Eu não sei por quanto tempo dormi, mas lembro-me de ter acordado de madrugada; JP, na verdade, me despertou. Ele me abraçou forte e beijou minha testa, fazendo-me sair do sono em que havia caído depois de senti-lo dentro de mim. Ele permaneceu em silêncio por mais alguns segundos. Eu não sabia se deveria dizer algo ou esperar que ele falasse, mas não demorou muito.
"Iuri, preciso ir...", havia mais naquelas palavras do um apenas preciso ir.Ao pegar meu celular, percebi que já eram 2h da manhã.
"Está tarde, você não acha melhor ficar a noite e sair escondido pela manhã?"
"Não, eu preciso ir agora", havia algo, algo que eu não conseguia compreender. Então, apenas me levantei para vestir uma roupa e acompanhá-lo parte do trajeto. Ao me levantar, finalmente pude sentir o quão dolorido estava, mas eu faria tudo de novo... eu realmente estava apaixonado por JP, e ele sentia algo por mim tambem
Quando chegamos em frente à minha casa, ele me abraçou fortemente e olhou nos fundos dos meus olhos por alguns segundos.
"Tchau, Iuri...", eu acabei de te-lô pra mim, depois de tantos meses, e naquele momento parecia que eu já o estava perdendo.
"JP... eu..."
Ele apenas balançou a cabeça e disse: "Eu sei, mas eu não posso, Iuri." E então ele se foi. Eu realmente tinha perdido o que tanto desejei e amei?
Fiquei estático, observando-o ir embora. A cada passo que ele dava, uma voz dentro da minha cabeça gritava "Não vá", mas minha parte racional me trazia de volta, lembrando-me do que ele havia dito: "Eu sei, mas eu não posso, Iuri". Por mais que tenha levado apenas alguns segundos para ele virar a esquina, eu senti como se aquele momento tivesse durado uma eternidade. Eu não fazia a menor ideia do que iria acontecer daqui para frente. Ainda estava processando o que havia acontecido, mas meus sentimentos e meu corpo ansiavam ainda mais por ele, por seus sentimentos e por seu corpo gostoso.
Quando retornei ao meu quarto, decidi que seria melhor esperar ele entrar em contato comigo. Então, com um misto de felicidade e tristeza, chorei até pegar no sono. Estava feliz por finalmente ter conseguido ficar com o homem que estou apaixonado, mas ao mesmo tempo, triste por não saber como as coisas seriam daqui para frente. No entanto, algo em mim insistia em afirmar que algo estava errado. Então, em meio a esse turbilhão de emoções eu dormi.
No dia seguinte, acordei muito mais tarde do que o habitual. Meu corpo estava dolorido, mas apenas de lembrar a razão pela qual estava assim, uma ereção intensa se formava dentro da minha cueca. Apressei-me em pegar o meu celular para ver se JP tinha enviado alguma mensagem. Eu queria saber se ele estava bem, se tinha chegado em casa em segurança e se poderia me ajudar a entender todas essas dúvidas e questionamentos que eu havia tido antes de finalmente conseguir pegar no sono.
"- Iuri, estou indo embora. Eu já havia decidido isso algumas semanas atrás. Vou morar com minha tia por um tempo. Eu gosto de você, Iuri, mas eu não posso gostar. Eu simplesmente não posso. Adeus, Iuri."
Lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto lia o recado, absorvendo cada palavra que parecia ter sido milimetricamente selecionada. E então, chorei.
Passei o dia deitado na cama. Era sábado e eu estava de férias, não tinha obrigações a cumprir. Mas mesmo se tivesse, acho que estava triste demais para fazer qualquer coisa naquele momento. À noite, ele não apareceu para jogar comigo. Tentei ligar, mas o celular estava desligado. Decidi então ligar para Sthe, que ao atender, não conseguiu esconder a surpresa ao receber uma ligação minha.
"Sthe... Você sabe do JP?"
"Iuri? Aconteceu alguma coisa?"
"O JP? Você sabe algo dele?" - Tentei soar o mais natural possível, mesmo com o coração pesado.
Sthe pareceu hesitante por um momento antes de responder. "Eu... não sei de muita coisa, Iuri. Ele falou algo sobre ir embora, mas não deu muitos detalhes. Apenas disse que precisava resolver algumas coisas e que poderia ficar fora por um tempo. Por quê? O que aconteceu?"
Engoli em seco, sentindo um nó se formar na minha garganta. "Ele me deixou uma mensagem hoje cedo... Ele disse que está indo embora, morar com a tia dele." Minha voz vacilou um pouco enquanto eu lutava contra as lágrimas que insistiam em escapar.
Sthe permaneceu em silêncio por um momento antes de responder com gentileza: "Eu sinto muito, Iuri. Se precisar conversar, estou aqui para você, ok?"
Balancei a cabeça, mesmo que ela não pudesse ver. "Obrigado, Sthe. Eu... acho que preciso de um tempo para processar tudo isso."
Desliguei o telefone e me afundei na cama, deixando as lágrimas finalmente escaparem. O vazio e a dor pareciam consumir cada parte de mim, enquanto eu tentava entender o que tinha acontecido e como seguir em frente.
Após isso, não tive mais notícias de JP. Evitei conversar com Sthe e pouco saía de casa. A maioria das minhas interações era com meus pais, geralmente durante o jantar, quando compartilhávamos nossos dias. Permiti-me ficar triste por um tempo. Chorei por dias, liguei várias vezes para ele e tentei enviar mensagens nas redes sociais, mas percebi que já não tinha mais acesso a elas.
Eu tinha um plano quando vim para essa escola e mudei de turno, e era isso que eu iria fazer daqui para frente. Então, durante o recesso depois do primeiro semestre, cerca de uma semana depois que JP desfrutou do meu corpo e quebrou meu coração, mergulhei nos livros e estudei com uma determinação que nunca antes havia tido.
Quando as aulas recomeçaram, ele realmente não estava lá. Restavam apenas as lembranças da amizade que construímos no curto período em que estudamos juntos.
"Você não respondeu minha mensagem, aconteceu alguma coisa?" - Oliver estava em pé ao meu lado. Eu sabia que precisaria resolver as coisas com Oliver, mas aquele ainda não era o momento. Eu não queria ter essa conversa agora.
"Laís"... - foi tudo que eu precisei dizer. Ele deve ter entendido na hora, pois balbuciou algumas palavras por alguns segundos, mas, visto que nesse momento eu nem o olhara, ele foi embora.
Depois disso, voltei a ser o Iuri que eu era no ano passado. Concentrava-me nos estudos e tinha pouco contato com outros alunos. Para ser sincero, eu só conversava com Sthe às vezes, mas não fazia muita questão disso. Meu único objetivo era terminar tudo aquilo e fazer um bom vestibular para finalmente deixar tudo isso para trás.
Fiquei tão focado em meus objetivos que mal pude sentir o ano passar. Fui escolhido como Orador da minha turma no ensino médio. Optamos por fazer uma cerimônia simples de formatura e, no final de semana seguinte à formatura, iríamos para um hotel em uma praia muito bonita de um estado vizinho. Eu não estava muito empolgado para ir, mas fui obrigado a aceitar, visto que ganhei a viagem de presente do meu professor de matemática, aquele que costumava ser meu melhor amigo. Além disso, agora que as provas do vestibular já haviam passado, eu merecia um descanso depois de tanto esforço. E, para ser sincero, estava bem confiante em meu desempenho.
Quanto ao JP... bom, decidi não pensar mais nele. Por mais que ele sempre viesse à minha mente, decidi que ele era algo do meu passado.
Oliver também iria com a turma para o hotel, e eu acho que finalmente esse era o momento de conversarmos sobre tudo e esclarecer as coisas. Estava decidido a ter essa conversa com Oliver durante a viagem.
Quando o dia chegou, antes de sair de casa para ir ao hotel, mandei uma mensagem para o Oliver:
"Vamos conversar mais tarde, só nós dois. Pode ser?"
"Claro, vou ficar te esperando."
No hotel à beira da praia, o dia começou com um sol radiante e uma brisa fresca do mar. Depois de um café da manhã tranquilo, decidi aproveitar o dia de uma maneira mais relaxante. Encontrei um local tranquilo perto da piscina, onde poderia desfrutar da brisa suave e do calor do sol.
Enquanto a maioria dos meus colegas de turma se divertia com as atividades na praia, eu preferi passar meu tempo lendo um livro à beira da piscina. Enquanto mergulhava nas páginas, o ambiente ao meu redor proporcionava um cenário perfeito para relaxar e recarregar minhas energias.
Durante a tarde, ocasionalmente olhava para cima do meu livro para observar as pessoas se divertindo na água e nas atividades à beira-mar. Embora preferisse o silêncio e a tranquilidade, apreciava a alegria e a animação ao meu redor.
À noite, participei do jantar especial à beira da piscina, onde pude compartilhar algumas conversas descontraídas com meus colegas de turma. Depois, retornei ao meu canto tranquilo, onde pude desfrutar da serenidade da noite enquanto as estrelas brilhavam no céu. Decidi pedir um drink para acompanhar a vista do céu. Sthe se sentou ao meu lado e começamos a conversar de uma forma que nunca havíamos conversado antes. Aquilo foi realmente muito bom. Eu não estava acostumado a beber, mas me sentia bem animado depois do terceiro copo, que foi onde decidi parar, pois ainda precisava conversar com Oliver antes de ir dormir, caso contrário certamente teria bebido um pouco mais.
Foi um dia peculiar, onde muitas pessoas se aproximaram de mim. Algumas delas nem sequer havia notado na sala de aula ou no colégio antes. Depois de um longo período me sentindo invisível novamente, naquele dia eu não me sentia assim. Pela primeira vez, gostava de ser visto pelas outras pessoas. Era reconfortante e até mesmo revigorante sentir essa conexão com meus colegas de turma, mesmo que fosse apenas por um breve momento. Aquela sensação de pertencimento e reconhecimento foi uma brisa de ar fresco em meio às minhas preocupações e incertezas.
Ao me encaminhar para o quarto do Oliver, senti uma leve palpitação e uma ansiedade eufórica. Bati na porta e ouvi sua voz gritar que já vinha. O coração batia mais rápido, enquanto eu esperava ansiosamente pelo momento que poderia finalmente esclarecer as coisas com ele.
