“São as pequenas coisas
Que valem mais
É tão bom estarmos juntos
E tão simples:
Um dia perfeito”.
(Eduardo) – Anda, Mônica! Eu e Nayla já estamos prontos.
(Mônica) – Só mais um instante, Môdi. – Falou minha esposa do quarto, enquanto Nayla revirava os olhos, sem paciência.
(Eduardo) – Sua mãe às vezes me tira do sério. Já está se arrumando a mais de uma hora! Nós vamos pra um clube pegar uma piscina e não para um casamento.
(Nayla) – Ah, pai. Sabe como é a mamãe. Ela quer ficar bonita.
(Eduardo) – Mas ela já é bonita.
(Mônica) – Obrigada, meu amor! – Disse entrando na sala e me dando um beijo.
(Eduardo) – O maçarico lá ligado desde cedo e o calor tá insuportável. Anda logo!
(Mônica) – Já acabei!
(Eduardo) – Até que enfim …
(Mônica) – Amor, lembra o que você prometeu, hein!
(Eduardo) – Eu sei, eu sei …
(Mônica) – Vai estar todo mundo lá, inclusive a Lena. Vê se você se controla. – Colocando o dedo no meu nariz, apertando-o.
(Eduardo) – Eu vou me controlar. É só ela não me sacanear, que eu fico numa boa, mas se ela começar a jogar indiretas, o tempo vai fechar.
(Mônica) – Vai dar tudo certo. Relaxa, homem …
Peguei o carro e fomos bem animados para um dia de piscina com os amigos e a “cobra” da Helena. O destino era o Tijuca Tênis Clube e rapidamente chegamos lá. Fomos os últimos a chegar, cortesia da Dona Mônica, que demorou uma eternidade pra se arrumar.
A galera estava lá reunida e era a primeira vez que a turma toda estava junta, após a leitura do testamento do Otávio. Tarcísio assim que nos viu, veio correndo nos receber. Ele deu dois beijinhos na Mônica, me deu um abraço bem forte e pegou a Nayla no colo dando um beijo na testa.
(Tarcísio) – Ah, minha afilhada querida! Olha como ela está linda, Edu! Graças a Deus, puxou a mãe! Hahahahahaha. – Brincou o meu grande amigo, botando-a no chão, que foi logo falar com Jana e Wanda.
(Eduardo) – Você não se cansa dessa piada, mas é a verdade! Cara, ela já está uma mocinha. Essa semana eu ouvi uma história de namoradinho na escola. Você acredita nisso?
(Tarcísio) – Edu, você se esqueceu que eu tenho duas filhas? É lógico que eu sei muito bem o que é isso.
(Eduardo) – Pois é meu amigo … Tamo fodido! Hahahahaha.
(Tarcísio) – Relaxa … se ficar nessa, os cabelos brancos vão chegar mais rápido.
(Eduardo) – Cara, eu tenho muito medo de exagerar e ser muito linha dura com a Nayla, mas também não quero liberar geral, ao ponto de deixá-la fazer tudo.
(Tarcísio) – Eu te entendo, e muito, mas eu deixo o barco correr. Se prender demais, já viu né? Quando ficar mais independente, vai virar uma porraloka …
(Eduardo) – Falando em porraloka, como está a Lena?
(Mônica) – Eu ouvi, Edu … Você prometeu! – Disse Mônica, me dando um beliscão.
(Eduardo) – Aaaaai, Môdi ... Porraloka é um elogio pra Lena.
(Tarcísio) – Hahahahaha, é mesmo. A Lena tá legal. Está bem mudada, você vai ver.
Chegamos na galera e foi aquela festa! Todo mundo se abraçando e beijando. Paulo e Keyla estavam com seu filhinho, William, de dois aninhos que era a atração do dia. Todo mundo queria pegar ele no colo e o garoto parecia estar gostando.
Paulo era o mais velho da turma. Com seus 34 anos, ele era odontologista com especialização em prótese. O cara era bonitão, da minha altura mais ou menos, talvez um pouco mais baixo. Ele era moreno com traços indígenas e seu cabelo era liso e escorrido. Quando era mais jovem, o cabelo vivia caindo na cara e ele tinha aquele vício de jogar o cabelo para trás a toda hora. Era tão engraçado que a gente ficava imitando de vez em quando. Seus olhos eram bem escuros, atrás daqueles óculos de formato quadrado. Ele estava de sunga azul ao lado de Keyla, que estava de biquíni amarelo bem-comportado e nem parecia que era a Keyla que eu conhecia dos tempos de faculdade.
Keyla era da nossa turma de educação física e era muito gostosa. Ela era a baixinha do grupo e a chamávamos de chaveirinho, mas ela detestava. Sua pele, sempre bem tratada, era da cor de chocolate e quando pegava um sol então ...
Tinha seios pequenos, mas depois da cirurgia, ficou do tamanho perfeito. A bunda era fantástica. Não tinha quadril muito largo, mas a bunda era empinada pra trás e ela só perdia pra tanajura, ex-esposa do Tarcísio.
(Helena) – Ah, Keyla … Seu filho é lindo! Deixa-me pegar um pouquinho?
(Keyla) – Claro!
(Helena) – Pena que o Otávio não me deu um filho. Fico triste com isso às vezes.
Olhei pra cara da Lena e ela na hora viu a minha reação de espanto. Acho até que fez isso intencionalmente pra me testar. Ela era muito falsa … vontade de vomitar, mas eu prometi que iria me controlar.
(Paulo) – Só um pouquinho, Lena! Tá muito cedo pra você ficar pegando o menino. Kkkkk.
(Helena) – Posso pegar quem eu quiser! Agora estou solteira … – Disse a safada, pegando o William no colo e beijando a barriguinha dele.
(Eduardo) – Viúva!
(Helena) – Mesma coisa … Keyla, acho que seu filho quer mamar. Ele está olhando pro meu peito e querendo pegar. Kkkkk.
(Keyla) – Meu filho quando crescer vai comer geral. Vai ser pirocudo e vai passar a vara nas meninas.
(Tarcísio) – Sei não … filho do Paulo, pirocudo? Se fosse meu filho, com certeza seria pirocudo!
Tarcísio deu uma risada e deu um soquinho no ombro do Paulo, que ficou meio sem graça, mas sua esposa Keyla foi sem seu auxílio.
(Keyla) – Vai ficar debochando, Tarcísio? Vou falar pro meu filho pegar a Jana e a Wanda, kkkk.
(Eduardo) – Gente, vamos maneirar o vocabulário que as crianças estão aqui ouvindo essa baixaria.
(Gilson) – Deixa de ser careta, Edu. Eu vou ensinar meu sobrinho a ser o terror da mulherada.
Olhei pro Gilson com ar de reprovação, até porque eu tenho filha. Quando a gente se torna pai de menina, repensamos em várias atitudes que tivemos ao longo da vida.
Gilson era o irmão gêmeo da Keyla. Iguais eles eram só na data de nascimento e na safadeza. Eu e Tarcísio até falávamos que um deles era adotado ou então que a mãe deles deu pra dois caras ao mesmo tempo e cada espermatozoide fecundou um óvulo.
Enquanto Keyla era morena com a pele de chocolate, Gilson era quase branco num tom meio pardo. Enquanto ela era baixinha, ele era alto, com quase 1,80. Ele frequentava a academia, mas só pra ficar de olho nas mulheres. Malhar que é bom, quase nunca. Por sorte a genética estava a seu favor e ele tinha um corpo bem definido, mas sem exageros. Ele tinha potencial, porém era relaxado e só queria farra.
Depois que eu os peguei naquela orgia, até desconfio que role um incesto ali. Gilson não vale nada ... Ele sempre tentava competir com o Tarcísio, mas a diferença deles estava no caráter, pois o meu grande irmão era atencioso e prestativo enquanto o Gilson só pensava nele em primeiro lugar. Sempre malicioso e sempre querendo ter vantagem em tudo.
Eu vi que alguns já estavam bebendo e tratei logo de tirar as crianças dali, porque mal tinha começado a reunião e o palavreado chulo já estava rolando.
(Eduardo) – Nayla, chama a Janaína e a Wanda pra irem brincar na piscina.
(Mônica) – Relaxa, meu amor …
(Tarcísio) – É cara! Melhor elas ouvirem essas coisas de nós mesmos do que de outros.
(Eduardo) – Nayla só tem onze. Tá na fase da curiosidade e ficar estimulando isso é o mesmo que jogar gasolina no fogo. Queria que ela brincasse de Barbie até os vinte se possível.
(Keyla) – A Barbie tem o Ken pra brincar de médico com ela.
(Eduardo) – Você está me zoando porque seu filho é homem.
(Keyla) – Nada a ver… se ele quiser ser gay, por exemplo, vou dar total apoio. Até ensino a fazer chuca.
(Gilson) – Meu sobrinho vai ser isso não! Vira essa boca pra lá …
(Paulo) – Ele vai ser o que ele quiser! É lógico que se ele for um cara pegador, que nem o pai, vai ser ótimo, mas se ele quiser dar ré no kibe, vou amá-lo da mesma forma. É meu filho, pô!
Todo mundo parabenizou o Paulo e o Gilson ficou meio sem graça, enquanto o garotinho já estava com suas mãozinhas nos seios perfeitos da Helena e querendo mamar neles a todo custo. Ela ria com isso, e por um breve momento eu vi a minha antiga amiga de faculdade, que brincava com todo mundo e era muito divertida.
(Mônica) – O que foi, Edu? – Perguntou Mônica, sussurrando ao meu ouvido.
(Eduardo) – O que foi o que?
(Mônica) – Você não tira os olhos da Lena. Assim vou ficar com ciúmes …
Uma coisa eu não podia falar mal dela. Helena era um avião. Sua pele não tinha uma ruguinha. Não tinha estrias e nem celulite. Aqueles silicones perfeitos que estavam chamando a atenção do bebezinho, também chamavam a atenção de vários bebezões no clube, sedentos e loucos pra mamarem ali. O biquíni vermelho que ela usava era muito pequeno. Estava no limite do bom gosto e do indecente.
(Eduardo) – É que eu vendo a Lena assim brincando com o bebê, me lembrou da época de quando ela era divertida e alegre na faculdade. Acho que vou chamá-la pra conversar.
(Mônica) – Isso, amor! Faz isso, sim!
(Eduardo) – Você também fica falando comigo dia e noite pra fazer as pazes com ela. Acho que me venceu pelo cansaço.
Agora era a Fátima que estava segurando o bebê. Ela era a irmã mais nova da Helena e eram muito parecidas fisicamente antes da Helena fazer seus upgrades. Ela era casada com o Gilson, e os dois ainda não tinham filhos e eram os únicos da turma que estavam naquela eterna fase de lua de mel.
(Helena) – Hummm, estou vendo que leva jeito, Fatinha! Quero saber quando vou ganhar um sobrinho ou sobrinha.
(Fátima) – Não sei! Não depende só de mim, né, Gilson? – Disse a irmã da Lena, quase intimando o Gilson.
(Gilson) – Um filho é muita responsabilidade e ainda não estou preparado pra ser pai.
(Paulo) – E os que você teve pelo mundo? – Disse rindo e pegando William do colo da Fátima.
Todos rimos e o Gilson ficou meio sem graça. Era normal essas zoeiras entre a gente.
(Gilson) – Eu sou fiel! Meu coração é somente de uma pessoa!
(Tarcísio) – E os espermatozoides?
(Gilson) – São meus e todos eles vão pra borracha ou pra boquinha do meu amor!
(Fátima) – Cruzes, Gílson! Vai tomar no cu! Não gostei! Você não tem vergonha de falar essas coisas? Nós somos todos amigos, mas certas coisas têm limite ... – Falou a irmã da Lena, cruzando os braços e fazendo uma cara de emburrada.
(Gilson) – Desculpa, meu amor! É que eu já bebi um pouquinho.
(Fátima) – Vou deixar os seus espermatozoides de castigo um mês.
Todo mundo riu disso e a zoeira foi grande. Nisso, minha esposa começou a tirar a roupa pra ficar mais à vontade. Ela estava usando um biquíni branco que era bem pequeno.
(Tarcísio) – Fiu, fiu ... – Assobiou Tarcísio, chamando atenção de todo o clube ... – com todo o respeito, é claro!
(Mônica) – Seu bobo!
(Paulo) – Moniquinha tá batendo um bolão! Abre o olho, Edu!
(Eduardo) – Sempre abertos!
(Gilson) – Já sei qual vai ser a minha inspiração de hoje à noite. – Disse Gilson com os olhos arregalados, olhando a bunda da Mônica.
(Fátima) – Você tá maluco!
Fátima deu um tapa com vontade no ombro dele que até estalou e ficamos meio assustados.
(Gilson) – Já estou de castigo mesmo, kkkk. Hoje, os espermatozoides vão direto pro ralo do box.
(Eduardo) – Pô, Gilson! Segura aí, que tá foda ... Tu tá pegando pesado!
(Mônica) – Liga não, meu amor! Ele pode ver e todo mundo pode ver, mas tudo isso aqui é só seu e de mais ninguém.
Ela disse isso piscando pra mim e passando a mão pelo corpo todo e ao final, apertando os próprios seios. Todo mundo ficou louco! Assobios e mais zoeiras rolaram.
(Paulo) – Aê, Edu! Hoje, tem!
(Keyla) – Tem muito!!! Vai ter que ter fôlego pra maratonar!
(Tarcísio) – Se não aguentar, já sabe né? Me liga ...
(Débora) – Ah, é? E eu vou junto pra cortar essa mandioca fora! – Disse a namoradinha do Tarcísio.
Débora era a atual namorada do Tarcísio. Ela era a mais nova do grupo com dezenove e era frequentadora da academia que ele gerenciava. Eles formavam um lindo casal, ambos loiros e olhos verdes. Ela tinha um corpaço da cintura pra baixo. Coxas bem grossas e quadril largo fazendo um modesto violão, porque os seios eram de pequenos pra médios, mas eram bem pontudos e chamava a atenção porque os mamilos estavam sempre duros. Pela marca que fazia nas roupas e agora no biquíni, deviam ser mamilos bem grandes e eu até evitava de olhar, porque eu tenho tesão em mamilos assim.
(Tarcísio) – Eu disse pra ele me ligar, que eu levava o azulzinho pra ele. Não me deixou molhar o bico ...
(Débora) – Eu deixo você molhar o bico, mas se continuar de palhaçada, vou chamar outro pra molhar o bico também, entendeu?
Na mesma hora olhei pra aqueles bicos e o meu pau deu um tranco. Mudei o foco pra não dar bandeira.
(Eduardo) – Fala o que quer, ouve o que não quer!
(Tarcísio) – Só estou brincando, amor! Calma!
(Débora) – Vocês hoje estão com umas brincadeiras sem graça …
(Gilson) – É que tem muito tempo que a gente não se reúne assim e em vez de estarmos com tesão acumulado, estamos com as brincadeiras acumuladas.
(Débora) – Eu vou ao banheiro!
(Tarcísio) – Poxa, Deb! Era brincadeira. O Edu nem brigou comigo. Ele sabe como eu sou, não é, Edu! Eu amo esse cara! Eu dou meu braço por ele. – Disse se aproximando de mim e me dando um forte abraço.
(Eduardo) – Deb, relaxa ... Eu e o Tarcísio somos unha e carne. Sei que vindo dele, é uma brincadeira inofensiva.
(Débora) – Tá bom ... Mônica, vem ao banheiro comigo. Quero te falar uma coisa!
(Tarcísio) – É, meu amigo … hoje à noite eu vou ficar na mão, kkkk.
(Eduardo) – Vai nada! A Mônica vai te dar uma força.
(Tarcísio) – De noite?
(Eduardo) – Engraçadinho … vou falar pra Débora cortar isso fora, aí eu quero ver.
(Tarcísio) – Cara, me dá outro abraço aqui. Te amo, viu?
(Helena) – Essa amizade de vocês sempre me deixa emocionada. É tão lindo!
(Eduardo) – Lena, vamos ali conversar um pouco!
(Helena) – Claro, Edu! Vamos, sim!
Notei que todos ficaram meio apreensivos e olhando pra gente. Eu tratei de levá-la pra um local mais distante, porque queria resolver meus problemas com ela, longe dos olhares dos outros.
(Eduardo) – Lena, como tem passado?
(Helena) – Você sabe, né? Eu estou praticamente vendendo o almoço pra comprar a janta. Tá bem difícil …
(Eduardo) – Lena, você é muito exagerada!
(Helena) – Antes fosse! Eu tô fodida!
(Eduardo) – Fodida e mal paga, kkkk.
(Helena) – Hahahahaha, você se lembrou disso?
(Eduardo) – Você falava isso direto, principalmente quando era semana de provas.
(Helena) – Ai, Edu! Como eu queria voltar no tempo! Eu acho que fiz uma das maiores cagadas da minha vida.
(Eduardo) – Como assim?
(Helena) – Ter me casado com o Otávio! Você sabe que no início eu não o amava, mas depois foi pintando um sentimento.
(Eduardo) – Ele sempre teve uma queda por você.
(Helena) – Eu também! Quer dizer, depois de algum tempo, eu aprendi a gostar dele. Passei a admirá-lo, mas amor é uma palavra muito forte.
(Eduardo) – Você ainda é jovem e tem toda uma vida pela frente. Com certeza vai achar alguém.
(Helena) – O problema é que eu já achei. – Disse Lena suspirando e continuou ... – Achei lá atrás, quando eu estava na faculdade.
(Eduardo) – Quem? Tarcísio?
(Helena) – Não, bobinho! Você.
(Eduardo) – Eu?
Fiquei espantado com a revelação e quase deu um pulo pra trás.
(Eduardo) – Mas você nunca falou isso e nem nunca demonstrou.
(Helena) – Você sabia como eu era e sabia das minhas loucuras. Eu nunca teria chance contigo, porque eu aprontava muito e tinha medo de que você me julgasse. Acho que eu não me sentia digna de ter um cara como você.
Meu Deus, como ela é falsa!!! Se isso for realmente verdade, algumas coisas começam a fazer sentido. Acho que vou dar corda pra ver até onde isso vai.
(Eduardo) – Se você tivesse me falado antes, lá no início da faculdade, talvez a história fosse diferente. Eu era doido pra ter você.
(Helena) – Você era doido pra me comer, isso sim, hahahahaha.
(Eduardo) – Também, kkkk, mas naquela época, eu queria ficar muito contigo e depois, quem sabe …
(Helena) – Quem sabe, né?
(Eduardo) – Bem, vamos esquecer as nossas diferenças e sermos amigos igual antes?
(Helena) – Sério, isso?
(Eduardo) – Sei que você sacaneou muito o meu amigo. Botou chifre nele a rodo, mas ele não está mais aqui e vida que segue.
(Helena) – Olha, eu não queria falar sobre isso por se tratar de seu amigo, mas não é justo eu ser a vilã da história.
(Eduardo) – Como assim?
(Helena) – Já tinha um tempinho que o Otávio não dava mais no couro e eu estava muito insatisfeita. Eu sou uma mulher com muito fogo, você sabe.
(Eduardo) – Imagino …
(Helena) – Eu iria me separar dele, mas ele não aceitou e propôs que eu tivesse algumas aventuras extraconjugais. No início tava tudo bem, mas ele depois não quis mais aceitar e começou a me humilhar.
(Eduardo) – Caralho!!! Sério isso?
Ela começou a chorar e eu a abracei. Ela usava um perfume muito gostoso e eu senti sua mão alisando meu abdômen. Será que tem um pingo de verdade nisso? Otávio às vezes era meio truculento quando bebia. Era um cara muito generoso, mas era também muito duro quando não estava satisfeito. Ele sempre buscava pelo melhor e às vezes, exigia isso das pessoas também.
(Eduardo) – Vamos passar uma borracha nisso tudo! Você e sua irmã tem uma loja que é muito bem equipada e a academia onde vocês estão é a maior das cinco e a mais bonita. É a academia que tem mais matrículas e isso tem um potencial pra dar um lucro muito grande.
(Helena) – Você tem razão! É que ao longo dos anos eu fiquei muito acomodada, com o Otávio resolvendo tudo e mudar agora essa mentalidade demora um pouco, sem falar que eu estava contando muito com uma coisa que não aconteceu.
(Eduardo) – Você achou que ganharia uma bolada, né?
(Helena) – Não vamos mais falar nisso.
(Eduardo) – Eu fiquei sabendo que a casa está com problemas. Mônica me falou sobre uma multa da prefeitura.
(Helena) – A casa foi construída de forma irregular. Todo mês eu tenho que pagar uma multa, se não, eu perco a casa.
(Eduardo) – Quanto você tem que pagar?
(Helena) – Deixa isso pra lá, Edu.
Peguei o meu celular e transferi um milhão de reais pra ela. Mostrei o meu celular e ela disse que não precisava, mas agradeceu muito. Continuamos a conversar e de onde a gente tava, dava pra ver a piscina e onde a nossa galera estava.
Vi a minha filha brincando com o Tarcísio e as filhas dele. Ele a abraçava e de vez em quando dava beijos nela.
(Helena) – O que foi, Edu?
(Eduardo) – Nada não …
(Helena) – Está com ciúme do Tarcísio com a sua filha? Que bobagem! – Disse Lena, tentando me animar, me dando um carinho no rosto.
(Eduardo) – Não é isso …
(Helena) – É o quê, então?
(Eduardo) – Ela já está com onze. Sabe como é … já está com peitinho, a bunda já está ficando mais redonda. Fico meio preocupado …
(Helena) – Desencana, Edu! O Tarcísio não é pedófilo!
(Eduardo) – Eu sei! Eu confio nele, mas é a minha filha! A gente sempre fica com o pé atrás. O cara tem uma piroca do tamanho do rabo do Godzilla, e é óbvio que com aquela proximidade as coisas dele estão se esfregando nela.
(Helena) – Edu, para de bobeira. O Tarcísio é seu amigo e não vai molestar a garota agora. Vai esperar fazer dezoito, pelo menos kkkk. – Disse gargalhando e me abraçando.
Olhei pra cara dela bravo e desapontado porque eu tava ali na paz, me abrindo de certa forma e ela me solta essa.
(Eduardo) – Isso era pra ser engraçado?
(Helena) – Desculpa, Edu …
(Eduardo) – Pô, Lena ... Eu vou voltar pra piscina.
(Helena) – Calma, Edu! Me desculpa, tá? Foi a bebida que falou aquilo, não eu ... sinto muito... Foi muito errado o que eu disse. Me perdoa?
(Eduardo) – Às vezes fico meio perdido nessa história de ser pai e o Tarcísio tem duas e sabe lidar com elas melhor do que eu. Logo ele, que nem queria ser pai.
(Helena) – O Tarcísio é assim. Ele consegue cativar uma criança ou um velho de oitenta anos. – Ela suspirou e continuou ... – Olha pra eles... É tão bonito de se ver! Ele consegue dar atenção a todas elas e parece até que ele é o pai das três.
(Eduardo) – Não entendi ...
(Helena) – É que elas são todas meio parecidas com ele, você não acha?
(Eduardo) – Nada a ver … a Nayla é muito parecida com a Mônica.
(Helena) – Ainda bem que ela puxou a mãe, né? Se puxa o pai … kkkk.
(Eduardo) – Hoje todo mundo resolveu pegar no meu pé.
(Helena) – Posso te pedir uma coisa? – Disse a minha amiga, esfregando o dedo no meu peito e mordendo os lábios.
(Eduardo) – O que?
(Helena) – Vamos ali atrás, que eu quero te dar um beijo.
(Eduardo) – Que isso, Lena? Você está bêbada ou isso é uma brincadeira?
(Helena) – Sempre tive vontade e ninguém vai ficar sabendo. Será um segredinho só nosso. – Disse Lena, sussurrando ao meu ouvido e praticamente apertando a minha bunda com a mão.
(Eduardo) – Não, Lena! Nada a ver.
Me afastei dela dando um passo pra trás.
(Eduardo) – Se você continuar com isso, eu vou me afastar de você.
(Helena) – Desculpa, Edu. Acho que estou com um pouco de carência e bêbada. Esquece o que eu falei, tá?
(Eduardo) – Vamos voltar! Espero que a gente continue a ser no mínimo amigos que se respeitam. A mágoa que eu tinha no meu coração, passou.
(Helena) – Ai, Edu … Você é o cara, mesmo! Pena que eu não vi isso lá atrás.
Voltamos pra área da piscina e ela fez questão de me abraçar pra que todos vissem e voltamos de mãos dadas, como se fossemos namorados. O pessoal de olho na gente, meio apreensivo, mas depois que viram se abraçar e depois de mãos dadas e sorrindo ficaram mais aliviados.
Mônica estava me olhando meio desconfiada, porque eu não disse a ela que conversaria com a Lena e nem falei que iria dar um milhão de reais a ela. Sei que o Otávio não deve ter gostado disso, mas era o mínimo que eu podia fazer.
(Paulo) – Parece que finalmente se acertaram … ainda bem, pois eu não aguentava mais esse cabo de guerra.
Todos aplaudiram e a Lena me deu um beijo na bochecha, bem perto da boca. Olhei pra Mônica, que parecia estar muito apreensiva e eu tratei logo de ir ficar ao lado dela. Tarcísio depois dos aplausos veio ver o que estava acontecendo e ele ficou feliz que a melhor amiga dele e o melhor amigo tinham feito as pazes.
Ficamos ali relaxando, comendo e bebendo. Helena até fez um brinde em memória do Otávio. Pra que, Lena? Não precisa exagerar assim … e foi quando Mônica disse que iria ao banheiro e a Lena aproveitou pra ir junto. Fiquei de olho nas duas e me descuidei um pouco da Nayla. Ela e as garotas estavam num canto da piscina onde era mais raso, conversando com uns seis garotos. Fiquei de olho nela, mas também não tirava os olhos do banheiro. Tarcísio estava no bar comprando alguma coisa, enquanto Paulo me perguntava umas coisas de academia e eu querendo prestar atenção em tudo e quando olhei pra piscina novamente, vi que um dos garotos, que não devia ter mais do que quinze, estava beijando a minha filha e agarrando-a meio que a força.
Me levantei e parti pra piscina correndo e todo mundo perguntando o que aconteceu. Quando enfim cheguei mais perto, vi que o Tarcísio apareceu não sei como, pois ele estava mais longe do que eu e já chegou pagando esporro pro garoto. Nayla ficou atrás dele meio assustada e aí foi aquele alvoroço e logo em seguida apareceram os pais dos garotos querendo saber o que aconteceu.
Foi uma discussão e várias frases machistas que o meu pai falava, como por exemplo, que os pais deviam prender as cabritas em casa porque o bode tava no pasto. Outro cara disse que a minha filha era safadinha, porque a mãe não dava exemplo em casa, usando um biquíni de puta. Foi só baixaria!
Eu parti pra cima do cara, quando ele falou da Mônica, mas alguém me deu um empurrão, me desequilibrando e tomei um soco na cara que me tirou do rumo.
As pessoas acham que por eu ter um bom preparo físico e estar com o corpo em dia, que eu sou o super-homem. Meus músculos são só estéticos. Um pedreiro que carrega saco de areia todo dia é três vezes mais forte do que eu. Não que eu seja fraco, mas não sou tão forte como aparento.
Eu fiquei meio desnorteado com o soco e o Tarcísio me empurrou pra trás, falando comigo pra tirar as meninas dali. Ele então rapidamente deu uma cabeçada no cara que me deu um soco e um chute num outro cara próximo.
Nisso, Gilson e Paulo chegaram junto e as mulheres gritando, as meninas chorando, uma confusão dos diabos. Eu só empurrei as meninas mais pra trás e vi de rabo de olho que Mônica estava por ali e voltei pra briga pra ajudar o Tarcísio.
Brigar dentro da piscina é muito ruim, e a nossa sorte deve ter sido essa, porque quando o Gilson e o Paulo chegaram eles pularam na piscina já caindo na porrada dando chutes e socos. Foi essa a vantagem que nos garantiu a vitória, mas aí quando os ânimos se acalmaram, a polícia chegou e enquadrou todo mundo. O dia que parecia perfeito se tornou um pesadelo e ainda tivemos que ir à delegacia prestar depoimento e um dos caras que estava na confusão disse que eu estava tão alterado, que parecia que eu estava drogado.
Fiquei puto com isso e comecei a xingar o cara e até ameacei o safado. Um dos policiais me segurou e ficou me olhando. Após isso, me pediu permissão pra me revistar e também revistar o meu carro.
Eu deixei, pois nunca usei nenhum tipo de droga na minha vida, mas de alguma forma, encontraram um papelote embaixo do assento do meu carro com algumas gramas de uma substância que parecia ser cocaína.
Eu fiquei sem entender nada e olhei pra Mônica, como se perguntasse o que era aquilo e como foi parar ali. Ela me olhava com decepção e vergonha e o delegado veio conversar comigo.
Por sorte, ele e o filho dele malhavam na academia que eu administrava e ele me conhecia de vista. Ele foi bem legal comigo e me disse que iria dar um sumiço naquilo se eu pagasse um refrigerante a ele. Combinamos os valores e eu paguei o refrigerante mais caro da história.
O delegado depois de dar uma bronca em todo mundo, disse que era um dia de muito sol e que todo mundo tava com cachaça na cabeça e acabou liberando todos. Fomos embora pra casa e Mônica estava uma fera comigo. Será que ela pensou que a droga era minha?
Esses policiais corruptos! Na certa, sacaram que eu tinha dinheiro e plantaram aquela droga no meu carro, só pra eu encher a caixinha deles. Chegamos em casa e as garotas estavam dormindo no sofá com a Lena, que estava cuidando delas e tinha prometido que iria nos esperar chegar da delegacia.
(Mônica) – Obrigada por cuidar das garotas Lena. Obrigada mesmo!
(Helena) – Por nada!
(Tarcísio) – Eu e Débora vamos pra casa. Quer uma carona?
(Helena) – Vou aceitar a carona. Já está tarde.
(Eduardo) – Lena, se você quiser pode dormir aqui.
(Helena) – Melhor, não! Pela cara da Mônica, acho que você está encrencado. – Disse olhando pra Mônica, que virou a cara pra ela.
(Eduardo) – Se você dormisse aqui, eu me salvaria pelo menos um dia.
(Mônica) – Você sabe que a gente tem muito o que conversar, né? Mesmo se ela dormisse aqui, você não iria escapar. – Disse minha esposa, quase cerrando os dentes e com ódio no olhar.
(Tarcísio) – Jana! Wanda! Vamos indo que a gente também tem que conversar …
Todos nos despedimos e eu fui enfrentar a leoa.
Continua ...
