“Parece cocaína,
Mas é só tristeza...”.
Ela estava na minha frente e ficou sem saber o que falar, quando eu disse que achava que a nossa história tinha chegado ao fim. Eu sabia que ainda tinha muita coisa para eu descobrir antes de afirmar este fato, mas eu estava usando esta “terapia de choque” com a Mônica com o objetivo de desestabilizá-la, permitindo assim que ela se abrisse de uma vez e me contasse a verdade sobre muitas coisas, mas principalmente sobre a possibilidade dela e do Tarcísio assumirem o relacionamento.
(Mônica) – Edu, é melhor a gente esperar um pouco ... Eu te amo e eu sei que você ainda me ama.
(Eduardo) – Eu também amo brigadeiro, mas parei de comer por causa da minha saúde.
(Mônica) – Então é isso? Eu não passo de um simples brigadeiro pra você.
(Eduardo) – Você me entendeu ... Eu ainda amo você e é por isso que tudo está sendo mais doloroso.
(Mônica) – Edu, meu amor, você é o homem da minha vida! Você tem que me escutar. A Helena armou tudo. Tudo mesmo. A despedida de solteira foi só o início. Ela depois ficou me chantageando e me obrigou a participar de uma suruba, mas eu não participei. Aquele dia lá na casa dela ... – Dizia Mônica fazendo uma pausa grande e respirando – ... Foi o dia da suruba. Me drogaram de novo e por sorte não fui estuprada. Eu juro que só fui lá, porque não tinha outra opção, mas eu não participei da suruba.
(Eduardo) – O que? Suruba? Não me faltava mais nada ...
(Mônica) – Edu, ela praticamente me obrigou ... Ela queria me transformar em uma puta, mas eu não aceitei ... Só que ela me drogou de novo e eu nem sei como, porque não bebi nada alcoólico e tudo que eu bebi, fiz questão de verificar se estava lacrado, mas dessa vez, eu fui em um hospital e tomei aquele coquetel pra evitar doenças e fiz os testes de IST’s e um outro que a médica falou o nome, que eu não entendi direito. A médica que me examinou disse que não havia marcas de lacerações ou algum vestígio de qualquer coisa dentro de mim, mas a Helena de alguma forma me deu um banho de sêmen.
(Eduardo) – Fui corno de toda a torcida do Flamengo.
(Mônica) – Eu disse que não participei. Eu juro! – Dizia ela aos prantos.
(Eduardo) – Mônica, quem é você? Eu não te conheço mais ...
(Mônica) – Edu, pelo amor de Deus, acredita em mim. Tudo o que eu disse agora é verdade! Tudo que está no diário também é verdade!
(Eduardo) – Pera aí, Mônica ... Eu li o seu diário, mas algumas coisas estavam rabiscadas e eu não entendi muito bem.
(Mônica) – Você leu, meu amor? Tudo o que eu escrevi lá é a mais pura verdade.
(Eduardo) – Então, me responde uma coisa: eu acreditei que a Nayla era minha filha ...
(Mônica) – Mas ela é sua filha ... ela é nossa filha !!!
(Eduardo) – Não me interrompa, por favor! Na grande maioria das vezes nós usamos camisinha. Na nossa primeira vez e naquela festa nós não usamos. Foi quando você engravidou. Depois disso, algumas vezes, durante a Lua de Mel a gente não usou camisinha, mas eu gozei fora. Me diz uma coisa: você, naquele momento, já sabia que estava grávida, né?
Fiquei observando-a, e ela ficou calada de cabeça baixa. Quando levantou a cabeça, estava chorando.
(Mônica) – Não Edu, eu não sabia. Nem suspeitava. Mas quando eu tive a certeza de que estava ... me lembrei do que havia acontecido ... só fui me ligar depois – Ela parecia não conseguir encadear as frases ... – Eu tinha que lidar com tanta coisa na cabeça.
Ela fez uma pausa, suspirou, mas continuou o relato.
(Mônica) – Era o nosso casamento, um monte de coisas pra fazer e eu estava muito triste e revoltada pelo que tinha acontecido na despedida. Eu estava com raiva da Helena, do Tarcísio e de mim, mas mesmo assim eu tive que sorrir pra todos e pra você. Depois, na Lua de Mel, eu consegui colocar aquilo tudo em um compartimento, bem escondido, do meu cérebro. Quando descobri a gravidez e intui que a criança era do Tarcísio, eu pirei de vez. Me desculpa por isso, Edu.
(Eduardo) – Você tinha que ter me falado a verdade. Se você foi realmente drogada, eu iria te dar apoio ...
(Mônica) – Eu te amava e tinha medo da sua reação. Conhecendo você, eu tinha certeza de que você iria terminar comigo. Entretanto, meu maior medo era o que você poderia fazer a situação próprio!!! – Ela terminou a frase com os olhos rasos d’água.
(Eduardo) – Você passou dos limites, Mônica!
(Mônica) – Imagina o caos que iria acontecer em nossas vidas? Você ficaria devastado emocionalmente. Eu seria posta pra fora de casa, seria deserdada e eu nem sei como faria pra criar a Nayla e então ...
(Eduardo) – E então você me enganou. Você me deu a Nayla e agora “tirou” ela de mim.
(Mônica) – Eu tentei te contar várias vezes. Juro que tentei, mas a nossa vida foi sempre difícil. Sempre trabalhamos muito e tínhamos pouco tempo. Fiquei com medo de te perder.
(Eduardo) – Mônica, eu não confio mais em você.
(Mônica) – Por favor, Edu, eu só te peço uma chance. Eu posso provar que a Lena não só armou, mas tramou tudo isso. Eu faço qualquer coisa pra você acreditar em mim.
(Eduardo) – Você pode falar o que quiser, mas dificilmente eu vou acreditar. Melhor você ir embora e outro dia a gente conversa sobre o nosso processo de separação. Pode ficar tranquila, que eu não vou te deixar na mão. Eu só tenho uma coisa pra te pedir. Não tire a Nayla de mim.
Eu quase não consegui terminar a frase porque a emoção tomou conta de mim e a minha voz embargou.
(Mônica) – Nunca, meu amor! Eu nunca faria isso! Ela é sua! É nossa! – Disse Mônica chorando muito.
(Eduardo) – Semana que vem a gente conversa mais. Eu preciso pensar.
(Mônica) – Bom, estou vendo que não vou conseguir te convencer só com palavras. Você não confia, não acredita em mim e, pensando racionalmente, você não está errado em agir desta forma.
(Eduardo) – Ainda bem que você pensa as …
(Mônica) – Agora sou eu que lhe peço para não me interromper. Eu tinha mais coisas para te falar, mas prefiro focar em um único pedido.
(Eduardo) – E qual é?
(Mônica) – Por favor, não se precipite.
(Eduardo) – Por que você está dizendo isto? Foi porque eu contei tudo para a Nayla?
(Mônica) – Não, não é por isto. Em princípio, eu acreditei que você houvesse feito uma sandice ao contar para ela. Depois pensei bem e cheguei à conclusão que foi melhor. O trauma, a surpresa, iria acontecer de qualquer forma. Mais preparada ou menos preparada, iria acontecer. E se ela soubesse por terceiros, ou até mesmo na escola, eu imagino que seria bem pior, porque além do trauma, ainda teríamos que enfrentar a perda de confiança, principalmente em você que é o “porto seguro” dela. Mas não é só por isto que eu te peço que não se precipite. Eu ainda tinha mais coisa para te contar, contudo, seriam mais palavras. Por isso eu te peço que espere …
(Eduardo) – Esperar o que Monica?
(Mônica) – Em breve eu vou ter provas de que tudo foi armado, pela Lena, para nos prejudicar. Veja bem, não estou me eximindo do erro de não ter lhe contado sobre o que aconteceu na despedida de solteira e sobre a Nayla. Com estes erros eu convivo há muitos anos. Mas, eu te garanto, escute bem, garanto que não tenho, nunca tive e nunca vou ter nada com o Tarcísio. Entendeu?
(Eduardo) – Entendi e vou aguardar, não eternamente, mas vou aguardar.
(Mônica) – Só mais uma pergunta: você também irá contar tudo para os seus pais?
(Eduardo) – Acho que sim. Claro que não vou mencionar o Tarcísio, mas o resto irei contar. Eu acho melhor. Eles podem perceber que a Nayla está “diferente”, mais irritada, mais dispersa, etc, e acabar perguntando para ela o que está acontecendo, e ela, talvez, não seja capaz de explicar.
(Mônica) – Ok. Como diz a crença popular: “o que é um peido para quem já está cagada”. Ah, só mais uma coisa, muito obrigada por me deixar ir buscar a Nayla na escola.
(Eduardo) – Como eu já te havia dito, você é a mãe, mesmo nesta situação, tem todo o direito. Só espero que não tenha sido outro trauma.
(Mônica) – No começo até foi, ela estava muito revoltada comigo. Mas depois de se acalmar, um pouco, conseguimos conversar.
Ela se sentou no sofá e ficou chorando. A gente não manda no coração e ali, naquela hora, eu tive um impulso de abraçá-la e beijá-la, mas antes que eu fizesse algo que fosse me arrepender depois, tratei de sair dali e fui chamar a Nayla. Vi um vulto e logo deduzi que ela estava escondida ouvindo tudo. Fui até seu quarto e pedi que ela ficasse um pouco com a sua mãe, porque eu iria tomar um banho. Ela me abraçou e foi correndo pra sala.
Dentro do box, sozinho, eu pude chorar. Como eu amava aquela mulher! Isso estava sendo mais difícil do que eu podia imaginar. Como eu queria que tudo isso fosse uma grande mentira, mas seria impossível viver eternamente desconfiado, perguntando aonde ela vai todas as vezes. Não queria esse tipo de desgaste na minha vida.
Quando eu saí do banho, Mônica já tinha ido embora e minha filha estava sentada no sofá, olhando pra parede, pensando em sei lá o que. Parecia até que estava hipnotizada. Eu estava decidido a fazer Nayla se animar um pouco e pedi pro jantar uma coisa que ela adora. Lanche do BK. Ela adora o hamburguer de lá e pedi vários diferentes.
Cinco hamburgueres. Dois pra ela e três pra mim. Quando chegou, ela não queria comer. Disse que estava sem fome, mas quando eu comecei a comer, ela se animou. Na hora que fomos para o quarto, ela novamente pediu pra dormir comigo e isso estava se tornando um hábito.
{...}
Fiquei abraçada com a minha filha naquele sofá onde eu antes tive tantas alegrias e agora era só tristeza. Nayla tentava me consolar, mas eu percebia que a nossa relação não era mais a mesma. Estranhamente, apesar de ela passar mais tempo comigo, a ligação que ela e Edu tinham era muito mais forte. As dúvidas, as conversas sérias, as confissões. Tudo isso ela preferia se abrir com ele.
Eu sei que sou boa mãe, ou pelo menos eu sei que me esforço, mas Edu conhece a Nayla como ninguém. Só através de um olhar ou de sua respiração, ele já sabe se ela está bem ou não. Acho que por ter uma criação mais dura eu acabei replicando com a minha filha, o que meus pais fizeram comigo e o Edu tentou equilibrar as coisas.
Eu me despedi da minha filha, disse que logo a veria novamente e que não desistiria tão fácil do seu pai. Um dia a verdade iria aparecer.
(Nayla) – Mãe, se cuida ... – Disse ela meio tristonha.
(Mônica) – E você cuida do meu marido. Não o deixe ficar triste.
(Nayla) – Mãe, você promete que não vai fazê-lo sofrer mais?
(Mônica) – Filha, isso é o que eu mais quero.
(Nayla) – Então promete ... – Ela agora praticamente me intimava com um carinha emburrada.
(Mônica) – Deixa comigo!
Dei um beijo em sua testa e saí de lá sem me despedir do Edu. Sei que ele queria espaço e tentar alguma coisa agora, só iria piorar. Fiquei preocupada, porque não consegui falar tudo o que eu queria e logo as notícias iriam se espalhar e a minha farsa de namoro com o Tarcísio poderia chegar aos seus ouvidos. Mas, como ele não confiava mais em mim, era um risco que eu tinha que correr.
Eu tinha que tomar uma providência e avançar com tudo. Mandei uma mensagem pra Marina procurar o meu celular na casa da Lena novamente e mandei uma mensagem pro Gustavo pra ele me enviar logo o pendrive com as gravações.
Voltei pra casa do Tarcísio, expliquei toda a situação e ele ficou muito preocupado. Disse que já estava bem melhor e que iria conversar com o Edu, nem que tivesse que amarrá-lo e amordaçá-lo, pra ele escutar tudo. Eu sorri e disse a ele que o Edu demora a digerir as coisas. Fica assimilando aos poucos, revendo as coisas, mas o fardo estava muito pesado pra ele.
Os dias foram passando e chegou mais um fim de semana. Marina estava dormindo na casa da Helena, mas quando dava passava o dia na casa, ao lado de Tarcísio. Ela ainda não havia encontrado meu celular e eu já tinha até desistido. Provavelmente a Helena deu um fim nele.
Além de ficar sem o Edu e sem transar, era uma tortura ouvir os dois transando. Eles tentavam não fazer barulho, mas mesmo assim eu escutava. Passei a sair de casa, pra deixá-los mais à vontade, porque do jeito que eu estava, iria acabar tocando uma siririca ouvindo a transa dos dois.
Aproveitava pra ir até a praia beber uma água de côco ou andar pelo jardim botânico e depois eu voltava pra casa do Tarcísio. Eu sabia que a qualquer momento a bomba ia explodir, mas os dias foram passando e nada.
Eu mandava algumas mensagens para o Edu e às vezes ele me respondia, principalmente quando o assunto era Nayla, mas quando eu tentava falar sobre a nossa relação, ele desconversava.
Voltando um dia pra casa, assim que eu abri a porta, escutei os gemidos de Marina, e não era qualquer gemido. Parecia um “Gemidão do Whatsapp 2.0.
(Marina) – Aaaaai, Tarcísioooo ... Você está acabando comigo!
(Tarcísio) – Eu vou enfiar tudo, safadinha!
(Marina) – Tudo, não ... Tudo nãããooooo! Aaaaai, tudo nãooo, meu amor ... Aaaaiiinnnnm, paraaaa... Tudo nãããooooo! Aiiiii... Por favor, chega, assim eu não aguentoooooo ... Aiiiiiii.
Pelo visto, Tarcísio estava comendo a Marina com muita vontade. Além dos gemidos, eu também ouvia o barulho dos seus corpos se batendo. Era constrangedor e excitante ao mesmo tempo. Fiquei lembrando do meu Edu e que saudade que me deu. Me tranquei no outro quarto e coloquei uma música pra tocar e assim tentar não ouvir o que os pombinhos faziam, mas ela gemia tão alto, que eu tive que botar os fones de ouvido.
Quando eu saí do quarto, os dois estavam comendo pizza e se assustaram ao me ver em casa.
(Tarcísio) – Mônica, chegou há muito tempo?
(Mônica) – Aham. E quando eu cheguei parecia que alguém estava sendo assassinada. Só faltou o pedido de socorro.
(Marina) – Que vergonha!!! – Disse ela, ficando com a cara vermelha que nem um pimentão.
(Tarcísio) – Desculpa. A gente pegou pesado hoje, mas achamos que você não estava em casa.
(Mônica) – Relaxa ... Aproveitem a vida!
(Marina) – A gente vai se comportar na próxima vez.
(Tarcísio) – Na próxima vez, a gente vai pra um motel. Acredita que a Marina nunca foi num motel?
(Mônica) – Jura?
(Marina) – Verdade. É que nunca surgiu uma oportunidade.
(Mônica) – Você vai adorar! Lá você vai poder gemer e gritar sem se preocupar.
(Marina) – Para, Mônica! Você me deixa sem graça ... É que simplesmente não dá pra aguentar ... tudo!
Todos nós rimos e continuamos a comer pizza. Eu ria por fora, mas por dentro eu estava triste e o que eu mais queria era um abraço do meu marido e da minha filha. Ficamos conversando sobre motel e Marina, muito curiosa, perguntava várias coisas, quando o celular dela fez um barulho de notificação de mensagem e ela ficou visivelmente perturbada.
(Marina) – Gente, olhem isso que eu acabei de receber!
Eu e Tarcísio ficamos mais próximos a ela e começamos a ler.
(Número Desconhecido) – Seu irmão corre perigo. A namoradinha dele, não é o que aparenta.
Marina respondeu a mensagem, perguntando quem era e uma nova mensagem foi enviada.
(Número Desconhecido) – Uma pessoa que se importa com a sua família. Avise o seu irmão e não deixe ele se ferrar.
Ela mandou mais mensagens, mas o tal número não retornou mais nada.
(Marina) – O que vocês acham?
(Mônica) – Pelo que você me disse, seu irmão está apaixonado pela tal Fernanda. Será que ele vai acreditar?
(Tarcísio) – Seria bom termos uma prova mais concreta. Concordo com a Mônica e digo mais ... É bem provável que ele fique chateado contigo.
(Marina) – Acho que vocês têm razão, mas não posso ficar parada.
(Mônica) – Ainda tem a possibilidade de isto ser um trote.
(Tarcísio) – Mas de quem?
(Marina) – Eu tenho que falar com meu irmão. Saber como ele está e tentar saber se aconteceu algo diferente esses dias.
Ela mandou uma mensagem pro irmão e aproveitando que o Tarcísio mora relativamente perto da empresa onde Marlon trabalha, marcou de se encontrarem.
Eu e Tarcísio ficamos conversando e eu falei com ele sobre a possibilidade de contratar o mesmo detetive pra seguir a Fernanda. Eu disse a ele que por enquanto, o Edu não tinha cancelado o meu cartão e eu ainda tinha acesso a uma boa grana. Ele achou a ideia interessante e eu entrei em contato com Gustavo pra contratar o serviço. Parece que finalmente a minha sorte estava melhorando ...
{...}
O meu celular tocou me despertando e eu acordei pra ver que horas eram. Quase dez horas. Me levantei e fui ao banheiro, pois eu estava apertada. Depois fui escovar os dentes e assim que eu botei a escova na boca, o gosto da pasta de dente me deu um enjoo, que na hora me deu vontade vomitar.
Aproveitei até pra tomar um banho e gargarejei um pouco pra tirar o gosto ruim da boca. Fui ver se tinha alguma mensagem no celular, mas o maldito aparelho não estava a fim de cooperar. Lento demais. Toda hora ficava me mandando mensagem pra atualizar alguns aplicativos. Enquanto atualizava, fui tomar o meu café da manhã. Pra dizer a verdade, eu não estava muito a fim, estava me sentindo meio enjoada, e resolvi comer só um queijinho cottage com iogurte.
Fui pegar um solzinho na piscina e levei meu celular e agora sim tinha algumas mensagens.
(Nandinha) – Está tudo dando certo aqui. Já estou oficialmente morando com o Marlon. Valeu pelo presente, amiga! Estou adorando o meu namoradinho.
(Helena) – Quero saber quando e quanto vou receber por essa ajuda. Te dei um prazo. Lembre-se que o que Deus dá, Deus tira ... Não vacile comigo!
(Nandinha) – Pode deixar ... Eu vou dar uma saída agora na praia e os brincos que ele me deu serão “roubados” e eu vou voltar muito triste pra casa. Será que ele vai me dar brincos novos?
(Helena) – Hahahahaha, acho que sim ...
(Nandinha) – Conheço um cara que vai me pagar uma boa grana pelos brincos. Pego um pouquinho pra mim e te dou o restante. Mais tarde te faço um PIX. Bjs.
(Helena) – Bjs ... putinha!
Essa garota é foda. Arrumei pra ela uma mina de ouro e se ela souber fazer o jogo direito, vai se dar muito bem e eu também. O mundo foi feito pros espertos, kkkk.
Olhei outra mensagem e essa me interessava e muito.
(Alex) – Bom dia, gata! A parada é a seguinte. Tem quatro garotas aqui, que estão fazendo matrícula agora na academia. Idades entre 16 e 18 anos. Duas delas são irmãs e as outras são amigas. Uma delas já está me dando mole, quase me comendo com os olhos. O que você acha? Elas são gostosas pra caralho. Todas cavaludas! Seria uma boa aquisição pro nosso esquema.
(Helena) – Com certeza, Alex! O Sr. Peixoto, aquele coroa barrigudinho de cabelo platinado, que vai na aula de hidro, está me enchendo o saco faz tempo. O velho cismou que quer tirar a virgindade de uma ninfeta e se for menor de idade, então ... Ele me disse que vai pagar uma boa grana.
(Alex) – Então fechou ... Tem duas. Uma nem parece que é menor de idade, porque é muito cavala mesmo. Só não sei se é virgem, mas a outra com certeza deve ser. Ela é toda timidazinha, quase não fala. Tem um rabão, mas o peitinho é pequeno. Ela veio com uma blusa amarrada na cintura pra esconder o rabo, mas é aquele rabo tão grande que não dá pra esconder. Tá todo mundo olhando e ela está cheia de vergonha. Meu radar de virgem apitou logo ...
(Helena) – Você não vale nada ... Fala com a Larissa pra cuidar delas direito e manda ela entrar com elas no vestiário e ligar a câmera. Quero ver essas garotas peladinhas.
(Alex) – Ok. Vou falar com ela ... Quanto que o coroa vai pagar?
(Helena) – Ele me disse que paga 15 mil. Tá ótimo, né?
Mentira. Ele me disse que paga 20 mil.
(Alex) – Opa! Quero 5 mil. O combinado é um terço, ok?
(Helena) – Ok. Se tudo der certo, vamos faturar.
(Alex) – Depois eu boto as fotos delas no nosso site e a gente vende uns packs pros nossos clientes punheteiros.
(Helena) – Daqui a pouco eu chego aí. Vê se não arruma confusão dessa vez. Tive que dar um cala boca pra mãe daquela garota e o meu cu pro pai dela. Todo nosso lucro foi embora. Vê se controla essa pica.
(Alex) – Hahahahaha, foi mal ... Mas falando em cu, quando você vai me dar de novo hein? Já tem um tempão e você nunca mais me convidou pra uma festinha. Fiquei sabendo que rolou uma das boas e você nem me convidou.
(Helena) – Foi mal, queridinho! É que tinha umas pessoas que não podiam te ver na “festa” ... Prometo que vou alugar uma lancha pra fazer um passeio contigo e você vai ser o único homem do barco. Vai ter que encarar eu e mais cinco. Fechou?
(Alex) – Aí sim ... Nem sei se consigo aguentar isso tudo, mas só de ter um monte de mulher só pra mim, fico que nem pinto no lixo.
(Helena) – Bjs, gato! Se cuida ...
Fiquei na piscina, aproveitando um pouco o sol e fui me arrumar pra sair. Passei um hidratante no meu corpo todo e quando fui colocar o perfume, o cheiro dele também me deu enjoo e mais uma vez eu fui vomitar. Que droga! Fui lavar meu rosto e fazer bochecho. Me olhei no espelho e alguma coisa estava errada. Fiquei pensando um pouco, fazendo umas contas ... Falei comigo mesma olhando pro espelho.
“Não é possível! Acho que estou grávida. Eu estou atrasada e todos com quem transei usaram camisinha, menos o Tarcísio”.
Fiquei olhando pra minha barriga, de frente e de lado, procurando alguma coisa e me imaginando com um barrigão de novo, daquele homem que eu amo. Fiquei muito feliz e me arrumei pra ir trabalhar. Dessa vez eu não preciso tirar. Vou levar essa gravidez até o fim e o Tarcísio vai ter que me aceitar ... Estou tão feliz!!!
Saí de casa radiante e no caminho pra academia, comprei um teste de gravidez na farmácia só pra confirmar e segui o meu trajeto. Cheguei na academia e fui correndo pra Clínica. Queria logo ir pro banheiro e fazer o teste.
(Fátima) – Boa tarde, Lena! Por que a pressa?
(Helena) – Depois eu te conto ...
Fui direto pro banheiro e fiz o teste. Fiquei aguardando e deu negativo. Maldito teste vagabundo. Depois eu compro de outras marcas.
(Fátima) – Lena, tá tudo bem?
(Helena) – Está sim. Já estou saindo...
Minutos depois saí do banheiro, e minha irmã aguardava.
(Fátima) – Está passando mal? – Perguntou Fátima, meio preocupada.
(Helena) – Não sei ... Eu acordei meio enjoada hoje, mas já estou bem. Quais as novidades?
(Fátima) – Está tudo em ordem. Já olhou o aplicativo que a Nikke nos passou? É muito bom! Dá pra gente tomar conta de tudo que entra ou sai de material e até avisa com notificação, quando tal material está acabando. Ficou muito mais fácil pra gerenciar essa parte.
(Helena) – Nikke isso, Nikke aquilo ... Você está babando muito o ovo dela, irmãzinha.
(Fátima) – Vai me dizer que não está melhor? Pare de implicância.
(Helena) – Ela quer é nos controlar, e tem mais ... Depois que ela instalou esse aplicativo no meu celular, ele ficou mais lento. Iphone não trava e já travou duas vezes desde então.
(Fátima) – Mas esse seu celular já está meio ultrapassado. Compra outro!
(Helena) – Vou providenciar isso depois. Tenho muita coisa pra resolver. Pede pra Aninha chamar o Alex e a Lari pra mim. Quero ter uma reunião com eles a sós? Diga que eu aguardo na sala de reunião.
(Fátima) – Algum problema?
(Helena) – Não sei ainda. Vamos ver ...
{...}
A semana passou voando e no domingo, resolvi visitar os meus pais e contar a eles o que estava acontecendo comigo e com a Mônica. Logo que eu cheguei lá, minha mãe já achou estranho que a Mônica não estava junto, pois ela tinha uma relação mais próxima com os meus pais do que com os meus sogros.
Lógico que eu não entrei em detalhes, pra preservar a imagem dela, mas disse que tínhamos brigado e que ela estava passando um tempo fora de casa, porque eu havia descoberto uma traição no passado, mas não falei com quem.
Enquanto falávamos, Nayla ficou vendo uns álbuns antigos de fotografia. Foi idéia do meu pai, pra ela ficar distraída, enquanto nós adultos conversávamos.
(Sr. Cordeiro) – Edu, meu filho, mas se essa traição aconteceu há tempos, por que não perdoar? Eu sei que você ainda a ama e eu acho que ela ainda te ama também. Sei que agora a emoção está a flor da pele, mas pense bem.
(Sra. Cordeiro) – É verdade, meu filho! Eu vejo como ela é uma esposa e mãe dedicada. Se foi só um deslize, por que não perdoar?
(Eduardo) – Não dá, mãe! Eu sei o que eu estou fazendo. Infelizmente eu não posso contar tudo, mas e se eu dissesse a vocês, que a Nayla não é minha filha!
(Sra. Cordeiro) – Meu Deus!!! – Minha mãe disse isso e começou a se abanar desesperada.
(Sr. Cordeiro) – Isso é sério, meu filho?
(Eduardo) – Infelizmente, sim. Mãe, tudo bem? Olha o coração ... Quer que eu pegue água?
(Sra. Cordeiro) – Não, filho. É que eu não esperava por isso. Ela confessou?
(Eduardo) – A história é longa e sim, ela confessou de certa forma. Inclusive a Nayla já está sabendo.
(Sr. Cordeiro) – Como assim?
(Eduardo) – Eu contei a ela. Não quero segredos na minha família.
(Sra. Cordeiro) – Meu filho, pelo amor de Deus! Você perdeu o juízo? – Disse minha mãe, quase me batendo.
(Eduardo) – Mãe, do jeito que estava a situação, era melhor ela saber por mim, do que por terceiros. Nayla está numa fase, que só Deus na causa. Precisa ver as perguntas que ela me faz ...
(Sr. Cordeiro) – Ainda bem que você nunca me fez uma pergunta cabeluda – Disse o meu pai sorrindo, todo bonachão.
(Sra. Cordeiro) – Quem é o pai biológico da Nayla? – Perguntou minha mãe, de uma forma que parecia que ela estava lendo a minha mente.
(Eduardo) – Não quero falar sobre isso.
(Sr. Cordeiro) – Você conhece o safado?
(Eduardo) – Já disse, que não quero falar sobre isso.
(Sr. Cordeiro) – Filho, pensa bem no que vai fazer, mas saiba que eu e sua mãe estaremos aqui pra lhe dar apoio, como sempre demos.
(Eduardo) – Obrigado! Sei que posso contar com vocês!
Dei um abraço nos meus coroas e escutei a Nayla me chamando.
(Nayla) – Paaaaaaai! Paaaaaaai!
(Eduardo) – Já volto ...
Fui até o meu antigo quarto, que agora era meio que um depósito de coisas antigas.
(Eduardo) – O que foi filha?
(Nayla) – Eu não me lembro dessa foto aqui. Eu não conheço essas crianças e nem me lembro dessa roupa.
Olhei bem pra foto e vi que era uma foto da minha infância com alguns primos e primas.
(Eduardo) – Você não está se lembrando, porque não é você, filha. É uma prima minha que mora em Brasília.
(Nayla) – Achei que fosse eu ... Somos parecidas, né?
Eu fiquei analisando a foto e realmente havia algumas semelhanças na boca e no nariz. O sorriso era bem parecido e o queixo também. Peguei o álbum e levei para os meus pais e Nayla veio junto. Ficamos olhando e realmente as semelhanças eram marcantes. Meu pai foi pegar mais fotos da minha prima Marieta e comparamos sob novos ângulos.
A prima Marieta morava em Brasília e era uma prima distante, portanto eu não tinha muito contato e nem me lembrava mais dela.
(Sr. Cordeiro) – A Marieta puxou os traços da minha avó, que eu nem conheci. Ela morreu quando eu era criança ainda.
(Sra. Cordeiro) – Filho, tem certeza de que a Nayla não é sua filha?
(Nayla) – Pai, você tem que ir naquele programa do Ratinho e pedir um exame.
Meus pais riram quando a Nayla falou isso e ela ficou sem entender o motivo das risadas. Depois da confissão da Mônica, eu não tinha nenhuma esperança, mas também não queria abalar mais os sentimentos da minha filha.
(Nayla) – Pai, vamos no Ratinho. Lá a gente faz o teste.
(Eduardo) – Não precisamos ir lá, filha. Esse teste de paternidade antigamente era caro, mas hoje nem tanto e nós temos como pagar. Se você quiser, na semana que vem a gente faz o teste.
Lanchamos nos meus pais e voltamos pra casa. Nayla novamente me pediu pra dormir com ela, mas dessa vez no quarto dela. Dormi todo espremido, e com as pernas dela em cima de mim.
A semana se iniciou e, com a insistência da Nayla eu fui procurar uma clínica que fizesse exame de DNA. Era bem simples e eu e ela fizemos o teste usando a nossa saliva. O resultado ficaria pronto em até 20 dias úteis. Eu não tinha nenhuma esperança, mas Nayla estava com muita esperança e eu tratei logo de minimizar isso.
(Eduardo) – Filha, independente do resultado, você vai continuar a ser minha filha. Nada vai mudar e eu vou te amar da mesma forma, entendeu?
(Nayla) – Entendi. Você é o melhor pai do mundo!
Abracei forte a minha filha e ela reclamou um pouco. Depois, levei-a pro colégio e fui pra academia e quando cheguei lá, Nikke já me aguardava pra me apresentar os novos gerentes das filiais. Entrei na sala e passei pelos três sentados conversando. Dois homens e uma mulher, que animadamente falavam sobre suas vidas e o que gostavam de fazer.
Comecei a conversar com Nikke e ela chamou os três para se juntarem na conversa.
(Nikke) – Então, como eu estava falando, espero que vocês vistam a camisa e se dediquem ao máximo. A estrutura das academias é muito boa e não tem muito segredo. É só ficar atento sobre a manutenção dos equipamentos, que estão relativamente novos, saber gerenciar os funcionários e tratar muito bem o nosso público. Estar sempre acessível a todos. Escolhi vocês porque vi potencial e espero não estar errada. Podem se apresentar ao Eduardo.
(Eduardo) – Antes de qualquer coisa, saibam que essa empresa é o meu xodó. É como se fosse uma família e eu dei duro pra construí-la. Vocês a partir de hoje estarão entrando pra minha família e eu não gosto de mentiras e nem de segredos. Sejam bem-vindos.
(Leonardo) – Meu nome é Leonardo, mas podem me chamar de Léo. Sou formado em administração e adoro malhar. Esse emprego chegou pra mim na hora certa, porque fiquei sabendo no mês passado que eu vou ser pai e comecei a procurar um emprego com um salário melhor e vou me dedicar 100% ao trabalho. – Disse o rapaz todo empolgado.
Gostei da empolgação do Leonardo. Ele me faz lembrar um jovem Eduardo cheio de gás e boa vontade e ainda vai ser pai. Impossível não criar uma conexão com ele. Nossas histórias são bem parecidas.
(Eduardo) – Vou te dar um conselho, agradeço a sua empolgação e dedicação, mas família em primeiro lugar. Não se esqueça disso.
(Nikke) – Aliás, já que tocou nesse ponto, vou esclarecer a vocês que a estrutura que eu planejei, vai proporcionar que tenhamos até uma certa folga, caso haja necessidade. Eu me encontrarei com vocês semanalmente e uma vez por mês iremos fazer uma reunião com todos os gerentes. Se alguém tiver algum imprevisto, o sistema de gerenciamento das academias está sendo otimizado para que qualquer um de nós saiba lidar em qualquer outra filial.
(Jorge) – Meu nome é Jorge. Podem me chamar de Jorjão e ...
(Eduardo) – Caramba, Jorjão! Que voz é essa? Parece a daquele Masterchef todo tatuado. Qual a sua altura?
(Jorge) – 1,98.
(Leonardo) – O cara é um armário, kkkk.
(Jorge) – Sou de São Paulo, mas adoro o Rio de Janeiro. Vim pra cá numas férias e decidi não voltar mais. Sou formado em educação física e também sou treinador de boxe. Estou fazendo minha segunda graduação em administração, porque o meu sonho, um dia, é ter a minha academia de boxe.
(Eduardo) – Te desejo muita sorte e quem sabe, um dia, esse sonho possa se realizar ...
(Nikke) – Eu vi uma ótima oportunidade de implantar, futuramente, artes marciais nas academias. Tenho certeza de que podemos começar aos poucos, com o boxe mesmo, e depois diversificar.
(Valentina) – Bem, meu nome é Valentina. Sou do Espírito Santo e estou morando aqui no Rio faz um ano e pouquinho. Antes de qualquer coisa eu gostaria de agradecer a oportunidade e sei que talvez eu não seja tão qualificada para o cargo, por ainda não ter muita experiência, mas sou muito esforçada ...
(Nikke) – Vou ser direta aqui e não vou fazer rodeios. Como o próprio Edu disse, essa é uma empresa familiar e a Valentina é minha irmã. Podem achar que é nepotismo, mas ela não terá nenhum privilégio, pelo contrário, vou cobrar mais dela do que de vocês.
Quando eu a vi, fiquei intrigado com a semelhança que ela tem com Nikke. Parece um clone mais jovem de tão parecida, exceto pelo cabelo e os olhos azuis.
(Valentina) – Eu fiz um estágio na empresa do meu pai e eu acho que dou conta daqui, porque lá era tudo atrasado e cheio de problemas. – Disse a jovem, que aparentava ter no máximo uns 25 anos.
(Eduardo) – Qual a sua idade, Valentina?
(Valentina) – Vou fazer 22.
Continuamos a conversar sobre várias coisas, até que Nikke resolveu mostrar a eles em quais filiais ficariam. Notei que Nikke olhava várias vezes para o Jorjão e que este, não parava de secar Valentina. Tomara que isso não dê merda no futuro.
Fui junto no passeio, pois não queria ficar trancado no escritório. Fizemos um rápido tour pelas três academias indicando em qual delas cada um ficaria. Eles estavam muito empolgados com tudo.
Nikke estava dirigindo, com Jorjão ao seu lado. Ele ficou no carona, por causa do seu tamanho. Fui atrás e fiquei no meio, com Valentina atrás da Nikke e Léo atrás do Jorjão. Depois do tour, almoçamos juntos e voltamos pra matriz. Demos novas recomendações e no dia seguinte cada um iria pra sua filial, onde seria feita uma apresentação aos funcionários.
Alguns dias se passaram e a rotina estava me ajudando a vencer a tristeza. Nikke de vez em quando tinha que se ausentar pra dar uma ajuda aos novos gerentes e ela me disse que era normal nessa fase inicial, porque era necessário fazer alguns ajustes.
Foi quando Paulo e Keyla apareceram na academia com o pequeno William. Eles vieram me trazer um convite de aniversário do garoto, que estava completando 3 anos, em algumas semanas. Aproveitei a visita pra fazer algumas perguntas ao casal sobre aquele dia do sumiço.
(Eduardo) – Obrigado pelo convite, Paulo. Já que estão aqui, eu gostaria de perguntar a vocês algumas coisas sobre aquele dia.
(Keyla) – Qual dia?
(Eduardo) – O dia que você e a Mônica sumiram do mapa.
(Keyla) – Aaah, aquele dia? – Perguntou Keyla meio envergonhada e surpresa.
(Eduardo) – Onde você estava, Keyla?
(Keyla) – Bem ... É que ...
(Paulo) – Ela estava trepando com dois caras num motel. – Disse Paulo, cortando a esposa e me encarando nos olhos.
(Eduardo) – Eita!!! Sei que vocês têm um casamento liberal e isso não me diz respeito, mas você me disse que não sabia onde ela estava!!!
(Keyla) – Foi culpa minha, Edu. Eu já pedi desculpas pro Paulo um milhão de vezes. Confiei nas pessoas erradas ... Um deles me distraiu com beijos e carícias, enquanto o outro colocou alguma coisa na minha bebida e eu fiquei chapada. Esconderam o meu celular e eu não o ouvi tocar.
(Eduardo) – Caral ... amba!!! Desculpa, William ... Você foi na delegacia fazer um BO?
(Keyla) – Preferi não mexer com isso. Eram caras ricos, com as costas quentes. Se virasse escândalo, iria prejudicar o meu casamento. Paulo não é corno! Ele sabe de tudo.
Pensei comigo ... quase tudo, né Keyla? Na faculdade tu aprontava sem ele.
(Eduardo) – Cheguei a pensar que você estava com a Mônica fazendo alguma orgia por aí.
(Paulo) – Sinto muito, Edu! Eu jamais iria pensar que a Mônica e o Tarcísio estavam te chifrando.
(Keyla) – Paulo!!! – Falou Keyla, meio brava, dando um tapa no ombro do marido.
(Paulo) – O que foi? Isso não é um grande problema! Acontece mais do que a gente imagina. Todo mundo é, já foi, ou será um dia. Faz parte do ser humano.
Minha vontade era dar um soco na cara dele, mas me segurei e decidi fazer um teste com os dois. Era um chute no escuro e por mais que eu estivesse puto com todo mundo, uma coisa estava estranha nessa história. Keyla está acostumada com baladas desde a faculdade e ela sempre foi atenta com essa questão de drogas. Algo me dizia que ela estava mentindo.
(Eduardo) – Eu não concordo muito com o que você disse, mas o que eu acho estranho é a história da suruba.
(Paulo) – Suruba? Que suruba?
(Eduardo) – A suruba na casa da Helena.
Paulo e Keyla se olharam e ficaram quietos, fingindo não entender, ou aguardando eu falar mais alguma coisa.
(Eduardo) – Vai me dizer que você não viu a suruba? Você me disse que foi até a casa da Lena procurar pela Keyla e não viu que tinha um monte de gente pelada lá?
Silêncio ... que foi quebrado por um resmunguinho do pequeno William.
(Keyla) – Edu, a gente não quer te magoar mais do que você já está ... Esquece tudo isso. Passa uma borracha nessa história. Volta pra Mônica e abre o casamento. Vai ser melhor pra todo mundo.
(Paulo) – É cara ... Lavou, tá novo ... Esquece essa história de suruba ...
(Eduardo) – Pode falar. Nem ligo mais ... Já entrei com divórcio. – Joguei verde.
(Paulo) – Bem, teve uma suruba sim e nós estávamos lá. Mônica deu pra mais de 20 caras.
(Eduardo) – Que filha da p ... safada! E o Tarcísio estava junto?
(Keyla) – Ele estava com você, né? Mas depois ele foi pra lá.
Algo não fazia sentido. Tarcísio me disse que estava apaixonado por uma mulher misteriosa. Ele nunca iria permitir que a mulher que ele ama, participasse de uma suruba. Em todos os relacionamentos que ele gostou realmente da pessoa, ele parava com as putarias. Ele não iria deixar a Mônica entrar nessa furada. Pelo menos assim eu acho.
(Eduardo) – Pois é ... mas vocês participaram da suruba? O Gilson também estava contigo, né? Me lembro que vocês estavam juntos procurando pela Key.
(Paulo) – Me desculpa te deixar preocupado, mas juramos pra Mônica e ela disse que iria te contar, mas essa parada da Nayla pegou todos nós de surpresa.
(Keyla) – Eu sempre desconfiei deles dois. Meu sexto sentido não se engana.
E aí foi um festival de falar mal da Mônica e eu me segurando pra não gritar com eles. Realmente tinha mais coisa escondida ali. Será que Mônica estava falando a verdade o tempo todo?
(Paulo) – Inclusive, Edu, não fica chateado não, mas se eu fosse você, corria atrás do prejuízo ... A Monica te ama cara! Ela só está com tesão no Tarcísio, mas é melhor você abrir o olho, porque esse tesão pode virar amor.
(Eduardo) – Não sei onde você quer chegar ...
(Paulo) – Os dois estão morando juntos e resolveram assumir esse relacionamento. Essa hora devem estar lá, que nem dois coelhos da Duracell, mas relaxa ... lavou, tá novo. Lembre-se disso.
Não pode ser! Ela jurou que não tinha nada com ele. É muita mentira. Estou cercado de mentirosos.
Eu preciso tomar uma atitude! Isso não vai ficar assim ...
Continua ...