TINHA QUE SER VOCÊ - O1: A TRAIÇÃO (JOÃO)

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 2038 palavras
Data: 21/02/2024 21:07:23

OI, GENTE! ESTOU DE VOLTA. SOU O ESCREVO AMOR E TRAGO MAIS UM ROMANCE DA MINHA AUTORIA. ESPERO QUE VOCÊS LEIAM, GOSTEM E ME APOIEM NESTA HISTÓRIA. SEGUE A SINOPSE:

"Tinha que ser Você" é uma envolvente história que explora os laços complexos da família, amor e autodescoberta. João e José, irmãos gêmeos, são personagens tão distintos quanto complementares. João, o típico nerd gay, enfrenta desafios emocionais após uma desilusão amorosa, enquanto José, um aventureiro com o sonho de ingressar no exército, se vê diante de um segredo que abala a estabilidade da família.

No cenário familiar composto pelos pais Esther e Juarez, seres humanos falíveis e bem-intencionados, o tal segredo emerge como uma sombra ameaçadora sobre as relações. A narrativa, explora os conflitos familiares, revelando que, mesmo entre pessoas boas, existem segredos capazes de desestruturar a convivência.

Fora isso, o encontro de João com Hector, um rapaz universitário que compartilha um passado de traumas semelhantes, desencadeia uma trama de amizade e superação. Unidos por experiência compartilhada, João e Hector encontram consolo e apoio mútuo em meio às adversidades.

À medida que a trama se desenrola, "Tinha que ser Você" aborda temas como aceitação, amizade verdadeira e resiliência. Os personagens, repletos de nuances e realismo, enfrentam suas vulnerabilidades e descobrem a força que surge no nascimento de verdadeiras amizades.

Entre idas e vindas, reviravoltas emocionantes e momentos de reflexão, a história cativa o leitor ao explorar os caminhos imprevisíveis da vida e do amor. "Tinha que ser Você" é mais do que uma narrativa sobre os altos e baixos da vida; é uma jornada emocional que destaca a importância da empatia e da compreensão nos relacionamentos, seja entre irmãos, amigos ou amores inesperados.

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PRIMEIRO CAPÍTULO: A TRAIÇÃO

NARRAÇÃO: JOÃO

É engraçado como ficamos alheios aos sentimentos dos outros. Milhares de pessoas passaram por mim naquela sexta-feira nublada. Sem querer, esbarrei em alguns, mas ninguém parou para perguntar se eu estava bem. A vida pode ser uma filha da puta, né?

Dentre os bilhões de seres humanos, lá estava eu. O gay derrotado e assumido do terceiro ano "C". Como eu tive coragem de me entregar para alguém como o Mauro? Eu acreditei nos papinhos dele. O choque foi tão forte, que sentei na sarjeta e fiquei me lamentando. As lágrimas desciam com facilidade e o desespero era o meu único companheiro, quer dizer, era até ele aparecer.

Diferente de mim, o Hector encarou o problema de frente e não se abalou com a traição. Ao me ver jogado na sarjeta, ele se aproximou e me ofereceu a mão. Sem ter outra opção, eu aceitei e o segui.

Você não deve estar entendendo nada, né? Mauro, Hector. Calma. Mas para compreender a minha situação deplorável é preciso voltar algumas horas deste dia maldito.

Eu me chamo João Victor, JV para os meus amigos e familiares. Estou concluindo os estudos em uma prestigiada instituição para garotos. Eu não sou rico, longe disso, mas consegui boas notas para estudar no meio da elite carioca.

Nem pense que sou inteligente, pois me considero no mínimo esforçado ou busco me esforçar para dar um retorno aos meus pais, afinal, eles sacrificaram muitas coisas por causa de mim e do José Ricardo, o meu irmão gêmeo.

Apesar de parecidos, eu e o JR não temos nada haver. Nossas personalidades são semelhantes a óleo e água. Mesmo com os embates que travamos, que são geralmente causados por causa de videogame ou pura implicância, buscamos nos dar bem para a harmonia da casa.

Diferente de mim, o JR continua na antiga instituição onde estão todos os nossos melhores amigos. Ele é mais voltado para artes plásticas e cênicas. Eu sou o cara dos números e dados, sei lidar com qualquer tipo de equipamento eletrônico, porém, sem nenhum tipo de molejo social.

Às vezes, acho que é praga do JR, já que eu sou o filhinho da mamãe. Eu sempre tive a atenção dos meus pais, porque fui o bebê doente e capenga, enquanto o meu irmão cresceu sem ter que ir ao hospital uma única vez.

Na instituição, eu sou invisível. Os alunos ricos e soberbos mal notam a minha existência. Pelo menos, no colégio público as pessoas queriam fazer os trabalhos comigo. Eu me sentia mais valorizado e necessário no contexto geral.

Enfim, o ponto alto da minha jovem vida aconteceu no dia 12 de junho, um pouco antes do recesso. O charmoso Mauro D'ávila notou a minha existência e iniciamos uma amizade. A amizade evoluiu para pegação e passamos a ficar exclusivos.

Tudo bem, eu estou no armário. Talvez os meus pais desconfiem sobre a minha sexualidade, mas ainda não tive coragem o suficiente para me assumir. O JR também deve ter suas desconfianças, só que nunca externalizou nada, nem mesmo um comentário.

A vida seguia de maneira tranquila. Eu comprei um presente de três meses de relacionamento e preparei uma surpresa para o Mauro. Ele sempre teve um discurso bem militante sobre o amor gay. Quer dizer, eu achava que ele tinha.

Marcamos em um café no Centro da cidade, porém o meu namorado não apareceu e nem atendia as ligações. Peguei a minha mochila e segui para a estação do metrô. De repente, o vi de relance entrando em um restaurante.

Eu ainda na esperança de ter uma tarde agradável com o meu namorado o segui. O lugar era chique e alternativo. As paredes eram pretas e quadros com fotografia em preto e branco davam um tom mais moderno ao restaurante. Uma moça nada agradável me recebeu e perguntou se eu havia feito reserva.

— Moço, você não pode entrar sem reserva. — avisou a mulher me encarando com um olhar pavoroso.

— O meu namorado está sentado ali. — expliquei, apontando para frente.

— Aquela mesa está reservada para dois. — disse a mulher.

— Com licença, — um homem lindo apareceu ao meu lado e chamou a atenção da moça. — reserva no nome de Mauro D'ávila.

— Boa tarde. — a mulher desejou, usando um tom totalmente diferente, quase como se fosse a melhor amiga do homem. — O senhor pode me acompanhar. — apontando para frente, antes de olhar para mim. — Fique aí.

Eu não estava acreditando naquela situação. O homem era mais velho e exalava uma colônia doce, quase enjoativa. Ele é guiado pelo restaurante até a mesa de Mauro, que se levanta ao vê-lo. Eles se cumprimentam com um beijo na boca. O meu estômago começou a arder e os olhos ficaram marejados.

Os meus pés andam em direção dos dois, nem ligo para a mulher que tenta impedir o meu avanço. Eu só quero entender o que está acontecendo.

— Boa noite, Mauro! — gritei, chamando a atenção de todos.

— João! - ele exclamou, levantando e ficando assustado. — O que você está fazendo aqui?

— Procurando o meu namorado. — digo, mas sem já ter noção do que estou fazendo. — O que isso significa?

— A gente pode conversar depois, por favor...

— Quer saber, Mauro? Vai se foder.

— Alex? — uma voz balbucia atrás de mim. Ao virar me deparo com um rapaz bonito e com mais raiva do que eu. Seus olhos estão cheios de lágrimas.

— Hector, amor... — o homem que está acompanhando o Mauro se levanta.

Puta merda. O cara tem um namorado também? Eu não posso acreditar nisso. De repente, um silêncio constrangedor cai sobre nós, enquanto os outros clientes do restaurante aguardam quem vai tomar o próximo passo do barraco. O Alex, amante de Mauro, continua de cabeça baixa e chora. Diferente do meu namorado, que está mais preocupado com um escândalo.

— Por favor, João. Vai embora, não deixa as coisas mais esquisitas. — pede Mauro, que olha para os lados e fica vermelho de vergonha.

— Eu estou deixando as coisas esquisitas? - olhei em volta e vi um copo de caipirinha em uma das mesas e vou na direção dele. — Posso deixar as coisas mais interessantes, seu babaca. — peguei o copo e joguei a caipirinha no rosto de Mauro. — A única coisa que esperava do meu namorado era fidelidade. — deixei o copo sob a mesa e vou embora do restaurante.

Eu sou tão ridículo. Como pude cair no papinho do príncipe encantado. Os príncipes não existem. Os contos de fadas não são reais. Consegui carregar a minha carcaça derrotada até perto de uma igreja. Só que as pernas começaram a tremer e me sentei na calçada. As lágrimas caíram fácil e só tinha vontade de morrer.

— Eles não merecem as nossas lágrimas. — uma voz áspera e grossa chama a minha atenção.

— Hum. — limpei as lágrimas e olhei para cima. É o namorado do tal de Alex, mas não lembrei o seu nome.

— Vem. — ele me oferece apoio para levantar.

Por algum motivo, eu aceitei. Vamos na direção do metrô. O rapaz é mais alto que eu e o perfume dele é acolhedor. Descemos as escadas com uma velocidade ímpar, o meu físico sedentário não ajuda muito na correria. Estou tão aéreo que não digo nada, apenas sigo o garoto. Descemos na estação de Uruguaiana e andamos até o Museu do Amanhã.

As pessoas olham para nós. Afinal, o garoto não largou a minha mão desde o início do trajeto. Finalmente, a gente para, mas continuamos de mãos dadas. Passamos um bom tempo olhando para frente. Um vento frio sopra e o aroma do mar me acalma.

— O que está acontecendo com a minha vida? — questionei, mais para mim mesmo do que para o rapaz. — Até uma hora atrás eu estava namorando e....

— Filhos da puta. Eu dediquei dois anos da minha vida para o Alex. Dois. Eu desisti de estudar fora por causa dele. — falou o rapaz.

— Dois anos? Caramba. — soltei espantado, pois namorava o Mauro há três meses. — E como você descobriu?

— Ele usou o Facebook no meu computador. Eu ia deslogar da conta quando o tal de Mauro mandou uma mensagem. Abri a foto e tinha uma foto do pau do teu namorado. — contou o garoto. Ele ficou com tanta raiva que apertou a minha mão.

— Ele, ele nunca mandou um nude para mim. — revelei, me sentindo frustrado e muito triste. — Na verdade, a gente nunca transou.

— Porra, que vacilo. O namorado de vocês é recente, não é? — ele perguntou.

— Sim. Três meses. Ele é o meu primeiro namorado, ou era. Não sei o que fazer. Eu devo conversar com ele? Eu devo evitar? O que eu faço? — questionei, virando na direção dele.

— Estou tão confuso quanto você, João.

— Desculpa, eu não lembro o seu nome. - soltei, ficando vermelho.

— Eu sou Hector. — me oferecendo a mão esquerda, mas já estamos de mão dadas. Nos olhamos e rimos.

— Ok, eu vou soltar a sua mão. Já não vou cometer nenhuma loucura.

— Sinto muito, Hector. — lamentei, enquanto olhava para o relógio.

— Preciso ir. Eu não moro aqui perto e...

— Eu te levo. Só precisamos voltar para Botafogo. O meu carro está lá. — Hector explica, arrumando os óculos.

— Pera aí, cara. Você tem carro e me fez vir até aqui a pé? — perguntei revoltado, colocando a mão na cintura e fazendo o Hector rir.

— Desculpa, eu te vi chorando e não queria voltar para arrebentar aqueles dois traidores. Eu te levo em casa ou se quiser afogar as mágoas...

— Tenho 18 anos, eu não posso. — eu falei, mas logo me arrependi.

— Relaxa, a bebida não mata, mas humilha. — ele alerta, então sorri. — Eu tenho 20 anos, não deixaria um bebê ir para um bar. Enfim, temos que voltar para o metrô.

— Não sei o que fazer. O que vamos fazer? — perguntei com uma feição de desespero no rosto.

— Encher a cara. — Hector responde com sarcasmo.

— Passo. — disse de maneira seca.

— Brincadeira, eu não bebo também. — Hector suspirou fundo e olhou para mim. — Devemos seguir em frente. Eles não merecem o nosso sofrimento, João. Seja dois anos ou três meses, os nossos relacionamentos eram sérios. Se houve essa traição...

— Pode ter acontecido outra. — o cortei. — Merda.

Como eu pude ser tão idiota? Cai no golpe mais antigo do mundo: o gay inexperiente, que abre o coração para o gay babaca. Eu só quero que esse ano acabe e as coisas voltem ao normal. Será que elas vão voltar ao normal?

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PESSOAL,

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Amei. Esperamos sempre que volte ao normal. Mas o que é o normal?

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