Boa tarde, amigos leitores!!!
Fizemos uma narrativa diferente do habitual neste capítulo. Vamos ver se vocês percebem o objetivo nisso... Tenham uma boa leitura...
“Veja bem quem eu sou
Com teu amor eu quero que sintas dor
Eu quero ver-te em sangue e ser teu credor
Veja bem quem eu sou”.
Segunda-feira - 10hs da manhã.
Eu estava determinada a entrar na casa da Lena e pegar o meu celular de volta. Marina havia chegado de Saquarema no dia anterior, ficou de namorico com o Tarcísio e depois, cuidando dele. Com essa chave que ela me deu, eu seria capaz de entrar na casa da Lena, aproveitando que nesse horário ela já estaria na clínica de estética.
Peguei um Uber até o Joá, pra evitar o reconhecimento do meu carro e desci bem antes do endereço dela. Eu estava vestindo um uniforme de academia, como se estivesse fazendo um exercício diário e usava boné e óculos escuros. Tudo isso pra dificultar o meu reconhecimento e caso existisse alguma câmera, ficaria mais difícil pra me identificarem depois.
Eu estava me sentindo uma agente secreta, mas estava muito nervosa, porque o que eu estava fazendo era um crime. A minha sorte é que essa rua onde a Lena mora é bem deserta pois parece um condomínio fechado.
Assim que eu fiz a curva avistei a casa da Lena ao longe e à medida que fui me aproximando, meu coração começou a acelerar, até que eu cheguei, mas preferi passar direto pela casa e continuei andando na rua. Dois motivos me obrigaram a fazer isso. O primeiro era a possibilidade de ter alguém em casa. Dei uma boa olhada, porque sei que a Lena tem diarista, piscineiro, jardineiro e sei lá mais o que. Eu não sei o dia que eles trabalham, ou seja, alguém poderia estar na casa.
O segundo motivo era medo mesmo. Eu tinha muito medo de ser pega e passar um vexame. Fui até uma certa parte da rua e retornei, parando estrategicamente quase que em frente à casa da Lena e fiquei fazendo uns alongamentos e olhando pra casa e ao redor.
Nisso eu reparei um cara dentro do carro me olhando, enquanto falava ao celular. Continuei a fazer o alongamento e vi que a casa parecia deserta. Atravessei a rua e agora eu estava quase na porta dela.
Peguei o celular da Nikke, pra disfarçar e fiquei atenta se ouvia algum barulho estranho. Foi quando eu vi aquele mesmo homem que estava no carro me encarando, fazendo um sinal pra mim. Achei aquilo muito estranho e virei meu rosto para o outro lado, fingindo que eu não o vi, mas percebi que ele saiu do carro e veio em minha direção.
Fodeu!!! E agora?
Meu coração disparou e eu achei melhor entrar logo dentro da casa.
(Homem) – Mônica, não entre aí! – Disse o rapaz, se aproximando de mim.
Olhei pra trás surpresa e fiquei congelada, olhando aquele homem se aproximar cada vez mais de mim, ainda mais quando ele falou comigo.
(Homem) – Não faça nenhuma besteira, Mônica! Não vale a pena.
Fiquei desconcertada olhando aquele homem alto, moreno pardo, que usava uma camisa branca e calça jeans. Ele era atlético com alguns músculos, típico do cara que malha de vez em quando, mas sem exageros. Seu cabelo era bem curto e a cara lisa como se tivesse acabado de fazer a barba.
Eu achei que já tinha visto esse cara em algum lugar, mas não me lembrava de onde eu o conhecia. Ele, chegando mais próximo a mim, disse que não valia a pena matar a Helena e estragar a minha vida. Eu devo ter feito uma cara de espanto, porque ele me pediu pra eu ter calma e para que o acompanhasse até o carro.
(Mônica) – Eu não te conheço e não vou entrar no seu carro. Não sei como você sabe meu nome, mas pelo visto você deve estar me seguindo. O que foi, hein? O Edu te contratou pra me seguir?
(Homem) – Não podemos ficar aqui muito tempo, ou iremos chamar a atenção. Meu nome é Gustavo e eu sou detetive particular. – Disse o rapaz, sem muita convicção.
(Mônica) – Detetive?
(Gustavo) – Na verdade, assistente. Meu tio, Manoel é o detetive e eu sou o assistente dele. Por favor, eu já estou fazendo o que eu não devia, só por estar falando aqui contigo. Vamos até o meu carro.
Fiquei em dúvida sobre qual atitude tomar e se eu deveria confiar naquele rapaz. Olhei mais uma vez pra casa da Lena, mas Gustavo insistiu e disse que entendia a minha raiva. Que se tivesse o corpo coberto de porra, também iria querer se vingar de alguma forma.
(Mônica) – Como você sabe disso?
(Gustavo) – Parece que agora eu tenho a sua atenção ... Por favor, queira me acompanhar até o carro. – Disse o rapaz com toda gentileza, porém firme.
Eu estava muito curiosa sobre o dito cujo e tinha que saber como ele tinha conhecimento daquilo, pra quem ele estava trabalhando e falei que o seguiria, mas se ele tentasse alguma coisa comigo, que eu iria gritar.
(Gustavo) – Relaxa, Mônica! Não vou fazer nada contigo, mas depois que você me conhecer melhor, talvez você queira até me dar um abraço. – Disse ele sorrindo e confiante.
Fomos até o carro dele e entramos. Assim que ele ligou o carro, olhou pra mim sorrindo e começou a dirigir. Fiquei com um pouco de receio e quase pedi pra descer, mas eu estava curiosa, apesar de sentir medo de entrar no carro de um desconhecido. Depois de andarmos mais um pouco, paramos numa rua menos movimentada. Mandei uma mensagem pro Tarcísio, compartilhando minha posição pelo Google Maps.
(Gustavo) – Relaxa, Mônica... Não vou fazer nada contigo. Eu estava perto da casa da Helena desde as 5hs da manhã e ainda não comi nada. Vamos comer alguma coisa na praia?
(Mônica) – Por que você está me enrolando?
(Gustavo) – É que ... um homem e uma mulher dentro de um carro estacionado numa rua deserta vai chamar atenção. Daqui a pouco a polícia aparece e ...
(Mônica) – Você e o seu tio estão trabalhando pra quem?
(Gustavo) – Isto eu não posso revelar, mas o meu tio me disse para que eu não deixasse você fazer besteira.
Tentei tirar mais alguma informação dele, mas Gustavo me pediu paciência e que só falaria se fosse autorizado. Chegamos então na praia de São Conrado e paramos num quiosque pra comer alguma coisa. Após fazer os pedidos, o celular dele tocou e vi ele falando com o tio e depois de alguns segundos...
(Gustavo) – Mudança de planos. Vamos agora para o escritório do meu tio. – Disse ele mais sério.
Eu não estava gostando nada daquilo e mandei outra mensagem pro Tarcísio, com a minha nova localização.
Tentei dar uma desculpa de que eu tinha outras coisas pra fazer, mas novamente ele foi gentil e me tranquilizou, dizendo que eu não me arrependeria. Dessa vez, fomos para Copacabana até chegarmos ao nosso destino que ficava numa das ruas principais que leva o mesmo nome do bairro.
Entramos no prédio e nos dirigimos até a sala onde estava escrito na porta: “Manoel Figueiredo – Detetive Particular”. Entramos no escritório, que tinha uma decoração bem vintage e um homem já nos aguardava no local. Ele era alto e moreno claro. Aparentava ser mais velho que eu com uns poucos grisalhos no cabelo. Uma barriguinha bem discreta e um sorriso meio jocoso junto com um olhar que me observava sem piscar.
(Manoel) – Bom dia, Dona Mônica. Queira se sentar e fique à vontade.
(Mônica) – Eu só estou aqui pra saber o que está acontecendo e pra quem vocês trabalham.
Ele apertou um botão no aparelho telefônico e uma voz que eu não identifiquei, em princípio, começou a falar.
(Dr. Peçanha) – Bom dia, Mônica. Aqui é o Dr. Peçanha, advogado do falecido Otávio. Como você tem passado?
(Mônica) – Dr. Peçanha! Então foi o Senhor quem os contratou?
(Dr. Peçanha) – Estou de olho naquela safada faz tempo e estou tentando me livrar dela de todas as formas, mas aquela vadia é ardilosa e eu não posso agir de forma ilegal. Você sabe que eu tenho um nome a zelar e ainda estou à frente dos negócios do Otávio, que Deus o tenha.
(Mônica) – Aquela filha da puta arruinou o meu casamento.
(Dr. Peçanha) – Imaginei isso e peço desculpas por não ter lhe contactado, mas eu tinha os meus motivos. É difícil saber quem está do lado daquela víbora, mas não se preocupe pois acho que nós podemos nos ajudar de certa forma. Eu tenho uma reunião importante agora, mas o Manoel vai te pôr a par de tudo. Mônica, não faça besteiras e lembre-se que matá-la não vale a pena ... Ela já acabou com a vida do meu amigo e, por favor, não deixe que ela acabe com a sua.
Ele se despediu e eu tinha muitas perguntas a fazer, mas Manoel foi mais rápido e fez a primeira pergunta.
(Manoel) – O que você pretendia fazer na casa da Helena? Matá-la não é a solução ...
(Mônica) – MATÁ-LA? Enlouqueceu?
(Manoel) – Bem ... depois do que aconteceu no sábado, seria uma atitude bem previsível. Saiba que eu já vi coisa pior, por menos que aquilo. – Ponderou Manoel, coçando o queixo.
(Mônica) – Eu só queria pegar o meu celular, que eu esqueci lá no sábado.
(Manoel) – Sábado foi um dia muito louco, né? Estou analisando ainda a filmagem que meu sobrinho fez.
Olhei surpresa pro Gustavo e ele sorriu, meio sem jeito, e ficou corado.
(Manoel) – Ele era um dos convidados daquela orgia. Tive que pagar uma boa grana pra conseguir colocar ele lá dentro, mas acho que ele acabou se empolgando um pouco pelo que eu vi. Moleque danado!!! Hahaha ...
(Gustavo) – Tentei ser o mais profissional possível, mas era tanta mulher gostosa e eu não podia comprometer o meu disfarce. Tive que entrar na dança ... – Disse Gustavo com um sorriso malicioso.
(Manoel) – Moleque sortudo! Hahahahaha. – Disse aquele homem com o sorriso de orelha a orelha.
(Mônica) – Então vocês sabem o que aconteceu lá?
(Manoel) – O plano era gravar todo o evento, mas também plantar duas câmeras no local.
(Gustavo) – Infelizmente eu só consegui colocar uma, pois logo que eu cheguei, já tive que entregar o meu celular e tirar a roupa. Não tinha muito lugar no meu corpo pra esconder uma câmera, mas me deixaram ficar de boné, onde, além da câmera principal, dentro tinha uma outra escondida.
(Mônica) – Eu preciso ver essa filmagem!
(Manoel) – Eu ainda estou vendo e assim que eu terminar, te mando num pendrive.
(Gustavo) – Antes de qualquer coisa, quero já te pedir desculpas, por não te ajudar, mas eu não podia ameaçar o meu disfarce – Disse Augusto, meio envergonhado e baixando a cabeça.
Olhei pra ele sem entender esse pedido de desculpas, mas o Manoel percebendo a minha dúvida, esclareceu logo.
(Manoel) – Ele viu você ser carregada, quando estava desmaiada. Ele foi um dos homens que gozaram na tal de Renata. Vou te mostrar. É só olhar ali naquela TV.
A TV foi ligada e eu fiquei observando todos os detalhes. Não sabia onde enfiar a minha cara. Era nojento o que eu estava vendo. Meu corpo inerte sendo carregado como se eu estivesse bêbada e todos ao redor me zoando e falando besteiras.
(Mônica) – Eu vou matar aquela filha da puta!
(Gustavo) – Beba isso aqui. Vai te ajudar a ficar mais calma. – Dizia o aspirante a detetive, me oferecendo uma dose de whisky.
Eu pedi que ninguém visse aquilo, porque era muita humilhação eu estar participando de uma suruba, mesmo que sem fazer nada.
(Manoel) – Eu entendo, mas saiba que eu tenho quase certeza de que a Helena também fez filmagens e tirou fotos durante o evento. Meu sobrinho que percebeu isso e eu vou acelerar o vídeo pra lhe mostrar ... – Disse Manoel, apertando o botão do controle remoto.
Alguns segundos depois, ele congelou a imagem e mostrou uma mulher que estava filmando e tirando fotos.
(Mônica) – Mas aquela ali é a Keyla ... O que ela estava fazendo lá? Como a deixaram filmar?
(Gustavo) – Eu só percebi quando ela filmou o Bukkake, mas não posso ter certeza se ela filmou ou tirou fotos antes ou depois, porque eu não tinha reparado nela até então.
Ele acelerou novamente e congelou a imagem.
(Manoel) – Eu acelerei, porque a orgia ainda continuou durante mais um tempo, mas não há mais imagens suas, depois que você foi levada.
(Mônica) – Só um instante. Volta a gravação no momento que eu fui carregada.
Manoel apertou o botão do controle remoto e quando chegou na cena, pude confirmar o que eu achei que tinha visto. Eram Paulo e Gilson que me carregavam, depois que fui dopada.
(Mônica) – FILHOS DA PUTA! Aqueles dois idiotas me carregando ...
(Manoel) – São seus “amigos”, né? – Disse ele, fazendo aspas com os dedos e continuou ... – Aquele casal, Paulo e Keyla, voltaram lá no domingo.
(Mônica) – Filhos da puta! Estão todos envolvidos, mas pelo menos, ao que tudo indica, ninguém me estuprou.
(Gustavo) – Eu também acho isso, mas eu não te acompanhei o tempo todo, porque meu alvo era a Helena, além de plantar a câmera.
(Mônica) – Se você não me acompanhou o tempo todo, como você sabia que eu estava “coberta de porra”? Você ficou escondido em algum lugar?
(Gustavo) – Eu vi na gravação. Depois a gente vai chegar nessa parte, em que você aparece correndo, vindo do corredor até a sala, enrolada num lençol e você mesma reclama com Helena, que está toda suja de porra. Ela até tenta te convencer a tomar um banho, mas você acaba indo embora.
(Mônica) – Agora entendi.
(Gustavo) – Sinto muito, Mônica.
(Manoel) – Bem, espero que você se controle e saiba que você não está sozinha, mas não faça loucuras.
(Mônica) – Como vocês souberam da suruba?
(Gustavo) – Juntamente com o Dr. Peçanha, contratamos um ator pra se passar por um fiscal da prefeitura. Ele perturba a Helena todo mês pra receber uma propina. Na primeira vez que ele foi lá, botou uma escuta e assim ficamos sabendo de algumas coisas. Inclusive a suruba.
(Mônica) – Isso é ótimo! Com essas escutas, eu terei mais provas pra mostrar ao Edu.
(Gustavo) – Era muito arriscado deixar por muito mais tempo. Uma empregada dela quase descobriu e eu achei melhor retirar e esconder no lixo a escuta logo que eu entrei na casa. Haveria muita gente e o risco de alguém encontrar era alto, mas se tiver alguma coisa lá que te ajude, creio que podemos ceder o material, né tio?
(Manoel) – Isso é com o Dr. Peçanha, mas creio que ele não se negará. Ele gosta muito do seu marido e a gente só não interferiu antes porque achamos que você fazia parte do esquema da Helena. Sinto muito ... Não se preocupe com o vídeo. Somente o Dr. Peçanha irá ver, além de nós, é claro.
(Mônica) – Eu agradeço muito. Que vergonha!!! É muita humilhação ...
(Manoel) – Quanto ao seu celular, espere uma outra oportunidade. Acho que a Helena vai ficar se recuperando em casa de bunda pra cima uns dois ou três dias. Parece que ela tomou muito café com leite e não caiu bem, hahahahaha.
Aquele homem ria tanto que o riso dele com certeza foi ouvido em todo o prédio. Olhei pra ele e fiquei sem entender muito bem, mas deduzi que ela deve ter aprontado alguma coisa e não aguentou o tranco. Saí de lá um pouco decepcionada, mas com o coração cheio de esperança. Helena não perdia por esperar ...
{...}
Segunda-feira - 13 horas.
Eu estava no meu escritório, sentado olhando a tela do computador, mas eu não enxergava nada. O prato de comida estava ao lado, e eu praticamente não comi. Se dei três garfadas, foi muito. Minha cabeça não parava de pensar.
O dia anterior, tinha sido um soco no meu estômago. O encontro com a Fátima e o Gilson no restaurante ... as coisas que ele me falou ... eram absurdas. Eu precisava ter certeza daquilo quando voltei pra casa, não consegui dormir. Fiquei remoendo tudo o que ele disse e fui me lembrando de todos os momentos em que eu estava com a Mônica e o Tarcísio. Eu estava viajando nos meus pensamentos e nem vi que Nikke tinha voltado do almoço e estava do outro lado do escritório, falando alguma coisa.
(Nikke) – O que você acha?
(Eduardo) – Hã? Nikke ... Você tem carta branca pra decidir ...
(Nikke) – Edu, eu sei que é difícil, mas porque você não tira uns dias de férias?
(Eduardo) – Não dá, Nikke. Eu preciso ocupar a mente, pensar, encontrar respostas, tenho que fazer alguma coisa, se não vou enlouquecer ...
(Nikke) – Mas você veio trabalhar e não fez nada de útil. Nem a sua comida você comeu!
(Eduardo) – Ontem eu estive num restaurante e acabei encontrando com Gilson e Fátima ...
(Nikke) – E o que está te perturbando?
(Eduardo) – Nikke, Qual a sua programação pra parte da tarde?
(Nikke) – Eu estava pensando em ir à filial da Barra. Preciso me sentar com a Fátima e ver o trabalho que ela está fazendo pra conferir se está alinhado com o que eu pretendo fazer.
(Eduardo) – Acho que isso talvez dê certo...
Nikke ficou me olhando apreensiva, me aguardando concluir a frase.
(Eduardo) – Eu vou dar um jeito de distrair a Helena e a Fátima, enquanto você procura alguma coisa no computador dela.
(Nikke) – Como?
(Eduardo) – Eu vou tirar a conversa de ontem a limpo na frente das duas. Vou dizer que quero falar com elas um assunto pessoal e você tenta descobrir o máximo de coisas que puder no computador dela.
(Nikke) – Ótima ideia Edu!
(Eduardo) – Eu estive pensando... Eu li o diário da Mônica, mas não sei se posso confiar cegamente no que está escrito. Tudo o que aconteceu na casa da Helena, me pareceu um pouco estranho ... Muitas coincidências, que não me saem da cabeça.
Nikke me olhava atenta e disse que eu não deveria confiar na Helena. Ela voltou a mexer no computador e eu pensando em como fazer pra conseguir respostas. Olhei bem pra Nikke e resolvi que não iria me entregar tão fácil.
(Eduardo) – Nikke, o Gilson, marido da Fátima, é um sem-vergonha. Já peguei ele olhando pra Mônica várias vezes, quase babando. Ele é muito safado, mas eu acho que a Fátima não é.
(Nikke) – Ainda não estou entendendo onde você quer chegar ...
(Eduardo) – Acho que você poderia fazer amizade com ela e descobrir se realmente ela acoberta a Helena nas safadezas, ou se ela também é uma vítima.
(Nikke) – Mas eu mal a conheço.
(Eduardo) – Por isso mesmo. Você por ser uma pessoa de fora, pode fazer com que ela se sinta confortável em falar sobre várias coisas.
Vou mostrar àqueles traíras, que eu consigo superar essa traição e seguir em frente. Eu vivo falando isso pros meus alunos que fazem fisioterapia, que eles precisam esquecer os traumas e focar na recuperação ... Um dia de cada vez ... Agora chegou a minha vez de seguir os meus próprios conselhos. Todo mundo vai ver quem eu realmente sou.
(Eduardo) – Nikke, pegue suas coisas e vamos na filial da Barra.
Ela me pediu cinco minutos pra ajeitar as coisas e assim fomos rumo à filial da Barra. Nikke estava dirigindo e a todo momento olhava pra mim, como se fosse perguntar alguma coisa, mas desistia.
(Eduardo) – Eu estou bem, não se preocupe.
Ela me olhou com uma cara como quem diz, “Aham”, vou fingir que acredito.
No trajeto fomos falando sobre diversas coisas relacionadas às academias, mas eu não conseguia me concentrar direito, até que chegamos na filial da Barra.
A academia estava lotada e eu sentia todos olhando pra mim. Era como se estivesse escrito “corno” na minha testa, ou então os chifres tinham se materializado e só eu que não os via. Fomos até a Clínica de Estética da Helena e encontramos a Fátima sentada num sofá, batendo papo com a recepcionista da clínica.
(Fátima) – Edu, há quanto tempo, né? – Ela riu fazendo alusão ao nosso encontro do dia anterior.
(Eduardo) – Oi, Fatinha! Como eu já havia lhe falado, essa aqui é a Dominique.
(Nikke) – Pode me chamar de Nikke ...
(Eduardo) – Nikke, essa aqui é a Fátima, irmã da Lena. Falando nela, onde ela está? Preciso muito falar com ela. Na verdade, com vocês duas.
(Fátima) – Ela me ligou dizendo que não vem hoje e talvez nem amanhã. Aconteceu uma coisa com ela, bem desconcertante.
(Eduardo) – Ela está bem?
(Fátima) – Está sim. Ela me disse que comeu uma comida muito apimentada ontem e na hora de ir ao banheiro hoje, deu ruim, entendeu? Ela está toda assada e com o fiofó machucado.
Olhei pra Nikke, que olhou de volta pra mim, percebendo que seria uma ótima oportunidade pra tentar xeretar o computador da Lena.
(Nikke) – Isso me lembra quando viajei com meu ex para o México. Pior experiência da minha vida, kkkk.
(Eduardo) – De repente vou até a casa dela mais tarde ou amanhã. Bem, espero que vocês duas se entrosem, porque estamos precisando faturar, e o fiofó da Lena precisa de muito papel higiênico, lenço umedecido e creme. – Tentei ser engraçado para demonstrar que não estava tão derrotado quanto eles poderiam pensar.
Todos nós rimos e a recepcionista deu um sorrisinho discreto, e Fátima toda envergonhada disse:
(Fátima) – Melhor irmos pro escritório ...
Fomos até o escritório delas e de cara dava pra saber qual mesa era de quem, porque de um lado você via uma decoração formal, estilizada e clean. O outro lado era suntuoso e cheio de enfeites, que impressionava.
(Fátima) – Peguem umas cadeiras e sentem-se aqui.
Começamos a conversar sobre o meu casamento e isso acabou atrapalhando o serviço das duas, mas na atual conjuntura, elas tentaram me dar apoio, até que a conversa foi sendo direcionada para as coisas que o Gilson falou no restaurante.
(Nikke) – Olha só, eu vou deixar vocês dois papeando aí e eu vou ficar ali na mesa da Helena. Assim eu vou adiantando alguma coisa do meu serviço.
(Fátima) – Já aviso que a Lena não gosta que mexam nas coisas dela. – Disse ela, quase que impedindo o acesso de Nikke ao PC da Lena.
(Nikke) – Prometo deixar tudo em ordem. Ela nem vai saber que eu me sentei em sua cadeira.
(Fátima) – Se ela quiser, ela sabe ... Temos câmeras em todas as salas. Ela tem medo de que roubem as coisas caras dela.
Nikke foi até a mesa da Lena e ligou o computador que estava bloqueado, mas, por sorte, a Fátima tinha a senha e Nikke teve total acesso.
(Eduardo) – Fatinha, quero que você seja sincera comigo. Sei que um casal é cúmplice e tem seus próprios segredos. Ontem o Gilson falou umas coisas que achei bem esquisitas. Depois que vocês voltaram pra casa, ele te contou mais alguma coisa?
Ela olhou pra mim com uma cara de pena, mas olhou nos meus olhos e disse que sim.
(Fátima) – Vou ser bem sincera contigo, Edu. Eu vou te falar tudo o que eu sei, porque se fosse comigo eu iria querer que você me falasse tudo. – Falou a irmã da Helena, meio receosa.
(Eduardo) – Manda bala ... Não precisa me poupar.
(Fátima) – O Gilson adora uma zoação e você sabe que ele gosta de “botar pilha” nas pessoas, mas ele me disse que com você era diferente. Ele me disse que jogava as piadinhas pra você, pra te alertar e pra ver se você sacava alguma coisa. Eu confesso que nunca percebi nada, mas agora a gente sabe que havia algo.
(Eduardo) – O Gilson ontem deu a entender que a Mônica e o Tarcísio me traiam nos passeios das férias quando a gente viajava. Você acha isso possível?
(Fátima) – Eu não achava até ontem, mas agora ... Eles sempre tiveram muita intimidade. Você pode ver que o Tarcísio não tem essas intimidades comigo e nem com a Keyla. Ele só é assim com a Mônica e a Lena. Comigo o Gilson é tão ciumento que tem até medo do Tarcísio ficar muito tempo perto de mim, porque se uma mulher se senta onde ele se sentou, é capaz de ficar gravida. – Foi a vez da Fátima tentar ser engraçada.
Do nada, um silêncio constrangedor caiu sobre a gente e Fátima continuou mudando de assunto.
(Fátima) – Sinto muito, Edu. Essa história da Naylinha ... isso foi foda... Isso é imperdoável! – Ela disse isso com muita raiva no olhar e me abraçou.
(Eduardo) – A sorte, é que ontem a Nayla estava tão cansada por estudar e com o lado emocional também afetado, que ela comeu o lanche todo com a sobremesa e apagou lá no restaurante. Se ela tivesse ouvido aquelas coisas ... Fátima, estou muito preocupado e eu acredito que será necessário ela fazer terapia.
(Fátima) – Sei que o Gilson foi um pouco cruel, mas ele nem te contou tudo. Depois ele me confessou que a Mônica se encontrava direto com o Tarcísio na filial da academia onde ele fica.
(Eduardo) – Mas como ele sabe dessas coisas?
(Fátima) – Ele frequenta aquela filial, se esqueceu?
(Eduardo) – Estou com muita raiva daqueles dois. Às vezes penso em arrancar o couro deles até ver sangue.
(Fátima) – Parece que você já fez isso ... Estou sabendo que você bateu muito nele. Fez muito bem! Onde já se viu passar o amigo pra trás, desta forma? Eu adoro o Tarcísio, mas tudo tem limite. Talaricagem eu não admito! – Disse Fátima muito incomodada e brava.
Achei que era hora de posar de coitadinho, fazer um teatro, para ver se conseguia mais informação da Fátima.
(Eduardo) – Depois me lembrei dos passeios que ela ia com ele e com as crianças. Eu não tinha muito tempo por causa do trabalho e com certeza a Monica estava fazendo com que pai e filha tivessem um momento família. Eu fui muito trouxa mesmo ...
(Fátima) – Você não tem culpa, Edu. Eles que são os errados da história. Você fez tudo certo.
(Eduardo) – Será? Será mesmo? Eu fui muito permissivo com o Tarcísio. Eu poderia ter cortado essas intimidades. Eu poderia ter sido mais presente na vida familiar.
(Fátima) – Não faça isso contigo ... A culpa não é sua!
(Eduardo) – Não dá, Fatinha! Eu agora começo a pensar em todas as vezes que eles ficaram sozinhos. Cada carona que ele deu a ela e vice-versa ...
Fátima se aproximou de mim e eu ganhei um beijo na bochecha e outro na testa.
(Fátima) – Você vai pedir o divórcio, ou vai seguir o conselho do Gilson?
(Eduardo) – Lógico que eu vou querer o divórcio. Não tenho vocação pra ser corno igual ao Paulo.
(Fátima) – Mas você ainda ama a Mônica, não é? E ela provavelmente te ama. Se ela sente algo pelo Tarcísio, é tesão de pica, como diria a minha irmã.
(Eduardo) – Mas o que o Gilson me disse ontem, está fora de questão. Eu não quero compartilhar a minha mulher com outros, mesmo que ela deixe eu transar com mil mulheres.
(Fátima) – Mas você ainda a ama?
(Eduardo) – Lógico! Isso não acaba assim de uma hora pra outra, apesar de que a decepção foi tão grande, que eu acho que nada vai ser como antes.
(Fátima) – E se você der o troco nela?
(Eduardo) – Eu jamais iria me rebaixar a isso.
(Fátima) – Pois eu sim. Se eu soubesse de uma escapulida do Gilson, eu iria meter um galho nele tão grande que a ponta do chifre iria arranhar a lua.
Pensei comigo, ah, Fatinha, se você soubesse ...
Nikke nessa hora não se aguentou e riu. Olhamos pra ela e também rimos um pouco.
(Eduardo) – Você teria coragem?
(Fátima) – Não só teria, como eu esfregaria na cara dele e faria com que todos os amigos dele soubessem. Se ele quiser ir embora, que vá, mas se ficar comigo, vai ter que aguentar e sofrer na mesma proporção que me fez sofrer.
Ficamos conversando durante mais um tempo e quando eu ia chamar a Nikke pra ir embora, ela me olhou e fez um sinal discretamente que eu interpretei como sendo pra enrolar mais um pouco.
Como vi que não iria conseguir mais nada de novo da Fátima, resolvi mudar o foco da conversa.
(Eduardo) – Então, Fatinha ... Quando você vai encomendar a cegonha? Da nossa turma, falta só você. Não tá animada, não?
(Fátima) – Engravidar? Falta a Helena também ...
(Eduardo) – Mas ela no momento está sozinha.
(Fátima) – E se ela quiser ser mãe solteira?
(Eduardo) – Você não quer? Ou é o Gilson que tá fugindo da paternidade?
(Fátima) – Por mim, eu já teria uns dois, mas o Gilson não quer ser pai ainda. Ele diz que somos muito jovens e que ainda temos que aproveitar a vida.
Falei que ela seria uma ótima mãe, quando fosse a hora e ela ficou feliz. Tornou a dizer que sentia muito pelo que eu estava passando e me pediu pra pensar bem antes de tomar qualquer decisão. Eu concordei e disse que até pensava em conversar com a Mônica dentro de alguns dias, mas eu estava esperando a poeira baixar, porque a mágoa ainda era grande.
Enfim, depois de mais uma hora conversando, a Nikke me chamou e disse que já se inteirou do sistema usado na Clínica e elogiou a Fátima, dizendo que estava tudo em ordem. Nos despedimos dela e voltamos para a academia principal. No trajeto, perguntei a Nikke se estava tudo bem e ela disse que sim. Para nós está tudo bem, mas pra Helena, talvez não.
(Eduardo) – Não entendi ... Você achou alguma irregularidade lá?
(Nikke) – Eu não serei leviana, Edu. Tenho que analisar muitas coisas. A minha sorte, é que eu tinha na minha bolsa um pendrive e um HD externo. Preciso de uma semana, talvez duas pra analisar tudo.
(Eduardo) – Tudo isso?
(Nikke) – Claro! Afinal, eu tenho várias outras coisas pra administrar. Você acha que administrar 5 academias é fácil?
(Eduardo) – Eu sei que não é, tanto que eu não consegui nem administrar uma direito.
(Nikke) – É porque tem muita coisa mesmo, Edu! E pelo pouco que eu vi, precisarei de algum tempo pra entender tudo.
O que será que ela descobriu? Era mais uma coisa na minha cabeça e eu já estava com muitas. Eu tinha que conversar com a Lena, mas talvez agora, seja melhor esperar um pouco pra ter essas novas informações.
Assim que chegamos na academia, recebo uma mensagem da Lena, dizendo que foi uma pena ela não ter ido trabalhar, porque queria muito falar comigo e disse que eu fosse mais tarde em sua casa. Pensei muito, mas decidi ir. Afinal, o que mais poderia acontecer?
{...}
Segunda-feira - 17 horas.
Eu não posso ser afobada! Eu tenho que manter a calma e conquistar a confiança do Edu. Eu sei que provavelmente a Mônica já deve ter falado muita coisa com ele. Vai ser a palavra dela contra a minha e a minha chance é aproveitar toda a mágoa e ressentimento dele e se for necessário, farei de tudo, mesmo que eu tenha que jogar o Tarcísio na fogueira.
Meia hora depois, o Edu chega e toca o interfone. Tiro o meu short larguinho, ficando só de roupão e vou atendê-lo.
(Eduardo) – Oi, Lena. Está melhor?
(Helena) – Nada bem ... Ontem e hoje está sendo foda. Não repara eu estar só de roupão, mas usar calcinha está incomodando muito.
(Eduardo) – Mas você não sabia que a comida apimentada pode arrebentar lá embaixo?
(Helena) – Estava tão gostoso, mas acho que exagerei. Tá ardendo muito, Edu! Você não tem noção!
(Eduardo) – Já fiquei assim ... Na hora de ir ao banheiro é uma desgraça.
(Helena) – Ai, Edu ... nem me fale em banheiro ...
{...}
Eu tinha que saber mais coisas sobre a minha esposa e havia uma grande chance da Helena não ter conhecimento sobre o diário que ela escreveu e nem sobre o meu encontro no restaurante com sua irmã e o marido.
Eu tinha que descobrir quem está mentindo e quem está falando a verdade.
(Eduardo) – Lena, tenho algumas perguntas a fazer.
(Helena) – Eu imagino, mas como você está? – Falou Lena, parecendo que quer mudar de assunto.
Pelo visto será mais difícil do que eu pensei. Voltei ao meu modo “coitadinho”. Se bem que não tinha certeza se iria funcionar com a Helena, mas, não custa tentar.
(Eduardo) – Eu ainda estou arrasado. Nayla também!
(Helena) – A Nayla já sabe da separação?
(Eduardo) – Da separação, do caso deles e até que o Tarcísio é o pai dela.
(Helena) – Meu Deus, Edu! – Falei com uma cara de espanto genuína, porque eu não esperava isso. A coisa estava saindo melhor que a encomenda.
(Eduardo) – Ela sofreu muito, tadinha! – Falei coma voz embargada.
(Helena) – Eu sinto muito, Edu. Muito mesmo. Você sabe que nós somos amigos, né? Eu sei que a gente teve nossas discordâncias e nos afastamos um pouco ao longo dos anos, mas a nossa amizade é mais forte que isso. – Ele me olhava pensativo e diria até desconfiado, afinal na cabeça dele, eu poderia ser uma cúmplice e acobertava a traição da esposa com o melhor amigo.
Tentei uma outra estratégia.
(Helena) – Edu, eu confesso, que às vezes, eu tinha um pouco de ciúme de você com o Tarcísio e isso deve ter influenciado na nossa relação, mas quando você me deu aquele dinheiro ... Naquele momento, você me comoveu tanto, que eu tomei a decisão de não deixar mais que aqueles dois te enganassem.
Ciúmes de mim com o Tarcísio? Não faz sentido! Depois que eu conheci Mônica, eu praticamente não saía mais com ele ... O que ela quer com isso? Nós sempre tivemos um bom relacionamento durante a faculdade. Eu, Tarcísio, Keyla e ela. Estávamos sempre juntos e ela nunca demonstrou ciúmes. Não entendi esta abordagem da Helena, mas iria aproveitar para voltar a conversa para o que me interessava.
(Eduardo) – Então eles estavam mesmo fazendo isso há um tempo? – Perguntei pra Lena, olhando fundo nos seus olhos, pra ver se conseguiria descobrir alguma mentira.
(Helena) – Infelizmente, sim. Me desculpa, Edu, por não ter lhe falado antes. O Tarcísio me conta tudo e inclusive ele me pediu pra acobertá-lo. – Tive que mentir com a cara mais lavada do mundo e espero que ele tenha acreditado.
(Eduardo) – FILHOS DA PUTA!!!
(Helena) – Sei que deve estar sendo doloroso pra você, porque sei que você ainda a ama muito, mas a verdade, Edu, por mais dolorosa que seja, é que a Mônica deixou de te amar no momento que experimentou a pica do Tarcísio. Ele é foda! Faz as mulheres se apaixonarem por aquela pica.
(Eduardo) – Amor de pica, quando bate, fica. Não é isso o que dizem? – Eu me mostrava magoado e percebi que a Helena estava se deleitando com o rumo da conversa. Resolvi dar mais corda.
(Helena) – É a mais pura verdade no caso dele. Eu só não sei como você nunca sentiu ela mais larguinha na buceta. – Ops ... Acho que exagerei, pois Edu me olhou com um pouco de raiva.
(Eduardo) – Lena, me fala uma coisa ... Na despedida de solteira da Mônica, você meio que armou pra ela, né?
Quero ver agora o que você vai falar Lena... Agora eu vou saber se posso confiar ou não naquele diário ...
(Eduardo) – Então, Lena ... Você armou, não foi? – Perguntei novamente de forma mais séria.
(Helena) – De certa forma sim, Edu, mas antes que você venha com pedras na mão, vou te passar todo o contexto. – Não tem jeito! Terei que me sujar, pra prejudicar ainda mais a Mônica.
Ela então veio com uma história de que a Mônica vivia falando que tinha uma vontade muito grande de experimentar uma pica enorme, só que ela não tinha coragem de me trair. E continuando, disse que se rolasse na despedida de solteira, não teria problema realizar essa última fantasia antes de se casar.
Não acredito que a Mônica tenha falado isso. Só pode ser mentira da Lena.
(Eduardo) – A Mônica disse mesmo isso?
Parece que Lena deu uma travada e suspirou antes de continuar.
(Helena) – Foi mais ou menos isto ... É que já faz tanto tempo ... mas mesmo assim ela disse que não iria te trair e que se fosse acontecer algo, teria que ter a sua permissão.
(Eduardo) – Por isso que vocês duas estavam tentando me convencer a deixar que ela segurasse nas picas dos strippers ...
(Helena) – A intenção era só essa mesmo, mas a Mônica ficava me azucrinando, falando que você bem que podia liberar tudo e que seria só essa vez, mas ela não tinha coragem de falar contigo.
(Eduardo) – Eu sabia que não devia ter permitido essa história de despedida. Eu sabia ...
(Helena) – Edu, desculpa, tá? Eu forcei um pouco as coisas, mas você sabe que naquela época, eu era uma muito doida, mas hoje não sou mais assim. – Disse Helena, meio que se fazendo de vítima.
(Eduardo) – Não?
(Helena) – Não muito, hahahahaha, mas hoje eu não faria isso e tem mais uma coisa.
(Eduardo) – O que? – Perguntei, demonstrando curiosidade.
(Helena) – Se lembra do que eu disse naquele dia no clube? Eu sempre fui a fim de você. Eu achei que, na hora que a Mônica te contasse o que aconteceu na despedida de solteira, ela ia te dar um vale-night pra compensar e é lógico que eu seria o seu vale-night.
De novo a Lena vem com esse papo que sempre foi a fim de mim. Isso também é mentira! Ela sempre foi a fim do Tarcísio ... Desde a primeira vez em que bateu os olhos nele. Ela acha que pode me enrolar, mas vamos ver como ela se sai agora ... vou descobrir se o Gilson está mentindo ou não.
(Eduardo) – Ontem eu estive com o Gilson e ele me disse que nos últimos tempos, você tem acobertado o encontro da Mônica e do Tarcísio aqui na sua casa.
(Helena) – Eu não aguentava mais participar disso, Edu. Eu já estava de saco cheio daqueles dois, mas eu não resisto ao charme do Tarcísio. Ele me pedia e eu deixava. – Caralho, Gilson! Você é foda, mas tinha que ser mais sutil.
(Eduardo) – Só não entendo por que os dois não iam ao motel? Pra que te envolver nisso?
(Helena) – Eles iam ao motel também, mas os dois tinham medo de flagrante e aqui em casa eu dava cobertura.
Fiquei pensando, analisando tudo que Helena me disse. Parecia ter algumas verdades, mas algumas coisas, como gostar de mim e aquela parte da Mônica querer experimentar um cara grande. Ela sempre teve liberdade para falar comigo sobre isto, já tínhamos conversado sobre coisas bem mais ousadas... E tem mais, quando eu dei o flagrante nos dois a Lena me garantiu que aquela tinha sido a primeira e única vez que eles tinham transado na casa dela. Por que o discurso mudou agora? ... Tem alguma coisa errada ...
(Eduardo) – Bem, Lena, acho melhor eu ir embora. Tenho muita coisa pra pensar e preciso descansar um pouco.
(Helena) – Mas você acabou de chegar ...
(Eduardo) – Eu sei, mas não me sinto confortável com você se insinuando dessa forma. Desde a hora que eu cheguei, você fica ajeitando o roupão pra me mostrar o decote, ou então cruza as pernas de uma forma que apareça alguma coisa. Não acho isso legal ...
(Helena) – Estou de brincadeira com você, bobinho! – Que mancada! Edu é muito careta mesmo. Não sei o que a Mônica viu nele, pensei.
Não sei se ela percebeu, mas eu não estava a fim de brincadeira.
(Eduardo) – Que bom! Assim fico mais aliviado.
Continuamos a conversar, e sempre que eu podia, Helena falava mal da Mônica. Eu disse que estava com sede e Lena me respondeu que eu poderia me servir do que quisesse. Fui em direção à cozinha para pegar um copo de água, mas parei por um instante. Fiquei olhando pra uma mesinha, depois continuei até a cozinha e voltei com um copo d’água.
(Eduardo) – Lena, aquele celular naquela mesinha é da Mônica?
(Helena) – É sim. Aquela safada fugiu daqui tão rápido, que esqueceu o celular. Se quiser, pode levar.
Voltei até o local e peguei o celular. Depois de mais um tempo conversando sobre outras coisas da academia, me despedi e fui embora.
{...}
Os dias foram passando e o meu cuzinho já estava bem melhor, mas eu ainda não tinha ido trabalhar. Marina tinha me ligado e disse que iríamos almoçar com Marlon e Fernanda, mas quando Marina chegou aqui em casa, ela estava cabisbaixa e triste e eu morrendo de curiosidade pra saber o que tinha acontecido com aquela fedelha.
Tentei mostrar empatia e durante o trajeto até a casa de Marlon fui falando com ela que o que quer que fosse, poderia contar comigo.
(Marina) – Estou com muita raiva do Tarcísio!
Que maravilha! Agora é só retomar o contato com ele e se for necessário eu até me ajoelho pedindo desculpas. Não! Ajoelhar é demais ...
(Helena) – Poxa, Marina! Eu achei que ele estava realmente interessado em você.
(Marina) – Eu também achei ... – disse a fedelha com os olhos marejados.
Tadinha! Ela já está sofrendo. Acho que nem vou mais transformá-la numa piranhazinha.
(Helena) – Mas, o que aconteceu? Ele te dispensou?
(Marina) – De certa forma sim. Eu cheguei na casa dele e quase que eu o pego transando com a Mônica.
Filhos da puta! Que ódio!
(Helena) – A Mônica é uma filha da puta mesmo! Você tem certeza disso?
(Marina) – Ele estava pelado na cama e a Mônica estava no banheiro tomando banho e saiu pelada de lá e tomou um susto quando me viu. Ficou toda sem graça e me pediu pra eu ficar de boca fechada. – Disse Marina triste e receosa.
(Helena) – Filha de uma rapariga!
(Marina) – Lena, não conta isso pra ninguém. Só contei pra você, porque eu precisava desabafar com alguém.
(Helena) – Pode deixar, que eu não vou falar para ninguém.
Edu precisa saber disso, mas eu não sei como fazer ainda, sem parecer a fofoqueira da janela.
(Marina) – Que raiva do Tarcísio! Era a primeira vez que eu estava gostando de um homem. Acho que ser hétero não é pra mim ...
(Helena) – Não fique assim, queridinha!
Após alguns minutos, chegamos no apartamento do Marlon e ele estava radiante com sua namoradinha ao lado.
(Marlon) – Lena, que bom que você veio? Está melhor?
(Helena) – Estou sim e eu nunca mais como comida apimentada.
(Nandinha) – O problema é que você deve ter comido demais. Sua gulosa!
Todos eles riram e eu aproveitei pra fuzilar a putinha com os meus olhos, pois eu havia contado a ela o real motivo. Ela percebeu que eu não gostei e foi pra cozinha. Inventei que estava com sede e fui atrás dela.
(Helena) – Olha aqui, sua piranha, você toma cuidado com as brincadeiras! Se você fala que eu tomei muito café com leite, o Marlon poderia pescar.
(Nandinha) – Não sou maluca ... Eu sei muito bem que a ex dele também andou tomando café com leite, mas ela não ficou com o cu arrebentado. Kkkk.
(Helena) – Você tá rindo, porque não foi o seu cu que agasalhou aqueles dois cacetões.
(Nandinha) – Lena, acho que hoje você vai ter uma surpresa ... – Disse a safadinha, fazendo um mistério e me pondo curiosa.
O que será que essa safada está aprontando? Voltamos pra sala e conversamos sobre vários assuntos, até chegar o horário do almoço, mas antes de começarmos a comer, Marlon se levantou e quis fazer um brinde.
(Marlon) – Eu gostaria de brindar a esse novo momento na minha vida. Está sendo difícil lidar com a perda do meu pai, mas meter a cara no trabalho tem ajudado muito e descobri que eu levo jeito pra coisa, mas eu devo agradecer a Lena e a minha irmã que me deram muito apoio nessas horas difíceis e agradecer, em especial, à Nandinha, que tem sido um verdadeiro raio de sol na minha vida.
Eu olhei pra Nandinha e não estava acreditando no que estava pra acontecer.
(Marlon) – Nandinha, você quer vir morar comigo? – Ele sorriu pra ela todo apaixonadinho.
(Nandinha) – Lógico que sim, meu amor! Meu Deus, olha o tamanho desse anel!
(Marina) – Marlon, você não acha que está sendo muito precipitado?
(Marlon) – Maninha, a vida passa num piscar de olhos. Devemos aproveitar ao máximo e amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque de repente pode não haver o amanhã.
(Nandinha) – Amor, vai combinar com aquele cordão e com os brincos que você me deu. Estou tão feliz!!!
E lá foi a putinha beijar o meu enteado. Essa menina deve ter dado um chá de cuceteta nele. Não é possível ...
Eu fingi estar feliz pelo casalzinho e ela sorriu pra mim, dando uma piscadinha.
(Marlon) – Amanhã mesmo, você pode trazer as suas coisas pra cá ...
(Nandinha) – Calma!!! Meus pais são muito conservadores e não vão gostar disso. Vamos com calma, amor.
(Marlon) – Eu falo com eles. – Disse ele todo confiante e cheio de empáfia.
(Helena) – Seu pai estaria orgulhoso, Marlon! Muito bem!
Olhei pra Marina e notei que ela me olhava de volta com um pouco de raiva, talvez. Foda-se, pirralha!
(Marlon) – Agora falta você, maninha! Devo dizer que com esse seu novo visual, vai arrumar um pretendente em um estalar de dedos.
Todos nós rimos e voltamos ao almoço. Tudo transcorreu sem outras novidades, mas num momento em que eu fiquei a sós com a Nandinha, eu fui logo atacando.
(Helena) – Cordão, brinco, anel ... tá cheia das joias, hein? Cadê a minha parte?
(Nandinha) – Calma, Lena! Você acha que é fácil?
(Helena) – O que você fez com o garoto?
(Nandinha) – Hahahahaha, eu dou tudo pra ele e na cama eu o faço se sentir um Deus e fora da cama eu sou a namorada mais dedicada do mundo.
(Helena) – Esses homens são uns trouxas!
(Nandinha) – Você me prometeu que ia cuidar do meu Daddy. Ele não para de me ligar e mandar mensagem. Tive que falar com o Marlon que era um tio-avô que gosta muito de mim e que eu cuidava dele, de vez em quando.
(Helena) – Eu já arrumei três ninfetas pra ele, mas o coroa está apaixonado. Não posso fazer nada.
(Nandinha) – Vou ter que me livrar dele de algum jeito.
Marlon e Marina se juntaram a nós e continuamos a conversar sobre o futuro do mais novo casal, enquanto a minha mente só pensava em outro casal. Mônica, sua desgraçada filha de uma puta! Você vai pagar caro por ficar com o meu homem.
Continua ...