Inicialmente, essa história seria curta, mas como ela parece ter agradado, autorizei a Id@ a usar uma de suas parcerias para incrementar o texto e dar um melhor desenvolvimento. Ainda continuo sem tempo para escrever. As partes aumentaram um pouco e eu não sei quantos capítulos mais serão necessários para terminar. Desejo uma boa leitura a todos.
Continuando:
Acordei com Olívia se arrumando para trabalhar. Ela tinha acabado de sair do banho. Estava nua, passando creme no corpo:
— Você dormia tão gostoso … não tive coragem de lhe acordar. Pensei em deixar um bilhete e o café pronto.
Me espreguicei e me sentei na cama:
— Obrigado pela consideração, mas eu preciso ir. Tenho coisas a resolver e que não podem esperar.
Ela se sentou ao meu lado, me dando um abraço muito gostoso:
— Toma o café comigo pelo menos. Estou assando pão de queijo.
Não resisti e a agarrei, sugando os seios carinhosamente e já descendo a boca por sua barriga. Encarei a xoxotinha cheirosa, ainda um pouco vermelha e inchada da noite anterior. Brinquei com a língua no grelo, sem colocar muita pressão, apenas sugando devagar.
Olívia estava entregue, rebolando na minha cara, esfregando a xoxota. Ela gozou em poucos minutos, me puxando e agradecendo:
— Isso foi delicioso. Se o dia começa assim, o que pode dar errado?
Fiz minha higiene matinal do jeito que deu, tomei uma ducha e me sentei para tomar o café da manhã com a Olívia. Ela me encarava com os olhinhos esperançosos, de quem acha que finalmente encontrou alguém em quem valia a pena investir.
Eu não queria brincar com os sentimentos dela e precisei ser honesto. Abri a caixa de Pandora e contei o que tinha acontecido comigo, o motivo de ter voltado para a cidade, enfim, coloquei tudo para fora. Assim como meu avô e meu primo, ela me ouvia em choque, abismada com as minhas revelações.
— Eu nem sei o que dizer … pelo menos, acho que eu consegui fazer você esquecer dos problemas, um pouco.
Eu agradeci novamente, mas não consegui resistir aos encantos daquela morena linda:
— Foi tudo muito inesperado e eu confesso que você mexe muito comigo. Mas o que vem pela frente, se tudo correr bem, não vai ser bonito. Eu não quero arrastar você comigo nessa lama.
Olívia me surpreendeu, se mostrando uma pessoa de mente aberta, enxergando mais as soluções do que os problemas:
— Podemos apenas nos curtir, nada nos impede. Somos livres e desimpedidos. Eu gostei, você também, podemos nos ajudar. Eu gostei muito de estar com você, e por incrível que possa parecer, é a primeira vez que eu me entrego a alguém assim, na primeira noite. O que me diz? Amigos com benefícios?
Como recusar uma proposta tão tentadora? Que homem seria capaz de resistir aos encantos de uma mulher incrivelmente linda e gostosa?
— Linda, gostosa e safada … o ditado é mesmo verdadeiro: depois da tempestade, vem a bonança. Tô dentro.
Fiquei um pouco envergonhado com a entrada de Carlos e Vanessa na cozinha, mas como nenhum dos dois disse nada, estavam bastante tranquilos, acabei relaxando.
Conversamos amenidades enquanto terminamos de comer e eu descobri mais sobre a vida de Olívia. Ela é administradora, crescendo aos poucos na multinacional em que trabalha. Perdeu a mãe alguns anos atrás e o pai se mudou, voltando para a cidade natal. Ela e Vanessa se conheceram na empresa e se tornaram melhores amigas. Ela namorou um carinha, mas os dois queriam coisas diferentes da vida e terminaram em bons termos. Hoje até são amigos.
Descobri também que Carlos e Vanessa têm um rolo de dois anos, indo e voltando, mas não se desgrudam. E dos nossos amigos do ensino médio, poucos ainda residiam na cidade e ela acabou não mantendo a amizade com quase ninguém daquela época. A maioria se mudou para a capital do estado, almejando voos maiores na vida.
Deixei as meninas em frente a empresa em que trabalham, Carlos, em seu escritório e combinei com Olivia de nos falarmos por mensagem. Eu gostaria muito de marcar uma nova saída o mais breve possível, pois ela tinha o dom de me fazer esquecer dos problemas.
Não demorei a chegar em casa e encontrei minha mãe cuidando de seu jardim. Suas roseiras eram como filhas e ela tinha seis delas, três em cada canteiro. Desde que o meu padrasto veio morar com ela, minha mãe deixou o emprego e se tornou dona de casa. Ela nasceu para esse tipo de vida, cuidar do marido e do filho. Eles até pensam em adotar uma nova criança, já que minha mãe não tem mais idade para engravidar e meu padrasto tem o sonho de ser pai.
Eu fui direto até ela:
— Podemos conversar? Tem algumas coisas que eu quero dizer e outras mais delicadas, que eu preciso pedir.
Minha mãe desligou a água, enrolou e guardou a mangueira e me acompanhou até a sala de casa. Pedi que ela se sentasse. Ela me fez um carinho na cabeça ao passar:
— Já tomou café? Tem bolo. De coco, que você adora. Se esbaldou, hein?
Perguntei:
— Cadê o Cirilo? Ele já saiu?
Cirilo, meu padrasto, é mecânico, dono da própria oficina.
— É tão sério assim? Você não pode falar só comigo?
Minha mãe é um doce de pessoa, mas detesta enrolação. Fui direto:
— É sobre o seu divórcio. Eu quero que a senhora o interrompa. Meu avô me contou que meu pai usou o seu dinheiro, te roubou e foi embora. Nós precisamos fazer ele pagar. Carlos concorda comigo.
Assustada, ela se levantou. Estava tensa, apertando as mãos, cutucando as unhas, um tique nervoso que ela tem:
— Olha, filhote, eu amo você, mas essa é uma decisão que eu e o Cirilo tomamos juntos e que não lhe diz respeito. Não acho que você deva se intrometer …
Vi que ela começava a se zangar, então a interrompi, soltando a bomba:
— Meu pai estava transando com a Maitê. – Fiz uma pausa dramática, para que ela digerisse a revelação. – Por isso terminamos. Eu os peguei e até gravei.
Abri o vídeo no celular e entreguei o telefone nas mãos dela. Horrorizada, ela devolveu o aparelho em menos de um minuto. Ainda mais nervosa, com o tique nervoso mais intenso, ela explodiu:
— Aquele monstro … como ele pôde fazer isso com o próprio filho? Comigo, tudo bem, eu aguento, mas com o meu filhote? Não, eu não posso aceitar esse ultraje … isso é um escárnio, um deboche.
Tremendo, ela pegou o próprio celular. Abriu o aplicativo de mensagens e enviou um áudio:
“Cirilo, eu preciso que venha para casa. É urgente. Precisamos conversar”.
A oficina do meu padrasto era na avenida principal do bairro, muito próxima e ele chegou em menos de dez minutos. Ele estava nervoso, preocupado com minha mãe:
— O que aconteceu, Celeste? Saí de casa agora há pouco e você me chama assim? O que pode ter acontecido em meia hora? Você está bem?
Ela se virou para mim:
— Conta pra ele. Conta o que seu pai aprontou.
Fui mais detalhista, expondo a história completamente, explicando como tudo aconteceu e o que eu fiz do momento em que descobri em diante. Aos prantos, minha mãe me abraçou, se culpando:
— Me desculpe, filhote. A culpa é minha, eu facilitei a sua aproximação com aquele salafrário. Eu vou te compensar, prometo.
Minha mãe se virou para o meu padrasto e disse:
— Você também, amor, me desculpe, mas os planos mudaram. Eu vou processar aquele monstro. O Rafael está certo, não podemos deixar que ele saia impune. Ele atingiu o meu filho, o meu bebê, eu não posso deixar isto passar em branco. Não desta vez. Eu não ligo para aquele dinheiro, você sabe disso, mas ele sim, é a única forma de fazê-lo “sangrar”.
Meu padrasto não recebeu bem a notícia. Parecia enciumado:
— Eu entendo o que vocês estão sentindo, mas mesmo que não sejamos casados, você é a minha mulher e eu preciso protegê-la. Eu não quero aquele homem perto de você. Se o Rafael quiser brigar, terá todo o meu apoio, mas não você. Eu não acho uma boa ideia.
Instruído por Carlos, sugeri:
— Ela não precisa. Ela pode fazer de mim o seu representante legal. Uma procuração, específica para essa situação, resolve isso. E mesmo que não fiquemos com um centavo, que doemos tudo para a caridade, ele precisa pagar pelo que fez a nós. Primeiro a minha mãe, depois a mim. Essa briga é minha, ela não precisa se envolver.
Minha mãe estava brava:
— Eu não sou uma inválida, estou aqui. Essa briga é minha também, eu sou a sua mãe e qualquer um que mexe com você, mexe comigo. É minha a obrigação de te proteger, não ao contrário.
Cirilo ainda não estava convencido:
— Eu não estou gostando disto. Sinceramente, o Rafael está machucado, triste, mas vingança nunca acaba bem. Todos se machucam.
Minha mãe se impôs:
— Eu amo você, quero envelhecer ao seu lado, mas eu jamais deixaria uma agressão como essa passar em branco. Aquele homem precisa sofrer, precisa de uma lição. Ele passa pela vida das pessoas enganando-as e as destruindo. Chega! Eu vou apoiar o meu filho e espero que você nos apoie também.
Vendo que ela estava decidida, que não ia ceder, Cirilo se resignou:
— Tá bom. Eu entendi. Qual é o próximo passo? Se vamos fazer, façamos direito.
Pedi que os dois se sentassem, mas fomos interrompidos pela campainha. Ao abrir a porta, me assustei:
— Tina? O que você veio fazer aqui?
Ela estava muito abatida, com olheiras. Seu rosto e postura demonstravam cansaço:
— E que escolha eu tinha? Você me bloqueou em tudo, não atende ligações … você solta a bomba e foge? O que você queria que eu fizesse?
Me assustei, olhando ao redor, achando que ela não estava sozinha. Ela me acalmou:
— Nenhum dos dois está aqui. Eu vim sozinha. Você tem a obrigação de me contar o que aconteceu. Se for verdade, eu também fui enganada.
Minha mãe veio até nós:
— Quem é essa mulher, Rafael? Por que estão discutindo aí na porta?
Fui grosseiro com a Tina:
— Eu não tenho obrigação de nada. Você me insultou e duvidou de mim. Até o vídeo eu enviei …
Ela não estava em condições de discutir:
— Me desculpe! Eu estava cega de amor, incapaz de duvidar.
Tina tentava conter as lágrimas:
— Poxa, Rafa, você sumiu. Ficou um mês sem dar notícias. Deixou os dois espalharem mentiras e depois, do nada, aparece com aquele vídeo, solta essa bomba em mim …
Ela limpou uma lágrima que escorreu, tentando ser forte:
— Se coloque no meu lugar, tente ver as coisas da minha perspectiva. Eu passei o mês achando que você tinha feito o que eles me contaram. Como você … – Tina começou a chorar, se ajoelhando aos meus pés.
Minha mãe interveio:
— O que está acontecendo, Rafael? Quem é essa moça? Traga ela pra dentro. Olha o estado dela.
Enquanto pegava Tina no colo, a trazendo para dentro, respondi:
— Ela é a Martina, a noiva daquele merda.
Minha mãe estava confusa:
— E o que ela está fazendo aqui? Não estou entendendo.
Ajeitei Tina no sofá, mas ela não parava de chorar. Expliquei toda a situação à minha mãe e ao meu padrasto, que me encaravam sem acreditar. Voltei minha atenção para a Tina:
— Eles não sabem mesmo que você está aqui? Você não está armando para cima de mim, né?
Com dificuldades, muito nervosa, tremendo, Tina abriu sua bolsa e retirou um papel, me entregando.
— Eles acham que eu estou nesse workshop hoje. Foi a forma que eu encontrei para vir atrás de você sem que eles percebessem.
Eu não podia abaixar a guarda:
— Você não os confrontou? Não disse que eu a contatei? Que enviei o vídeo?
Tinha começava a se acalmar:
— Não. Eu fui covarde. Fiquei com medo de perder o seu pai. Mas já no segundo dia, ontem, a dúvida estava me matando. Pedi a uma amiga para olhar o vídeo e ela confirmou que não era montagem. Eu precisava vir atrás de você.
Eu ainda tinha dúvidas:
— Mas como você chegou até aqui? Poucas pessoas, além dos dois traidores, sabem o endereço desta casa.
Minha mãe trouxe um copo de água para a Tina e se sentou ao lado dela no sofá. Cirilo apenas ouvia, sem interromper. Tina já estava bem mais calma:
— Sua secretária me deu o endereço. Eu disse a ela que era urgente e como ainda sou a noiva do seu pai e ninguém sabe o que aconteceu, ela não desconfiou de nada. Me desculpe por isso também, mas era o único jeito.
Minha mãe cansou de ficar de espectadora:
— Você é uma garota tão jovem, com a vida inteira pela frente … foi seduzida, não é? Caiu na lábia daquele vagabundo. Eu já passei por isso, sei o que você deve estar sentindo agora.
Minha mãe a abraçou, tentando confortá-la. Tina desabafou:
— Ele era um amigo de negócios do meu pai e sempre frequentava nossa casa. Ele foi entrando na minha mente, me envolvendo e quando dei por mim, já estava perdidamente apaixonada. Eu nem sei como aconteceu, pois nunca gostei de homens mais velhos. Aquele homem apenas consegue o quer, de uma forma ou de outra.
Será que foi assim com a Maitê também? Quando os peguei, me lembro do meu pai dizer: “Perdemos muito tempo com sua resistência”. De qualquer jeito, ela cedeu, e a forma como o envolvimento dos dois aconteceu, era indiferente. Ela não foi forçada, e mesmo que tenha resistido no início, parecia gostar muito do que acontecia no momento em que descobri.
Tina ainda não tinha terminado de falar:
— Ontem à noite, depois que ele dormiu, acabei não conseguindo me segurar e peguei o celular dele. Inicialmente, não encontrei nada. As conversas com a Maitê no aplicativo de mensagens eram normais, coisa de sogro e nora. Resolvi ser mais minuciosa e por fim, acabei encontrando os e-mails que eles trocavam.
Ela voltou a chorar:
— Quem ainda usa e-mail nos dias de hoje? E eu quase não dei importância, quase não olhei. Só fiz porque ele recebeu um e-mail promocional enquanto o celular estava na minha mão e acabou aparecendo um não lido, enviado por ela na notificação. Tinha de tudo, mensagens picantes, fotos trocadas … só não desabei, porque o vídeo do Rafael já tinha me preparado e, no fundo, inconscientemente, eu já sabia que era verdade.
Minha mãe continuou tentando confortá-la. Nossa conversa já tinha sido interrompida mesmo e era melhor esperar Tina se recuperar. As duas ficaram conversando, enquanto Cirilo me pediu para acompanhá-lo.
Ao chegar na cozinha, ele foi direto:
— Sei que nós não temos muita afinidade, convivemos pouco, já que quando eu cheguei, você estava saindo de casa, indo para a faculdade, mas …
Precisei cortá-lo:
— Cara, eu tenho muito respeito por você. Eu vejo o quanto você e minha mãe se amam. Você a faz feliz. Isso é o que importa pra mim. Eu sei que você é um bom homem e que cuida bem dela.
Ele me agradeceu e voltou a falar:
— Eu vou apoiar vocês, mas tenho uma condição. Em momento nenhum quero sua mãe perto daquele homem. Vou dar todo o apoio que eu puder e aceitar a decisão de vocês, mas não abusem. Sua mãe ainda está em tratamento. Tem dias que até precisa tomar calmantes para dormir. De vez em quando, eu a pego olhando para o nada, parecendo uma casca vazia. Depressão é coisa séria e não pode ser menosprezada.
Me senti mal naquele momento. Será que valia a pena arriscar a saúde mental dela por uma vingança boba? Talvez Cirilo tivesse razão e eu estava apenas sendo infantil, um moleque, fazendo birra porque tiraram o meu brinquedo.
Por outro lado, era muito injusto que aquele homem, que eu não considerava mais como pai, se saísse vitorioso após o que ele fez? Se ele queria a Maitê, tudo bem, era só jogar limpo. Nós teríamos nos separado e ela seguiria em frente com quem quisesse.
Meu telefone vibrou e eu olhei a mensagem. Era um dos poucos amigos, um que costumava sair comigo e a Maitê:
“Que história é essa que você e a Maitê terminaram? Isso é sério? Fui à sua casa, já que não tenho notícias suas há tempos, e Maitê estava acabada. Está magra, depressiva … ela disse que você saiu de casa só com a roupa do corpo e nunca mais deu notícia. Você está bem? Precisa de alguma coisa? Onde você está? Fala comigo”.
Ignorei a mensagem, assim como vinha fazendo durante todo o último mês e voltei à sala. Minha mãe e Tina estavam sorrindo, bastante à vontade uma com a outra. Minha mãe disse:
— Fale com o Carlos. Vamos em frente. Vou te dar a procuração e deixar você falar por mim. Não pegue leve, vamos dar o troco naquele miserável.
Eu não sabia o que fazer com a Tina. Não sabia se a deixava ali, se a levava comigo. Ainda bem que ela se tocou:
— Sua mãe me contou, por alto, o que vocês pensam em fazer. Eu quero ajudar. Não posso contar para ninguém em casa, pois é possível que o meu pai tome uma atitude drástica. Meu pai é um homem de ação, tá riscado ele acabar com o Angelo.
Fiquei um pouco irritado com minha mãe. Ela mal conhece a Tina e já confia? Eu ainda não estava totalmente convencido que ela estava do nosso lado. Minha mãe é muito boazinha, uma presa fácil para pessoas mal-intencionadas. Preferi ficar quieto, não brigar com ela.
Pedi que Tina me acompanhasse, eu precisava conversar a sós com ela. Ela se despediu da minha mãe, dizendo:
— Vou voltar pra casa depois de conversar com o Rafael. Vou vigiar os dois e tentar conseguir mais provas. Para ele, eu só ia ficar fora por um dia mesmo. Ele não vai desconfiar de nada. Foi um prazer conhecer a senhora. Obrigada pelo carinho.
Entramos no meu carro e eu parti para o ataque:
— Qual é a sua? Isso tudo está muito estranho. Não sei se confio em você. Desembucha, seja honesta. Por que você veio até aqui?
Tina não afinou:
— O que mais eu posso dizer? Eu sei que reagi mal, mas eu logo tentei falar com você. Me desbloqueie, leia a minha mensagem.
Peguei o celular e desbloqueei o número dela. As mensagens começaram a aparecer na tela. Segui a linha do tempo:
“Desculpa, Rafa. Por favor, me conte o que aconteceu. Como você desconfiou? Como conseguiu gravar os dois?”
“Rafael, fala comigo”.
“Rafael? Você me bloqueou?”.
“Rafa, eu agi mal ao descobrir, te acusei, não sabia no que acreditar. Me desculpe. Sei que estou bloqueada, mas espero que em algum momento você leia essa mensagem. Por favor, fale comigo. Estou angustiada, sozinha, sem saber o que fazer. Estou indo atrás de você”.
A terceira mensagem era do dia anterior, batendo com a versão que ela contou. Resolvi dar uma chance:
— Presta atenção! Vou confiar em você, mas se me trair também, vou jogar a merda toda no ventilador e expor a sua vida dupla. Sei que você e ele eram liberais e eu vou contar pra todo mundo. Seu pai não vai gostar da novidade.
Tina me surpreendeu:
— Que história é essa? De onde você tirou isso? Eu não sou liberal, nunca fui. Isso é mentira.
Ela me encarava e eu não sabia o que dizer.
— Acho que eles inventaram essa história para tentar colocar uma pulga atrás da sua orelha. Talvez eu fosse a próxima.
Puta que pariu! Eu me decepcionava cada vez mais com a Maitê. Suas mentiras e tramoias estavam beirando a loucura. Tina disse:
— Eu até sou curiosa, queria conhecer, mas seu pai e eu apenas fantasiamos com isso, nunca conversamos sobre sair da fantasia. Talvez fosse o próximo passo dos dois, juntar o útil ao agradável, criar uma cortina de fumaça para se encontrarem sem culpa.
Eu precisava dar início ao processo e para isso, tinha que ir até Carlos. Aproveitei para me despedir da Tina:
— Você vai voltar para casa, então? Vamos ver se você está falando a verdade ou se veio aqui só para sondar …
Ela se aborreceu comigo, abrindo a porta do carro e se preparando para sair:
— Se você não me quer como aliada, vou fazer do meu jeito. Foda-se o seu plano, vou rodar a baiana com os dois e seja o que Deus quiser. Vejo que foi uma péssima ideia te procurar …
Pela primeira vez vi Tina revoltada, uma atitude mais condizente com uma traição. Apesar das lágrimas, do vitimismo, faltava justamente a revolta. Agora sim eu estava convencido:
— Ei, calma aí. Me desculpe. Aqueles dois não prestam, precisam pagar. Se você quiser, pode ficar por aqui, a gente dá um jeito.
Ela se acalmou novamente:
— Obrigada, mas eu preciso voltar. Se você vai agir, precisa de alguém infiltrado. Eu não sou uma coitada e do mesmo jeito que eu me apaixonei, eu me desapaixono rapidamente. Eu já sofri, dois dias são suficientes. Prometi a mim mesma que depois de hoje, eu não choro mais por quem não me merece.
Porra! E pensar que eu fiquei um mês destruído, sofrendo, hibernado em um quarto de hotel. Eu deveria ser mais como a Tina. Passei a admirá-la.
Tina se despediu e saiu do meu carro. Ela entrou em seu carro e logo acelerou, dando um tchauzinho ao passar por mim. Eu também comecei a rodar, indo me encontrar com o Carlos. Era hora de colocar o bloco na rua.
Continua.
Revisão e consultoria: Id@