Como tudo que é bom sempre acaba rápido, uma mensagem de um número desconhecido chegou no meu celular. Abri sem pensar muito, meio que no automático. Era apenas um vídeo e assim que fiz o download, toda a minha alegria foi para o espaço. Era um vídeo da Maitê.
Carlos, imediatamente percebeu a mudança no meu semblante. Já Olívia, me vendo imóvel com o celular na mão, veio até mim:
— Rafa? Tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
Carlos também se aproximou, olhando para o celular e, entendendo o que acontecia, me alertou:
— Se você não quiser assistir, eu entendo. Só não apague. Pode ter coisa importante para nós neste vídeo.
Saí do estado letárgico, finalmente reagindo. Só que mais resmungando do que falando com alguém:
— Essa vadia só pode estar de brincadeira. Era só o que me faltava …
Olívia me abraçou, achando que eu precisava de apoio.
— Não precisa pensar nisso agora. Desliga esse celular, vamos aproveitar o final de semana. A partir de segunda-feira você se preocupa com isso.
Olívia tinha razão, mas antes de desligar o celular, encaminhei o vídeo para Carlos. Eu estava decidido a não assistir. O que de bom poderia ter ali? Mentiras e desculpas?
Tentei me concentrar na noite deliciosa que estava tendo e com a ajuda da Olívia, acabei esquecendo um pouco os problemas. Naquela noite ainda transamos novamente, os quatro juntos outra vez. E também dormimos juntos, em dois colchões no chão da sala.
Saímos cedo para a praia na manhã seguinte e Carlos estava sério, um pouco desligado e pensativo. Me concentrei mais em Olívia, que fazia de tudo para me agradar, tentando fazer com que eu não pensasse naquele vídeo recebido na noite anterior.
Foi um dia muito gostoso, mesmo com Carlos meio fora do ar. Como passei a maior parte do tempo com a Olívia e já imaginando o motivo do Carlos estar daquele jeito, tentei adiar ao máximo a conversa inevitável. Eu sabia muito bem por que Carlos estava preocupado e já em casa no final da tarde, enquanto as garotas tomavam banho, eu precisei ser direto com ele, não podia mais adiar:
— Você viu o vídeo? Foi ele que lhe deixou assim? É grave? Preciso me preocupar?
Ele continuava pensativo, mas me fez sinal para me sentar ao seu lado. Assim que me sentei, ele se levantou e buscou cerveja, me entregando uma das latas:
— Acho melhor você mesmo assistir e tirar suas próprias conclusões. Até agora, eu não sei o que pensar sobre tudo o que vi e ouvi. É meio surreal para mim.
Tentei ser objetivo:
— É o meu primo ou o meu advogado falando?
Carlos começava a ficar tenso:
— Os dois. Assista, você vai entender.
Busquei o celular no quarto, liguei o aparelho e comecei a assistir. Maitê estava com uma aparência deplorável, gravando pela câmera de selfie. Pálida, muito magra, com olheiras profundas e parecendo dez anos mais velha:
— Oi, Rafael. Sei que não tenho o direito de pedir ou exigir nada, mas espero que você possa, pelo menos uma última vez, ouvir o que eu tenho a dizer.
Ouvi uma voz no fundo da gravação:
— Resolve logo essa merda, não enrola. – Era uma voz feminina, que eu não reconhecia.
Maitê tentava segurar as lágrimas, ser forte:
— Eu não vou dar desculpas, mentir ou me fazer de vítima. Tudo o que aconteceu, só aconteceu porque eu permiti. Independente do assédio inicial do Angelo, eu não tive forças para lutar contra. Enfim …
Maitê secou uma lágrima que escorreu e desligou a gravação, mas voltou em seguida. Pelo jeito, era um vídeo editado. Ela continuou:
— Eu prometi a mim mesma que seria honesta. Eu já lhe machuquei o suficiente nessa vida e sei que não mereço o seu perdão. Posso estar sendo egoísta, e mesmo sabendo que você não vai acreditar, saiba que eu jamais deixei de amar você, mesmo tendo feito …
Ela não conseguiu segurar as lágrimas novamente, desligando a gravação e retornando em seguida:
— Não tem uma forma fácil de dizer o que preciso, então serei direta …
A voz no fundo outra vez a repreendeu:
— Dá seus pulos, convence ele. Minha casa não é pensão.
Maitê parecia humilhada, seguindo um roteiro preparado por alguém:
— Rafael, eu estou grávida e realmente não sei quem é o pai, mas …
Eu praticamente deixei o celular cair das minhas mãos. Olívia o recolheu do chão, vindo se sentar ao meu lado:
— Desculpa. Eu acabei ouvindo tudo.
Carlos pegou o celular das mãos dela e me entregou:
— Termine de uma vez. O pior vem agora.
Eu estava quase catatônico, reagindo automaticamente. Acho que quando o celular caiu, o vídeo pausou sozinho. Voltei a assistir:
— Rafael, eu estou grávida e realmente não sei quem é o pai, mas eu sinto que é seu. Dizem que a mãe sabe dessas coisas e eu rezo diariamente para estar certa.
A voz feminina no vídeo se pronunciou novamente:
— Eu sabia que ia acontecer isso. Você é igualzinha à sua mãe. Seu pai estava certo em ter sido duro com você a vida inteira. Filha de peixe, peixinha é.
A voz no fundo era baixa, mas audível.
Maitê continuou:
— Eu não quero dinheiro, nada disso e sei que não tenho o direito de pedir para você voltar para mim … – Ela chorava novamente. – Só quero que você acolha essa criança. Por favor, eu tenho certeza de que é seu filho. Eu tenho tanta certeza disso, que estou disposta a fazer qualquer teste ou exame que você exigir.
Maite respirou fundo, segurando o choro:
— Por favor, não deixe aquele homem influenciar essa criança. Ela não tem culpa de nada. Ela merece alguém como você na vida dela, como pai. Sei que, sendo criada por você, por sua mãe, ela estará cercada de carinho e bons exemplos.
Maitê desligou novamente a gravação, pela terceira vez, voltando em seguida:
— Eu estou disposta a abrir mão de todos os meus direitos parentais para que nosso filho ou filha tenha uma vida digna ao seu lado, longe da influência do seu pai.
Para encerrar o vídeo, me surpreendendo, Maitê disse:
— Obrigada pelos três anos maravilhosos. Você não tem nenhum motivo para se culpar ou se sentir mal. A culpa é minha, apenas minha. Eu errei com você. Destruí a pessoa que eu mais amei nesse mundo. Por favor, pelo nosso filho, uma criança inocente e que não tem culpa das minhas ações e dos meus erros. Foram minhas as escolhas e eu preciso arcar com as consequências. Pense com carinho em tudo o que eu disse a você.
Maitê voltou a chorar:
— Eu te amo, sempre vou te amar, mas sei que o perdi. Rafael, do fundo do meu coração, me desculpe.
Assim que o vídeo acabou, eu entendi o motivo do Carlos ter ficado tão surpreso. A vadia enlouqueceu, não tinha outra definição. Acabei pensando com a boca:
— Essa mulher está louca. O que ela estava pensando ao enviar esse vídeo? Ela acha mesmo que eu vou criar o filho de outro homem, apenas por que ela quer?
Vanessa, calada até então, disse:
— Pelo que eu entendi, se ele não for seu filho, é seu irmão. Estou certa?
Olívia a repreendeu:
— Que isso, Nessa? Pense antes de falar.
A verdade é que Vanessa tinha total razão. Independente do grau de parentesco, aquela criança estava ligada a mim. Sinceramente, eu não sabia o que pensar, muito menos o que fazer. Precisava de aconselhamento profissional e, por sorte, meu advogado estava ao meu lado:
— Carlos, o que você acha que eu devo fazer? Ela tem direito a pensão alimentícia estando grávida? Antes da criança nascer e da gente ter certeza da paternidade?
Ele pensou por um instante e então disse:
— O nome correto é “Alimentos Gravídicos” e não pensão alimentícia. E sim, ela tem direito a solicitar essa ajuda ao genitor da criança.
Carlos voltou a pensar por alguns segundos e explicou:
— A partir da décima segunda semana de gestação, já é possível fazer o exame de DNA. Não é preciso esperar que a criança nasça. Não é barato, mas é uma solução mais rápida para resolver a questão.
Vanessa estava curiosa e perguntou ao Carlos:
— Me explica uma coisa, amor. Independentemente de ser do pai ou do Rafa, o exame de DNA não daria o mesmo resultado? Eles não têm o mesmo DNA? Eu sempre quis entender isso.
Carlos a puxou para seu colo, deu um beijo em sua boca e depois respondeu:
— Pais e filhos têm 50% de DNA em comum. Irmãos são os que possuem a maior taxa de compatibilidade de DNA, entre cerca de 37,5 e 61%. A razão pela qual a resposta varia de irmão para irmão é a recombinação: enquanto ambos receberam 50% de seu DNA de cada um dos pais, os exatos 50% que herdaram é aleatório. Ou seja, ninguém sabe quais segmentos de DNA irá herdar do pai e da mãe.
Carlos concluiu:
— Se for um meio-irmão, filho de apenas um dos pais, essa taxa de compatibilidade chega, no máximo, a 25%. Para haver engano em teste de DNA, só com erro do laboratório ou fraude.
Eu estava completamente perdido, ainda sem saber o que fazer e acabava de descobrir que muito provavelmente teria que cumprir minhas obrigações legais de provedor. Conversar com a Maitê seria obrigatório, mas eu não me sentia preparado. Eu estava na lona novamente.
O final de semana acabou naquele momento para mim. Eu precisava voltar para casa, conversar com minha mãe e ouvir os seus conselhos. As coisas estavam prestes a ficarem ainda mais confusas na minha vida.
Olívia e Carlos entenderam o meu dilema e até se ofereceram para voltar comigo. Eles não queriam me deixar sozinho naquele momento. Eu agradeci, mas os convenci a continuar aproveitando o final de semana. Até prometi para Olívia que não iria sumir, que não tinha a mínima intenção de me afastar dela.
A viagem de volta foi um pulo, já que meus pensamentos estavam confusos e eu dirigia como se estivesse no piloto automático. Nem percebi o tempo passar. Minha mãe e Cirilo estranharam o fato de me ver chegar um dia antes do previsto e mal cumprimentá-los ao chegar em casa, me trancando no quarto.
Maitê fodeu com a minha cabeça novamente. Eu estava desorientado. Foi impossível ter uma noite decente de sono.
Na manhã seguinte eu criei coragem e contei o que aconteceu para minha mãe e para o meu padrasto. Mostrei o vídeo da Maitê também e, assim como eu, minha mãe ficou sem palavras, apenas me apoiando, tentando me confortar. Já o Cirilo tinha uma opinião formada:
— Numa coisa essa garota tem razão, deixar a criança ser criada por aquele traste é inadmissível.
Ele foi até mais honesto do que eu esperava:
— Que mundo injusto, eu sempre quis ser pai e nunca tive a chance.
As palavras dele mexeram com a minha mãe, que também sempre teve vontade de ter um segundo filho. Ela, nos pegando de surpresa, disse:
— Se for filho do Rafa, tudo bem, nós o ajudamos a criar. Mas se for filho daquele crápula, podemos adotá-lo. A mãe mesmo disse que vai abrir mão de seus direitos, não vejo problema. Ela quer que essa criança fique com a gente …
Acabei interrompendo e sendo grosseiro com minha mãe:
— A senhora está maluca? Essa garota não é confiável. E se ela estiver armando um golpe? Se está fazendo isso só pra se aproximar de mim outra vez? A senhora é ingênua demais, fala sério.
As surpresas não tinham acabado. Minha mãe disse:
— Você já parou pra pensar como ela e aquele um se envolveram? Já deu a ela a chance de se explicar e contar a verdade?
É sério? Aquilo estava mesmo acontecendo? Fui grosseiro novamente:
— A senhora está do lado de quem? O que importa como começou? Só importa que aconteceu e isso basta, é o suficiente para mim.
De repente, uma constatação óbvia estalou na minha mente:
— A senhora conversou com aquela vadia? Está em contato com ela? Não acredito que a senhora teve coragem de passar por cima de mim …
Minha mãe levantou a voz, mostrando sua autoridade:
— Olha o respeito, moleque. Com quem você acha que está falando?
Mas logo disse a verdade:
— Claro que eu liguei para ela. Eu sou a sua mãe e quem fere meu filho entra na minha lista negra.
Minha mãe mudou em segundos, me olhando com ternura e compaixão:
— Ouça o que ela tem a dizer. Não estou falando para você voltar com ela, nada disso. Só escute, entenda o que aconteceu. Tenho certeza de que, mesmo machucado, você está curioso. Mas é orgulhoso demais para se permitir entender.
Dona Celeste acariciou meu cabelo e me abraçou:
— Seu pai é um vampiro, um parasita. Ele encanta as pessoas, usa, suga tudo o que pode e depois descarta.
Ela levantou o meu rosto e me fez encará-la:
— Eu sei o tipo de homem que eu criei e sei que você vai fazer a coisa certa. Dê a aquela garota um encerramento, vai fazer bem para você também. Se o filho que ela carrega for seu, tudo vai mudar e, quando isso acontecer, você entenderá o porquê de estarmos tendo essa conversa agora.
Eu só conseguia ficar ainda mais indeciso e confuso. Esse é o problema de uma traição. Mesmo que o traidor esteja sendo honesto, que suas intenções sejam boas e verdadeiras, o traído não consegue acreditar. A palavra de um traidor não vale nada. A traição macula a confiança, extingue o benefício da dúvida e envenena o diálogo. Como acreditar em Maitê? Eu não a respeitava mais. Nutria somente mágoa e ressentimento por ela. Sem respeito, o amor morreu.
Passei aquele domingo inteiro no quarto, pensando e tentando encontrar dentro de mim uma forma de atender ao pedido da minha mãe. Esgotado psicologicamente, acabei dormindo muito cedo. Devo ter dormido o dobro do tempo necessário, pois só acordei quase ao meio-dia de segunda-feira e foi preciso que minha mãe me tirasse da cama.
Eu ainda não conseguia decidir o que fazer e nos dois dias seguintes, acabei meio que me isolando de todos, conversando muito pouco com a maioria e falando com a Olívia apenas por mensagem. Ela, em momento nenhum, me cobrou atenção ou qualquer outra coisa. Confesso que a troca de mensagens com ela foi um dos poucos momentos em que eu acabei me desligando dos problemas.
Na quarta-feira, uma situação nova e inusitada aconteceu. Logo após o almoço, Carlos me ligou:
— Para tudo o que você está fazendo e venha até o escritório. Precisamos falar com urgência. Tem alguém aqui que você precisa conhecer.
Imaginei que era algo relacionado ao processo e como ele falou em “urgência”, acabei chegando rapidamente até o escritório.
Carlos é um advogado em início de carreira, portanto, ainda incapaz de pagar uma secretária para lhe auxiliar. Seu atendimento é feito por uma plaquinha na porta, indicando que ele está em atendimento. Uma câmera o ajuda a saber se existe alguém esperando para ser atendido.
Bati na porta, ao mesmo tempo que anunciava a minha chegada:
— Dr. Carlos, sou eu, o Rafael.
Fui formal, pois sabia que ele estava com alguém que queria me apresentar.
— Pode entrar.
Abri a porta e me deparei com uma linda mulher madura, sorrindo de forma cortês para mim. Carlos nos apresentou:
— Dra. Ester, esse é o Rafael. Meu primo e cliente.
Ela me estendeu a mão e eu retribui o seu cumprimento.
A mulher, provavelmente uma advogada também, tinha a pele bem clara, contrastando com o cabelo negro, liso e volumoso. Seus olhos eram negros como o cabelo. Mesmo com a roupa social – saia, camisa, blazer executivo e saltos – era possível perceber os seios fartos. O quadril, mais largo, acabava fazendo a cintura parecer mais fina do que realmente era. Ela deveria ter entre quarenta e quarenta e cinco anos. Uma idade próxima à da minha mãe. Um pouco mais, talvez.
Carlos foi direto ao assunto:
— A Dra. Ester quer propor uma parceria no seu processo. Ouça o que ela tem a dizer e a gente parte daí.
Me sentei no sofá que Carlos mantinha em seu escritório e a bela Doutora tomou a palavra, de pé, como se fosse uma palestrante:
— Primeiro, preciso dizer que eu e meus sócios acompanhamos os passos do seu pai já há alguns anos. Quando tomamos conhecimento do processo de vocês, achamos que teríamos muito a contribuir.
Ela olhou para o Carlos e ele fez um sinal afirmativo com a cabeça. Ela continuou:
— Dada a inexperiência do seu primo, e não falo isso para desmerecê-lo, pois já conversamos antes do senhor chegar, eu gostaria de representá-lo nesse litígio contra o Sr. Angelo.
Eu encarei Carlos, muito confuso. Ele explicou:
— Veja bem, primo. A Dra. Ester vem, ao longo dos últimos cinco anos, tentando desmascarar aquele canalha. Ele é um sonegador, um corruptor, um farsante. Tudo nele é sujo.
A Dra. Ester voltou a falar:
— Quando tomei conhecimento do seu processo, quando ele deu entrada e nós fomos avisados, já que monitoramos tudo relacionado àquele homem, a princípio eu estava um pouco cética, achando que não era sério. Eu precisava vir conferir e oferecer ajuda, em busca de qualquer evidência que pudesse me ajudar a acabar com ele.
A Dra. Ester ia se animando mais, conforme falava:
— Ao analisar os documentos, as evidências e ver a solidez das suas provas contra ele, eu não consegui me conter. Eu tenho um caso bastante promissor, mas que, dependendo das circunstâncias, pode acabar em derrota. Se unirmos nossos esforços, trabalharmos em conjunto, eu garanto que a vitória é certa.
Ela me olhava com ansiedade:
— E então, o que me diz?
Eu encarei novamente o meu primo:
— O que você acha? O que me aconselha a fazer?
Carlos já estava decidido:
— Sendo honesto, eu acho que deveríamos aceitar. A Dra. Ester assumirá o caso e eu serei o assistente dela. Você ganha uma advogada experiente, de um escritório grande, respeitado, o maior do estado e todo o peso que ele traz para a disputa. E eu, ganho a experiência e uma parceria que irá impulsionar a minha carreira. É o melhor caminho a seguir.
Antes de bater o martelo, eu disse:
— Precisamos levá-la para conhecer a dona Celeste antes de qualquer coisa. Na verdade, ela é a verdadeira cliente.
A doutora já sabia de tudo:
— Pelo que li, Celeste é a sua mãe, ainda esposa do Sr. Angelo. Eu realmente preciso conversar com ela. Podemos ir agora? Eu pretendo voltar para a capital ainda hoje.
Carlos foi comigo no meu carro e a Dra. Ester nos seguiu. Assim que a apresentamos para minha mãe, as duas acabaram indo conversar em particular.
Carlos aproveitou o momento para me perguntar:
— E em relação a sua ex? Já decidiu o que vai fazer? Quanto mais adiar, mais complicado fica. Essa situação não tem a ver com a outra e eu continuo sendo o seu advogado. E então, o que vai ser?
Eu finalmente me decidi:
— Eu sei que a minha mãe não vai gostar, ela quer que eu me encontre com a Maitê. Eu não sei se consigo e nem tenho vontade de olhar para a cara daquela traíra. Eu te dou carta branca para procurar a vadia e entender toda a situação. Vou te enviar o número dela.
Eu e Carlos acertamos os últimos detalhes enquanto minha mãe e a Dra. Ester continuavam sua conversa. Como todo profissional, ele precisava ser pago e nós acertamos um valor inicial, quantia que eu transferi imediatamente.
Cerca de meia hora depois as duas voltaram à sala. Minha mãe estava bastante impressionada com a advogada:
— Se você e Carlos acham que é o certo, eu não me oponho. Gostei da Doutora, vamos em frente.
Marcamos de nos encontrar no escritório da Doutora Ester assim que o “maldito” fosse notificado do processo. Em breve, sua equipe viria até nós para recolher os documentos, conhecer as testemunhas e pegar um depoimento mais detalhado.
Ester se despediu de nós, deixando todos os seus contatos e bastante satisfeita com o progresso feito. Ela ainda disse:
— Aquele canalha terá o que merece. O lugar dele é na cadeia.
Aproveitando a saída da Dra. Ester, deixei o Carlos de volta em seu escritório. Eu estava com saudade da Olívia e mandei mensagem perguntando se poderíamos nos encontrar assim que ela saísse do trabalho. Ela respondeu positivamente e como faltava menos de meia hora para o final do seu expediente, acabei esperando por ela em frente ao prédio comercial que era sede da multinacional que ela trabalha.
Acabei lembrando da Tina e como muita coisa aconteceu, mandei uma mensagem de áudio para ela. Não expliquei muita coisa, apenas o básico. Aproveitei para dar a notícia sobre a gravidez da Maitê, achando que estava fazendo o certo. Como ela não disse nada, achei que provavelmente não soubesse.
Eu jamais poderia imaginar que a minha atitude solidária com a Tina desencadearia um novo problema.
Continua ...