“Só por hoje eu não quero mais chorar
Só por hoje eu não vou me destruir
Posso até ficar mais triste se eu quiser
É só por hoje,
Ao menos isso eu aprendi”.
(Eduardo) – Onde ela está?
(Helena) – Eu não sei!
(Eduardo) – PRA ONDE ELA FOI?
(Helena) – Calma, Edu! Eu não sei! – Disse Helena, tentando me segurar.
(Eduardo) – Como ela pôde fazer isso comigo?
(Helena) – Você quer uma bebida? Vamos conversar ...
(Eduardo) – Melhor eu ir embora pra casa. Eu quero “arrancar o couro” daquela puta!
Tentei esconder algumas lágrimas de Helena, mas não consegui.
(Helena) – Isso só vai te prejudicar e te fazer mal. Deixe-a pra lá ...
Me sentei novamente no sofá, pensando no que eu tinha acabado de falar. Eu nunca encostei um dedo na minha esposa, mas eu estava com medo do que eu podia fazer. A raiva que eu sentia era monstruosa e eu me senti mal por ter falado que iria “arrancar o couro” dela.
Eu estava sentado no sofá, me sentido derrotado, quando o Tarcísio apareceu na sala, andando com dificuldade, cheio de sangue cobrindo o seu rosto, que até escorria pelo seu pescoço e ia para o seu peito e barriga. Várias partes do seu corpo estavam ensanguentadas.
Meu peito doeu e então olhei para as minhas mãos que estavam com o sangue dele e fui me lembrando do que eu tinha feito e, principalmente, do porquê eu tinha feito. Minha vontade era de ajudá-lo, pra depois enchê-lo de porrada novamente. Olhei pra Lena que estava com os olhos cheios d’água e disse a ela que ajudasse o seu amigo.
(Tarcísio) – Não preciso de ajuda. Só preciso de uma coisa ... Não quero que as minhas filhas me vejam assim. Edu, se você puder ... levá-las até suas respectivas mães.
Outra facada no peito. Quando ele falou em filhas, pensei em como a Nayla ficaria, se me visse chegando em casa naquelas condições, mas então me lembrei que a Nayla era filha dele e minha cabeça deu um nó. Era muita coisa pra processar e muitos sentimentos pra lidar.
(Eduardo) – Vou ver o que posso fazer. Suas filhas não merecem o pai que tem.
(Tarcísio) – Obrigado! Saiba que eu te amo cara ... Eu só queria ter tido a coragem de ter esclarecido isso há mais tempo. – Disse aquele que foi um dia o meu amigo, enxugando as lágrimas com sangue, sem olhar na minha cara.
(Eduardo) – O Otávio sempre me disse pra ter cuidado contigo. Sempre me disse pra ficar de olho. No final, ele estava certo.
(Helena) – Edu, melhor você ir pro meu quarto. Me espera lá, que eu não posso deixar o Tarcísio sair assim nesse estado.
(Tarcísio) – Nem se incomode. Prefiro ir embora do jeito que eu estou ... Não quero nada que venha de você, Lena. Nada. – Disse o traíra, quase gritando com ela.
(Helena) – Você está com raiva e envergonhado ...
(Tarcísio) – Edu, você não está vendo que é tudo armação dela? Eu estava contigo o dia inteiro. – Disse ele me encarando, quase sem forças de se manter em pé.
(Eduardo) – Eu tenho muita coisa para pensar ...
(Tarcísio) – Eu não fiz nada! Eu juro!
(Eduardo) – E a Nayla?
(Tarcísio) – A Nayla ... Eu ... Me desculpa, Edu! Melhor a gente conversar outra hora.
(Eduardo) – Nem outra hora, nem nunca mais. Aliás, nunca mais eu quero te ver, seu filho de uma puta!
(Tarcísio) – Satisfeita, Lena? Está vendo o que você fez?
(Helena) – Eu não fiz nada. Sempre fui sua amiga e sua amante e você preferiu a Mônica.
(Tarcísio) – Lena, dessa vez você passou de todos os limites.
Eu vi Tarcísio, aquele que foi um dia meu grande amigo, indo embora. Ele estava só de cueca e todo ensanguentado e foi andando saindo da casa de Helena, até o seu carro, provavelmente. Nem sei como ele iria conseguir dirigir, mas foda-se. Não era mais problema meu. Que situação! Tudo parecia um pesadelo, mas eu sabia que não era.
Comecei a chorar novamente e Lena ficou fazendo carinho em mim. Ficou falando que estaria ao meu lado e que me daria apoio.
(Eduardo) – Perdi minha esposa, minha filha e o meu amigo! Perdi tudo isso num único dia ...
(Helena) – Não fica assim, Edu! Sei que você deve estar sofrendo pra caralho, mas a verdade liberta. Você vai ver que isso tudo vai passar.
(Eduardo) – Lena, como eu pude ser tão cego! Estava na minha cara o tempo todo. As brincadeiras dele com a Mônica, a intimidade exagerada, o jeito que ele tratava a minha filha, ou melhor, o jeito que ele tratava a própria filha. O zelo que ele tinha com ela. Aquele mal caráter, desgraçado ... TALARICO, FILHO DA PUTA!!!
Respirei fundo algumas vezes, tentando me controlar e continuei:
(Eduardo) – Hoje ele estava com uma conversinha que estava saindo com alguém, mas não podia me contar. Óbvio, que não podia me contar ... Ah, como eu pude ser tão burro! E o filho da puta ainda disse que ia lavar ela de porra! Dito e feito ... Nunca vi uma pessoa com tanta porra pelo corpo. Vou ter pesadelos com isso.
(Helena) – Eu vou falar o que eu sei, mas antes eu vou pedir ajuda pro Otávio. Acho que você precisa dele mais do que nunca. – Disse Helena de uma forma esquisita.
(Eduardo) – Otávio? Não entendi ...
Helena se levantou e foi até o escritório, onde Otávio guardava suas coisas, conversava com amigos e fazia reuniões. Minutos depois, ela voltou com uma garrafa de Whisky. Depois foi até a cozinha e pegou um pró seco.
(Helena) – Edu, meu amigo. Sei que hoje está sendo muito doloroso pra você, mas se o seu amigo estivesse aqui, ele te ofereceria um Whisky. Faz de conta que ele está aqui ... Sirva-se ...
Não sei se isso era uma boa ideia, mas eu precisava relaxar um pouco. Minhas mãos ainda estavam tremendo e com muito sangue daquele safado. Ela percebeu a minha dificuldade e encheu o copo. Provavelmente equivaleria a umas três doses ... Enquanto eu olhava para aquele copo, Helena pegou um pano com água, outro com álcool e foi limpando o sangue das minhas mãos.
Levantei o copo, brindei ao meu amigo Otávio e virei. Desceu queimando até a minha alma e depois senti um calor que me acolheu. Helena fez o mesmo com a sua taça e encheu nossos copos novamente.
(Helena) – Eu queria te pedir desculpas, Edu. Talvez tenha sido por minha causa que a Mônica ficou assim.
(Eduardo) – Não entendi.
(Helena) – Vou explicar. Nós éramos muito amigas em certo período da faculdade e a gente conversava sobre tudo. Um dia eu falei pra ela como o Tarcísio era pirocudo e bom de cama. Ela me pediu detalhes e eu dei. Acho que ela ficou com isso na cabeça, como se fosse uma ideia fixa. – Disse Helena, de forma tranquila, provavelmente escolhendo muito bem as palavras, com medo da minha reação.
(Eduardo) – Mas ela sempre disse que estava satisfeita comigo na cama. Não entendo isso.
(Helena) – A gente não fica falando essas coisas pra vocês, porque sabemos que isso machuca. Falar de tamanho de piroca pra homem é um assunto muito delicado, mas ela disse que tinha vontade, um dia, de experimentar uma piroca bem grande, e completou falando que se você “fosse tão grande” quanto o Tarcísio seria perfeito.
Eu estava começando a ficar puto com esse papo. Sempre tivemos liberdade pra falar sobre tudo. Pra que esconder essas coisas?
(Helena) – Naquele dia, na despedida de solteira, ela me disse pra contratar alguns strippers que tivessem a piroca grande e grossa. No mínimo, tinham que ser maiores que você. – Falou Helena, meio envergonhada.
(Eduardo) – Que filha da puta! Então, foi ela que pediu isso?
(Helena) – Eu falei a ela que isso era um caminho sem volta, porque, depois que se experimenta um pirocudo, é difícil se acostumar com um pau menor, mas ela não me deu ouvidos.
(Eduardo) – Mas o que o Tarcísio tem a ver com isto ? Como ele foi parar na despedida?
(Helena) – Mais uma vez eu peço desculpas. Eu e minha boca grande ... mas eu estava bêbada e tinha acabado de transar com ele e comentei que a Mônica era doida pra sentir uma piroca grande igual a dele e eu acabei falando pra ele que ela queria uns strippers bem-dotados na despedida dela.
(Eduardo) – Então, ele se voluntariou? Foi isso?
(Helena) – Eu sem querer dei todas as informações que ele queria. Onde iria ser a despedida, a data ... Quando a festa já estava bem adiantada, ele apareceu lá fantasiado e mascarado. Eu estava bêbada e tinha várias outras coisas pra fazer e ele se aproveitou disso. No início, deu o pau pra ela segurar e aí as coisas foram acontecendo e saindo de controle. Eles ficaram durante horas fodendo no quarto e ela até esqueceu da festa.
(Eduardo) – E sem camisinha, pelo visto? Porque ela ficou grávida logo depois. Cara, eu não estou acreditando nisso. Ela me paga ... Ela vai ver ... No dia seguinte, ela nem quis muito papo comigo ... Agora estou entendendo. Acho que ela ficou preocupada por ter transado com o Tarcísio, sem camisinha, porque transamos várias vezes desta forma, na lua de mel.
(Helena) – Provavelmente ela deve ter te convencido a não usar.
(Eduardo) – Como eu disse, tenho muito o que pensar, tem muita coisa estranha nesta história, mas eu vou pôr essa filha da puta pra fora de casa. Meu coração está apertado por causa da Nayla, que vai sofrer muito, mas eu não admito isso.
(Helena) – Me desculpa, Edu ... Eu jamais iria imaginar que logo a Mônica iria fazer isso.
(Eduardo) – Tem muito tempo que eles estão se encontrando? Parece que você estava acobertando isso, né? Era aqui na sua casa que tudo acontecia?
(Helena) – Não, Edu ... Lógico que não. O Otávio nunca permitiria isso, mas eu vi que o Tarcísio mudou um pouco comigo, mas eu não entendia o motivo. Hoje foi a primeira vez que fizeram aqui em casa. Eu juro pela alma do Otávio! Contudo, como eu já te contei, o Tarcísio é muito meu amigo e me conta tudo o que está acontecendo com ele.
(Eduardo) – Eu sei disto. Só não estou entendendo o que isto tem a ver com ...
(Helena) – Calma, eu já vou te explicar. Eu acredito que já faz algum tempo que eles estão tendo um caso pois, como eu disse, ele mudou seu comportamento comigo. Eu perguntei para ele e, no início, ele desconversava. Mas depois, acho que eu insisti muito e ele confessou que ele e a Mônica estavam pensando em assumir o relacionamento. Ela estava esperando somente resolver algumas pendências e iria pedir o divórcio para ir morar com ele. Inclusive, iriam aproveitar para falar com a Nayla sobre a paternidade e eles morarem todos juntos.
(Eduardo) – Caralho, Lena!!! Não pode ser!!!
(Helena) – Infelizmente pode sim, Edu. Pode e eu tenho certeza de que irá acontecer. Eles estão apaixonados. Eu também estou arrasada. Você sabe que eu sou apaixonada pelo Tarcísio. Eu sei que um relacionamento com ele nunca daria certo. Mas agora, eu acho que o perdi, de vez.
(Eduardo) – Ainda não estou entendendo como os dois vieram parar aqui ...
(Helena) – A Mônica chegou aqui logo pela manhã. Disse que precisaria ficar um tempo longe de você. Pouco tempo depois, falei com o Paulo e fiquei muito preocupada com o sumiço da Keyla. Gilson e Paulo passaram aqui e estavam desesperados. Saí com eles e quando eu voltei, peguei os dois fodendo que nem malucos aqui neste sofá. Acho que ela aproveitou e chamou o Tarcísio.
(Eduardo) – Filhos da puta!
Comecei a chorar e a Lena me abraçou.
(Eduardo) – Pera aí! Então quando eu falei contigo no telefone, eles já estavam aqui ...
(Helena) – Sim. Só que eles não me viram e continuaram a foder. Eu estava com muita raiva deles e disse pra mim mesma que isso não ia ficar assim e que hoje a casa deles iria cair. Por isso não te falei nada, pra você não fazer besteira pelo caminho, mas eu disse pra você vir aqui pra casa, pra dar o flagrante neles.
Foi então que Helena foi até um armário e pegou, na gaveta, um envelope e me entregou. Assim que abri, vi algumas fotos da Mônica e do Tarcísio deitados na cama abraçados. Os dois estavam pelados e ela tinha porra no cabelo, rosto, seios e outras partes do corpo.
Foi humilhante ver aquilo e algumas lágrimas molharam aquelas imagens, ao mesmo tempo que minhas mãos amassavam aquela foto.
(Eduardo) – Lena, como você conseguiu isso?
(Helena) – Ela me pediu pra registrar esse momento, mas depois não quis guardar com ela, com medo de você achar e pediu pra eu guardar comigo. Ela ainda me disse que seria a primeira e última vez, só que, como eu disse, eu acho que ela ficou viciada naquele pirocão.
Fiquei com tanta raiva que amassei aquelas fotos com as mãos e enquanto eu enxugava as lágrimas, decidi o que iria fazer em seguida.
(Eduardo) – Eu tenho que ir pra casa e tenho que dar um ponto final nessa história.
(Helena) – Deixa pra fazer isso amanhã. Dorme aqui.
(Eduardo) – Deixei a Nikke cuidando das três garotas lá em casa. Tenho que voltar. Tenho que procurar aquela piranha e dar uma lição nela também.
(Helena) – Vamos relaxar e beber mais um pouco. Quem sabe uma piscina. A água deve estar maravilhosa.
Assim que ela disse isso, se levantou, desamarrou o roupão e o deixou cair. Ela estava toda nua e a visão daquele corpo era estonteante. Um dos corpos mais perfeitos que eu já vi na vida. Na hora fiquei excitado e o meu pau deu um tranco. Ela olhou pra mim e deu uma piscadinha, indo pra área da piscina e ficou me chamando.
Fiquei tentado a comer a Lena, afinal, chumbo trocado não dói, mas eu não estava com cabeça pra isso e eu não iria pagar na mesma moeda.
Fui até a piscina e me despedi da Lena. Joguei uma água no rosto e voltei pra casa, pensando numa forma de me vingar da Mônica e fazer ela pagar, mas quando cheguei em casa, fiquei surpreso com o que ela fez.
{...}
Droga! O que eu faço agora? Eu tinha que ter falado antes, mas e a coragem pra falar? Eu ainda não entendo como ela conseguiu me dopar. Eu não bebi uma gota de álcool e nem usei drogas. A água que eu bebi, ela também bebeu. Que inferno!
Eu fodi a minha vida, fodi a vida do meu marido e fodi a vida do Tarcísio ... Agora eu estou aqui, coberta de porra enrolada nesse lençol ... Eu tenho que chegar em casa e pegar a Nayla!
Tomara que o Eduardo não faça uma besteira! Helena, sua filha da puta! Isso não vai ficar assim. Eu juro! Minha vida já está toda cagada mesmo e foda-se.
Eu já estava quase chegando em casa aos trancos e barrancos, torcendo pra que a Nayla estivesse dormindo.
Ah, não ... Estou sem chave e sem celular ... Por que isso está acontecendo comigo? Por quê, meu Deus?
Cheguei na minha casa e usei o controle pra entrar na garagem. A casa estava com várias luzes acesas e eu fiquei na janela olhando um pouco pra ver o que estava acontecendo.
Eu escutava as vozes da minha filha e provavelmente das filhas do Tarcísio e eu não sabia como entrar em casa nesse estado. Pensei um pouco e fiz um barulho na janela com as minhas unhas. Imediatamente se fez um silêncio, mas ninguém apareceu pra verificar. Fiz então novamente o mesmo barulho e uma mulher apareceu na cozinha. Eu sabia quem era, mas não me lembrava o nome dela.
(Mônica) – Psiu! Ei, me ajude aqui!
(Nikke) – Seja lá quem for, eu vou chamar a polícia.
(Mônica) – Sou eu, a Mônica. Eu estou numa enrascada ... Por favor me ajude!
(Nikke) – Mônica? O Eduardo está que nem um maluco te procurando.
(Mônica) – Infelizmente, ele já me achou.
Ela abriu a porta pra mim e eu pedi pra ela não fazer barulho e botar as crianças pra dormir ou pelo menos levá-las pro quarto.
(Nikke) – Você está toda suja de ...
(Mônica) – Eu sei, eu sei ... Vai logo, que eu quero tomar um banho.
Nikke voltou pra sala e começou a falar com as garotas para irem pro quarto, porque tinha uma doida fazendo algazarra na vizinhança e que ela estava tentando entrar nas casas.
Elas ficaram assustadas e foram pro quarto da Nayla e eu rapidamente fui pro meu quarto. Comecei a separar algumas roupas e fui tomar banho. Nikke apareceu em seguida e me perguntou o que tinha acontecido.
Enquanto eu tomava banhou, fui explicando a ela toda a minha desgraça. Em meio a choros e socos na parede, fui contando tudo o que aconteceu e ela ficou horrorizada com a sordidez da Helena.
(Nikke) – Desde a primeira vez que eu vi essa mulher, eu sabia que ela não valia nada, mas ela é pior do que eu podia imaginar. – Disse Nikke, revoltada com o que Helena fez.
(Mônica) – Eu não sei ainda o que fazer, mas eu precisava de um banho. Precisava ver a minha filha ...
(Nikke) – Posso te ajudar em alguma coisa?
(Mônica) – Eu tenho que enfrentar as consequências dos meus atos, mas eu preciso de tempo pra pensar, me organizar ... Edu é um cara muito pacífico, mas quando ele explode ... eu não sei o que pode acontecer.
(Nikke) – Você acha que ele poderia te bater?
(Mônica) – Não sei e não quero descobrir. Acho que ele bateu muito no Tarcísio.
(Nikke) – Meu Deus! – Falou Nikke preocupada, colocando as mãos na boca.
(Mônica) – Eu estou sem celular. Você pode me emprestar o seu?
(Nikke) – Claro!
(Mônica) – Eu deixei minha bolsa na casa daquela safada e estou sem dinheiro, mas isso eu consigo resolver com um celular, mas eu preciso de uns 300 reais pra eu passar a noite num motel.
(Nikke) – Claro, sem problemas! Eu vou te dar o que você precisa.
(Mônica) – Amanhã mesmo eu arrumo um outro celular e eu devolvo o seu.
(Nikke) – Acalme-se ... Vai dar tudo certo. Eu vou conversar com o Edu.
(Mônica) – Preciso ver a minha filha, mas não quero que ela sofra. Se eu começar a falar muito, vou acabar chorando e eu não quero traumatizá-la.
(Nikke) – Eu vou chamar ela aqui e você conversa com ela.
Comecei a arrumar as malas e acabei fazendo duas malas com algumas roupas bem básicas. Eu não sabia se o Edu estava pra chegar, até que chegou uma mensagem no celular da Nikke.
(Eduardo) – Estou voltando pra casa. Minha esposa me traiu com o meu melhor amigo. Se ela passar por aí, me avise.
(Nikke)/(Mônica) – OK, mas tem certeza disso? Sua esposa te ama ... Dá pra perceber isso de longe.
(Eduardo) – Se ela me amasse mesmo, não teria feito o que fez ... Só quero chegar em casa e dar um beijo na minha filha, se é que ainda posso chamar de filha, porque até isso ela tirou de mim.
(Nikke)/(Mônica) – Como assim? Não estou entendendo... Claro que ela é sua filha! Por que você está dizendo isto?
(Eduardo) – Ela é filha do meu ex amigo. Tenho certeza de que agora eles irão assumir a relação e ele vai querer exercer os direitos de pai. Vou ficar sozinho sem esposa e sem filha.
(Nikke)/(Mônica) – Duvido que ela tenha coragem de fazer isso. Ela te ama e muito. Alguma coisa aconteceu pra ela fazer isso.
(Eduardo) – Nikke, eu sei que essa coisa de sororidade é importante, mas pare de defender essa vadia. Ela deve estar me traindo desde o namoro.
Como ele pôde pensar isso de mim e esquecer mais de dez anos de amor e dedicação? Só eu sei a culpa que eu carrego durante este tempo.
(Nikke)/(Mônica) – Será? Pelo pouco que eu conheço ...
(Eduardo) – Você conhece pouco, Nikke. Você disse tudo. Eu achei que a conhecia, mas ela me enganou ... Eu não posso ir pra casa agora. Não tenho cara pra ver a minha filha, quer dizer a filha deles ... Olhar pra ela, vai ser uma constante lembrança do que eles fizeram. Isso é muita sacanagem. Eu só te peço que fique mais um pouco aí. Eu preciso beber alguma coisa antes de chegar em casa.
(Nikke)/(Mônica) – Você não está em condições de beber agora e dirigir. Por favor, venha pra casa.
(Eduardo) – Daqui a pouco eu chego e se aquela puta aparecer aí, me avisa.
Acho que realmente acabou ... Edu está muito magoado ... Conversar com ele agora não vai adiantar e provavelmente só irá machucá-lo ainda mais. Sem mim e sem o amigo, em quem ele vai se escorar nesse momento?
(Nayla) – Mãe! Você perdeu o dia de hoje ... Foi tão legal! Só faltou você pro dia ficar perfeito.
(Mônica) – Ah, filha! Eu te amo tanto! Me desculpa por hoje e me desculpa por tudo, tá?
(Nayla) – Tudo bem! Papai disse que o seu compromisso era importante. Cadê ele? Por que você está chorando? Aconteceu alguma coisa com o papai? – Perguntou minha filha, toda manhosinha e triste.
(Mônica) – Não, filha! Seu pai já está vindo ... Não se preocupa com isso.
(Nayla) – Então, por que você está chorando?
(Mônica) – Mamãe vai ter que fazer uma viagem e vai ficar algum tempo ausente, tá? Mas eu quero que você saiba que eu te amo muito e sempre que você quiser falar comigo, é só ligar.
(Nayla) – OK. Você vai pra longe?
(Mônica) – Ainda não sei direito ...
(Nayla) – Você está estranha. – Falou a minha filha, me olhando com certa desconfiança.
(Mônica) – É só o cansaço, filha. Agora me dá um beijo e vai se deitar pra dormir, que eu já estou indo.
(Nayla) – Já está indo?
(Mônica) – É que eu marquei hora e estou atrasada. Infelizmente tenho que ir ...
Nikke aparece na porta e eu dei mais um abraço em Nayla, tentando segurar as lágrimas de todo o jeito, mas foi inevitável. Nikke acabou me ajudando e a levou de volta pra junto das outras garotas.
(Nikke) – Pra onde você vai?
(Mônica) – Vou na casa do Tarcísio.
(Nikke) – Você tem certeza de que isso é uma boa ideia? Se ele for lá e ver vocês dois, vai piorar ainda mais a situação.
(Mônica) – Não tem como piorar mais. Estou fodida! Fodida e mal paga ... mas ela que me aguarde. Isso não vai ficar assim ... Eu vou só ver como o Tarcísio está. De repente, se for necessário, levá-lo num hospital e depois vou pra um motel passar a noite.
(Nikke) – Acho que você está fazendo tudo errado, mas não quero me meter.
(Mônica) – Eu vou deixar isso aqui em cima do meu travesseiro. É o meu diário. Faça com que ele leia isso. Insista, mesmo que ele não queira. Me faz mais esse favor, tá?
(Nikke) – Claro! O que eu puder fazer pra ajudá-los ... Sei como é duro o término de um casamento. – Disse Nikke emocionada, com os olhos marejados.
Peguei as malas e botei no carro e agradeci Nikke mais uma vez, pelo celular, pelo dinheiro e fui pra casa do Tarcísio. Enquanto eu dirigia, as lágrimas não paravam de descer e toda hora eu tinha que esfregar os olhos pra minha vista não ficar embaçada.
A Helena passou dos limites! O que será que ela quer? Me separar do Edu, isso é óbvio, mas o que ela ganha com isso? Ela não pode estar sozinha nisso. A festa estava uma zona e quando eu acordei, a casa estava um brinco. Será que o Tarcísio está envolvido nisso de alguma forma? Eu acho que não posso confiar em ninguém.
Paulo e Gílson estavam lá também. Será que estão juntos nessa? Essa história da Keyla desaparecida também é estranha, mas eu não a vi por lá ... São muitas coisas pra pensar e fazer.
Eu já estava quase chegando na casa do Tarcísio e estava torcendo pra que ele tivesse em casa e que estivesse bem. Fui me aproximando e vi seu carro estacionado. Toquei o interfone e ele me atendeu, abrindo a porta em seguida. Entrei na casa dele e tomei um susto quando eu o vi. Seu rosto estava inchado e bem vermelho. Curativos malfeitos no rosto e várias marcas pelo corpo.
(Mônica) – Meu Deus, Tarcísio! Eu vou te levar agora num hospital! Você está muito machucado!
(Tarcísio) – Parece que eu fui atropelado por um caminhão, mas eu mereci. De certa forma, isso já era pra ter acontecido pelo número de casadas que eu já peguei na vida. Nenhum marido nunca descobriu e eu sempre consegui escapar, mas dessa vez ...
(Mônica) – Tarcísio, eu estive pensando ... e por favor, eu preciso que você seja totalmente honesto comigo sobre o que aconteceu.
Ele confirmou com a cabeça e ficou me olhando, esperando o que eu falaria a seguir.
(Mônica) – Eu enterrei esse assunto porque foi um dos piores dias da minha vida, se não o pior, mas eu tenho que falar contigo algumas coisas que estão engasgadas há anos e que eu preferi enterrar bem fundo e esquecer pra não ficar maluca ou fazer alguma besteira.
(Tarcísio) – Eu entendo, Mônica, mas...
(Mônica) – Desculpa te cortar, mas me deixe falar primeiro... Por quê você fez aquilo comigo na despedida de solteira, Tarcísio? Por quê? Era um fetiche? Inveja do amigo? A Helena te pagou pra você me estuprar?
(Tarcísio) – Não acredito que você pense isso de mim ...
(Mônica) – Durante um tempo eu fiquei pensando no porquê. Nós éramos tão próximos e apesar de algumas brincadeiras e intimidades, eu nunca te dei brecha pra você tentar alguma coisa comigo.
(Tarcísio) – E eu sempre te respeitei. Você é como se fosse uma irmã pra mim.
(Mônica) – Então ... por quê você ... por quê me ... por que fez aquilo comigo?
Comecei a chorar e eu não tive forças pra falar o que eu queria falar. Foi um estupro sim, mas a palavra não saía da minha boca.
(Tarcísio) – Me desculpa, Mônica, mas eu não sei o que te dizer ...
(Mônica) – Você me machucou muito Tarcísio ... Machucou meu corpo, meu coração e minha alma. Eu jamais iria imaginar que você faria isso comigo.
(Tarcísio) – Me perdoa, Mônica, mas eu não te estuprei. Eu juro pela nossa filha, que ...
(Mônica) – Minha filha, Tarcísio. Minha e do Edu, entendeu? A Nayla é minha filha com o Edu.
(Tarcísio) – Como você quiser, mas eu não me lembro de muita coisa.
(Mônica) – Eu também não me lembro de nada e dou graças a Deus por isso, porque eu tive que transar com o Edu logo depois na lua de mel e eu estava com medo de ter uma reação diferente.
(Tarcísio) – Por sorte a minha vida ficou muito enrolada e a gente se distanciou um pouco, porque eu estava muito envergonhado e encarar o Edu e você me causavam um sofrimento que quase me levaram a depressão. O que me salvou foi a gravidez e a chegada da Wandinha. Cheguei até a ver outro lugar pra morar, pra não ver você e o Edu, mas então ele me convidou pra ser padrinho da Nayla, porque eu já tinha convidado ele pra ser padrinho da Wanda.
(Mônica) – Nós adiamos tempo demais essa conversa. Me conta o que você se lembra.
(Tarcísio) – Me lembro que a Helena pegou uma festa liberal pra fazer. Nessa época, ela fazia uns bicos de promoter e vivia organizando festas. Seria apenas mais uma que ela pegou e me chamou. Era uma coisa normal pra mim e pra ela. Só que nesse dia, eu já não estava mais na vibe das festinhas. Eu estava querendo sossegar e parar com tudo, mas aí ela me disse que precisava muito de mim e que seria a última vez que iria me pedir um favor e meio que jogou na minha cara que tinha me emprestado dinheiro pra pagar a pensão da Jana e pra outras coisas. Pra finalizar disse que seria a minha despedida da vida de putaria.
(Mônica) – Aquela vaca, filha da puta! Que ódio!!!
(Tarcísio) – Eu cheguei na festa e ela me levou pra um quartinho escuro e já foi logo me agarrando e me beijando e durante o beijo, ela me passou uma bala pela boca. Eu sabia que era alguma droga, porque sempre rolava isso nas festas que ela organizava.
(Mônica) – Eu não sabia que você era chegado a essas coisas.
(Tarcísio) – É foda, mas eu era muito imaturo... Helena saiu do quarto e depois voltou com tequila e me deu outro beijo com mais uma bala. Depois de alguns minutos, comecei a sentir meu corpo queimar e eu queria beber água ou qualquer outra coisa, mas a porta estava trancada. Soquei a porta e então Helena voltou com mais bebida, que eu nem sei o que era e me beijou novamente, só que em vez de bala, era alguma coisa gelatinosa e então ela tirou a minha roupa e começou a me chupar e depois que o meu cacete ficou duro, ele não abaixou mais. Ela saiu do quarto e disse que voltaria, dali a pouco, pois tinha uma amiga que tinha vontade de fazer um ménage com alguém grande, mas tinha vergonha de se expor. Não sei quanto tempo esperei, mas fiquei o tempo todo excitado e tocando punheta. Eu estava com muito calor e cheio de tesão e depois, não consigo me lembrar de muita coisa, mas eu acho que transei com pelo menos umas quatro mulheres, porque eu estava tão louco e excitado que uma mulher sozinha não iria dar conta de mim. Só me lembro que o meu pau não abaixava de jeito nenhum e que eu estava comendo várias mulheres apertadinhas.
Eu chorei durante todo esse relato e de vez em quando eu achava que me lembrava de algo, mas a verdade era que eu realmente havia “apagado” quase tudo da minha mente.
(Tarcísio) – Depois as coisas se acalmaram e eu parecia um zumbi. Estava dormindo e acordado ao mesmo tempo e foi então que você gritou e eu “acordei” assustado, cheio de dor de cabeça e sem entender o que tinha acontecido.
(Mônica) – Filha da puta! Como ela pôde fazer isso? Nós éramos amigas ...
Ele começou a chorar e eu também de forma descontrolada. Nos abraçamos e choramos juntos durante alguns minutos sem dizer uma palavra sequer. Só botamos tudo pra fora, através do choro.
(Tarcísio) – Mônica, eu até agora estou meio perdido ... Eu nunca poderia imaginar que iríamos nos ferrar assim dessa forma. – Disse Tarcísio soluçando.
(Mônica) – A Helena planejou tudo isso muito bem. Temos que desmascará-la, mesmo que meu casamento esteja acabado, eu não vou descansar enquanto não ferrar com a Helena.
(Tarcísio) – Acho que vai ser difícil. Ela sabe que iremos com tudo pra cima dela e deve estar aguardando que façamos algo.
(Mônica) – Eu não acredito que ela teve a coragem de fazer isso comigo ...
(Tarcísio) – Por que você não me disse que ainda estava sendo chantageada pela Helena? – Perguntou o meu amigo, pegando um saco de ervilha congelado e colocando na lateral da barriga.
(Mônica) – Achei que ela estava te chantageando também e que você sabia o que estava acontecendo.
(Tarcísio) – Ela me disse que tinha parado de chantagear você, porque eu cedi e porque o Edu deu dinheiro a ela.
(Mônica) – Ela me dopou de alguma forma, Tarcísio. Acordei coberta de porra e nem sei se alguém me estuprou. Eu nem quero pensar nisso, porque havia mais de 25 homens naquela suruba e do jeito que as coisas aconteceram ...
(Tarcísio) – Suruba? Que suruba? – Perguntou ele admirado.
(Mônica) – Sim, Tarcísio. Suruba, orgia, o caralho a quatro ... Você tem certeza de que não sabia dessa história de suruba? Eu sei que ela estava te chantageando e da mesma forma que eu fui até lá, você também pode ter ido.
(Tarcísio) – Eu estava com o Edu o tempo todo. Você sabe disso ...
(Mônica) – Então por que você estava lá e ainda pelado? Me diz por favor, que você não está do lado dela.
(Tarcísio) – Eu sou um idiota, Mônica. Eu fui lá por outros motivos, mas a Lena tem um poder sobre mim, que eu não sei explicar, mas agora acabou. Ela passou dos limites e colocou a vida de todos nós em risco.
(Mônica) – Eu vou acreditar em você, mas a partir de agora, temos que supor que todos os estão sendo manipulados por ela de alguma forma ou estão do lado dela. Não podemos confiar em ninguém.
Voltei a chorar imaginando o pior cenário possível, mas dessa vez eu tinha que tomar uma atitude.
(Mônica) – Tarcísio, eu tenho que ir a um hospital tomar aquele coquetel e fazer exames. Eu não duvido que ela tenha feito alguém me comer, porque agora eu vejo que Helena é capaz de tudo.
(Tarcísio) – Caralho, Mônica! Assim já é demais!
(Mônica) – Demais o que? Você viu o que ela fez comigo? A quantidade de porra no meu corpo não era só de uma pessoa, talvez nem de cinco pessoas. Vamos pro hospital tratar desse ferimento na sua cara. Você precisa levar uns pontos.
(Tarcísio) – Você acha que alguém transou contigo?
(Mônica) – Aparentemente, não. Eu não estou com dores na vagina e nem no ânus, mas vai que ela fez alguma coisa maluca? Nem todos na suruba tinham uma piroca igual a sua. Na verdade, poucos tinham, pelo que eu pude reparar.
(Tarcísio) – Tem certeza dessa história de suruba?
(Mônica) – É, Tarcísio! Suruba das brabas ... Tinha mais de 50 pessoas lá ... Por que você não acredita em mim?
(Tarcísio) – É que você disse que te doparam e se você sonhou com isso ou botaram isso na sua cabeça?
(Mônica) – Só se aquela porra no meu corpo fosse toda sua, caralho!!! Eu já disse que teve suruba e eu era garçonete da suruba.
(Tarcísio) – E você fez alguma coisa lá?
(Mônica) – Não! Eu amo meu marido e jamais iria fazer algo assim. O combinado era eu ser garçonete. Só isso. Eu tomei todos os cuidados pra ela não me ferrar, mas ela me dopou de alguma forma. O máximo que aconteceu foram alguns safados que tentaram passar a mão em mim ou me encoxar, mas eu não deixei e fiz, praticamente, um escândalo.
(Tarcísio) – Sinto muito, Mônica ...
(Mônica) – Em algum momento, ela me dopou, mas como ela fez isso, eu não sei. Eu não tomei nenhuma bebida alcoólica. Só água e mesmo assim, eu só bebia no copo que eu me servia. Ela deve ter colocado em algum momento que eu me distraí.
(Tarcísio) – Quando eu cheguei lá, não tinha vestígio nenhum de suruba.
(Mônica) – O que você foi fazer lá?
(Tarcísio) – Eu não falei nada pra ninguém ainda, mas eu estou saindo com a Marina de vez em quando.
(Mônica) – Porra, Tarcísio! O Edu te pediu tanto, pra não mexer com a filha do Tatá ...
(Tarcísio) – Eu sei, mas acho que estou realmente apaixonado por ela. Tanto é que ainda nem transamos e olha que eu já tive várias oportunidades e eu sei que ela quer, mas eu estou cozinhando ela um pouco, justamente pra saber se o que eu estou sentindo, é verdadeiro.
(Mônica) – A Marina estava lá?
(Tarcísio) – Não... quer dizer, acho que não ... É que nossos encontros têm sido lá. A Helena era a única pessoa que sabia e aliás, isso era a chantagem dela.
(Mônica) – Como assim?
(Tarcísio) – Ela queria que eu a seduzisse e fizesse se apaixonar por mim, pra depois eu meter o pé na bunda dela. Acho que era algo assim ...
(Mônica) – A Helena ficou louca! Só pode ser.
(Tarcísio) – Ela disse que a Marina estava lá e queria muito falar comigo, por isso eu fui até lá, e só piora ...
(Mônica) – Piora?
(Tarcísio) – O Edu sabia que eu estava saindo com alguém, mas eu não podia falar com quem ... Ele insistiu e eu disse que não iria contar, porque ele não iria entender.
(Mônica) – Porra, Tarcísio! Aí tu complicou tudo.
(Tarcísio) – Ainda tem mais ... Rolou alguma coisa com as nossas filhas sobre algum assunto de caráter sexual. Sei que elas estão na idade de curiosidade e por algum motivo, que só pode ser coisa do demônio, o tema era porra e de brincadeira, me despedi do Edu, falando que iria lavar tal pessoa de porra. Gozar no corpo inteiro dessa pessoa.
(Mônica) – Vocês homens ... Pra quê fazer esse tipo de comentário? Nojento isso ...
(Tarcísio) – Imagina o que ele sentiu vendo você coberta de porra? Olha a merda que a gente se meteu! – Falou Tarcísio, cheio de vergonha e abaixando a cabeça.
(Mônica) – Meu casamento acabou! Disso eu não tenho dúvida. Ele nunca vai me perdoar e nem vai perdoar você.
(Tarcísio) – E a Nayla? O que a gente vai fazer?
(Mônica) – Você não vai fazer nada, porque a Nayla é minha filha e do Edu.
(Tarcísio) – É minha filha também! – Disse Tarcísio me encarando e cobrando uma coisa que não tinha cabimento.
(Mônica) – Pode parar, Tarcísio ...
(Tarcísio) – Agora é a oportunidade perfeita! Ela já está maiorzinha e acho que ela aguenta saber a verdade.
(Mônica) – Nem pensar! Você só pode estar brincando. Fazer isso, seria assinar embaixo que nós somos dois filhos da puta e que traímos o Edu.
(Tarcísio) – De certa forma a gente traiu ... Tá aí a Nayla pra comprovar isso.
(Mônica) – Aquilo foi um acidente! Eu nem me lembro daquilo.
(Tarcísio) – Eu também não me lembro de nada. Foi uma noite muito esquisita. Eu também não posso confiar em mais ninguém. Me desculpe por falar daquele jeito, sobre contar para a Nayla. Não sei até onde a Lena te chantageou.
(Mônica) – Caralho, Tarcísio! Não faz mais isso! Eu já estava quase te batendo ... Também pensei a mesma coisa de você. A partir de hoje, temos que ser sinceros um com o outro, em relação a tudo.
(Tarcísio) – Me fala mais sobre a suruba ...
(Mônica) – Falando nisso, me lembrei agora ... Paulo e Gílson devem estar envolvidos, porque eles estavam na suruba.
Olhei pro Tarcísio e vi que o sangue tinha voltado a escorrer e eu consegui convencê-lo a ir ao hospital. Chegando lá, expliquei a situação que eu passei, mas eu disse que não queria fazer um BO.
Me examinaram procurando vestígios de sêmen em minha vagina, ânus, boca e garganta, mas nada foi detectado. Também não foram detectados sinais de lacerações nas regiões íntimas e a médica disse que se houvesse havido relações, teria que ter sido consensual, pois não havia vermelhidão ou qualquer sinal de penetração forçada.
Mesmo assim, ela me deu o coquetel contra HIV e outras ISTs, assim como me deu a pílula do dia seguinte. Eu estava um pouco mais aliviada e fui procurar o Tarcísio, que já estava com novos curativos. Ele disse que tomou vários pontos e que deram remédios contra dor.
Como chegamos juntos ao atendimento, ele disse que a médica perguntou se havia sido violência doméstica e ele ficou rindo e a cada riso, um gemido de dor.
Depois de tudo isso, já estava quase amanhecendo e eu precisava dormir. Ele ainda me chamou pra dormir na casa dele, mas falei que seria um tiro no pé e eu fui pra um motel dormir um pouco.
O dia seguinte seria longo e cansativo. Eu sabia que não seria fácil e eu teria que viver um dia depois do outro. Um dia de cada vez, pois só assim pra eu aguentar todo o sofrimento e revolta que eu sentia.
Continua ...