o pau muito maior que o meu. Eu tive de negar qualquer disputa real e tentar mudar de assunto, independente do quão animado ele estava e do quanto, na real, eu tinha vontade de ver seu pau também. Por fim, eu fui bem sucedido em desviar de todas as suas propostas e Octávio, com divertimento, me disse ao término daquele assunto que, se um dia eu deixasse a timidez de lado e consentidamente o revelasse o que ele queria tanto ver, ele faria o mesmo e até mensuraria na minha frente seu membro para que não restassem dúvidas. Essa talvez fosse a conversa que tivemos que mais revelou a mim sobre meu amigo. Ele parecia, naquele momento, sem qualquer inibição que preservasse a certeza sobre sua sexualidade e pudera, afinal, qualquer questionamento ou provocação que eu levantasse futuramente poderia ser desarmada em virtude de ele estar bêbado.
Voltando a trilha na floresta, enquanto andava e conversava com Octávio na mata, me perguntava para onde ele estava me levando. Naquela manhã, ele apareceu em minha casa e disse-me que achou o desafio perfeito para mim, antes de me levar para aquele local. Eu o questionei várias vezes, tentando adivinhar o que ele tinha encontrado na mata que chamou tanto sua atenção, mas Octávio só me dizia que quando eu chegasse lá veria com meus próprios olhos. Eu não estava preocupado, embora já um pouco cansado de andar. Mesmo que estivéssemos nos desviando bastante do caminho normal da trilha, ambos ele e eu conhecíamos bem a área explorada e facilmente acharemos o caminho de volta.
– Estamos quase chegando. – Disse ele animado e ofegante.
– Me fala logo o que você quer me mostrar aqui cara. – Falei ansioso.
– Você quer mesmo saber? – Perguntou Octávio com uma expressão subitamente séria no rosto. Eu sabia que ele estava fingindo. Sempre que meu amigo assumia aquele tom de voz de repente, podia saber que uma besteira grande estava à vista.
– O que é? – Perguntei revirando os olhos. Minha reação quase quebrou sua expressão séria, percebi.
– Daniel meu amigo, eu te trouxe aqui nesse lugar pra finalmente te mostrar meu pau! – Brincou quase sem conseguir conter o riso.
– Eu não quero ver essa minhoquinha não. – Menti me fazendo de indiferente. Octávio Riu imediatamente.
– Quer sim, você só não admite. – Comentou ele por alto e, antes que eu pudesse sequer retrucar, Octávio apontou para frente, como se me convidasse a olhar para o horizonte de forma a me interromper. – Tá bom Daniel, nós finalmente chegamos. Olha!
Quando vislumbrei para onde meu amigo apontava, fiquei impressionado. Era uma árvore enorme, carvalho grosso e retorcido com inúmeros galhos que levavam a uma copa cheia de folhas. Aquela planta provavelmente era mais velha que nós dois juntos por seu tamanho de mais de 8 metros e espessura, parecendo nunca antes ter sido tocada por mãos humanas devido a quantidade de projeções não podadas que saiam do caule. Apenas as raízes, eu percebia enquanto me aproximava, eram mais altas que minha cintura. Sua textura, percebi, era grossa, com uma casca marcada por sulcos e ranhuras por onde cresciam líquens e plantas trepadeiras. Era muito incomum ver árvores tão colossais em nossa cidade e eu, como admirador da natureza nato, olhei aquele exemplar de cima a baixo.
– Uau! – Exclamei. – É realmente uma árvore bonita. – Conclui admirado.
– Sabia que você ia gostar. – Disse Octávio com um sorriso orgulhoso. – Mas eu não te trouxe aqui apenas para olhá-la. Como disse antes, tenho um desafio perfeito para a gente. – Falou em seguida.
– E que desafio seria esse? – Perguntei querendo logo saber o que meu amigo tanto planejava.
– Então, lembra daquele dia em que você ganhou de mim na barra? – Introduziu.
– Como esquecer? – Debochei. Era claro que eu lembrava daquilo. Certa vez na academia, apostei com Octávio 20 reais que conseguiria fazer mais barras que ele e, com muita facilidade, provavelmente em virtude de eu ser mais leve, o derrotei completamente. Era uma das únicas coisas em que saia por cima no aspecto físico sobre ele.
– Excelente! – Disse ele satisfeito. – Já que você se garante tanto na barra, então não teria nenhum problema apostar comigo que consegue escalar essa árvore até o topo mais rápido que eu então, não é? – Me desafiou daquela forma que ele sempre fazia, olhando-me bem nos olhos e com um sorriso espontâneo no rosto.
Então esse era seu plano. Concluí. Como Octávio não conseguia me derrotar em uma competição de barras, estava ele determinado a provar para mim que era um escalador melhor do que eu. Seria fácil ganhar dessa vez. Em outras ocasiões em que nos propomos a fazer escaladas, venci invariavelmente. Bem, pelo menos eu estava garantido de tirar dele uma boa quantia caso dinheiro fosse trazido a aposta, sendo assim, perguntei:
– Está valendo o que?
Octávio parou para pensar com as pontas dos dedos indicador e polegar segurando o queixo e expressão facial contemplativa. Ele ficou assim por alguns segundos, até que sorriu e disse:
– Já sei. Se você conseguir me ganhar, farei todo o caminho de volta da trilha pelado.
Aquela proposição me assustou. Não consegui disfarçar a surpresa e esbugalhei bem os olhos enquanto Octávio me olhava com os braços bem abertos. Ele parecia até me convidar para o admirar vestindo apenas aquele short e imaginá-lo sem a única peça de roupa que o cobria naquele momento. Eu sabia que ele estava falando sério ao me propor aquilo e, por um momento, cheguei a considerar aceitar seu desafio. Em uma pausa para calcular o resultado, percebia em qualquer hipótese possível que eu tinha muito mais chance de derrotá-lo que o contrário, todavia, mesmo com tamanha vontade, caso perdesse, sabia, o resultado seria além de desastroso. Eu não podia dá-lo qualquer chance de me ver em uma situação como aquela, seria humilhante demais para eu suportar. É claro, para Octávio, se eu o visse nu, ele deveria sentir pelo menos levemente envergonhado, mas sua situação não deveria ser comparável a minha. Ele era muito mais bem dotado que eu e nem de longe tão tímido.
Todavia, aquilo era uma oportunidade única. Se eu ganhasse, cenário muito provável, mataria completamente minha curiosidade. Ele disse que, com sua derrota, não só me mostraria suas partes íntimas, mas caminharia mais de 2h ao meu lado permitindo-me verificar cada detalhe. Eu veria seu membro balançando a cada passo que desse, seu comprimento, espessura e cor. Veria suas bolas por tanto tempo que conseguiria notar como era seu formato e se as correntes de ar que atingissem seu corpo nu as fariam encolher na minha frente. Até teria a chance de olhar para sua bunda musculosa. Seria ela mais clara que seu tom de pele normal como a minha? Desprovida de pêlos tal qual em mim ou peluda como na maioria dos rapazes? Me perguntava.
Seria tão bom vê-lo envergonhado e vulnerável assim na minha frente. Se aquilo ocorresse, Octávio ficaria pelado assim todo o caminho de volta da trilha, onde, é claro, os visitantes normalmente não adentravam e, portanto, ele não poderia ser flagrado daquele jeito. Eu teria tempo o suficiente, enquanto converso com ele, para provocá-lo, trazendo assuntos mais picantes sobre sexo e garotas. Se assim o fizesse, certamente conseguiria fazê-lo ter uma ereção. Eu já tinha feito isso com ele várias vezes enquanto vestido só para ver meu melhor amigo escondendo o volume em suas calças enquanto eu olhava disfarçadamente. Como ele agora estaria completamente pelado, apenas com seus tenis de corrida, assim eu veria aquela coisa enorme em toda a sua glória e potencial, saberia eu exatamente como ele era em tamanho e forma. Pensar nisso já estava começando a mexer comigo. Eu me fazia ainda mais perguntas de solução ainda não obtidas. O quão depilado ele estava? Como seria a glande de seu pau, sua tonalidade e grandeza? Quando seu penis ficasse ereto, o prepúcio revelaria completamente ou só parcialmente a cabeça? O quanto das veias eram visíveis quando ele ficava excitado? No nosso jogo de provocações mútuas, informação era poder.
Ter acesso a um nível tão minucioso de detalhes íntimos dele me daria uma vantagem para a vida toda. Eu saberia, se havia alguma, todas as fraquezas e inseguranças de Octávio sem ter que entregar nada em troca. Ele não poderia reclamar, uma vez que era extremamente brincalhão, se um novo apelido para ele fosse criado em decorrência de tudo aquilo e eu, salivava com a possibilidade de constatar exatamente como ele era lá em baixo e dizê-lo em alto e bom som uma mentira que reafirmaria para meu amigo minha dominância sobre ele eternamente: “Como eu pensei Octávio, o meu é bem maior do que isso que você tem aí”. Essas palavras seriam o início de meu discurso de vitória.
Mas ainda assim, havia a chance de eu perder. Isso deveria chamar mais minha atenção que meu vão desejo de ver meu amigo sem roupas. Eu suponho que se o ganho é grande, o risco deve ser ainda maior e, quando parei para pensar, percebi como começava a suar frio pensando no quão arruinado estaria se a sorte não sorrisse para mim. Octávio jamais me deixaria esquecer de tamanha humilhação, do tipo que eu jamais havia planejado como reagiria frente a um cenário tão terrível. Se eu tivesse, naquele momento na casa dele, aceitado que compararmos nossos dotes, ficaria tão liquidado que desejaria morrer; agora ter Octávio totalmente ciente de minhas maiores intimidades sem que eu sequer soubesse nada sobre ele era um nível além de terrível.
Já sei! Exclamei em minha mente que tão arduamente trabalhava naquele intervalo de poucos segundos que se seguiram à sua proposta. Eu poderia arriscar muito na aposta sem dá-lo a possibilidade de me humilhar completamente. Se eu subisse a quantia de dinheiro arriscado sem alterações no ônus de sua derrota, seria, pensei, impossível que Octávio recusasse. Sendo assim, disse a ele:
– Eu estou confiante. Posso apostar, contra sua volta vestindo seu traje de aniversário, 100 reais.
Octávio abriu bem os olhos, mantendo ainda seu sorriso confiante. Eu não sabia como me sentir sobre aquilo. Estava ele tão certo de que ia ganhar assim? Eu nunca tinha colocado na mesa um valor tão significativo. Nós tínhamos apenas 18 anos afinal. Nessa idade, dificilmente se tem qualquer poder aquisitivo significativo. Talvez eu não devesse ter apostado tanto dinheiro. Cogitei. Se Octávio achava mesmo que me ganharia em algo que pensava ser minha especialidade contra ele, talvez ele estivesse planejando algo sujo, talvez tenha treinado muito por esse momento. No momento, não sabia dizer o motivo de seu ar de superioridade.
– Negativo. – Disse ele dando de ombros.
– Achei que você estava certo da vitória. – O provoquei. Eu só estava tentando conseguir informação em virtude de sua surpreendente reação. Geralmente, meu amigo não movia o pé de uma oportunidade de tirar algum valor de mim em nossos jogos quando estava tão confiante.
– Eu vou ganhar. – Falou ele. Eu senti um pouco de exitação de sua parte, mas podia aquilo também ser um teatro para me convencer a me arriscar. – Mas se vou apostar que vou ficar pelado, você tem de apostar isso também. – Disse Octávio em seguida. Pareciamos então ter chegado a um impasse e eu não arrastaria o pé de minha posição. Com toda a certeza, jamais poderia apostar algo daquele tipo.
– Se você quer tanto ver um pau, tem muitos sites de pornografia gay por ai. – O provoquei. Talvez se o fizesse, ele seria menos irredutível e cederia. Octávio riu.
– Você entende mais do assunto que eu. Vou te dar razão nessa. – Afirmou Octávio. Eu não consegui deixar de rir pela sagacidade de me rebater tão rápido. – Já que você está com vergonha de mostrar essa piroquinha, vou apostar 100 reais também. – Droga! Pensei. Lá se vão minhas chances de conseguir o prêmio que queria. Eu nunca achei que Octávio estava disposto a trucar o valor que coloquei na mesa. Normalmente, ele tinha medo de perder tamanha quantia.
– Ok. – Tive de concordar e meu amigo assentiu com a cabeça. Ele tinha me escapado hoje mas, talvez, em algum outro momento, uma oportunidade como aquela teria de vir. Se eu ganhasse dele agora, sabia que limparia bem os seus bolsos. Meu amigo tentaria recuperar a quantia perdida a todo o custo e, com isso, desesperado e sem capital para apostar, teria de colocar novamente na mesa o prêmio mais valioso de todos. Pelo menos era bom, nesse momento, saber que Octávio, assim como eu, temia ser derrotado e ter de revelar o que escondia por debaixo dos shorts para mim. Essa informação tornaria o momento em que finalmente o veria como veio ao mundo ainda melhor pela vergonha que ele sentiria. Talvez o momento que tanto aguardava chegaria mais cedo do que imaginei. Quando ganhasse dele na escalada da árvore, poderia voltar com Octávio para a academia e apostar a quantia perdida por meu amigo em uma competição de barra a qual certamente ganharia ou, quando no topo do enorme carvalho, diria a ele que queria arriscar 200 reais na descida. Ele, de forma alguma, assumiria o risco de perder tanto e com certeza apostaria o calção se o fizesse. Em ambos os cenários, minha vitória era garantida.
Como concordamos com os valores, rapidamente nos posicionamos cerca de 10m de distância da enorme árvore. Eu a analisei meticulosamente, procurando, no emaranhado de galhos, possíveis caminhos da linha de chegada. Octávio não era tão bom quanto eu em pensamento lógico e tomada rápida de decisões, o que me daria mais uma vantagem quando estivéssemos lá em cima. Eu percebi 5 rotas aparentes para começar a escalada e, é claro, optaria pela mais eficiente e veloz possível. Eu só precisava, naquele momento, alcançar o tronco da árvore mais rápido do que ele, antes que tomasse meu lugar no que percebia ser o melhor galho para começar a subir no carvalho. Não seria fácil, mas ainda assim, era possível.
Quando simultaneamente contamos até 3, corremos em direção a árvore. Octávio acelerou bem mais do que eu em seus passos, deixando-me para trás, mesmo que tentasse o meu melhor para alcançá-lo. Estaria minha derrota garantida? Me perguntei. Eu deveria ter presumido que ele teria a vantagem inicial. Ele sempre me derrotava quando competimos em corridas, afinal. Eu posso ganhar! Minha mente gritou quando o vi alcançar o tronco do carvalho e escalar com as mãos em suas rugosidades. Aquele não era nem de longe o caminho que calculei ser mais rápido e, agora que ele tinha feito a péssima decisão de tomá-lo, estava liberada para mim a melhor rota.
Quando finalmente cheguei à árvore colossal, não pensei duas vezes e fui sedento para o firme galho que se estendia cerca de 1 metro e meio de distância do chão. Eu me balancei nele sem olhar se me aproximava de Octávio ou não. Estava muito concentrado em conseguir desempenhar uma manobra tão ambiciosa. Assim, usando a energia da agarrada que dei no ramo da arvore, me arremessei para cima sentindo as folhas tatearem minha pele. Em poucos segundos, tinha os pés à 2m de altura em outra ramificação da planta e os usei para pular, segurando-me nos cipós que pendiam do tronco. Foi a sequência de movimentos mais graciosos que eu já desempenhei e, por um momento, parecia que eu estava desafiando as leis da gravidade quando, em dado instante, batia as solas de meus tênis no tronco vertical do carvalho antes de me jogar em direção a uma fenda, segurando-á bem com minha mão direita. Em menos de 3 segundos, eu fiz uma barra com um braço só, passando com meu corpo esguio por dentro do emaranhado de folhagem e ramos da árvore para me sentar em uma projeção de madeira a poucos metros de seu topo.
Naquela hora, tomado por adrenalina, me dei um instante para olhar para cima e vislumbrar a linha de chegada. Octávio ainda não estava lá e, sendo assim, o procurei mexendo meu pescoço para os lados, constatando porém que sequer tinha me alcançado. Poderia ser? Me perguntei confuso e rapidamente olhei para baixo. Eu estava a mais de 6m de altura do chão repleto de raízes grossas e plantas rasteiras. Alí estava ele, percebi, parecendo lutar para escalar um galho grosso da árvore e tão abaixo de mim. Octávio era bem pior alpinista do que eu jamais imaginei e, olhando-o bem de cima, cerca de 4 metros de distância de mim, percebia como ele cerrava os dentes e contraia seus bíceps para conseguir levantar o próprio peso. Isso seria moleza.
– Tudo bem aí em baixo? – Tive de falar bem alto para que ele me ouvisse. Meu amigo olhou para cima com os olhos bem abertos.
– Como você chegou aí tão rápido? – Ele me perguntou parecendo bem assustado. Enquanto isso, sentado e com uma vista privilegiada de sua garantida derrota, só consegui rir de como ele se debatia tentando subir desesperadamente, mas sem sucesso.
Essa deve ser a desvantagem de ser tão alto e pesado, presumi, com 1,90m de puro músculo, certamente devia ser difícil movimentar-se tão livremente em um eixo tridimensional. Eu me levantei enquanto tirava sarro dele. Diferente de Octávio, meu equilíbrio era perfeito, conseguindo estabilizar meu corpo em pé sobre o firme galho da árvore sem qualquer apoio, mesmo que estivesse ainda de mochila nas costas. Caso eu caísse por qualquer motivo, sabia que poderia me segurar na rede de cipós atrás de mim que caíam do ramo logo acima, tão numerosos quanto cabelos mas grossos como fios elétricos.
Era uma pena que meu amigo não tivesse visto como escalei quase toda aquela árvore enorme com tamanho sucesso por estar muito concentrado em fracassar miseravelmente. Pobre Octávio. Pensei com condescendência contemplando o quão lento era o seu progresso lá em baixo. Não tinha sequer graça ganhar dele com uma margem tão alta, era o que sentia, fora o fato que não conseguia parar de pensar em como eu fui idiota por não ter apostado as roupas tal qual ele propora. Bem, sua sorte era certamente mais abundante que sua falta de juízo, quase igualmente perceptível. O que o levou a pensar que poderia ganhar de mim a ponto de querer se arriscar tanto? Me perguntei sentindo uma rajada fria de vento balançar as folhas do carvalho e atingir meu peito descoberto. Talvez eu nem cobrasse dele os 100 reais apostados, meu amigo ficaria muito triste de perder tanto tão facilmente. Já que eu era assim tão generoso, pelo menos podia esnobá-lo um pouco mais.
Todos conhecem a história da tartaruga e da lebre. Os dois apostam corrida, a tartaruga é lenta demais para ganhar, mas, como a lebre decide parar para cantar vitória antes da hora, é derrotada tomando uma lição de humildade. Chato. Eu detestava esse tipo de farsa ensinada para crianças de forma a esconder a realidade das coisas. A verdade era que a vitória com um pouco de humilhação do oponente era bem melhor do que simplesmente ganhar de lavada. Por isso, jogos como Mortal Kombat possuem uma sequência de botões que levam a completa aniquilação do adversário denominada “Fatality”, para demonstrar que apenas vencer não é suficiente. Além disso, fora do mundo da fantasia, nunca quem tem a vantagem se dá mal como na fábula. Eu via isso diariamente com Octávio. Como ele era melhor do que eu em quase todos os jogos que demandavam atributos físicos, meu fracasso era sempre acompanhado de muita zombaria. Quando apostamos na corrida, Octávio fazia literalmente como a lebre da história, só para me irritar demonstrando que me vencia mesmo ocultando seu verdadeiro potencial. No mundo real, a tartaruga nunca tem um dia de sorte.
Hoje seria diferente. Eu era a lebre e estava jogando no meu próprio campo. Devia me aproveitar daquilo para me vingar finalmente dele por ter me derrotado em inúmeras ocasiões anteriores. Sendo assim, escolhi irritá-lo o máximo que podia.
– O vento bate forte aqui em cima! – Disse a ele que me olhou bravo, percebendo o tom irônico quase palpável. – Você não tem como saber ficando aí, não é? – O provoquei em seguida, sentindo meu amigo me fuzilar com os olhos.
– Vai se fuder. – Falou Octávio enquanto seus braços e pernas tremiam para se fincar na posição em que estava bem abaixo de mim no tronco da árvore.
Todavia, minha zoação tinha um fundo de verdade. O vento era consideravelmente mais forte na copa do carvalho que em sua base, fazendo-me sentir um frio levemente desconfortável. Eu queria vestir minha camiseta de volta e, considerando que Octávio só agora estava a 3m de altura do chão, sabia que tinha tempo o suficiente para fazer aquilo ali mesmo. Eu estava bem equilibrado em pé ali e com meu amigo me observando atentamente, poderia até ficar em uma perna só e dar alguns pulos, mas não cairia de forma alguma.
Foi então que segurei a alça esquerda de minha mochila em meu ombro e comecei a removê-la de meu braço. Eu abri seu zíper atento a Octávio vermelho de raiva por me ver fazer uma parada em nossa escalada para me vestir. Só uma mão era necessária para procurar minha camiseta ali dentro e, portanto, mantive a bolsa apoiada em um ombro apenas. Quando achei o tecido escuro que utilizaria para cobrir meu peitoral da brisa gelada, passei sua manga por meu braço disponível. Seria uma manobra bem fácil, mesmo feita a cerca de 7m de altura do chão. Eu vestiria a camiseta primeiro pelo lado esquerdo sem a alça da mochila no ombro, seguraria a bolsa com o braço recém coberto, removendo a alça direita dela de meu corpo e depois vestiria a outra manga, para depois, encaixar a peça de roupa pelo meu pescoço. Em poucos segundos, estaria vestido e poderia colocar a mochila nas costas novamente. Talvez eu pudesse tirar ainda mais onda de Octávio após colocar minha roupa, fazendo uma interrupção para beber água ou passar protetor solar.
Pelo menos era isso o que eu pensava, até que, imediatamente após eu começar a sequência de passos para por a camiseta, justo na hora em que passei o braço pela primeira manga dela ouvimos um sonoro barulho. “Crac!” A árvore gritou e senti todo o gigante de madeira tremer. Eu balancei um pouco em pé, mas rapidamente recobrei a firmeza nas pernas, tomando um susto e olhando logo depois para Octávio. Ele parecia tão aterrorizado quanto eu, olhos bem abertos e rosto pálido.
– O que foi isso? – Ele me perguntou assustado. Naquele milésimo de segundo, eu percebi que o som que ecoou por toda a floresta tinha se dado bastante mais perto de mim do que dele.
– Eu não sei… – Falei enquanto me apressava para por a camiseta, mas mal consegui terminar minha frase.
Nessa hora, não sabia se o que tinha me interrompido foi o barulho subsequente ou o fato de minha mente ter, naquele curtíssimo espaço de tempo deduzido que aquele era um barulho de galho se partindo. Não fazia diferença pois, com o segundo “Crac!” que a árvore fez, senti um excruciante frio na barriga e o chão abandonar meus pés.
O galho em que eu me apoiara se partiu mais rápido do que eu conseguia me comunicar ou raciocinar e eu, em um reflexo de milissegundos, busquei refúgio agarrando de forma totalmente atrapalhada nos cipós que pendiam atrás de meu corpo. Eu senti a alça da mochila deslizar em minha pele sobre meus braços atrás de minhas costas, junta da camiseta que envolvia um de meus pulsos. O movimento veloz que me salvaria da queda foi em vão pois, imediatamente após agarrar com as mãos o emaranhado de plantas trepadeiras, só consegui sentir a vibração de seu rompimento percorrer meus dedos.
Eu estava em queda livre, percebi apavorado enquanto olhava para baixo os galhos, folhas e chão se aproximando cada vez mais rápido. A poucos metros abaixo de mim, vi uma ramificação grossa da árvore a qual conseguiria me agarrar para impedir que eu descesse mais. Eu movi meus braços para realizar a manobra, mas eles não me responderam além de me fazer sentir dor nos pulsos. Foi nesse momento que percebi o quão perdido eu estava. Eu não sabia qual o principal responsável, se eram os cipós partidos em volta de meus dedos, as alças de minha mochila ou buracos da minha camiseta, mas toda aquela bagunça em formato de cordas haviam se emaranhado tanto que eu agora, para além de estar caindo, também tinha os braços completamente amarrados atrás das costas, como se minha estupidez e arrogância me algemassem.
Eu vi o galho que salvaria minha vida passar bem diante de meus olhos, subindo a arvore enquanto eu descia cada vez mais rápido. Para piorar, o angulo que meu corpo fazia, tornava-se cada vez mais agudo com o chão, de forma que meu corpo girou no ar apenas o suficiente para que minhas pernas ficassem cada vez mais para cima. Eram 7m de queda e eu, tal qual um mergulhador profissional, iria de cabeça em direção ao meu breve fim. A diferença era que, o que me esperava não era água e aplausos, mas sim o solo coberto de raízes, rochas e morte.
– Daniel! – Eu ouvi o grito de terror de meu amigo e senti várias folhas me estapeando na cara, forçando-me a fechar os olhos.
Quando deixei que minhas pálpebras se abrissem para a claridade, vi Octávio lá embaixo, pendurado em outro galho e com a mão estendida para mim. Eu conseguiria segurá-la. Era o que eu mais queria nesse mundo, mas algo assim só seria possível se eu tivesse a capacidade de esticar meus braços em direção a ele. Como minhas mãos estavam amarradas em minhas costas, só pude observar o rosto desesperado de meu amigo se aproximar conforme eu caia e depois ficar cada vez mais distante lá em cima. Era uma ótima última visão, tinha de admitir, já aceitando meu iminente fim. Octávio, mesmo aterrorizado, tinha o corpo mais bonito que eu já vi e, como de costume, não usava nada além daquele short curto e que marcava tanto o contorno de suas partes. Pelo menos aquilo seria a última coisa que veria.
Eu fechei meus olhos e só deixei acontecer. Eu sabia que o chão estava cada vez maior ali embaixo, mas não precisava olhar ele para tomar um “jumpscare”. O vento parecia cortar meu rosto, mas era bom, pois parecia que eu estava voando. Dizem que, nos últimos momentos, toda a nossa vida passa diante dos nossos olhos, mas isso não aconteceu para mim. Eu sequer tive tempo para pensar ou reagir, quem diria refletir sobre minha vida. Tudo ocorreu em menos de 10s e agora, tão jovem, eu saberia o que tinha do outro lado.
Todavia, no turbilhão de confusão mental e adrenalina, senti o forte aperto em minha cintura. Doeu bastante, como se eu estivesse sendo laçado em toda a circunferência daquele local no meu corpo, mas eu não sabia sequer o que era essa sensação mais em decorrência da forte emoção. Eu estou voando? Me perguntei sentindo o tremor da freada brusca percorrer minha espinha. Quando abri os olhos, vi o chão a cerca de 1m da minha cabeça. Ele tinha parado de crescer. Demorou alguns segundos para eu desapegar da ideia de que eu estava levitando no ar e recalibrar meu cérebro para perceber que eu ainda estava de ponta cabeça, mas parado. Como isso é possível? Me perguntei e olhei para cima em virtude de descobrir como eu ainda estava vivo.
Eu não pude acreditar em tamanha sorte. Eu tentei mover meus braços imediatamente, percebendo que ainda os tinha amarrados para trás. Alí na altura do cós de minha bermuda, um emaranhado de galhos se uniam quase que em um formato de anzol, fisgado-me pelo elástico de minha cueca e, com isso, salvando minha vida. Eu ainda estava sem camiseta, mas minha bermuda estava ali em seu lugar, preservando minha modéstia e me mantendo parado e de cabeça para baixo no ar. Meus sentidos foram voltando aos poucos. Eu só conseguia ouvir minha respiração pesada por alguns segundos, mas logo percebi que Octávio gritou meu nome mais algumas vezes. Quando minha vista foi desembaçando progressivamente, vi ele descendo a árvore rapido como não achava ser possível que ele conseguisse. Em um instante, ele fez várias manobras, pulando de um galho para outro, para então, se arremessar em um grande salto e pousando no chão logo em frente a mim.
– Daniel! – Ele gritou na minha cara. – Você tá bem cara? – Perguntou em seguida. Sua expressão era o mais puro horror.
– O que houve? – Questionei ele confuso e percebi imediatamente o quão estúpida essa pergunta era. Minha cabeça ainda estava um pouco confusa.
– Você caiu! – Octávio respondeu. – Se machucou? – Ele queria muito saber.
Ainda que fosse irritante tê-lo gritando daquele jeito comigo, sua voz subitamente pareceu ter me feito recobrar os sentidos. Eu precisava me recompor para não preocupá-lo tanto, percebi. Foi então que fiz uma pausa para verificar minha saúde. Eu não percebia qualquer dor, além do elástico de minha cueca estrangulando minha cintura, não via ou sentia sequer uma gota de sangue em meu corpo e movimentei cada um de meus dedos, dos pés e mãos, além das outras partes de meu corpo, percebendo que não fraturei nada.
– Eu tô bem cara. Sério. – Falei com calma. – Só um pouco tonto pois estou de cabeça para baixo. – Comentei em seguida, pois aquilo realmente estava começando a me incomodar.
Meu amigo imediatamente sentou no chão. Ele parecia exausto. Eu o observei se acalmar enquanto pegava sua garrafa d’água na mochila e tomava um longo gole. Após alguns suspiros, ele me olhou nos olhos e disse:
– Cara, você nasceu de novo. Eu nunca vi algo assim antes.
– Você pode me ajudar a sair daqui agora? – Perguntei após rir e com um pouco de impaciência. Seria realmente muito bom sentir o chão com meus pés novamente.
Octávio riu da minha calma, se levantou, parecendo bem mais tranquilo agora e disse:
– Certo, mas acho que podemos concordar que você perdeu por K.O essa, não é?
Eu ri. No final das contas, acho que eu tinha de lhe conceder essa vitória mesmo. Eu teria ficado com raiva de dar o braço a torcer para a lição de moral da história da lebre e da tartaruga normalmente, mas, tendo sobrevivido a uma queda como aquela e sem sequer um arranhão, só possuía gratidão no coração, além da sensação do sangue descendo dentro do meu corpo para minha cabeça. Pelo menos estava onde deveria, dentro de mim e não no chão.
– Tudo bem. – Consenti com um sorriso e o vi se aproximar para me ajudar a sair daquela situação.
– Você consegue me ajudar aqui? – Perguntou meu amigo olhando para o galho preso a minha bermuda.
– Não. – Respondi enquanto me debatia para tentar liberar minhas mãos, sem qualquer resultado. – Minhas mãos estão amarradas assim. – Expliquei tentando manter a calma, mesmo que tudo aquilo fosse muito incômodo.
– Nossa! – Exclamou Octávio inclinando sua cabeça para analisar melhor a situação. – Você se salvou por pouco dessa mesmo. – Ele disse em seguida. Pois é, eu nunca me senti tão vulnerável, totalmente preso, pernas para cima e cabeça para baixo, além do incômodo nos pulsos causado pelo emaranhado de fios de tecido e fibras de plantas que os uniam. Minha mochila estava pendurada nas minhas costas, fazendo peso contra meus braços que, de tanto eu tentar me libertar, se encontravam quase que totalmente fatigados. Pelo menos eu estava em boa companhia. Meu amigo, por mais que comentasse e risse, conseguia obviamente ver a seriedade de minha situação. Eu podia contar com ele para me ajudar naquele momento.
Era, todavia, uma situação bastante patética para se estar e eu queria que aquilo terminasse o mais rápido possível. Pendurado assim, eu parecia uma fruta pronta para cair do pé ou um enfeite de natal. Portanto, quando Octávio levantou os braços para tentar me ajudar a desprender minha bermuda dos galhos, tentei, sem sucesso, desvencilhar minhas mãos enquanto balançava meu corpo.
Eu não devia ter feito aquilo. Achava que se me movimentasse o suficiente, conseguiria romper a projeção da árvore que tanto parecia querer me segurar. Nós ouvimos mais um barulho de madeira quebrando e Octávio deu um pulo para trás. O carvalho parecia transmitir para mim todas as vibrações dele, com sua copa balançando ao vento fortemente. A árvore gritou CRAC! novamente e eu, pensando só ter que lidar com a queda de 1m que faria em direção ao chão, não estava preparado para o que estava por vir.
Aparentemente, um dos galhos que se rompeu não era aquele segurando-me pelo cós das roupas, mas sim um que prendia meu algoz lenhoso de assumir sua posição natural um pouco mais acima no tronco da árvore. Quando aquela ramificação de madeira se rompeu, liberou a tensão do galho preso ao elástico de minha cueca e eu pareci ser arremessado como se estivesse em uma catapulta. Eu não saí voando, por estar fortemente preso pela bermuda a árvore, mas percebi que, com muita velocidade, meu corpo de ponta cabeça ascendeu uns 30cm no ar.
Na descida, senti outra vibração. Não era qualquer outro pedaço da árvore se partindo, mas sim algumas fibras do elástico de minha cueca. Era uma pena, pensei. Eu gostava daquela peça de roupa e, considerando que ela aguentara o peso de meu corpo por tanto tempo, certamente estaria arruinada ao final daquilo tudo. Eu parei no mesmo local em que me encontrava anteriormente. É claro, estava muito bem preso pela bermuda e o galho não parecia ceder. Todavia, foi por pouco tempo e comecei a sentir-me em queda livre novamente.
Enquanto meu corpo descia, eu percebi o pior: Não era o galho da árvore que tinha cedido, mas sim minha bermuda. Na minha cintura, o elástico de minha roupa íntima subiu em meu corpo de ponta cabeça, passando por meu púbis, joelhos e parando nos tornozelos. Não! Minha mente gritou enquanto eu impotentemente era despido por aquela árvore. Algo macio se chocou contra meu pubis. Era meu penis! Agora livre para ficar solto no ar. O chão estava a pouco mais de 20cm de distância do meu rosto e eu sentia o vento bater em todas as regiões mais íntimas do meu corpo. Eu tentei mais do que nunca soltar minhas mãos para me cobrir, mas ainda estava com elas tão presas em minhas costas quanto meus pés estavam na bermuda arriada no galho do carvalho.
Eu olhei imediatamente para Octávio para verificar se ele pelo menos tinha desviado o rosto, apenas para encontrar sua expressão facial assustada, boca aberta e olhos bem fixos em mim. Talvez eu não esteja tão exposto. Implorei aos céus e olhei para cima, verificando a coisa mais terrível que ja vi na vida: Era meu corpo, completamente visível e nu. Meus pelos pubianos bem aparados não cobriam nada e meu pau encolhido pelo frio e bolas estavam ali entre minhas pernas e totalmente no campo de visão de meu amigo.
– Puta merda cara! – Octávio exclamou surpreso, porém com o mais aberto sorriso que já vi em sua face.
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